Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 3 | nº 26 | nov| 2009 Francisco Badaró- MG
Convivência e respeito a Mãe Terra garante segurança alimentar a família Na Comunidade de São João de Baixo, município de Francisco Badaró, no Médio Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, conhecemos a família do seu Domingos Simões Santos, 50 anos, mais conhecido por Dominguinho, casado com a dona Sebastiana Moreira Simões, 46 anos, conhecida por Maria. O casal tem duas filhas e um filho. Juliana de 15 anos está estudando o 1º ano do Ensino Médio, Patrícia de 23 anos está trabalhando e morando em São Paulo e Geovani de 21 anos sai temporariamente para trabalhar na colheita do café. O Dominguinho nasceu e toda vida morou na comunidade de São João de Baixo, Família trabalha unida para tirar da roça o sustento conheceu a Maria na comunidade vizinha de Ribeirão de Areia, casaram e moram na atual propriedade que foi adquirida através de herança de seus pais onde constituíram família e vivem até hoje. No início a família enfrentou algumas dificuldades principalmente com a falta d´água e energia e as condições financeiras que não eram muito boas. Perfuraram uma cisterna para diminuir a luta com a água e logo depois chegou a energia. Aí é que as coisas começaram a melhorar, disse Dominguinho. Hoje quase tudo a gente tira daqui da roça, aqui nós produz a horta, inhame, quiabo, maxixe de Badaró, abóbora, moranga, cenoura, beterraba, brócolis, alface, alho, mel, abobrinha, tomate, repolho, cebolinha, feijão, milho, arroz, mandioca, cana de açúcar, banana, mamão, maracujá, abacaxi, laranja, limão, mel, criação de galinha caipira e umas duas vaquinhas.
Seu Dominguinho mostra satisfeito o pé de mamão
A família vive do trabalho na roça tirando da terra o sustento. O plantio é feito de enxada, no braço, preparamos a terra e vamos plantando direto, deixando o cisco, a palhada e diversificando o plantio, explica o marido. Ele conta que precisa roçar e queimar no leito do rio, senão represa a água e vai nas casas.
Minas Gerais
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Mas fora isso não tá queimando mais. E perto da beira do rio eu não roço. Além disso, ele participou de um curso de 2 dias na comunidade sobre preparo de viveiro de mudas com um técnico da Prefeitura e um da Emater. Animado, assumiu a tarefa com um grupo de 8 pessoas de fazer o viveiro. Dominguinho diz que conta com o acompanhamento técnico da Associação Municipal de Assistência Infantil do município, a AMAI. A gente já perdeu muito tempo trabalhando sem técnica e já comeu muita coisa que hoje não comeria. Para mim não interessa a quantidade, mas quero uma alimentação de qualidade.
Repolho é que não falta na horta
O excedente da produção é vendido nas feiras livres em Badaró e às vezes em Araçuaí. Parte da sobra da produção também é vendida na Compra Direta, programa do Governo Federal para a merenda escolar. O dinheiro da venda de parte da produção a família usa no lazer e outras necessidades, viaja e vai as festas nas comunidades vizinhas, compra medicamentos, roupa, calçados, eletrodomésticos e algum outro produto que não consegue tirar da produção da propriedade. Para complementar a renda tem a bolsa escola que é de R$ 22,00 no mês. Eles se organizam dividindo os serviços da roça, todos contribuem na execução dos serviços. A Juliana quando não está fazendo atividades da escola ajuda sua mãe no serviço de casa e quintal. Eu cuido da casa, das galinhas, dos porcos, do que tem para cuidar e eu ainda consigo. Isso porque ela sofre de problemas na coluna. Na feira, pode ajudar o Dominguinho na venda dos produtos. Nos domingos o Dominguinho é dirigente na comunidade, celebra culto, dá curso de batismo e faz parte da Conferência São Vicente de Paulo. A nossa qualidade de vida tem melhorado principalmente o acesso a alimentos de qualidade, a moradia. Contamos com o apoio e incentivo das associações como o Sindicato, AMAI, Emater, Igreja que contribuíram para minha formação de liderança comunitária, incentivaram com apoio de reforma da casa e construção da caixa de 16 mil litros do P1MC. Estou plantando fruteira como vocês tá vendo aqui, mas por enquanto não tá dando lucro, pois está no início do plantio, mas tô achando bom. A gente espera que daqui um ano dois anos possa ter uma renda boa disso, tenho boa expectativa e pretendo vender na feira de Badaró e na Compra Direta, quero trabalhar com laranja, maracujá, mamão e quero continuar sendo persistente. Esta luta vale a pena!, afirma Dominguinho. A Maria diz que o que mais gosta de mexer é trabalhar na roça. Pena que tô com problema de coluna quando era menina ajudava muito meus pais na roça. O grande sonho é melhorar as condições de trabalho, e também construir um banheiro aqui em casa, pois o banheiro que usamos é da casa do lado, dos pais de Dominguinho que são falecidos. Apoio:
Secretaria de Segurança Alimentar Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
www.asabrasil.org.br