Associação Comunitária Rural de Poção: espaço de lutas e sociabilidades

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Ano 8 • nº 1604 Agosto 2014 Capitão Enéas

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Associação Comunitária Rural de Poção: espaço de lutas e sociabilidades Fundada em vinte e sete de fevereiro de 1989, a Associação Comunitária Rural de Poção surgiu com o objetivo de fortalecer coletivamente as lutas sociais e políticas dos moradores da comunidade de Poção, localizada no município de Capitão Éneas, norte de Minas Gerais. É um espaço coletivo onde os moradores e moradoras buscam juntos construir uma comunidade melhor, mais humana e social. Como uma maneira de apresentar os trabalhos desse coletivo vamos mostrar os projetos que a associação articulou para melhorar a qualidade de vida da comunidade, a partir de duas mulheres, dona Marlene Ferreira da Silva, atual presidente, e Maria do Carmo, atual D i r e t o r a s e a s s o c i a d o s a p r e s e n t a n d o o tesoureira e ex-presidente, personagens importantes para a história do quintal produtivo: produção agroecológica fonte de saúde associativismo da comunidade de Poção. Essas duas mulheres são pessoas que estão extremamente envolvidas com a vida política da sua comunidade, participam dos eventos da ASA – intercâmbios, capacitações – e das comissões municipais. Também participam do conselho de saúde e ação social do sindicato de trabalhadores rurais de Capitão Enéas, assim são fundamentais para compreender o processo de atuação da associação comunitária de Poção. A Associação tem trinta e quatro famílias associadas, dessas, trinta já foram atendidas com tecnologias sociais da ASA. Dona Marlene Ferreira da Silva, que participa das reuniões do coletivo de Poção desde 1991, data em que assinou a ata pela primeira vez, afirma que a associação de moradores vem há tempos melhorando a qualidade de vida, tanto dos associados, quanto dos não associados. Maria do Carmo Lima relata que uma das principais lutas do coletivo de Poção foi a “construção da sede, e que a caminhada proporcionou várias melhorias para a comunidade”.

Quintal produtivo: fonte de segurança e soberania alimentar


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

Ao começarem a contar as histórias da associação elas fizeram questão de falar das atividades desenvolvidas, mas também do que foi conquistado pelo coletivo. Elas nos apresentaram um quintal produtivo com diversas frutas, dentre elas, manga, abacate, laranja, banana, limão, jaca, acerola e outros, as diretoras fizeram questão de afirmar que toda produção é feita de forma natural, sem uso de nenhum agrotóxico. O maquinário é de uso coletivo, os associados pagam um valor simbólico somente para manutenção dos equipamentos, que são um trator, grade, arado, tanque de Espaço de troca de experiências, mas também de fortalecer sociabilidades leite e outros. Em 1995 a associação participou de um dos primeiros projetos articulados com entidades públicas, o Projeto Amanhã. Esse projeto visava incentivar os jovens a ficarem no campo através da implantação de uma granja de corte para gerar renda

Infelizmente segundo Marlene, não houve sucesso em manter o funcionamento da granja e o projeto não foi adiante. Contudo, a experiência deixou como fruto a vontade de coletivamente mudar a vida das pessoas. Com o trabalho constante da comunidade, outros projetos foram desenvolvidos, entre eles está o Programa de Aquisição de Alimentos-PAA, que visa promover a inclusão social e econômica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar. Os 73 moradores da comunidade de Poção e arredores que participam do programa abastecem as escolas da região com alimentos de qualidade e sem agrotóxicos. Várias pessoas são beneficiadas pela ação do associativismo da comunidade de Poção, segundo Marlene, “a associação possibilitou às pessoas da comunidade a terem acesso às políticas púbicas, o que aumentou a qualidade de vida das pessoas daqui da comunidade”, e afirma ainda que, “a força da associação vem do fato de que possibilitamos o acesso às políticas públicas, uma vez que sozinho o pequeno produtor ia ter muitas dificuldades”, diz Marlene. História de resistências, de conquistas, de perdas, mas principalmente da convicção de que coletivamente podese transformar o mundo. “Vale a pena lutar, não compensa pensar negativo, pensar positivo e lutar sempre, lutando a gente consegue” afirma Marlene. O passado de lutas irá proporcionar um futuro onde os agricultores familiares serão valorizados em seus modos e formas de vida, que proporcionam um equilíbrio e respeito à natureza. Momento de formação: agricultores e agricultoras trocam experiências

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