Estação Cangaço: a marca do amor no sertão alagoano.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1921 Novembro/2014

fase, lavam novamente para tirar os resíduos e colocam dentro do óleo para dar elasticidade ao couro e quando tira depois de lavar colocam para secar na sobra e seco iniciam o amaciamento do couro e já está pronto para ser moldado. As mulheres se organizam para que cada participante acompanhe e aprenda todo o processo na confecção dos artesanatos. Assim, não há quem saiba fazer apenas uma parte, mas o todo. Na história do ponto de partida na caminhada dos/as artesãos/as existiram alguns parceiros, maridos, filhos, amigos e instituições que duraram por pouco tempo, outras por anos. Margarida diz que “é ótimo trabalhar aqui, é bom por que a gente tem liberdade para fazer nossos horários e da tempo de cuidar dos afazeres domésticos e ficar perto dos filhos”. Podemos perceber o sentimento de união que passa por toda a equipe. Há 6 anos na associação, Solange relata que “o momento que mais me marcou foi o dia que entrei na associação por que a gente ganha uma família, bem dizer tenho elas como minhas filhas por que são mais novas que eu. Acho ótimo, trabalhar aqui, a gente faz o que gosta e mudou a minha vida porque eu aprendi muito e o que a gente recebe já ajuda a inteirar na renda em casa. Espero sempre o melhor para a associação, estamos esperando as máquinas que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf) vai doar para que possamos produzir mais”. É notável a mudança pessoal que ocorre junto com o amadurecimento do próprio trabalho “eu não era essa pessoa não, gente, falar em público era pancada”, conta Gilvaneide. Além de transformar a vida de quem produz transforma a vida das pessoas que tem contato com esse trabalho, a exemplo de jovens e de uma turma com problemas emocionais que fizeram o curso de sandálias, o que possibilitou o contato de dois grupos, que talvez em sua rotina não se relacionasse, mas que resultou em uma experiência agradável. Quanto ao futuro, uma das prioridades não é ter um lugar maior e sim um lugar próprio “acredito que um dia vamos sobreviver do nosso artesanato” afirma Nicinha. Nosso prazer é produzir o que a gente faz. Às vezes quando uma desanima e diz, vamos parar, a outra diz não, para não, mês que vem melhora. Mesmo com a possibilidade de realizar parte do processo de confecção dos produtos em casa, essas mulheres procuram um espaço próprio para conviverem e buscarem sua autonomia, pois, além da amizade, que é característica marcante no grupo, a associação é um espaço de afirmação.

Realização

Apoio

Piranhas

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Estação Cangaço: a marca do amor no sertão alagoano Na aconchegante e histórica cidade de Piranhas, localizada no Alto Sertão alagoano, há um grupo de artesãs e artesãos que refletem bem a beleza natural e a cultura da região. O grupo é pioneiro em confeccionar artesanatos em couro de tilápia. Este é um tipo de trabalho que está intimamente relacionado ao que se vê e ao que se vive, desde os elementos da caatinga ao povo e sua historia, expressos nas flores de mandacaru e cabeça de frade, elementos que representam o cangaço incluindo o "próprio Lampião". Em Novembro de 2006 houve um curso na cidade que lidava com o beneficiamento do couro da tilápia. Ao final do curso, no mês de maio de 2007, foram convidadas 4 participantes para irem conhecer o artesanato e os curtumes numa cooperativa em Campina Grande – Paraíba, pretendendo formarem uma associação, quando voltassem. Para ser constituída necessitava de pessoas que tivessem habilidades em costuras e trabalhos artesanais e assim foram escolhidas 20 pessoas, 16 mulheres e 4 homens, para compor o corpo da associação, sendo fundada em 2007.


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