Em Vila Nova do Piauí, família de agricultores partilha um sonho realizado

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Ano 8 • nº1736 Julho/2014

Vila Nova do Piauí Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Em Vila Nova do Piauí, família de agricultores partilha um sonho realizado. Na comunidade tanque de baixio a 10 quilometros da cidade de Vila Nova do Piauí existe uma família de agricultores muito determinada, que dizem gostar muito do lugar onde vivem desde que nasceram. Dona Maria Valdeni de Lima Sousa tem 47 anos, e o senhor Francisco Jose de Sousa, 71 anos. São casados a 25 anos e dessa união nasceram três filhos, Valdênia, de 10 anos, Pascoal, 16 anos e José, 24 anos. Segundo Dona Maria Valdeni a cisterna de 16 mil litros conquistada a partir do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), foi uma riqueza na vida de sua família. “ Armaria foi bom demais. Se não fosse essa cisterna a gente tava era lascado. Porque antes aqui nós não tinha água, a gente vivia carregando era num jumento na carga, minha filha, em uma distância de 3 a 4 quilômetros de casa. Cansei de sair 12 horas do dia. Ia lá pro poço da messes buscar água. Quando chegava de volta era de 5 pra 6 horas da tarde, porque chegando lá não tinha água, tinha que esperar a minação pra puder pegar uma carga pra beber. Agora temos um local pra guardar. Quando Deus manda chuva ele enche de água boa e doce que serve pra beber e cozinhar.'' Podemos ver através do depoimento da Dona Valdeni como foram muitas as mudanças trazidas na vida deles.A exemplo disso, hoje tem sobrado mais tempo para a agricultora cuidar de sua produção, devido o fato de não precisar ir mais tão longe pegar água, pois a mesma se encontra no quintal de casa fresquinha armazenada. Mas além desse reservatório, o casal de agricultores ainda acessarão outra tecnologia. A cisterna-calçadão de 52 mil litros, que segundo eles vem ajudando na qualidade da alimentação da família e contribuindo na renda também. Isso porque o que sobra do consumo de casa é vendido na redondeza. ''O que eu planto com a água da cisterna de produção serve para o consumo de casa, eu vendo, pego num dinheirinho. Compro as coisas, dá pra comprar um sabão, um alho, compro muita coisa. Eu compro as coisas pra menina minha, compro roupa pra nós. Meu marido é aposentado, mais o dinheiro só dá pra os remédios dele e ajudar no comércio. Aqui antes pra eu comer com verdura tinha que comprar, não sei se eram de qualidade mais era obrigado a comprar se quisesse temperar a panela. Também crio porco, galinha, ovelha e gado. Do leite da vaca, faço queijo pra comer e vender, e os bichos nós cria pra o consumo, mas se a gente se aperrear, pra comprar uma coisa nós tira um bichinho e vende.''


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

O sonho da agricultora desde que se casou foi de fazer canteiros. E disse que sempre comentava com o esposo sobre sua vontade. A maior dificuldade encontrada para realização era a falta de água, mas com a chegada da cisterna foi possível concretizar, revela Dona Maria Valdeni. Através das tecnologias as famílias do Semiárido tem conseguido realizar sonhos que nunca pensaram que um dia alcançariam. “Eu uso o pau de moita como é conhecido o estrume. No inverno quando chove que vem aqueles paus das baixas, eu ajunto tudim e carrego mais o Chiquinho pra casa, ele é bom pois já tá lavado com a água da chuva. Dizem que o esterco de gado tem de passar 8 dias de molho, então eu boto o outro porque eu tenho pouca água pra aguar as verduras e não posso gastar muito.'’ “A maior dificuldade pra viver aqui é porque a gente é fraco de condições. As coisas vão alteando cada vez mais. O pobre quando faz uma coisa leva pro comércio pra vender, o povo só querem barato. Quando a pessoa não tem, que vai pro comércio comprar, tem que ser do preço que eles querem, do jeito que alteia as coisas do comércio, as coisas do agricultor era pra acompanhar.'’ É como a agricultora falou, muitas vezes a produção dos pequenos agricultores não são valorizadas no mercado e isso acaba se tornando um dos principais fatores que contribuem para o afastamento do homem do campo. E com a saída deste vem as consequências porque quando a família abandona o campo, deixa o espaço livre para a agricultura industrial. A família mantém a tradição de cultivar e partilhar o que eles produzem na terra, com aqueles vizinhos que não alcançaram a produção. Com essa atitude demonstram que ainda é possível encontrar pessoas com espirito de comunhão.

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Realização

FETAG-PI


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