Ano 1 | nº 22 | Julho | 2007 Soledade - Paraíba
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Projeto Demonstrativo
“A água mora com o homem se ele fizer por donde” Seu Manoel Ferreira de Araújo e Dona Maria Salete de Araújo, mais conhecida como Maria de Lurdes, moram no Sítio Livramento, em Soledade. Há 42 anos eles casaram e tiveram oito filhos, sendo que quatro moram na cidade de Soledade, dois moram em São Paulo e dois moram com os pais no Sítio herdado dos pais de Dona Maria de Lurdes, que possue uma área de 12 hectares. Vivendo numa região de pouca chuva o casal logo cedo percebeu a importância de fazer um bom uso da água. Seu Manoel comenta que desde que chegou neste sítio em 1960 luta para ter água suficiente para todas as necessidades e que todo o dinheiro que consegue, utiliza para comprar comida e investir na propriedade. Primeiramente cavaram um pequeno barreiro que não dava para satisfazer todas as necessidades da família durante o ano. Depois fizeram uma barragem que fornece água doce para o consumo dos animais, assim como garante água para tomar banho e lavar louça. Do lado de fora da casa, por onde saem os canos da pia e do chuveiro são colocados baldes que armazenam a água do desperdício que é utilizada para aguar as plantas do quintal, refrescar as galinhas e lavar o banheiro. Dona Maria de Lurdes também tem muito cuidado em economizar água durante a lavagem da louça. A família enfrentava dificuldades quando a água da barragem secava, pois, tinham que carregar água com uma carroça de boi de um poço artesiano a dois quilômetros de distância. No ano de 1999 construíram uma cisterna de placas capaz de armazenar 31 mil litros de água utilizada apenas para cozinhar e beber. Ao lado da cisterna também construíram um tanque de 400 litros que limpa a água que cai do telhado evitando a entrada de sujeira na cisterna. Seu Manoel conta que antes de ter uma cisterna sofria muito, pois andava quatro a dez quilômetros atrás de água para beber. Hoje é a maior facilidade vou atrás de água só para os gastos, diz Seu Silvano. No roçado, onde o terreno é enladeirado a família cultiva no sentido contrário à correnteza das águas para sustentar o molhado no solo. Conta que assim a água não leva a terra e
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também demora mais para passar. Através de conversar com amigos e de uma visita à propriedade de um vizinho, Antonio Borges, seu Manuel teve conhecimento da barragem subterrânea e resolveu também experimentar construindo uma em suas terras. Seu Manoel escolheu a área por onde passa o riacho dos Angicos para fazer sua barragem subterrânea porque considera que este local acumula muita água e tem um maior vajado. É muito trabalhoso, conta seu Manoel, as coisas são difíceis, mas temos sempre que lutar para guardar mais água. A barragem subterrânea mudou bastante a vida da família. Antes da barragem não plantávamos nada período de seca. Depois da construção da barragem em qualquer canto que se cava encontramos água. Plantei capim elefante, cana de açúcar, sorgo e girassol e fiz 5.000 quilos de silagem, afirma Seu Manoel.Também tenho milho, feijão,batata doce, jerimum e melancia. E ainda quero plantar mais, completa feliz Seu Manoel. Tenho planos de fazer ainda um plantio de arroz e se Deus quiser vou investir mais no cultivo de batata doce porque eu vi que tem mais rendimento e muito proveito para o consumo de casa para os bichos e ainda por cima o que sobra vai para o comércio. Construíram também um poço amazonas dentro da área da barragem subterrânea que tem ajudado muito no fornecimento de água para os animais e gastos da casa. São sessenta animais grandes e pequenos que diariamente consomem água deste poço. Com a ajuda de um tonel e mangueiras, Seu Manoel desenvolveu um sistema que facilita o transporte da água do poço amazonas para o concho das ovelhas que fica a uma distância de 50 metros. Segundo Seu Manoel a água mora com o homem se ele fizer por donde e que o agricultor precisa beneficiar seu sítio para ter água.
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