Ano 8 • nº1740 Novembro/2014 Santo André
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ovelha Lanzuda uma Semente da Paixão de minha família Na comunidade Malhada Alegre, município de Santo André, cariri paraibano, vive a família de Antônio Correia Filho (72 anos), mais conhecido como Sulo e Creusa Teófilo Correia (68 anos). O casal tem quatro filhos. Na casa, vivem Rosacleide e Rosileide, filhas mais velhas, que têm deficiência mental e a filha mais nova, Maria Aparecida. O filho do meio, Rosinaldo, mora na cidade de Santo André. A propriedade onde a família vive, é herança da família de Seu Sulo. Com um total de 50 hectares, a terra é utilizada pela família e mais três irmãos de Sulo, de forma coletiva. Todos criam ovelhas das raças Lanzudas e Pêlo de Boi. Os animais pastam juntos na área comum da propriedade. D. Creusa lembra que quando era criança ganhou sua primeira ovelha Lanzuda como presente de seu padrinho. Em 1969, quando ela casou com Seu Sulo, recebeu cinco destas ovelhas através de seu pai, desde então a família vem conservando a espécie. Atualmente possuem 22 ovelhas (Lanzudas e Pelo de Boi), já teve época que criaram mais de 70 animais. A ovelha Lanzuda já faz parte da história da família de Seu Sulo e D. Creusa, nos períodos mais difíceis, foi através da renda obtida com a venda das ovelhas, que superaram as dificuldades. Além de servir como uma renda, a família consome os animais em períodos festivos ou quando recebe a visita dos parentes e amigos mais distantes. A família guardiã, fala das suas Sementes da Paixão, as ovelhas Lanzudas, com muito carinho, ressaltando sua beleza e o amor que eles têm com a criação. ‘‘Eu acho as minhas muito bonitinhas, quando nasce aqueles burreguinhos, eu acho muito lindo! E quando as ovelhas rejeitam eles, a gente cuida, dá mamadeira e eles têm o maior amor a gente, que nem um bebezinho’’, comenta D. Creusa.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba
Antes a família guardiã criava gado, porco, bode e outros animais. Hoje se dedicam apenas a criação das ovelhas Lanzudas e das galinhas Gogó de Sola, por conta destas raças serem mais adaptados e resistentes a região, além das dificuldades de criar e comercializar os outros animais. Há três anos não tem tido chuva para plantar na região, com isso Seu Sulo conta que não tem feito plantio de milho e feijão, como fazia antes. Os animais consomem água de um barreiro próximo à propriedade e durante o dia ficam soltos no pasto se alimentando das plantação nativas, a noite, quando estão no cercado se alimentam com milho, palma e outras plantas. A cisterna de água de beber da família foi construída em 2005, com apoio do Programa Um Milhão de Cisternas. Antes eles contam que tinham muita dificuldade para ter água para o consumo e para a criação. Com muito otimismo a família conta que está construindo a cisterna enxurrada. Com isso, Aparecida acredita que terá mais facilidade para produzir hortaliças e garantir a segurança alimentar da família, com alimentos mais saudáveis e sem agrotóxico. Ela não pretende sair do sítio, mesmo com as dificuldades, com a convivência com a seca, ela diz que deseja dar continuidade ao cuidado dos animais e da propriedade da família. Aparecida também reconhece a responsabilidade que tem em cuidar de suas irmãs e dar continuidade ao trabalho de seus pais com as ovelhas ‘‘Não é tanto o valor financeiro, mas o sentimento de carinho que temos por elas, porque pode até ter outras raças que tem valor financeiro bem maior do que elas, mas a gente não quer trocar, nem acabar, a gente quer sempre continuar conservando’’. Seu Sulo diz que não é difícil continuar conservando a raça ‘‘Criar ovelha não dá trabalho, você solta elas aí, elas ficam comem o mato e só vem de tarde, as pequenas quando estão desnutridas, a gente tem o cuidado de alimentar separadas’’. ‘‘E se Deus quiser vem o inverno e nos vamos renovar tudo o que a gente já perdeu durante a seca, né?’’ conclui Dona Creusa.
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