Certificação das áreas de Fundo de Pasto é bandeira de luta da presidente do Sindicato de Remanso

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Ano 8 • nº1876 Outubro/2014 Remanso

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Certificação das áreas de Fundo de Pasto é bandeira de luta da presidente do Sindicato de Remanso A participação das mulheres na luta sindical de Remanso começou na década de 80, quando os trabalhadores e trabalhadoras rurais resolveram assumir a liderança do Sindicato. Até então o sindicato era dirigido por comerciantes locais. Beronice Ferreira da Silva, conhecida por Beró, lembra que ainda era menina quando ouvia nessa época muitas mulheres dizendo que sindicato era coisa de homem. Filha de Valetim Ferreira de Carvalho e Eva Lopes da Silva, Beró tem 37 anos e é mãe de Isabela, 4 anos. Desde a adolescência, Beró está envolvida com a luta por justiça social e dignidade humana. A líder sindical iniciou a sua trajetória nas Comunidades Eclesiais de Base participando de atividades formativas, políticas e sindicais e recorda que as capacitações contribuíram muito para sua formação e crescimento pessoal. Bero é lider sindical, sócia da Associação de Fundo de Pasto e ainda integra a Rede de Mulheres de Remanso. Em 1999, Beró se tornou sócia do sindicato de Remanso e, em 2001, participou da eleição, assumindo a Secretaria Geral. Nessa mesma época, passou a mobilizar mulheres nas comunidades para se organizarem em grupos. Em 2004, é fundada a Rede de Mulheres de Remanso com Beró na diretoria. Em 2010, Beró assume a presidência do Sindicato de Remanso. Para ela, estar nessa gestão significa enfrentar desafios, principalmente por ser mulher, mas acredita que estão sendo superados por desenvolver um trabalho democrático e participativo. Uma das lutas do sindicato junto à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e aos movimentos sociais, segundo Beró, é a regularização das áreas de Fundos de Pastos. A líder sindical também é sócia da Associação de Fundo de Pasto da comunidade Maravilha, onde mora. Maravilha foi uma das primeiras comunidades da região a ser certificada pela Coordenadoria de Desenvolvimento Agrário (CDA) há uns 10 anos. Beró explica que a luta pelas certificações tem mais de 50 anos, mas, em Remanso, teve início na década de 1980, com a luta e a resistência das comunidades da região e apoio da Igreja Católica com a organização das Comunidades Eclesiais de Base. Os Fundos de Pasto são áreas localizadas nas regiões de clima Semiárido, onde as famílias têm um acordo de convivência para uso coletivo das terras, principalmente para criação de animais. Não é uma área cercada. Beró afirma que nessas áreas criam caprinos, ovinos, bovinos e também se desenvolve a apicultura e a meliponicultura, atividades responsáveis pela polinização e que garantem a diversidade da florada na Caatinga. Pode se encontrar várias espécies de animais silvestres e plantas nativas, rasteiras e medicinais, como a Aroeira, Pau D'Arco, Caatingueira, Pau de Rato, Umburana, Jurema, Quipé, Ameixa, Angico, plantas rasteiras e de ramas, além do Umbuzeiro que é fonte de alimento e renda para as famílias.


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