Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 3 | nº 48| Agosto | 2009 Aroeiras - Paraíba
Uma história de zelo e cuidado da biodiversidade Seu Antonio Paulino Fidelis é casado com Dona Josefa Vieira Paulino desde 1972, juntos tiveram cinco filhos, três mulheres e dois homens, destes apenas uma das filhas mora com o casal, além de uma neta que hoje com 12 anos. Nascido em Timbaúba dos Mocós, estado de Pernambuco. Seu Antonio veio para a Paraíba trabalhar quando ainda tinha 18 anos. Aroeira, foi à cidade escolhida por Seu Antonio e a Comunidade Barra de João Leite foi o local onde ele primeiro trabalhou por alguns anos. Na década de 70 e 80 era tempo que as principais culturas dos roçados eram o agave e o algodão, mesmo assim eu nunca me acostumei com uma coisa só no roçado, eu plantava as duas coisas, roçado diversificado e agave, ou roçado diversificado e algodão, plantar Família guardiã da fava preta uma diversidade agente também come uma diversidade, contou o agricultor.
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Todo o tempo de trabalho de Seu Antonio aconteceu em terras arrendadas, a família sempre tinha dificuldades porque tinham direito apenas a forragem e restos de cultura e uma parte dos legumes. Trabalhar arrendado você tem pouca liberdade para fazer o que está na cabeça, pois sempre tem que combinar com o dono da terra. Atualmente, Seu Antonio junto com mais 33 famílias, conseguiram uma terra no Assentamento que leva o nome da Comunidade “Cachoeira Grande”, essa é uma luta conquistada aproximadamente 5 anos atrás.
Diversificação para produção de alimentos
Nestes últimos quatro anos seu Antonio vem organizando seu sítio, um lote de 10 hectares, que pega uma vazante de açude. Como ele diz: já tem “situado” e diversificado com banana, manga, caju, pinha, canade-açúcar pro caldo, acerola, graviola, seriguela, tem ainda uma roça de macaxeira e de mandioca, tem roçado de milho, feijão e fava. Tudo que tem no seu pedaço de terra é produzido para alimentação da família.
Paraíba
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Paraíba Desde 2001, ainda nas terras arrendadas o agricultor encontrou 4 sementes de fava preta junto com outra fava Lavandeira. A fava preta foi plantada debaixo de uma árvore e recebia um cuidado especial, nasceram 02 pés da fava, onde Seu Antonio multiplica e tem sementes até hoje. A fava preta tem boa adaptação na região e Seu Antonio desde esse período vem multiplicando essa variedade. Ela é a mais gostosa das favas, quem uma vez saborear nunca mais deixa de plantar, afirma o agricultor.
Seu Antonio dá sempre um “cozinhado” aos vizinhos para plantar as sementes em outros roçados para não perder a variedade. A família deixa um recado para quem não conhece a fava Variedade de fava preta preta: coma primeiro um cozinhado, se gostar plante para não perder a variedade. Hoje são sete famílias que cultivam a fava preta na comunidade de Cachoeira Grande. Para seu Antonio e outras pessoas da comunidade essa variedade tem características próprias: saborosa, tem boa produção de vagens, tem boa produção de rama e é ligeira quando comparada a outras variedades da região. O plantio da fava preta é feito no inicio do inverno, com dois meses e meio, é preciso fazer uma primeira “catagem”, mais ou menos no meio do inverno, como ela flora de baixo para cima, se deixar às primeiras vagens vão apodrecer com as chuvas. Depois do desbaste, a fava rebrota e aumenta sua “carga”. Ela só precisa de chuva, diz o seu Antonio. Ao fim do inverno, ou ao final de quatro meses, finda a tarefa da fava. Outra “bondade” da fava, segundo Seu Antonio é a sua rapidez e resistência, quando chega à praga, a primeira safra está segura, quando vem à outra safra, já passou o período das pragas, assim sendo, tendo inverno, tem-se safra garantida. A família é uma guardiã dessa variedade de fava preta, guarda em casa e distribui um pouco para as pessoas que não conhecem. Essa é uma estratégia para não perder a variedade e divulgar para que outras famílias também sejam guardiãs.
Fava Preta resgatada pela família de Seu Antonio e Dona Josefa
Apoio:
Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
www.asabrasil.org.br