Neide e e as estratégias de utilização da água na propriedade

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Ano 8 • nº1693 Agosto/2014 Lagoa Seca/PB

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Neide e as estratégias de utilização da água na propriedade Marineide e Jorge moram no sitio Amaragi, localizado na região de Brejo, município de Lagoa Seca/PB. A agricultora conta que conhece Jorge desde criança, são primos legítimos e se casaram há 18 anos. O casal tem duas filhas: a mais nova, Dafny, tem 4 anos e a mais velha, Stefany, tem 13 anos. A propriedade em que moram foi fruto de herança dos pais de Jorge e tem 7 hectares. No sítio, eles produzem macaxeira, milho, feijão macassa, fava orelha de vó, jerimum e ainda plantam tomate, couve, pimenta e quiabo. Marineide, ou Neide como é conhecida, também cultiva plantas medicinais e ornamentais como sabugueiro, colônia, erva cidreira, hortelã da folha miúda, erva babosa, jasmim, avenca, comigo-ninguém-pode, pião roxo, beijo e espada de São Jorge. Possuem na propriedade várias frutas: caju, jaca, siriguela, laranja, jambo, cacau, graviola e banana. O que é produzido na propriedade é para o consumo da família, o que sobra Neide leva para vender na feira agroecológica do município, da qual vem participando desde maio deste ano, onde vende de tudo um pouco. Antes, as frutas que não conseguia consumir doava para os vizinhos e para um grupo de pessoas da comunidade que faz o beneficiamento. Ela explica que também acontecia das frutas estragarem, onde havia muito desperdício. Desde 2008, Neide participa do Fundo Rotativo Solidário da comunidade, o qual acessou para comprar tela, ovelha e galinha. Hoje, só cria galinhas para o consumo da família. Ela não gosta de vendê-las, vende apenas os ovos. “Tenho muito ciúme das minhas galinhas e não deixo ninguém jogar nem uma pedrinha. Crio para comer porque sei que é uma alimentação boa”, comentou Neide.


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Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Já criou porco e ovelha, mas deixou de criar. As ovelhas não deram certo, disse ela. Desistiu de criar porco porque precisava de muita água para limpar o chiqueiro. “Sou chata e gosto de tudo limpo e com pouca água não dava, penso em criar porco novamente e sempre falo com meu esposo sobre isso”, completou Neide. Além dos desafios para criar, a agricultora encontrava grandes dificuldades em relação à água para a sobrevivência da família, pois na propriedade tinha apenas uma cisterna que foi construída pelo casal. Neide lembra que Jorge foi o pedreiro e ela a servente. O material foi uma doação feita pela mãe de Jorge. Houve uma época em que Jorge trabalhava fora. Ela saia para buscar a água de gasto em uma cacimba há 2 quilômetros de casa e levava a filha junto. O sofrimento era muito grande, era muito difícil, mas tinha que fazer, relata Neide. Ela completou dizendo: “Eu ia sempre sorrindo, mas com vontade de chorar, pois a gente só se lucra da alegria”. Anos depois, Jorge e Neide construíram mais uma cisterna para armazenar água de beber. Eles sabem da importância de guardar água para os períodos de estiagem. “Quando a cisterna está sangrando, encho as garrafas pets e utilizo para aguar as plantas”, explicou Neide.

Neide e o uso da água servida Neide falou que durante uma formação do P1+2, conheceu uma experiência de uso da água servida e adaptou para sua casa. Ela construiu um sistema para aproveitar a água que era desperdiçada da pia e da lavanderia. Adaptou um balde com brita e areia para captar essa água, onde ocorre também o processo de filtragem de parte das impurezas. Depois, essa água segue para um segundo reservatório e, de lá, ela leva em um regador, para aguar as frutas, hortaliças e as plantas medicinais. Ela explica que as plantas que recebem a água servida, quase não têm pragas. Ela não utiliza nem um tipo de veneno. Este ano, a família foi contemplada com uma cisterna para produção de alimentos. Ela já sabe como vai utilizar e como melhor aproveitar a água dessa cisterna. Neide quer construir os canteiros para ampliar seus plantios de hortaliças e poder levar mais produtos para a feira agroecológica. Ampliar o sistema de captação de água servida e retomar a criação de porcos, também estão entre os planos para o futuro.

Realização

Balde de 30 litros com camadas de areia e brita para filtrar a água servida

Caixa d’água de 1000 litros que recebe a água filtrada

Apoio


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