Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6|nº 928|Outubro|2012 Pindaí - Bahia
Água, um direito essencial à vida. O município de Pindaí está localizado na região da Serra Geral, sudoeste do estado da Bahia. Município de pequeno porte onde maior parte de sua população reside na zona rural. O nome Pindaí é de origem indígena - do Tupi-Guarani - Rio da Pesca ou Rio do Anzol. Contradizendo esse imaginário de águas e fartura, Pindaí e toda a região vivem um longo período de seca considerada a mais intensa dos últimos 47 anos e provocando reflexos na produção agrícola. Em Umbigudos, comunidade localizada a seis Km da sede do município reside a família de Sinovaldo Ribeiro, mais conhecido como “Bolinha” casado com dona Joaquina Maria dos Santos. Ela quem mais participa de encontros, eventos e reuniões promovidos pela ASA e outras entidades da região. Em 2010 recebeu a cisterna para consumo humano e em 2011 para produção. “A água que a comunidade bebia vinha da serra, distante, apanhada em carro de boi ou em latas” afirma seu Bolinha. Era preciso em regime de mutirão, fazer a limpeza do tanque, exposto a qualquer tipo de sujeira. Era um espaço comum tanto para as pessoas quanto para os animais. Com a aquisição das caixas, nome mais expressivo das cisternas, a família de dona Joaquina e seu Sinovaldo vive as facilidades de ter água de qualidade para o consumo e produção de alimentos. Ao lado da casa produz verduras e plantas medicinais. Em outra área maior da propriedade cultiva principalmente feijão, milho e aboboras. Nos quatros canteiros econômicos aplica defensivos naturais encontrados na própria comunidade para o controle de pragas. Uma experiência que dona Joaquina aprendeu em intercâmbios e em outros momentos de formação. A grande vantagem é que a cisterna tira o caminhão-pipa do combate à seca. A população não precisa mais implorar a um fazendeiro, ou até mesmo a um prefeito, pelo envio da água. Não há mais uso político do recurso. Por não passarem sede, as pessoas aceitam permanecer no local em que nasceram. Mesmo porque, dessa maneira, não perdem o capital social dos laços que mantêm com a terra. Iniciativa Com a facilidade de ter água em casa, seu Sinovaldo desenvolveu um sistema de irrigação que auxilia no manejo da mesma. É um equipamento simples, que é de grande auxilio ao agricultor no manejo diário da irrigação. O resultado apresenta crescimento rápido: algumas hortaliças são colhidas com menos de 60 dias.
Bahia
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Bahia Uma irrigação bem planejada e bem feita é sinônima de boa produtividade, produtos de melhor qualidade, economia, conservação ambiental e lucratividade. O desafio é oferecer água de qualidade com o objetivo de garantir segurança alimentar para as famílias, em paralelo com um processo de formação, a fim de que os sujeitos envolvidos identifiquem todas as potencialidades onde vivem.
O procedimento apresentado representa apenas, mais uma possibilidade de convivência com o bioma. Com a prática, ele afirma que pode aprimorar sua experiência, adaptando o uso do equipamento às suas necessidades. Ilustram as reflexões, experiências, práticas de campo, absorvida e motivada pelas iniciativas da ASA, que beneficia uma pequena área de plantação de feijão a abobora, além de irrigar os canteiros. Sente-se orgulhoso e tem prazer em cuidar dos canteiros. Da produção de alimentos, o excedente é comercializado favorecendo o orçamento doméstico, ou doado, partilhado aos vizinhos, uma prática comum no universo das comunidades. Como membro da associação dos produtores de rurais de Umbigudos há mais de 20 anos, a família espera que com a implantação de mais tecnologias de captação e armazenamento de agua na comunidade, acredita que possa minimizar o sofrimento dos moradores que ainda vive sem água de qualidade. Com as transformações internalizadas pela família e visíveis em torno da casa, a charrete que antes era utilizada como instrumento para o transporte da agua, hoje serve como veiculo de passeio, o que tem gerado maior convívio familiar, além de utilizar em outros serviços. ”Agora, a gente vive sossegado com as caixas cheias de aguas, antes o sofrimento era demais” diz Sinovaldo. As oligarquias que detinham o domínio da cultura, da política da economia e do atendimento de seus próprios interesses e em detrimento das necessidades das massas populares, historicamente no semiárido brasileiro. A articulação do Semiárido ao contrário, pratica o exercício da diferença, procura estimular uma nova compreensão da realidade articulando elementos que possam ajudar na construção de saberes coletivo.
Apoio:
Programa Cisternas