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convênio ANA uma outra ajuda em material. Desta vez para fazer anéis e colocar no poço e assim evitar que fosse aterrado durante os invernos. Mais uma vez, próprio seu Francisco fez o serviço e habilitou-se em fazer anéis para poços. Mais tarde, neste poço foi instalada em 2006 uma bomba d'água popular. Próximo ao poço ainda foi construída uma barragem subterrânea para armazenar água no subsolo e evitar que ele secasse. A água do poço serve para gasto da família, para dar de beber aos animais e para aguar uma outra pequena horta que é o orgulho de dona Odacir. Desta horta já se planta e se colhe há dois anos, coentro, alface, couve, pimentão, cebolinha, maxixe. Estes alimentos são consumidos em casa, pela família e já se vende nos arredores da pequena propriedade e na cidade. Das 30 famílias que moram no sitio Timbaúba, 12 também retiram água do poço para o consumo. Com mais possibilidades de armazenar água, a família fez uma outra barragem subterrânea com o interesse de amenizar a erosão, e lá se plantou batata. Observando melhor as descidas dos lajedos seu Chico fez também um outro tanque de pedra encostado ao primeiro, para acumular mais 18 mil litros água. A família cultiva milho, feijão, hortaliças e legumes. Aos poucos continuam a planejar a pequena propriedade. Agora querem dar prioridade ao plantio das fruteiras. Já tem pés de caju, acerola, pinha, mamão. Cria galinhas e perus e 4 cabeças de bois. Está investindo também numa experiência com o plantio de batatinhas e ainda pensa em ampliar a horta, fazer silagem para o gado na época de escassez de alimento, adquirir mais recursos financeiros e principalmente mais conhecimentos através de visita de intercâmbio e reuniões da paróquia para continuar a melhorar a vida da família.
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Ano 1 | nº 1 | Julho | 2007 Cacimba de Dentro - Paraíba
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Manejo de Água no Curimataú Paraibano: a experiência da família de seu Francisco e dona Odacir Na comunidade de Timbaúba, no município de Cacimba de Dentro, região do curimataú paraibano, encontramos a família de seu Francisco, 06 pessoas em casa, vivendo numa propriedade de 04 hectares. Com ele mora dona Odacir (sua esposa), seus filhos Francisco, Francisca e seu genro Joilson. Estão nesta propriedade desde o ano de 1981. Quando se casaram, seu Francisco e dona Odacir vieram morar nesta terra, em acordo com o seu legítimo proprietário, seu José Cassiano. Viemos morar na terra sem nada pagar, mas trabalharíamos em outra propriedade para compensar, conta seu Francisco. As condições de vida e do acordo firmado nunca permitiram que eles pudessem se dedicar mais e melhor ao cuidado dessa terra.
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A comunidade de Timbaúba sempre enfrentou muitas dificuldades para adquirir água para o consumo humano e animal. As pessoas tinham que andar cerca de 2 léguas (12 quilômetros) para pegar água num lugar chamado Mata Fome. Segundo seu Francisco são 5.076 passos e 1 hora e 10 minutos de viagem só para ir. Conta que há uma subida muito alta e o jumento só conseguia subir uma vez por dia. No ano de 1983, depois de ter percorrido esta distância, seu Francisco chegou bastante cansado. Era noite de lua cheia e o casal resolveu sentar-se em baixo de um pé de manga que fica no terreiro da casa. Sentado sobre sacos de estopas, seu Francisco perguntou a dona Odacir: “será que se eu cavar ali no riacho encontro água”? Com estímulo de dona Odacir começou a cavar um buraco das 10 horas da noite até 5 horas da tarde do dia seguinte. Quando os vizinhos passavam e viam aquela cena perguntavam se ele estava ficando doido. Ele logo respondia, sim, estou doido por água! Ao fim do dia encontrou um pouco de água; encheu um copo e deu para dona Odacir beber. A felicidade foi grande, a água era boa! Seu Francisco cavou então mais fundo e a água veio brotando com mais força. Resolveu fazer uma surpresa para seu José Cassiano: encheu 4 barris com a água do poço e levou para o dono da terra. Ele ficou maravilhado e s u a e s p o s a admirada logo falou: Tá homem, nós moramos tantos anos naquela terra e nunca achamos água e seu Chico em pouco tempo já achou! Com o poço, a família não precisou mais ir buscar água no sítio Mata Fome. Sobraram-lhes as horas de idas e vindas e as passadas economizando tempo e esforço físico. Mas a luta virou outra! Todo o ano, na época do inverno, quando descia água no riacho, trazia muita a areia que aterrava o poço e lá ia seu Chico tirar a areia e assim se passaram 24 anos nesta peleja.
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No ano de 2002, estando trabalhando como servente no Rio de Janeiro, se u Fra n ci sco com o apoio de d o n a O d a c i r, adquiriu uma cisterna de placas que armazena a água que cai sobre o telhado da casa onde mora pelo projeto P1MC-ANA. A cisterna tem capacidade de armazenar 16 mil litros de água, que é usada somente para beber e cozinhar. Mas a família ainda não se contentou, tinham um desejo de fazer um tanque de pedra, porém lhe faltava iniciativa e dinheiro. Estimulado por uma visita de em 2005 do Pe. Jandeilson da Paróquia de Cacimba de Dentro, seu Francisco limpou um lajedo para acumular a água da chuva. O Padre novamente lhe deu a idéia de juntar pedras para levantar uma parede e aumentar sua capacidade. O projeto P1MC-ANA ajudou com 7 sacos de cimento e seu Francisco fez todo o serviço. A água armazenada no tanque, cerca de 5.000 litros, é utilizada para dar de beber ao gado, no gasto da família e para aguar uma pequena horta. A família ainda recebeu do
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