O quintal coletivo de Ana, Cristina e Maria

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Ano 8 • nº1823 Dezembro/2014

Castelo do Piauí Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

O quintal coletivo de Ana, Cristina e Maria

À esquerda Dona Cristina e a cunhada Ana cuidam da horta. Neste dia Dona Maria não pode ir ao quintal e as amigas assumiram os cuidados com os canteiros.

Experiências coletivas de produção tem demonstrado ser uma das saídas encontradas pelos agricultores e agricultoras do Semiárido para vencer as diversidades da região. Ás vezes iniciativas simples, como compartilhar a água e os canteiros produzidos através da cisterna de 52 mil litros de água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), mostra além de bondade, a vontade de contribuir na transformação da realidade local e na busca de melhoria de vidas. Um exemplo disso foi a iniciativa da agricultora Ana Rodrigues Soares, que conquistou uma cisterna e convidou as cunhadas à produzir juntas canteiros de hortaliças.

Ana Rodrigues é a proprietária da cisterna.

Ana Rodrigues, Cristina da Paz Silva e Maria do Socorro da Paz Silva são moradoras da comunidade Manoel dos Santos, em Castelo do Piauí. Ana é casada com José da Paz Silva, irmão de Cristina e Maria. Elas são vizinhas e conhecem bem a dificuldade de água no período de estiagem, por isso concordaram em manter a pequena produção para o consumo das três famílias. Antes elas faziam canteiros em casa, coisa pouca e que nem sempre dava para manter. Hoje, com o que produzem na área que cuidam, dá para o consumo e às vezes até para vender.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

A cisterna foi construída em 2013 e este ano encheu pela primeira vez. Dona Cristina conta que quando começaram a cadastrar para as famílias locais terem acesso as cisternas, como ela já tinha o barreiro-trincheira, outra tecnologia do P1+2 que acumula água para os animais, ela não pode ser beneficiada, mas Dona Ana foi contemplada, e a partir disso foi feita a combinação. A família das três, além da agricultura, também tem pequenas criações de galinhas e bode. A comunidade também possui um poço que fornece água para um chafariz comunitário, mas elas contam que no período de estiagem a água é escassa e por muitas vezes falta. A cisterna é Dona Ana quem socorre as famílias nestes momentos. Na área destinada aos canteiros, onde fica localizado a cisterna, elas plantam tomate, cebolinha, pimentinha, pimentão, berinjela e também tem capim, que segundo as agricultoras, foi plantado pelo vento, que levou as sementinhas que brotaram no local. “Acho que de tanto aguar as outras plantinhas, a 'friezinha' da água acabou servindo para eles também, que estão todos verdinhos”, diz Dona Cristina. As cunhadas contam que cada qual tem suas plantas no local e cuidam respectivamente de seus canteiros, mas quando uma não pode ir, a outra molha as plantinhas da amiga. Dona Cristina explica que o melhor horário de aguar as plantas é na parte da manhã, bem cedinho, quando o sol está mais frio, porque à tarde o estrume está quente e a água também, então não é um bom horário. O objetivo das três é produzir somente para a alimentação da família e economizar o dinheiro que gastariam na feira, alem da vantagem de saber de onde vem o que estão comendo, e elas garantem, alí não entra veneno, mas já teve momento que a produção foi tão boa que deu até pra vender nas vizinhanças. Apesar disso, Dona Ana garante que esse não é o objetivo maior. “Alem da gente ter os temperos pra fazer a comida em casa, que era nosso objetivo, poder contar com a companhia delas é muito bom, a gente conversa, ajuda uma a outra, tem isso também”, diz.

Dona Cristina


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