O crédito fundiário como uma alternativa de acesso à terra: a experiência do Assentamento Cajá dos N

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 5 | nº 28| Março | 2011 Batalha- Alagoas

O Crédito Fundiário como uma alternativa de acesso a Terra Experiência do Assentamento Cajá dos Negros O Povoado de Cajá dos Negros está situado no município de Batalha, região da Bacia Leiteira de Alagoas e há mais de quinze anos foi reconhecido como uma comunidade remanescente de quilombo. É neste povoado que começa a luta por acesso a terra das 15 famílias que hoje compõem o Assentamento Cajá dos Negros. Existia no povoado Cajá dos Negros uma associação comunitária que começou a perceber a dificuldade das famílias em viver sempre trabalhando para grandes fazendeiros da região. O senhor Cícero Leite da Silva, de 50 anos, que nasceu e nunca saiu da região era um desses moradores. Ele conta que chegou a passar 5 anos trabalhando em uma fazenda, mas que sempre quis mesmo foi trabalhar em sua própria terra. Ele percebeu que muitos outros também tinham esta vontade e foi aí que começou a luta das 22 famílias que faziam parte da associação para conseguir seu pedaço de chão. Eles montaram um projeto e foram atrás de um grande fazendeiro da região que se dispôs a vender a terra para o grupo desde que recebesse tudo em dinheiro. No início, o grupo apresentou a proposta ao INCRA, mas, não deu certo, pois este órgão não pagava o terreno em dinheiro e sim em títulos e o fazendeiro não aceitou vender. Os associados resolveram então apresentar seu projeto a Secretaria de Agricultura do estado. Família de seu Cícero, ao lado seu Antônio Carlos

Porém, para conseguir o projeto de Crédito Fundiário pela secretaria o grupo não podia ter dívidas em nenhum banco, precisava estar fora do serviço de proteção ao crédito e tinha que ter toda a documentação em dias. Com isso, muitos dos associados ficaram fora do critério e somente 15 famílias continuaram no projeto. Durante este tempo de espera o grupo manteve os contatos com o dono das terras, que prometeu que só venderia se fosse para eles, apesar das várias intimidações que sofreu por parte de outros fazendeiros da região. Seu Antônio Carlos, um dos assentados, conta que muita gente procurava o dono da terra o aconselhando a não vender. Muita gente dizia que isso não ia dar certo, que a gente era um bando de preguiçosos, diz seu Antônio. Isso por conta de vários assentamentos que não deram certo na região.

Alagoas


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