Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 966 | dezembro | 2012 Jacobina - Bahia
O lema é aprender a conviver Aprender a cuidar da natureza e ter na propriedade o que a família necessita, de alimento e água para si e para os animais. São alguns dos lemas de dois sertanejos que vamos contar a experiência nessa edição do Candeeiro. A família vive um processo de transição para a agricultura de base agroecológica, e a mais de 23 anos está aprendendo com a vida como preservar a natureza e conviver com o clima. Há pouco mais de 30km da sede do município de Jacobina, na localidade de Garajau, na comunidade de Cachoeira Grande, é onde vive a família de Maridete Rodrigues Oliveira Mota e Ivo Oliveira Mota. Hoje eles colhem os frutos de suas práticas de preservação da natureza e a busca constante por conhecimentos. Na propriedade da família tem fruteiras adaptadas ao clima como manga, laranja, limão, caju, goiaba, jenipapo e outras. Tem também o aipim, grãos, milho, palma, licuri, O quintal produtivo da família tem uma diversidade de matas nativas. Animais como galinhas, suínos e o gado de frutas resistentes ao clima leite são criados para o consumo. Palma, mandacaru, mandioca e outros plantios são utilizados para garantir a alimentação dos animais. Ervas medicinais, flores e plantas ornamentais estão entre as variedades. Verduras e hortaliças são produzidas para o consumo. Enfim, uma família organizada e planejada convive bem melhor com o Semiárido. Em outra área produtiva da família já é possível ver um barreiro trincheira com água armazenada -uma das tecnologias do P1+2. A escavação foi realizada este ano. Na área onde está localizada essa tecnologia, eles já plantaram 'árvores de lei' e já estão planejando o uso da água para reforçar outros plantios. Em 2012, o barreiro-trincheira foi um dos sete tipos de implementações executados pela COFASPI, Unidade Gestora Territorial do P1+2, no território Piemonte da Diamantina. Ao todo, 255 tecnologias de armazenamento de água da chuva para a produção de alimentos de caráter familiar e comunitária, foram implementadas.
O conhecimento nunca é demais
A criação de suínos da família, além de garantir o alimento, é uma fonte de renda
Para essa família o conhecimento nunca é demais. Atualmente, dona Maridete e seu Ivo vivem um processo de transição agroecológica com o cultivo do fumo que mantém em outra área distante da casa. Seu Ivo nos conta o quanto está querendo fazer o controle das pragas nesse cultivo sem a utilização de agrotóxicos.Ele está buscando conhecimentos para que isso aconteça. No quintal produtivo da família nunca utilizaram nenhum tipo de produto químico. O que desenvolvem são as técnicas de plantio, manejo e conservação do solo, o uso racional da água, a cultura do estoque e a preservação ambiental que aprenderam ao longo da vida, seja com outras pessoas, em espaços de troca de conhecimentos, cursos, intercâmbio entre agricultores, em programas televisivos e muito mais. “Muito do que eu aprendi foi vendo meu avô trabalhar na roça e cuidando da natureza”, acrescenta dona Maridete.
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