Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 953 | Outubro | 2012 Maturéia-Paraíba
Produção Orgânica, Herança Familiar Dinamizando a Convivência com o Semiárido
Casal Maria e Sebastião com os filhos Rivaildo, Risoaldo e a neta Sofia
Sebastião Nogueira e Maria Rilda residem numa pequena propriedade localizada na comunidade Pedra Lavrada, município de Maturéia, no Médio Sertão da Paraíba. Casados desde 1984, tiveram três filhos, Risonaldo, Risoaldo e Rivaildo. Exemplo de pais muito cuidadosos, o casal queria manter os filhos sempre por perto e, temendo passar pela situação de no futuro vê-los partirem para a região sul em busca de “melhores condições de vida,” foram incentivando-os a desde crianças, trabalharem na roça. Os filhos aprenderam os ensinamentos dos pais, quando cresceram, casaram e foram morar na cidade, mas nunca esqueceram suas raízes, continuaram desenvolvendo as atividades na roça juntamente com os seus pais na pequena propriedade de seis hectares. Lá a família desenvolve uma experiência com plantação de hortas orgânicas que há mais de 20 anos tem sido a principal fonte de renda da família. Seu Sebastião conta que iniciou a experiência no ano de 1988, influenciado por um cunhado “o meu cunhado trabalhava com plantação de verduras e todo dia ele dizia: rapaz deixa essa vida vamos plantar verduras. Eu falava: "não está vendo que com um moinho de verdura não vou dar de comer a minha família. Se eu parar com o trabalho no motor a família morre de fome,” enfatiza o agricultor. Mas diante de tanta insistência seu Sebastião decidiu fazer um teste, “era um dia de domingo, nós fomos pra roça fazer uma horta só para satisfazer a vontade do meu cunhado. Quando completaram trinta dias a verdura estava boa de colher e eu não sabia como ia vender, porque tinha vergonha e não tinha costume. Daí um menino que trabalhava comigo topou vender. Coloquei a verdura num cesto e entreguei a ele, num período de uma hora e meia, já vinha com o cesto vazio, vendeu tudo na zona rural mesmo. Quando contei as moedas e vi que aquele cesto de verduras era equivalente, em dinheiro, ao que eu apurava numa tonelada de agave, aí eu disse: agora eu vou parar de trabalhar com sisal! E comecei a plantar hortas”, conta o agricultor. Na época a principal da atividade da família era o beneficiamento do sisal, o trabalho era muito cansativo e o lucro era pouco.
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