Produção de hortaliças gera renda para a família de Seu Francivaldo e Dona Maria

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 957 | Outubro | 2012 Milton Brandão - Piauí

Produção de hortaliças gera renda para a família de Seu Francivaldo e Dona Maria Na comunidade Poção, a 13 km de Milton Brandão, vive a família dos agricultores Maria Ferreira de Sousa Rodrigues, de 38 anos, e Francivaldo da Silva Rodrigues, de 45 anos. Eles moram na comunidade desde que se casaram há 19 anos e vivem da agricultura e da criação de pequenos animais. O casal tem dois filhos, a Larissa de Sousa Rodrigues, de 17 anos, e Gercivaldo de Sousa Rodrigues, de 12 anos. A família mora hoje nas terras do pai do agricultor, Seu Paulo Rodrigues, homem trabalhador que no auge de seus 65 anos toca a vida cuidando das terras e de umas cabeças de gado que cria. Viúvo, hoje divide com o filho a tarefa de cuidar da propriedade. Seu Paulo tem ainda cinco filhos, mas a exemplo de muitos jovens da região, que saem à Cisterna do P1+2 garante produção de hortaliças em pleno procura de vida melhor nos estados do sul do verão. País, os filhos foram indo embora um por um, ficou apenas Seu Francivaldo, que não quis ir ao encontro dos irmãos para não deixar a vida no campo, “eu nunca fui, porque acho que não me acostumo, gosto de lhe dar com a terra, com os animais, tenho coragem de sair daqui não”, brinca. Mesmo gostando de morar no campo o casal afirma que a vida na região nem sempre foi fácil, são várias as dificuldades que motivam as pessoas a saírem pra viver na cidade; a dificuldade com a água é uma das principais. Seu Francivaldo conta que quando o pai herdou aquelas terras, tudo era mata fechada e a falta de água era a maior necessidade. Por isso seu pai construiu um poço tubular, que aliviou o problema. O agricultor conta que quando soube das cisternas de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), que é destinada para o consumo, ele mesmo foi ao Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais se informar como conseguir o implemento, mas somente em 2005 a família foi beneficiada com a cisterna. Em 2008 foi a vez de conquistarem a cisterna-calçadão, que tem capacidade de armazenar 52 mil litros de água para a produção de alimento, através do Programa Uma Terra e Duas Águas. O P1MC e o P1+2 fazem parte dos Programas de Convivência com o Semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (Asa Brasil). Seu Francivaldo, Gercivaldo e Dona Maria cuidam juntos do quintal produtivo.

Desde então Dona Maria produz no seu quintal

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frutas, verduras e leguminosas, que serve para alimentação da família e para a venda. A agricultora conta que produz em seus canteiros cebola, cheiro verde, tomate, pimentão, alface, pepino, macaxeira, abóbora, além das variedades de frutíferas que ela cultiva como a laranja, goiaba e manga. Toda produção é feita de forma orgânica, sem o uso de produtos químicos. Dona Maria também é responsável pela criação de galinhas que serve para alimentação da família e também para a venda. Seu Francivaldo planta anualmente também as culturas de feijão, milho e mandioca, ele guarda todos os anos as melhores sementes para que possa plantar no ano seguinte, também cria algumas cabeças de bode e porco. A família já não precisa comprar verduras e hortaliças e a venda do que produz garante um dinheiro extra durante o mês.

Os canteiros de Dona Maria garante uma renda extra todo mês.

Larissa de Sousa, a filha mais velha, casou e foi morar com o esposo em outro Estado. Ela era quem ajudava a mãe nos afazeres domésticos, hoje é Gercivaldo que ajuda os pais em pequenas coisas do ofício diário, além de estudar e brincar, ele ajuda mãe no quintal produtivo, ajuda o pai na lida com os animais e também é responsável por vender pela comunidade os temperos que a mãe prepara. “Ele vai um dia sim outro não, o lucro eu divido com ele, se ele faz oito reais, por exemplo, dou dois reais, que é para ele se animar pra continuar indo”, brinca a mãe. Gercivaldo disse que o dinheiro que ganha da mãe ele guarda; Dona Maria conta que ele não gasta com qualquer coisa e acha isso importante no filho, mostra que ele já sabe valorizar o esforço do trabalho dele. Com a chegada da energia elétrica da comunidade em fevereiro de 2012, além de assistir na TV desenhos animados e torcer pelo Vasco, time do coração, ele também gosta de brincar com os amigos, caçar com o pai, ajudar nos afazeres. Essas aventuras vão para o papel e esses papéis viraram livro: “As aventuras de um menino” é o título do primeiro livro deste pequeno escritor, que foi lançado na escola no ultimo dia de aula, com a presença dos amigos, de seus pais e professores. “Lá eu escrevi sobre as caçadas com papai, da raposa que apareceu um dia desses, as coisas que eu me lembrava ia escrevendo, a professora pediu pra fazer o livro, aí eu fiz”, conta Gercivaldo.

Gercivaldo é quem ajuda a mãe na venda das hortaliças.

Dona Maria se diz muito orgulhosa do filho e acha importante ele ter essas aventuras, como ele chama, mas sabe que pode ser que no futuro, ele talvez tome voou como Larissa e a maioria dos jovens da região, ou não. Assim como o pai, continue no campo, cuidando da terra e das criações da família. Para ela o que importa é que ele seja feliz. Enquanto esse futuro não chega, o menino continua vendendo pela comunidade o que a mãe produz, vivendo suas caçadas com o pai e amigos e curtindo todas as aventuras que o campo pode lhe proporcionar.

Apoio:

MARCA UGT

Programa Cisternas


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