Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 970 | nov | 2012 Arcoverde - Pernambuco
Família é referência em criação de animais, produção e artesanato no Sertão do Moxotó. Simone Bezerra, 34 anos, moradora do Sítio Poços, em Arcoverde-PE, é uma das pessoas que fazem a diferença na região. Na sua comunidade quase não se vê criação de animais e produção agrícola bem sucedida. Simone cria uma variedade de animais e ainda possui uma horta com diversos tipos de plantas numa propriedade de dois hectares. Casada com Paulo Francisco e mãe de Augusto, de 12 anos e Ariane, de 17 anos, a família mora com os pais de Simone, e vivem no sítio a mais de 20 anos.
Uma família sustentável Reaproveitando a água do banheiro através de encanação, a horta é abastecida com esta água, chamada também de água cinza, que é Simone com a mãe, D. Lurdes, na cisterna de 16 mil litros ecologicamente aceitável para reuso no caso de rega de plantas. Na horta tem diversos tipos de hortaliças, frutas e plantas medicinais: erva-doce, tomate, cidreira, capim santo, hortelã, limão, manga, abacate, abacaxi, acerola, mamão, limão, goiaba, pinha, couve, coentro, cebolinha e arruda. A família tem orgulho de obter, mesmo em meio a estiagem, uma alimentação sem agrotóxicos e rica em nutrientes. Quando a produção aumenta, a família comercializa o excedente na vizinhança.
A criação de animais A família ainda possui uma criação de boi, cavalos, bodes e galinhas, que são dessedentados com água de carro pipa, até pelo menos a cisterna de enxurrada, que vão receber do Uma Terra e Duas Águas (P1 + 2)chegar, uma vez que a família foi contemplada com o programa. Por enquanto a família possui a cisterna de 16 mil litros, que Simone afirma que mudou a sua vida grandemente, pois agora existe aonde estocara água. Ela ainda aproveita outros reservatórios para guardar água por enquanto.
A criação de cavalos do sítio
A família sobrevive hoje com um salário mínimo, proveniente da aposentadoria da mãe dela, e também do comércio do leite, cujo gado é
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alimentado com mandacaru e facheiro, que é trazido todos os dias da Paraíba, a uma hora e meia de distância, na carroça, aonde Simone vai com o marido. Após esse processo, a vegetação é queimada para liberar os espinhos e passada por uma máquina de trituração antes de ser dada aos animais. E enquanto isso, seu filho, Augusto, de 12 anos, retira o leite das cabras para venda. O processo é trabalhoso e até perigoso, pois, Sr. Paulo já foi até ferido pelos espinhos do mandacaru e precisou ser hospitalizado, porém a família, mostrando a força do povo sertanejo, não desanima, e espera em Deus, e com muito trabalho, por dias melhores e chuva para encher de água as cisternas.
A história do artesanato
Bancos artesanais: produção familiar
Simone, mesmo com a vida cheia de afazeres, ainda encontra tempo para artesanato. De uma forma ecologicamente adequada, a família reaproveita os troncos de mandacaru, algaroba e mulungu para fazer bancos e poltronas. Ainda não existe uma comercialização do material, porém Simone pensa em mais tarde vender os artesanatos para melhorar a renda familiar, uma atividade chamada de pluriatividade. Augusto, o filho de Simone e Sr. Paulo, ao invés dos brinquedos comprados em lojas, tem uma variedade de roupas e acessórios de vaqueiro, além de troféus de vaquejada, que enfeitam a parede do seu quarto, e pelos quais tem orgulho de ser um menino do sítio. Seu desejo é estudar para ajudar mais ainda os pais na propriedade em quem vivem. Diferente dos jovens que são incentivados a estudar para deixar o local rural em que mora, Augusto gosta da sua casa, da cooperação que dá aos pais no trabalho com os animais e enfim, de todo contexto em que está inserido, mostrando amor pela terra e raízes, tão importantes a todo ser humano. D. Lurdes, mãe de Simone e moradora do sítio, é uma das pessoas mais articuladas da região, participa ativamente das reuniões na associação de moradores e como representante da Comissão Municipal da ASA em Arcoverde tendo ido até para o Encontro Nacional da ASA (EnconASA) em Januária/MG, no período de 19 a 23 de novembro de 2012. D. Lurdes participou da delegação da ASA Pernambuco com mais 48 pessoas. Mesmo diante de uma vida cheia de desafios e muito trabalho, Simone e a família gostam de viver no sítio e são muito felizes, e animados, esperando sempre por dias melhores. O sonho de Simone é ter água com facilidade para aumentar a horta e diversificar ainda mais os tipos de plantas, e este sonho está quase se tornando realidade, tão logo seja implantada na sua propriedade a cisterna de enxurrada pela Diocese de Pesqueira.
Apoio:
MARCA UGT
Programa Cisternas