Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 5 | nº 59 | maio | 2011 Santo André - Paraíba
Família Agricultora com água transforma a vida do Semiárido Numa pequena propriedade, na comunidade de São Félix, município de Santo André, dona Lúcia Firmino da Silva, Francisco Luis da Silva (seu Chico), junto com seus 10 filhos, vivem desde o ano de 1978. No início do casamento, o pai de seu Chico cedeu uma parte de sua propriedade (01 ha) para que ele desse início a sua família. Com o passar do tempo, com a renda obtida com o trabalho, o casal adquiriu as demais áreas, que resultou no total aos 26 ha de terra, que eles dispõem hoje. Na propriedade existia um barreiro, onde era recolhida a água para todas as necessidades da família. Nos períodos de seca era preciso Dona Lucia em seu roçado de milho caminhar cerca de 6 km até o poço de uma propriedade privada na comunidade Ramada. Eles saiam às 4h da manhã para pegar a água, que transportavam em pipas (02 tambores colados, com capacidade para 400 L). A comunidade, 01 vez por semana, recebia o fornecimento de água de um carro pipa, que mal dava para servir as 30 famílias que viviam em São Félix. Em 1990, a família construiu um barreiro e aos poucos foi aumentando sua capacidade de armazenamento de água. Hoje, após as chuvas, ele consegue atender a família por até 1 ano e 6 meses. Devido à dificuldade de acesso à água e a dificuldade em diversificar a produção, eles produziam apenas: milho, feijão e algodão. Para complementar a renda, seu Chico, comprava e vendia animais nas feiras livres de Juazeirinho e Campina Grande. Dona Lúcia conta que durante 10 anos foi com este pequeno comércio de animais, mais a produção familiar do roçado e dos animais que o casal pôde sustentar a família.
Dona Lúcia e seus filhos na cisterna calçadão
A partir de 1998, utilizando a água do barreiro e a água servida (reutilizada), a família começou a desenvolver seu arredor de casa. Seu Chico comenta que antes as poucas frutas que se consumiam eram compradas de outros agricultores da comunidade: “a terra do meu vizinho era igual a nossa, então eu sabia que aqui também dava alguma coisa, só precisamos plantar e deu... e dá de tudo!”.
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Mais água, Mais Segurança Em 2004, com a participação na Associação de Desenvolvimento Rural da Comunidade de São Félix, a família conseguiu o apoio do Cooperar (Programa de Combate a Pobreza Rural) para construção da cisterna da água de beber. Já em 2009 conseguiram o apoio para construção da Cisterna Calçadão, através do P1+2 (Programa 1 terra e 2 águas) da ASA-PB e ASA Brasil. Seu Chico orgulhoso pela qualidade de seu milho
Com isso eles conseguiram manter e diversificar ainda mais o trabalho que estava sendo desenvolvido. Atualmente ao redor da casa de dona Lúcia e seu Chico tem uma diversidade impressionante de plantas. Além do canteiro econômico, com diversas hortaliças (couve, cebolinha, coentro, alface, pimentão quiabo, maxixe, cebola e beterraba), eles cultivam diversos tipos de frutas e plantas medicinais, como: coqueiro, graviola, pinha, acerola, banana, caju, manga, seriguela, mamão, limão, laranja, romã, alecrim, capim santo, hortelã miúdo, hortelã gordo e saião. Dona Lúcia diz que o plantio de hortaliças só foi possível com a participação no Fundo Rotativo Solidário de Telas da comunidade, pois “com as telas os animais de terreiro (galinha e peru) não podiam estragar a horta. Todas essas coisas são ações que trazem mudanças na nossa vida e na vida das famílias da comunidade”. Além desses animais, o casal cria: porco, ovelha, cabras, gado e um jumento de carroça. Foi também no ano de 2009 que a família começou a fornecer alimentos para o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e a Bodega Agroecológica. O casal diz que através da comercialização direta a família começou a ter uma renda maior, em comparação com o que recebiam antes quando comercializavam por meio de atravessadores: “Hoje a gente produz para o consumo e ainda pra venda para o PAA, pra o PNAE e pra Bodega... A gente pôde comprar uma égua e um garrote para ajudar na produção... Hoje a gente tem uma segurança alimentar ao arredor de casa o ano inteiro, melhorou muito nossa vida”. Hoje três filhos de Lúcia e Chico estão no grupo de beneficiamento de frutas da comunidade de São Félix. Roseane, Roseilma e Fernando também participam da associação da comunidade, da comissão municipal de Santo André e das comissões temáticas do Coletivo Regional. Uma das filhas, Roseane, é uma jovem liderança animadora da região, que participa ativamente da vida comunitária da região. Concluindo Dona Lúcia diz que participando das atividades de formação e da organização da comunidade sente-se estimulada para continuar a desenvolver suas implementações: “Todo o trabalho que a gente fazia foi melhorando e com o incentivo e valorização a gente se sente motivado a produzir mais ainda!”.
ARTICULAÇÃO NO SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO