Ano 8 • nº 2021 Setembro/2014 Quixeramobim Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Assentamento Alegre: Povo que luta e faz a história acontecer
O
Assentamento Alegre, localizado no Território Sertão Central/CE, vem encontrando na diversificação de atividades, alternativas para melhorar a renda das famílias, entre elas a apicultura. A experiência da produção de mel na comunidade foi iniciada pelos agricultores há 06 anos, com a implantação de uma casa de mel com recursos do Projeto Dom Helder Câmara, através da Associação dos Assentados do Assentamento Alegre, buscando apoiar o fortalecimento da cadeia apícola e possibilitando o acesso as novas práticas de beneficiamento do mel, melhorando a qualidade do produto: "nós já chegamos a produzir duas toneladas e meia de mel numa safra", afirma o agricultor Tochinha que está no grupo de produtores desde o início do projeto.
Casa de Extração de Mel Comunitária
A casa é equipada com centrífuga, mesa desoperculadora (equipamento para abrir os favos de mel) e decantadores, dentre outros equipamentos. A Casa de Mel é comunitária, atualmente trabalham nesse regime cerca de seis famílias que são beneficiadas diretamente com a produção e comercialização do mel. A comunidade vem se construindo como um exemplo do uso de tecnologias alternativas para melhorar a vida do homem do campo, na casa de Tochinha e Dona Navegantes há seis anos não se gasta dinheiro com gás de cozinha, muito menos desmatam para usar a lenha no fogão. A família, e outras três da comunidade receberam uma Unidade Demonstrativa - também do Projeto Dom Helder Câmara, de um Biodigestor Sertanejo, tecnologia social de baixo custo que produz gás e energia a partir do esterco de animais, trazendo benefícios ao meio ambiente, além de produzir biofertilizante de excelente qualidade: "Eu tive fazendo uns cálculos na economia que eu fiz, deu mais de três mil reais", afirma o agricultor.
O Biodigestor Sertanejo Muito difundida na China e na Índia, a tecnologia de utilização de biodigestores é capaz de beneficiar o produtor rural, além de contribuir para a conservação ambiental. O biodigestor oferece o destino correto para os dejetos animais, produzindo o chamado biofertilizante e melhorando a produção agrícola. Além disso, a técnica produz o biogás, que pode aumentar a economia na propriedade e reduzir os impactos ambientais.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
A região central do Ceará onde está localizado o assentamento, já mostra os efeitos da falta de chuvas que somam três anos consecutivos, da vegetação só o juazeiro, a palma e o mandacaru ainda resistem. Os agricultores reclamam das distâncias em que percorrem para alimentar o gado, isso quem ainda os tem, pois como a prática da bovinocultura gera muitas despesas alguns agricultores partiram para outras práticas de produção, como a criação de galinhas caipiras que também vieram a partir do projeto Quintais Produtivos que distribuiu os pintos, a estrutura dos galinheiros e o sistema de irrigação para os canteiros.
Reunião de moradores na Casa Sede
Foram 19 famílias cadastradas que conquistaram os quintais, estes com grande variedade, além das fruteiras, plantas medicinais e ornamentais, associados, muitas vezes, à pequena criação de animais domésticos, são estratégias que as famílias encontraram para contribuir com a segurança alimentar e para o desenvolvimento da agricultura sustentável. Na maioria dos quintais há fruteiras (ata, acerola, banana, mamão, laranja, mangueira etc.), ervas medicinais (hortelã, mastruz, corama, capim santo etc.) e hortaliças (cebola, coentro, pimentão etc.) As famílias estão esperançosas por dias melhores e logo em breve irão contar com água para a manutenção dos quintais, que chegará aos terreiros próximos de casa através das cisternas calçadão e de enxurrada do Projeto Uma Terra Duas Águas (P1+2) tecnologias sociais de armazenamento de água que irão garantir água para a produção de alimentos. Nesse projeto, o destaque é para a relação das mulheres com os Quintais Produtivos e revela a importância do gênero feminino que vive, luta e resiste no Semiárido: “muita gente tem a concepção de que viver bem é ter seu carro, sua moto, se realizar financeiramente, mas viver bem é escolher a comida que você vai colocar na sua mesa, e as famílias vão poder fazer isso, fazer sua horta, seu canteiro.” Disse Maria Luíza, Presidente da Associação do Assentamento Alegre. A comunidade se organiza através de reuniões que sempre acontecem na casa grande do Assentamento, sede da Associação, onde discutem as melhorias para a comunidade e debatem suas questões em um espaço político de discussão e construção de conhecimento coletivo. Sobre a vida no assentamento o agricultor Tochinha afirma: “a liberdade que agente tem de trabalhar na terra à vontade, a convivência com as pessoas é tudo de bom, lá nas fazendas que eu trabalhei você fazia o que o patrão queria, aqui agente conversa, vai aprendendo em comunidade, são várias idéias juntas”.
Criação de Frangos Caipiras
Realização
Tochinha e seu biodigestor
Seu Zezinho, na Casa de Mel
Apoio