Mutirão comunitário produz agroecologia, vida e união

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 5 | nº 82 | Agosto| 2011 Barra de Santana - Paraíba

Mutirão Comunitário produz agroecologia, vida e união. Na comunidade Mororó, município de Barra de Santana, na Paraíba, cinco famílias agricultoras começaram a se organizar em mutirão e desenvolveram um trabalho muito interessante que hoje é referência na região. Lizete Severina e Valmir da Silva, Maria de Jesus e Jociano Pereira, Roseane Pereira e Jorge Belo, Albenize Oliveira e Josevânio Felipe, Geraldina Barbosa (mãe) e José Gerailton (filho) participando da Associação das Comunidades Rurais do Município de Barra de Santana, perceberam o potencial e interesse das pessoas da comunidade para o trabalho em mutirão. Após assistir o vídeo “Caminho das Águas” (produzido pelo Coletivo Regional e o Polo da Grupo de famílias agricultoras que trabalham em mutirão Borborema, em parceria com diversas organizações) o grupo conheceu o funcionamento do trabalho em mutirão. Com a chegada do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) na região o grupo começou a ser incentivado a produzir sem uso de agrotóxicos. Realizaram uma reunião para avaliar o interesse da comunidade em participar do programa. Até então as famílias não sabiam da existência da lei que garante a compra de no mínimo 30% dos alimentos fornecidos pela Agricultura Familiar Camponesa para a merenda escolar. Pensando na produção do arredor de casa, as mulheres do grupo tomaram a iniciativa de propor ao grupo a organização do mutirão para iniciar a produção agroecológica e fornecer alimentos para o PNAE. Os homens no início estavam desacreditados, mas contribuíram com a proposta. O grupo participou da chamada pública para compra dos produtos na prefeitura municipal e foram contratados. A partir daí surgiu a primeira dificuldade: “Como iríamos produzir se não havia nada, nem cercamento, nem água, nem como armazenar, como cumprir o contrato sem a gente ter nada?” relata Albenize, agricultora que participa do grupo. As famílias começaram a assistir os vídeos produzidos pelo PATAC na associação, compreenderam o funcionamento dos Fundos Rotativos Solidários (FRS) e começaram a se organizar. No início a associação doou as sementes. Albenize ao lado dos canteiros de alface e couve

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Cada família contribuía com 20 reais por mês para o FRS. Assim a cada mês a família que tivesse mais necessidade era escolhida e dependendo da necessidade compravam telas ou tambores para armazenar água. Em março, após o cercamento e compra dos tambores de todas as famílias, o grupo agendou um dia para construção dos canteiros. Como não tinham dinheiro para comprar cimento e tijolos, fizeram os canteiros com garrafa pet. Começaram a plantar, e a partir daí surgiu outras dificuldades: ninguém sabia como plantar, o plantio da alface era a principal dificuldade. Começaram a fazer as mudas utilizando pedaço de cano PVC para confeccionar potinhos de Canteiros alternativos com garrafas pet e tijolos reaproveitados. papel, onde colocavam terra rica e semeavam, mas isso não resolvia. Foi quando fizeram um teste utilizando bacias com composto orgânico, foi quando a produção começou a melhorar. A primeira entrega para o PNAE resultou em: 30 molhos de coentro, 23 kg de alface, 25 kg de couve e 180 ovos. No segundo mês além de fazer a entrega ao PNAE, o grupo vendeu para outras famílias da comunidade. Com o aumento da produção o grupo já negociou com a prefeitura a compra de uma quantidade maior. Atualmente as cinco família, que estão produzindo, além de vender na própria comunidade, entregam alimentos para três escolas da comunidade e para a sede da prefeitura, que distribui para outras escolas. No total fazem três entregas por mês. Também diversificaram a produção, com: alface, couve, coentro, mamão, pimenta, tomate, maracujá, quiabo, acerola, goiaba e plantas medicinais, como: louro, arruda, capim santo, anador, hortelã, erva cidreira, colônia, mastruz, entre outros. O grupo já prevê algumas dificuldades para finalizar o cumprimento do contrato: a quantidade de água que tem armazenada nos barreiros pequenos não será suficiente para dar continuidade a produção. Outra dificuldade: hoje utilizam o ônibus escolar para fazer as entregas. O grupo afirma necessitar de transporte próprio para cumprir com pedidos. Planejam agora ampliar o FRS existente com mais cinco famílias, que se animaram com a iniciativa do grupo. Nesse Fundo Rotativo cada família contribuirá mensalmente com 50 reais. Dessas dez famílias, oito utilizarão o Fundo para construir uma cisterna com capacidade para armazenar água de um carro pipa, as outras duas utilizarão o recurso para reformar suas casa. Depois da produção muitas pessoas da comunidade perceberam a importância da produção do arredor de casa e da produção agroecológica: “Antes eu tinha uma visão que isso não era possível acontecer, mas hoje sei que é possível uma realidade diferente e que tudo que precisa pode ter ali, sem precisar comprar fora”, afirma Maria de Jesus, agricultora integrante do mutirão. Bacia com composto orgânico utilizada para produzir mudas de alface

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