Experimentando Alternativas de Convivência com o Semiárido

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 896 | outubro| 2012 Teofilândia - Bahia

Experimentando alternativas de convivência com o semiárido Seu José Viana de Oliveira, 45 anos, é morador da Fazenda Vargem Nova, no Município de Teofilândia e desde criança trabalha com a terra, é agricultor e pedreiro. Nos últimos anos ele decidiu se dedicar mais as atividades da propriedade, e vem experimentando alternativas de convivência com o semiárido, como a produção de silagem e a estocagem de alimentos para os animais, a pequena criação de peixes, e o cultivo de hortaliças. Mesmo dividindo o tempo com o trabalho de pedreiro, Seu José Viana, que mora com os pais, vem se dedicando a desenvolver seu próprio sistema de irrigação e outras experiências que conta ter visto em intercâmbios que participou.

Seu José Viana e os pais, Seu Antônio Araújo e Dona Miguelina Maria De Jesus

“Aqui já tinha uns peixes e certa vez o ladrão roubou, foi a partir daí que eu resolvi me dedicar mais, dar ração, só que acabou morrendo com a estiagem. Mas aí eu continuei. Eu vi que a lagoa do outro lado da minha propriedade estava cheia, e que eu podia puxar a água por gravitação”. Ele criou um sistema com uma rede de canos que leva água de um tanque da comunidade para um tanque menor que ele possui na sua propriedade. É nesse tanque que ele vem criando peixes, que contribuem hoje com a subsistência da família. “Ai eu fiz duas vezes, da primeira vez não deu certo, eu tive que mudar tudo. Hoje tenho três tanques, um foi do Projeto Aguadas”, conta. “Tem três anos que eu crio peixes, mas eu não tenho técnica, sozinho eu vou tirando as conclusões”. O criatório é desenvolvido no tanque, com o auxilio de uma caixa. “Eu pego com a rede, em casa eu ainda não tenho lugar para armazenar, a tela serve para aprisionar o peixe e engordar com alimento, eu compro ração, mas eu quero aprender a produzir eu mesmo a minha ração. Eu vendo e também dou para as pessoas. Agora estamos tendo pouco por causa da água, eu quero melhorar mais e que alguém me ajude com técnica”. Entre os peixes que podem ser encontrados estão a tilapia e o tambaqui. Com a água dos tanques além de criar peixes, ele molha a horta, onde ele tem um cultivo de alface, coentro, pimentão, quiabo, cebola, cenoura entre outras hortaliças, para o consumo e para os amigos, usando cerca e cobertura de tela para proteção do sol e dos animais.

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No momento ele decidiu parar com as atividades da horta, para economizar água para os animais. “Mesmo com a estiagem eu tenho água para produção nos meus tanques, só que parei com a horta porque eu estou economizando água, pois não sei até quando vai durar. Tenho que ter para dar pros meus animais, as cabras e o pouco gado. Tudo que eu faço é uma experiência para ver se dá certo, é por minha conta. Já fui ao intercâmbio em Riachão do Jacuípe e vi muita coisa boa”.

Silagem e estoque de alimentos Para alimentar os animais ele está experimentando a silagem feita com a palha de milho, que ele está plantando em uma pequena área da propriedade de 108 tarefas. Desse milho ele produz a ração dos animais. “Agora eu estou produzindo milho para a silagem, já tenho em casa o que eu plantei no mês de maio, eu ensaquei e deixei empilhado, mas não deu muito certo por que o saco tem que está vedado, e esse parece que furou. Agora eu estou colocando o saco enterrando, estou vendo diferença. Eu uso para dar aos animais para se alimentarem, as cabras, as vacas. Eu uso o milho verde mesmo, deixei murchar um pouco. Passo na máquina que eu comprei para triturar. Percebi que no plantio de milho é importante plantar bem próximos para economizar o máximo de água”. “Tenho minha renda de pedreiro, mas eu também tiro uma pequena renda com os animais. Saí daqui com 18 anos para tentar a vida e aprendi essa profissão, só que eu não quero terminar a vida vendendo meu dia de trabalho, eu quero daqui há um tempo viver só da roça”. A propriedade tem animais dele e do pai, Seu Antônio, mas ele é quem cuida. “Tem umas 60 cabras junto com meu pai. O gado come muito, o que eu gasto alimentando as três vacas é o mesmo para 10 cabras. A alimentação deles é milho, farelo, soja, que eu já plantei no inverno, quando não tenho aqui compro a soja. Também estou plantando capim de corte para fazer ração”, diz o agricultor e pedreiro. Em uma parte do terreno que segundo ele estava abandonada, resolveu fazer um plantio de palmas. A silagem que está sendo produzida agüenta até 12 anos, quando armazenada em baixo do chão. Seu José já pensa no futuro armazenar a palma desidrata para o estoque de alimento animal. “Futuramente vamos fazer a fenação, desidratar a palma e armazenar, se prevenir para a estiagem. O que falta mesmo para mim é ter mais ração e o tempo melhorar. É uma experiência que para mim é nova, mais acredito que vai dar certo”. Apoio:

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