Ano 9 nº1966 Janeiro/2015 Ouricuri
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Cultivo pela fartura na mesa Dona Socorro e Seu Carlos produzem para segurança alimentar da família Foto: Elka Macedo
Seu Carlos, Dona Socorro e o neto, Guilherme, mostrando alguns dos produtos cultivados em sua propriedade.
No sorriso do casal Maria do Socorro Nascimento Silva, 56 anos, e Carlos José da Silva, 59 anos, pode-se ver a satisfação em lidar com a terra e dela tirar o alimento que vai para a mesa de sua família. Com alegria e dedicação, há dois anos eles iniciaram a produção de hortaliças, legumes e frutas. São seis tarefas de terra que dedicam ao cultivo de diversas espécies vegetais, e as outras 34 tarefas são de mata nativa que, com apreço, mantêm para preservar o canto dos pássaros e a vida de animais da caatinga. Há cerca de um ano, o casal foi beneficiado com uma barragem subterrânea. Tecnologia que, segundo Seu Carlos, “ajuda você a cultivar seu alimento”. “A barragem subterrânea é para produção de uso familiar. A gente não produz pra venda, só para alimentação. Se a gente vendesse, já estava comprando feijão e milho. Agora, quando a nossa produção tiver maior, vamos ter que vender, porque não dá pra comer tudo”, ressaltou o agricultor.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
Na propriedade, eles estocaram milho e feijão para consumo e plantio, além disso, dona Socorro aguarda ansiosa as chuvas para plantar mais. A alegria do casal é poder ter em casa produtos em fartura para comer e dar a vizinhos, parentes e amigos. Dona Socorro explica que os grãos que recebe do governo não são tão bons quanto os que são passados de agricultor para agricultor. “O feijão que a gente ganhou da Associação não cozinha. Nós temos sementes dele aí estocada, mas a gente tem semente melhor de feijão canapuzinho, feijão branco e sempre verde que já estão guardados pra gente plantar! Se Deus quiser e a safra for boa, eu quero plantar gergelim, amendoim e fava. Eu não quero vender, o objetivo não é esse. Quero pra dar a uma visita”, afirmou a agricultora. Além da barragem subterrânea com caixa elevada, o casal tem na propriedade cisterna de 16 mil litros e um poço artesiano recém instalado. A renda vem da venda de lanches e do cultivo na roça que ajuda na manutenção da família, que já não precisa mais comprar muitos alimentos de fora, pois tem à disposição na roça.
Foto: Elka Macedo
Foto: Elka Macedo
A água estocada na barragem subterrânea é utilizada para regar o quintal produtivo.
O casal estoca sementes de milho, feijão e fava para alimentação e plantio.
“No futuro eu vou criar umas ovelhas, ou umas duas vacas, mas não quero mais desmatar. Eu sempre tive sonho de ter um pedaço de terra. Quero no futuro ajeitar o barreirinho e criar peixe, tudo para sustento da família. A casca da melancia dos projetos é grossa por causa do agrotóxico, a daqui é bem fininha! Devido eu acompanhar na TV, que os alimentos estão cheios de agrotóxicos e que isso está causando câncer, a gente fica com medo. Aqui você come de tudo, sem veneno”, fala com orgulho, Seu Carlos. Embora tenha se mudado há pouco tempo para o campo, o casal que tem filhos adultos, não quer mais deixar o pedacinho do chão. Segundo eles, o terreno é um presente de Deus e eles não pretendem se desfazer da terra. “Não vendo essa roça por dinheiro nenhum. Aqui a gente tem qualidade de vida! As plantas estão produzindo e a gente tem alimento bom e saudável pra nós e pra nossa família”, disse, realizada, dona Socorro.
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