Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 931 | Agosto | 2012 São José do Piauí - Piauí
Água que traz vida e gera renda A perseverança de dona Rita pelo acesso à água e melhoria da qualidade de vida da família Dona Rita Antonia de Lima Santos, 40 anos, é exemplo de força de vontade. A dificuldade de acesso à água nunca a impediu de querer melhorar a vida da família. Ela mora no povoado Malhada Redonda, localizado no município de São José do Piauí, a cerca de 25 km de Picos. Junto com o marido, seu Frutuoso Firmino dos Santos, 67 anos, ela trabalha duro para conseguir aproveitar todo potencial que a terra deles tem. Ela conta que ajudava sua mãe com uns canteiros. Depois desta experiência, dona Rita teve vontade de fazer a sua própria horta para vender as verduras na feira. Então, desde que se casou, em 1992, ela cuida da plantação com seu Frutuoso. Mas o começo foi bem difícil. A horta de dona Rita e seu Frutuoso
Nessa época, eles moravam em Várzea do Engano, e lá as pessoas precisavam buscar água nas cacimbas e olhos d'água. Não tinham nem mesmo potes suficientes para armazenar a água e tinham que caminhar muito para chegar até esses lugares. Por esse mesmo período, em Malhada Redonda, a situação já era diferente, pois além de riachos e olhos d'água, os carro-pipa traziam água. Colocaram umas manilhas na frente da escola do povoado, os carros-pipa enchiam, mas acabava ainda não sendo suficiente para todos. Uns conseguiam mais água, outros menos. Além disso, as manilhas eram facilmente descobertas, comprometendo a qualidade da água. Em 1999 falaram de construir um poço na região, mas não tinha onde cavar. Então o pai de dona Rita, seu Raimundo Leite de Lima, 69 anos, cedeu uma parte da sua propriedade para construírem o poço. Só que quando o maquinário chegou para fazer a escavação, fizeram o poço numa outra comunidade próxima de lá. Depois ainda de um tempo é que o poço de Malhada Redonda foi construído. Porém, ainda faltava a bomba para puxar a água, e assim ele ficou por aproximadamente um ano. O cuidado de dona Rita com a horta
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Mesmo passando por todas essas dificuldades, a chegada do poço trouxe melhorias. Com água em abundância, hoje na horta da dona Rita tem cheiro-verde, alface, quiabo e algumas plantas medicinais, como a romã. Além das hortaliças, seu Frutuoso também planta feijão, abóbora, melancia, goiaba, limão, maracujá e ainda cria alguns peixes num barreiro que fizeram. Mas de tudo isso, o forte mesmo é a pequena horta de Dona Rita. De acordo com ela, é o que tem ajudado a família - ela, o marido e os filhos - a ter uma renda extra. Dinheiro inclusive que possibilitou que os pais colocassem os três filhos na escola. Observamos na família um cuidado especial A terra e a água que trazem diversidade com a terra. Eles dispõem do esterco de caprinos e ovinos, usado com intensidade. Fazem o manejo simplificado de irrigação associando a distribuição da água por meio de sulcos e também com tubos de plástico (polietileno), com o gotejamento. Praticam ainda a cobertura orgânica do solo com os restos de vegetais das capinas e sobras de cultivos. O esforço de dona Rita enfrentou o pessimismo de muitas pessoas da comunidade, que diziam que não valeria a pena. Entretanto, ela perseverou: as longas distâncias e dificuldades todas nunca fizeram com que ela desistisse de plantar. Ela afirma que compensa fazer os canteiros, mas explica que é preciso que todos trabalhem unidos, porque o que faltar para um, o outro pode ter. Assim nunca falta nada para ninguém e todos crescem juntos. Seu Raimundo completa dizendo que a terra é que é a nossa mãe, porque ela nos dá tudo que a gente precisa para viver. Por isso, a gente tem que saber trabalhar e tirar dela tudo que ela pode oferecer.
O poço e o plantio com cobertura orgânica
Plantio de feijão com manejo simplificado de irrigação Apoio:
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