Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 950 | novembro | 2012 Aracatu - Bahia
Semiárido: É possível produzir Ao contrário do que muitos pensam, o semiárido brasileiro, mesmo com características peculiares e contrárias à produção agrícola, tem condições de ser explorado e proporcionar ao produtor rural alimentos saudáveis e de boa comercialização. Mesmo com poucos recursos, agricultores impulsionados por uma força de vontade muito grande de trabalhar a terra, cultivam canteiros produtivos e conseguem mudar o rumo da situação, pois querem viver dignamente no lugar de origem e passam a conhecer melhor o bioma, convivendo com a diversidade, através da produção de alimentos com base em tecnologias apropriadas a região, visando o desenvolvimento sustentável local, explorando assim o que, de fato, a natureza oferece.
Canteiros produtivos de dona Genésia e Enídia.
É assim na Comunidade Jibóia, localizada a 44 quilômetros da sede do município de Aracatu, situada na região Sudoeste do estado da Bahia, onde residem 18 famílias que se destacam pela organização e determinação das mulheres na realização de canteiros produtivos, propondo às suas famílias alimentos de qualidade que são plantados e colhidos com muito carinho. Nessa comunidade, residem dona Genésia Alves Xavier de 52 anos e dona Enídia Silva Santos de 47 anos, em que, juntas, compartilham seus canteiros fazendo o exemplo típico da agricultura familiar, valorizando assim, a produtividade da região. Nas hortas, encontram-se de tudo um pouco: alface, pimentão, cheiro verde, cebolinha, quiabo, couve, tomate, regado diariamente por um açude da propriedade. Relatam com alegria a importância dos quintais produtivos como forma de envolver toda unidade familiar para a adoção de práticas agroecológiMesmo com dificuldades as agricultoras conseguem produzir. cas, buscando garantir a segurança alimentar e geração de renda, livre de contaminantes químicos já que tudo é ambientalmente sustentável, já que tudo é ambientalmente sustentável.
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Outro grande exemplo, da comunidade Jibóia, é o da agricultora dona Ana Rodrigues Souza de 51 anos que também cultiva o canteiro produtivo, ao lado de seu esposo Nelson de Souza, sendo que ele é quem busca a água no açude para regar o canteiro produtivo. São cultivados: couve, cheiro verde, alface, pimentão, cebolinha, plantas medicinais e também algumas árvores frutíferas como: banana, manga e pinha. Além da família, os vizinhos também são contemplados com os alimentos, uma vez que dona Ana sempre os divide com os amigos. Em períodos de chuvas, as agricultoras plantam milho, feijão, fava, melancia, abóbora, andu e palma. Nelson e Ana Rodrigues produzem seus próprios alimentos de forma saudável. Criam alguns animais: vacas, cabras, porcos e galinhas, buscando assim outros meios para a sobrevivência, inclusive com o trabalho diarista, já que só a agricultura não é suficiente para o sustento familiar. A maior dificuldade, ainda, é a falta d'água. Apesar de que as agricultoras já foram beneficiadas com a cisterna para o consumo humano do Programa Um Milhão de Cisterna (P1MC), da Articulação do Semiárido brasileiro (ASA), e, recentemente, também foram contempladas com a cisterna-calçadão de 52 mil litros de água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), melhorando assim, o manejo sustentável da terra e da água para a produção de alimentos e proporcionar às famílias a experiência de pensar seus projetos de vida, visualizando as alternativas de viver bem na região e ter novas perspectivas de trabalho e vida digna. Com isso, as agricultoras passarão a cuidar da terra com mais diversificação no que diz respeito à produção, à rotação de culturas e aos defensivos naturais, uma vez que, são formas saudáveis de produzir alimentos, preservando o meio ambiente associando, também, ao conhecimento acumulado pelos agricultores ao longo de séculos.
Apoio:
Programa Cisternas