Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 932 | Agosto | 2012 Caridade do Piauí - Piauí
Autonomia, geração de renda e novas oportunidades No município de Caridade do Piauí, a 150 km do município de Picos, um jovem casal de agricultores viu sua vida melhorar significativamente. José Edivan Souza Xavier, (27 anos) e Maria Jucileide Sampaio de Sousa (24 anos), participaram da oficina de Gestão de Água para a Produção de Alimentos – GAPA, do Programa Uma Terra e Duas Águas, o P1+2. Com a capacitação realizada em março de 2012, eles receberam em casa a cisternacalçadão, um reservatório de 52 mil litros que acumula a água da chuva para a produção de alimentos. A partir daí, a vida do casal teve um salto de qualidade. A falta de água e as longas distancias percorridas para ter acesso a ela há muitos anos foram as dificuldades enfrentadas por Edivan. Com água em casa, plantar se tornou um prazer Quatro vezes ao dia ele saia de casa para pegar água num açude que ficava a 3km de onde morava. As repetidas idas e vindas não só o deixavam muito cansado, mas o próprio tempo de trabalho ficava comprometido. E, quando ele não viu mais saída, resolveu buscar trabalho fora, em outra cidade. Edivan e Jucileide se casaram em 2006. Nesta época, os dois foram para a Bahia para trabalhar no corte da cana-de-açúcar. Ficaram por lá quase um ano, tempo suficiente para que eles conseguissem o dinheiro necessário para comprar o terreno na localidade Sítio Garapa, onde moram desde 2007.
Cultivo de hortaliças: segurança alimentar e geração de renda
Com a construção da cisterna em casa, eles não precisam mais ir embora, nem caminhar tanto para buscar água. Hoje nos canteiros dos jovens agricultores tem coentro, pimentão, tomate, alface e couve. Edivan vai até o município de Simões e compra as sementes para plantar. Ele conta que um de seus canteiros, o maior deles, chegou a render mais de 100 reais numa semana. O que em um mês, caso a produção se mantenha assim, pode gerar uma boa renda extra.
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Edivan já tinha experiência com o cultivo de hortaliças, mas ele afirma que o curso de Gestão de Água para a Produção de Alimentos, do P1+2 o ajudou muito, principalmente quanto à organização do canteiro em blocos, porque não deixa o adubo se espalhar e assim não perde a produção. Para Jucileide, a produção de canteiros também foi novidade. Ela é quem cuida da horta a maior parte do tempo e afirma cuidar do plantio com muito gosto. Com os recursos da produção, Edivan comprou uma caixa d'água para melhorar o sistema de irrigação do canteiro. Ele puxou a energia de casa para que uma bomba pudesse encher o reservatório. Também pode comprar uma carrocinha para sua moto, o que facilitou o transporte dos sacos (cerca de 20 sacos) de estrume de ovelha que ele utiliza como adubo.
Caixa d’água adquirida com a renda dos canteiros
Para aproveitar todas oportunidades que surgiram, Edivan foi além dos canteiros. O barro que sobrou da construção da cisterna, por exemplo, está sendo aproveitado para produção de tijolos. Ele recebe encomenda, então produz e comercializa. Com isso os tijolos tem sido outra fonte de renda para o casal. Edivan e Jucileide cultivam também banana, goiaba, melancia, milho, quiabo, macaxeira, coco e manga. Pretendem plantar ainda cenoura, batatinha e beterraba. Todo o cultivo é feito a partir de práticas agroecológicas como a cobertura orgânica, a não utilização de agrotóxicos e a montagem do sistema simplificado de irrigação. Com estas atividades eles garantem uma produção alimentar saudável e preservam o meio ambiente. Mesmo sendo um casal tímido – ela mais que ele - é possível notar a satisfação dos dois em poder cuidar da terra sem enfrentar tantas dificuldades como antes. Edivan conta que passou quatro anos pelejando, plantando e colhendo pouco. Antes eles precisavam ir até a comunidade Ingazeira para vender o que conseguia produzir. Hoje, os vizinhos vão até a sua horta comprar seus produtos. Jucileide afirma que depois da cisterna-calçadão nunca faltou comida em casa. Assim, a produção da cisterna permite, inclusive, que eles ajudem com água e alimentos alguns dos vizinhos mais próximos.
Cisterna-calçadão: acesso à água e à produtividade
Desta forma, eles acreditam que podem ajudar a construir um novo semiárido, com trabalho direcionado e força de vontade, tornando o lugar onde vivem cada dia rico em oportunidades.
Apoio:
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