Ano 8 • nº1738 Setembro/2014 Gurjão Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
O uso da água servida, na minha vida! Eunice Maria da Silva Dantas, conhecida como Dona Nicinha, tem 75 anos e mora na comunidade Pascácio, no município de Gurjão, Cariri paraibano. Hoje, apenas um de seus seis filhos, Antônio Dantas Junior, que mora perto dela, contribui na realização das tarefas mais pesadas da propriedade. Há 11 anos, a família recebeu a cisterna para captação da água da chuva, apoiada pelo Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Soledade-PB. Esta cisterna armazena água para o consumo da família. Dona Nicinha conta que, durante os períodos de seca, carregava água na cabeça com ajuda dos filhos de um açude que fica a 30 min de distância da casa da família. Apenas, há cinco meses, a agricultora conquistou a construção de mais uma cisterna para captação de água da chuva, a cisterna-calçadão, com o apoio do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em parceria com o Patac. Dessa vez a cisterna é para contribuir na produção de alimentos. Com tanta vegetação verde, ao redor de sua casa, a propriedade de Dona Nicinha se destaca das demais da comunidade durante a seca. Ela conta que mesmo quando não tinha nenhuma cisterna, ela sempre cuidou de suas plantas regando com a água aproveitada do uso doméstico. “Sempre aproveitei a água que a gente usa em casa. Mesmo com a chegada das cisternas eu tenho cuidado pra não destruir a água. Porque eu já sofri com falta de água e a água era ruim, mas criava as verduras!” (Dona Nicinha)
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba
Encontramos no arredor da casa de Dona Nicinha, fruteiras, hortaliças e plantas medicinais, como: graviola, goiaba, acerola, pitanga, coco, maracujá, seriguela, laranja, mamão, pimentão, tomate, hortelã, abóbora, cidreira, saião, mastruz, quebra pedra. Ela lembra que sempre produziu e conservou suas próprias sementes, chegando até a distribuir sementes entre as vizinhas da comunidade. Dessa forma, percebemos a prática das trocas solidárias na comunidade. Dona Nicinha diz que é comum ele doar e receber de presente sementes, animais, ovos, mudas, entre tantas outras coisas. A agricultora cria alguns animais na propriedade, tais como: boi de serviço, vaca, bode, cabras, galinhas, porcos e guiné. No quintal ela tem a estratégia de proteger o arredor de cada planta dos animais, com obstáculos, como cacos de telhas e cactos. Para alimentar os animais durante o período de seca ela utiliza cardeiro, mancambira e xique-xique. Além de regar suas plantas com a água reciclada da casa, Dona Nicinha também utiliza defensivos naturais para proteger suas plantações de pragas e doenças. A receita de um dos defensivos é esta, bem simples: Em 5 litro água, você adiciona 2 colheres de detergente e 1 colher de óleo, mistura tudo e rega as plantas. “Eu aproveito a água da louça que eu lavo, boto nas plantas. Não boto no tronco das plantas, tem que botar nas laterais. A gente não pode estragar água a toa, porque chuva não tem toda vida, todo dia, todo mês! Até um litro d'água, eu tenho pena de destruir a água!” (Dona Nicinha).
Dona Nicinha tem muito carinho pelo seu arredor de casa, cuida das suas plantas como parte de sua família.
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