Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 909 | Novembro | 2012 Ipupiara - Bahia
Guina e a cisterna em Mutirão
O
Foto: Henrique Oliveira | Arquivo CAA
Foto: Henrique Oliveira | Arquivo CAA
programa Uma terra, Duas águas, executado pelo CAA em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), busca estimular a convivência com Semiárido através do estabelecimento de uma nova "visão": uma nova forma de encarar o desenvolvimento sustentável das Unidades produtivas da agricultura familiar a partir da agroecologia, da economia solidária e do empoderamento dos diferentes atores sociais envolvidos. Muito mais do que um simples programa de implementação de tecnologias de captação de água da chuva para a produção de alimentos e dessedentação animal, o P1+2 trata de mobilização social e cooperação entre os sujeitos sociais dentro de um projeto verdadeiro e duradouro de manejo sustentável da água e da terra. Assim, além de trazer tecnologias eficientes para auxiliar na convivência com a estiagem, o Programa privilegia a sabedoria popular e a troca de fazeres. Nesse sentido a experiência capitaneda pelo agricultor Agnaldo de Souza (popular Guina) da Comunidade Lagoa Grande, Município de Barro Alto (BA), é exemplar. Dono, há mais de 10 anos, de uma Unidade produtiva Familiar, onde cultiva vários gêneros alimentares de maneira orgânica e sustentável, o agricultor foi beneficiado, em 2012, pela chegada de uma cisterna-calçadão. Porém, devido à complexidade da construção e a aproximação do período chuvoso no sertão, a construção do reservatório ficou ameaçado. Então, para não perder a oportunidade de construir sua cisterna e aproveitar as águas da estação chuvosa, Guina resolveu inovar: ao invés de pressionar o pedreiro e seus ajudantes para finalizar a obra mais rapidamente, ele resolveu mobilizar sua comunidade para construir a cisterna em sistema de mutirão. "Aqui nós somos unidos. Basta um gritar que os outros vem para ajudar", afirma Guina, com orgulho. Foi assim que, reunindo uma turma de oito agricultores vizinhos, também beneficiários das cisternas-claçadão, Guina otimizou o trabalho de implementação da tecnologia em sua propriedade: dividindo tarefas, os agricultores do mutirão conseguiram acelerar o trabalho e concluir a construção em muito menos tempo. Só para se ter uma ideia, o calçadão da cisterna ,no sistema de mutirão, foi construído em pouco mais de cinco horas, enquanto que, com apenas um pedreiro e dois serventes (como é o padrão do P1+2), o tempo para realizar a mesma obra é de oito dias. Em outras palavras, Guina e seus amigos perceberam que, reunindo forças e definindo de forma clara e otimizada as tarefas, era possível tornar o trabalho de implantação das tecnologias do P1+2 muito mais rápido e menos cansativo.
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