Produção apropriada garante sustento da família de Seu Domingos

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 997 | outubro | 2012 Ruy Barbosa- Bahia

Produção apropriada garante sustento da família de Seu Domingos Depois de ser expulso de uma fazenda, onde trabalhava como “agregado”, Domingos de Almeida, hoje com 52 anos, agricultor da comunidade de Caldeirão do Morro, município de Ruy Barbosa, partiu para trabalhar em fábricas de cimento na região de Salvador-BA. Pensava em voltar com dinheiro, mas nada conseguiu. Sua vida tomou um rumo diferente quando ao voltar para sua comunidade, adquiriu 12 tarefas de terra, o equivalente a 5,4 hectares. Casou-se com Dona Marlene, com quem tem 5 filhos: Marlúcia, Valdinéia, Luciane, Gardênia e Família de Seu Domingos e Dona Marlene em sua horta molhada com água de uma cisterna enxurrada Eduardo. Além da casa e da roça, a família construiu uma casa de farinha e passou a viver da produção da terra: mandioca, milho, feijão e criação de porco e galinha. Mas a renda insuficiente sempre obrigou Seu Domingos a trabalhar para particulares, por isso afirma que sua esposa e as filhas até já trabalharam mais na roça do que ele mesmo: “Nossa renda é da família, aqui todos nós trabalhamos, minha mulher cuida de tudo, minhas filhas capinam pra me ajudar e quando vendo umas coisinhas, aí na outra semana até não preciso trabalhar para outras pessoas”, declara. Em 2004, a família recebeu uma cisterna para água de beber, através da Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa, atualmente gestora do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). Com a primeira água vieram as capacitações, um estímulo para que Seu Domingos diversificasse ainda mais a sua produção. Plantou abacaxi, expandiu sua área de mandioca para a produção de farinha e aumentou a criação de porcos e galinhas. Além Produção familiar garante baixos custos e maior disso, o agricultor ainda cria umas vacas para renda para o sustento de toda a família. tirar o leite, usado na alimentação da família.

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ÁGUA PARA PRODUÇÃO CONTRIBUI PARA MELHOR QUALIDADE DE VIDA NO SEMIÁRIDO O sorriso fácil no rosto de Seu Domingos atingiu o resto da família quando, em 2011, adquiriram uma cisterna enxurrada de 52 mil litros de água, por meio do Projeto Cisternas, um convênio da Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa com o Governo do Estado da Bahia. A cisterna foi construída próxima à casa, na descida do terreno, com a implantação de 4 canteiros e atualmente a família cultiva em 19 canteiros, uma produção que desafia a atual seca que atinge o Semiárido brasileiro. Com a água da cisterna, a família cultiva principalmente coentro e alface, além de um plantio diversificado com cebola, chuchu, quiabo, pimentas, pepino, hortelã, mamão, aipim, maracujina, melancia, manjericão e feijão. Os canteiros são cobertos com sombrite e palha de licuri e muitos deles são canteiros econômicos, cuja terra para o plantio é colocada sobre uma lona de plástico, diminuindo assim a quantidade de água usada e mantendo uma boa produção por mais tempo. Parte da colheita é usada na alimentação da família, mas não é à toa que doze canteiros são de coentro e alface: hortaliças vendidas na feira e na vizinhança, gerando uma renda média mensal superior a um salário mínimo. Definitivamente, a cisterna contribuiu para a melhoria da autoestima e qualidade de vida das pessoas da família, que juntos cuidam dos bichos, molham as plantas e não deixam de pensar num futuro melhor, como expressa Dona Marlene: “Nossa vida tá melhorando a cada dia; no sábado sempre temos alguma coisa pra vender e fazer a feira, essa cisterna foi uma benção e todo mundo aqui cuida da horta”. Enquanto isso, Seu Domingos já planeja as atividades que irá desenvolver no ano de 2013, quando pretende aumentar a produção, principalmente de pimenta-passarinho, uma espécie que lhe garante bons resultados. Seu desejo é alcançar uns cem pés da planta: “No futuro só tem como melhorar, quando chover e tiver mais água vou para uma faixa de 30 canteiros produzindo”, explica o agricultor. Quando questionado se a água da cisterna será suficiente para manter essa produção, responde com sabedoria: “Nossa produção é familiar, e com a minha idade não quero mais trabalhar como empregado dos outros, por isso no tempo das chuvas, molharemos os canteiros com água dos tanques e barreiros para deixar a água da cisterna para o tempo da seca, quando também diminuiremos a quantidade do plantio”. Dá um sorriso e ainda completa: “Nunca mais precisarei sair da roça como fiz quando era Seu Domingos planeja expandir a horta novo”. Apoio:

Programa Cisternas


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