Produção de hortaliças orgânicas gera sustentabilidade familiar

Page 1

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 3 | nº 64 | Agosto | 2009 Pedro II - Piauí

Produção de hortaliças orgânicas gera sustentabilidade familiar A vontade de ser seu próprio patrão e a coragem de iniciar foram as principais ferramentas para o agricultor José Costa Sousa, 41 anos, começar seu negócio de vendas de cebolinha e coentro na zona urbana no município de Pedro II, norte do Piauí. Apesar das críticas dos vizinhos que não acreditavam que pudesse dá certo, o agricultor não desistiu do seu objetivo e há seis anos, planta e tira de seus canteiros o sustento da família. A história de Seu José Costa, também conhecido como Zé Meruoca, a principio é parecida com as de muitos nordestinos que vão a região sul do Brasil atrás de uma vida melhor. O agricultor é casado com Maria Alice Marques, há 20 anos e com ela tem dois filhos. Quando viajou a São Paulo ele foi atrás de melhores condições de vida Seu José acreditou em seu sonho e hoje sustenta a para a família, porém assim como muitos que família com a venda de coentro e cebolinha. voltam decepcionados com a desilusão de lucro fácil na cidade grande, seu José também voltou, mas trouxe na bagagem uma idéia e um ofício aprendido no período que esteve por lá. O agricultor conta que em São Paulo, na cidade de São José dos Campos, trabalhava como saladeiro em um restaurante. Em uma oportunidade conheceu o quintal produtivo de um de seus chefes, um japonês que tinha uma grande área onde plantava hortaliças em canteiros feitos no chão, foi aí que nasceu a idéia de começar seu próprio negócio no Piauí. Mas nem sempre os sonhos são fáceis de realizar, Seu José se deparou com algumas dificuldades, como a falta d'água para aguar os plantios, a descrença dos amigos e dos vizinhos e a falta de recursos para iniciar, “Eu vi a cidade crescendo e queria fazer aqui uma coisa que ainda não tinha, porque comércios e restaurantes tinha muito, eu queria ser meu próprio patrão, mas não deu certo”, conta.

Canteiros de coentros e cebolinhas, garantia de renda familiar.

O agricultor voltou para São Paulo decepcionado, mas não desistiu da sua idéia, quando retornou ao Piauí, a colocou novamente em prática e investiu um pouco do que tinha ganho na realização de seu sonho. Em um terreno onde morava com a mulher e os filhos na Vila Kolping,

Piauí


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Piauí

zona urbana de Pedro II começou seu negócio. A água para molhar as culturas, usava a da torneira, mas como a conta vinha cara no final do mês, ele passou a utilizar também a água do chafariz que beneficiava algumas famílias que não tinham água encanada. Isso trouxe problemas com a comunidade do bairro que se incomodava com o uso da água para molhar as culturas. Seu José diz que não se importou, falou com o prefeito da época, para saber se o que fazia era errado, e ele lhe disse que o chafariz era público e se tinha água suficiente para todos, não tinha problema, foi o que faltava para o negócio de Seu José prosperar. Ele conta que iniciou com um canteiro de cebolinha e coentro e que no princípio foi difícil, Atendendo a um cliente, Seu José se orgulha de ser porque não tinha freguês, as pessoas não o seu próprio patrão. conheciam, mas um amigo foi trazendo outro e o negócio foi crescendo. Como a demanda de compradores estava superando o que plantava, ele comprou mais um pedaço de terra e aumentou o produção, hoje ele têm quase cinqüenta canteiros plantados no quintal de casa, numa área de quase 500m² (quinhentos metros quadrado), “hoje tenho quase quatro mil fregueses todos aqui de Pedro II, eu forneço para pessoas que vendem no mercado, forneço para restaurantes, comércio e para a pousada daqui”, conta. Para Seu José o segredo para o sucesso de suas vendas é a conscientização da população em consumir apenas alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos. Ele diz que para espantar as pragas usa defensivos naturais e para adubar, estrume de criação, “a gente sabe que faz mal usar veneno, a gente ver aquele tomate grande na feira, vermelhinho e acha é bonito, só Deus sabe a procedência, aqui eu não uso agrotóxico, o que não quero para minha família não faço para os outros e os meus fregueses conhecem e confiam”, diz. Além da cebolinha e do coentro, o agricultor já experimentou plantar outras culturas como beterraba, tomates, alfaces em seu quintal, mas como a água não dava para aguar, ele resolveu ficar apenas com as hortas de cebolinha e coentro, “no inverno eu planto alface e dá que é uma maravilha, eu vendo muito, mas só no inverno, porque no verão não tem água para manter”. Quem ajuda Seu José no cultivo da horta é a mulher e seus dois filhos, mas o agricultor afirma que prioriza os estudos dos filhos. Ele conta que teve muitas oportunidades na vida, mas a falta de estudo o prejudicou, analfabeto, diz que os filhos são quem o ajuda a fazer as contas que precisa, “Eu quero dá para eles o que eu não tive e você sabe que hoje em dia o estudo é tudo, mas eles sabem o valor que isso daqui tem, nós sustentamos a casa e os estudos deles com o que tiramos daqui”, diz. Seu José conta que sua lida começa às quatro horas da manhã quando acorda para molhar as culturas, trabalho árduo, mas gratificante. Ele conta que seu quintal já virou ponto de visita e isso é motivo de orgulho, pois seu sonho antes desacreditado, hoje é exemplo, “ é por isso que eu digo a gente não deve parar nos primeiros obstáculos, aqui as vezes eu apuro de cem a cento e cinqüenta reais por dia, não é lá muita coisa devido as carestia de hoje, mas é melhor que trabalhar para os outros, daqui eu sustento minha família e a gente vai vivendo, graças a Deus”, diz.

Apoio:

Secretaria de Segurança Alimentar Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO

www.asabrasil.org.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.