Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 1007 | Agosto | 2012 Curimatá - Piauí
Terra abençoada Conheça a história de Seu João Alves, o homem que toma café colhido do próprio quintal. Acesso ruim, estrada com mata fechada. Mas bem no meio da seca, em pleno semiárido nordestino, o verde brota. É o sinal que já chegamos no Sítio Cafezal. Assim João Alves chama sua propriedade, na localidade Tanquinho de Baixo, zona rural do município de Curimatá, sul do Piauí. Quem chega sempre é bem recebido, com um grande sorriso, seu João logo convida para sentar em banco de madeira do lado de fora da casa. Uma casa simples, do lado de fora uma cisterna do P1MC, e uma estufa para amadurecer bananas, criada e feita por ele mesmo. Sempre ao lado de sua esposa, Lucineide Rodrigues Alves, que ele sempre chama de Lucinha, mesmo, seu João começa a contar sua história, sem ninguém perguntar. “Aqui sou muito feliz, essa terra é boa demais, ele é minha”, disse seu João, orgulhoso do lugar que mora.
Seu João e sua esposa Lucinha.
Com 48 anos de idade, seu João Alves morou 12 anos em São Paulo, lá trabalhou em tudo um pouco. Em 2003 sofreu um acidente de trabalho e se aposentou. Poderia muito bem cruzar os braços e não fazer mais nada. Mas decidiu voltar para Curimatá e comprar uma terra. E desta terra, que parecia improdutível, hoje é uma verdadeira terra dos sonhos para qualquer agricultor.
São pés de banana, manga, goiaba, mandioca, mamão, tomate, pimentão e vários pés de café. Seu João é um verdadeiro sobrevivente do semiárido, ou podemos chamar de um herói. “Essa terra é boa demais, é uma beleza”, foi a frase repetida por pelo menos 7 vezes, enquanto mostrava sua roça. Logo atrás da plantação, um pequeno poço, de lá sai a água para molhar as plantas, beber, tomar banho, lavar roupa, matar a sede de alguns animais.
Plantação no quintal do Seu João.
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Seu João ter orgulho de dizer que não usa nem um tipo de agrotóxico na sua plantação. “Aqui só uso esterco de gado. Tudo aqui é limpo, é pura agroecologia”. Seu João diz que quase toda sexta-feira, vai para a feirinha do centro de Curimatá vender seus produtos, o que ajuda em muito na renda de casa.
Plantando Café No meio de sua plantação, uma pouco mais escondido, seu João planta café. “Já é um processo mais longo, só depois de três anos é que pode colher o grão”. Seu João e esposa na plantação de café.
Em um processo artesanal, Seu João colhe os grãos, torra em panela grande no fogão a lenha dentro de sua casa e logo a depois, dona Lucineide, sua esposa, vai bater no pilão. Pronto, está no ponto de fazer um bom café, completamente puro. “Já faz tempo que não compro café, tudo aqui sou eu que faço”. Nos anos que morou em São Paulo, Seu João nunca esqueceu o Piauí, sempre, junto com a mulher, dizia que voltaria para sua terra natal, e aqui viveria só de plantar. Mesmo morando em uma grande metrópole, sempre assistia na televisão programas que falava sobre a área rural. “Comprava muitas revistas também e fui tendo algumas ideias. Chegando aqui fiz uma estufa para amadurecer bananas. Hoje vendo a fruta pra toda a cidade”.
Seu João e esposa preparando farinha de mandioca
Poço de água no quintal do Seu João.
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