Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 1009| outubro | 2012 Januária -MG
A RECUPERAÇÃO DO RIO DOS COCHOS E A PRESERVAÇÃO DE VIDAS O rio dos Cochos deságua no São Francisco. Ele nasce no município de Cônego Marinho, na comunidade Cabeceira dos Cochos, Norte de Minas Gerais. Passa pelas comunidades Sumidouro, Sambaiba, Mamede, Roda D'água, São Bento, Baruzeiro e Bom Jantar, todas no município de Januária. Ao todo, o Rio dos Cochos percorre 8 comunidades rurais até chegar no Ipuera e finalmente cair no Rio São Francisco, passando pela vida de cerca de 300 famílias, em sua maioria agricultores e agricultoras familiares. A vida dessas comunidades gira em torno desse rio. Ele sempre foi muito importante para as famílias do Depois de muita mobilização e conscientização, entorno. Porém, de 30 anos para cá, ele começou a o Rio dos Cochos voltou a correr perder força e a produção das famílias a minguar. O Rio estava desaparecendo. Isso começou, na década de 80, quando o governo federal deu um incentivo fiscal e ofecereu para grandes empresas uma concessão para plantação da monocultura de eucalipto. Na época, as famílias estavam iludidas pela ideia da chegada do progresso. Aconteceram grandes desmatamentos nas cabeceiras dos rios. Muitas árvores nativas como pequizeiros e arvores importantes do cerrado foram retiradas pela raiz e em pouco tempo, o rio estava assoreado o que acabou causando grandes impactos nas comunidades e na vida do povo. Com isso, começou também um conflito de disputa pela água entre as comunidades. Preocupados, alguns moradores resolveram buscar compreender melhor o que estava acontecendo. Isso foi entre 1995 e 1998. Eles descobriram que antigamente as famílias agricultoras tinham mais diversidade na produção. Produziam de tudo quanto. Porém, com o tempo, essa produção foi desaparecendo porque o rio estava fraco. Descobriu-se então, que a forma como as famílias utilizam o rio, tirando a mata ciliar, plantando nas margens, também estava prejudicando a saúde dele. Com a terra pelada, a chuva não infiltrava tanto na terra e não alimentava o lençol freático. Surgiram muitas voçorocas, também conhecidas como barroca de enxurradas que levavam muita terra para o leito do rio, enfraquecendo mais e mais. Foi aí que os moradores preocupados, resolveram buscar apoio para recuperação do rio e revitalização da bacia. Escreveram um projeto e enviaram para muitos lugares, até que conseguiram apoio com uma entidade alemã chamada Miserior junto com a Cáritas Diocesana de Januária. Eles criaram um grupo de articuladores formado por Toninho, Jacy, Adailton, Edgar e Geraldinho. Mas logo, sentiram a necessidade de mobilizar e conscientizar mais pessoas. Jaci conta que as esposas foram as primeiras a serem mobilizadas e depois foram envolvendo mais participantes. A estratégia era além de conscientizar, identificar outras lideranças. Antes, o povo achava que reunir e largar as atividades familiares eram uma grande perda de tempo. Mas aos poucos e a medida que foram vendo os resultados, a luta e as articulações começaram a se
A união e a mobilização fizeram a diferença
Minas Gerais 1