Feira da Agricultura Familiar fortalece a Economia Popular Solidária

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 5 | nº 99 | Setembro | 2011 Potiretama - Ceará

Feira da Agricultura Familiar fortalece a Economia Popular Solidária Agricultores e agricultoras das comunidades Barracha, Barro Vermelho, Bom Futuro, Baixinha, Caatingueirinha, Caatinga Grande, Mão Direita e Sítio Três Irmãos, no município de Potiretama, no Ceará diagnosticaram que sua produção estava sendo desvalorizada em virtude de ser comercializada por meio de atravessadores. Diante disso e a partir de várias experiências agroecológicas já existentes no município, como por exemplo: quintais produtivos, horta orgânica, agroflorestas, viveiro de mudas, produtos medicinais, entre outros, agricultores e agricultoras familiares se organizaram numa rede constituída por famílias das áreas de Caatinga Grande, Caatinga do Atanásio e Mão Direita para realizarem a venda coletiva e direta ao consumidor de seus produtos agrícolas.

Socialização das atividades para realização da feira

Desde 2007 as famílias das comunidades acima mencionadas, começaram a pensar em comercializar seus produtos, em vez de passar por um preço baixo, para que outras pessoas os vendessem. No entanto, essa era só uma ideia de alguns/as agricultores/as, que como lideranças comunitárias e sindicais pensaram na Feira daagricultura familiar, como estratégia para o fortalecimento da economia popular solidária. O pensamento que até então se restringia a um pequeno grupo, foi repassado para outras pessoas. “Queremos vender nós mesmos/as nosso produto”, germinou Gracinha, uma das lideranças da comunidade Catingueirinha e também produtora de hortaliças, frutas e outros legumes. “Seu pensamento é também o nosso, o que temos que fazer é disseminar esta ideia para outros/as agricultores/as”, apoiou Benta Maria, conhecida como Betânia, da comunidade Barro Vermelho e também vendedora.

Os produtos da Feira da Agricultura Familiar

A ideia começava a se expandir com mobilizações, reuniões e planejamento, passando a fazer parte do sentimento de muitas outras pessoas. “Sou a favor, pois precisamos deixar de vender nosso produto para o

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atravessador, que nos explora”, confirmou Kátia Maria, da comunidade Mão Direita, produtora de cana-de-açúcar, legumes e beneficiadora do coco, milho, entre outros. Com o apoio da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte e a força de vontade das comunidades, o sonho passava a ser realidade. E foi então que começaram a dar passos. Primeiro conheceram outras experiências de feiras com vídeos e visitas de intercâmbio e posteriormente fizeram o diagnóstico para identificar os produtos que seriam comercializados, constataram que o potencial era a produção agrícola. A primeira feira aconteceu no último sábado de abril, de 2011. Todas as comunidades que foram articuladas desde a ideia inicial participaram. Na Produtos comercializados feira teve os seguintes produtos: feijão, milho, frutas, hortaliças, galinha caipira, colorau, queijo, molho, batata-doce, mel, tapioca, tortas, sucos, café, garapa de cana-de-açúcar, artesanato, entre outros, além de arte/cultura e seminários formativos. O resultado, além do rendimento financeiro de mais de três mil reais, veio também com a satisfação dos/as agricultores/as em poder vender sua produção para comprar outros mantimentos. “A gente vende o que produz e compra outras coisas necessárias para o sustento da família, como arroz e açúcar, por exemplo”, disse Expedito da Silva, presidente da Associação do Sítio Três Irmãos, e também vendedor. Antonia Dantas, conhecida como Rosa, da comunidade Caatingueirinha aponta outro ponto importante da feira: Os produtos que vendemos são saudáveis e incentivamos outros/as agricultores/as a não usarem veneno. E ainda nos sentimos valorizados. A agricultora reconhece que a feira é um espaço para divulgar o trabalho do/a agricultor/a, levantando sua autoestima. Com a feira, aumentou também a solidariedade entre as famílias, quando uma tem um produto que a outro não tem trocam. “Tem coisa que a gente não tem e adquire com o outro para não comprar no comercio. Teve uma feira que troquei um jerimum por um pano de prato”, afirmou Júlio César, de Caatinga Grande. Para a feira acontecer cada um/a tem uma tarefa, desde a organização até a divulgação. O apoio da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, Organização Barreira Amigos Solidários (Obas), Rede Bodega, Fetraece, Sindicato dos/as Trabalhadores/as Rurais de Potiretama, a Associações e Banco do Nordeste, com projetos, formação técnica e implementação de tecnologias para captação de água da chuva são importantes, na consolidação dessa história. Tal organização depende das famílias, que acreditam na transformação e dão muitos passos para sua concretização. Querem expandir a feira, para isso acreditam que com a chegada de 25 cisternas-calçadão, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), executado pela Obas, vão produzir mais e beneficiar outras famílias. A feira acontece aos segundos sábados de cada mês, ao lado da Igreja Matriz de Potiretama. Contato (88) 3435 1098. Apoio:

www.asabrasil.org.br


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