Ano 8 • nº 1880 Agosto / 2014 Lagoa Nova Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
O casal Manoel Medeiros de Souza e Maria de Fátima Lopes Souza mora num pedaço de terra de 2,5 hectares, no Sítio de Dentro, zona rural de Lagoa Nova, na Serra de Santana, região Seridó do Rio Grande do Norte. Os dois contam que sempre foram agricultores, mas tinham outras atividades para sustentar a família. Ela trabalhava com culinária em eventos como festas, casamentos e batizados. Seu Manoel trabalhou por cerca de 10 anos em um colégio, em Currais Novos-RN. Em 2005, ele comprou os dois hectares e meio de terra, na serra, e passou a dividir as atividades entre o emprego, na cidade, e o plantio. Em 2010, o casal resolveu se mudar de vez para o sítio. A primeira dificuldade, no sítio, foi a escassez de água. “A água, aqui, era muito difícil. A gente pegava dois tambores pequenos, botava numa carroça e ia até a caixa d'água da comunidade, construída pela Prefeitura, que fica bem distante daqui. E mesmo assim, a quantidade era limitada”, conta dona Fátima. A primeira cisterna, para armazenar a água de beber, eles conquistaram em 2011. A conquista da segunda água (P1+2), uma cisterna-calçadão, ocorreu em 2013, e veio como uma bênção. “Essa cisterna é uma bênção”, afirmou dona Fátima.
Foto: José Bezerra
Quintal produtivo aumentou renda familiar de seu Manoel e dona Fátima
Fátima e Manoel, ao lado da alface e cenoura, em garrafas pet
Nas terras, o casal cultiva feijão e milho, na época das chuvas, além de frutas, como umbu, banana, coco, limão, jaca, mamão, entre outras. Com a água para a produção de alimentos, seu Manoel e dona Fátima passaram a produzir cenoura, tomate, pimentão, alface, batata doce, jerimum, coentro, couve, caxi, acelga e cebola. Seu Manoel também está experimentando o plantio de abacaxi, no quintal. Ele conseguiu as mudas com um amigo e plantou. “As mudas estão se desenvolvendo bem; não sei se vai produzir. Vamos ver...”, comenta seu Foto: José Bezerra
Foto: José Bezerra
Sob uma fruteira, a banca da pesagem dos produtos do quintal
Seu Manoel e dona Fátima, com um cliente
Foto: José Bezerra
Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Foto: José Bezerra
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Produção de alface e cenoura cultivadas em garrafas pet
Seu Manoel exibindo cenouras e dona Fátima vendendo couve
Manoel. Ao mesmo tempo, dona Fátima está testando uma forma de desenvolver o plantio de batatinha. Ela conta que algumas batatinhas que comprou começaram a botar rama e ela semeou essa rama num “leirão” (= canteiro, com uma área pequena) pra ver se produz. O quintal produtivo se tornou uma boa fonte de renda para o casal. As pessoas vão comprar as verduras no quintal e escolhem os produtos, colhidos na hora. “Hoje, mesmo, vendemos bastante. Todo dia vem gente comprar verdura no nosso quintal. Nós temos duas entregas certas, mas a maioria das pessoas vem comprar aqui”, relatou o casal. Seu Manoel afirma que os tomates deram uma grande carga. “Até pensei que ia se estragar, mas comercializamos toda produção. Os vizinhos foram fazendo a propaganda de boca a boca”, relata seu Manoel. Além de plantar as verduras nos canteiros, o casal aproveita as garrafas pets para cultivar alface e cenoura. Eles fazem cortes nas garrafas, preparam o adubo, penduram numa cerca de arame e plantam as sementes de cenoura e alface. A ideia de aproveitar as garrafas para a produção de verduras
surgiu quando o casal estava conversando sobre o quintal. “A gente já vendeu bastante, dessas verduras das garrafas. Tem gente que prefere a alface das garrafas”, comenta o casal. Toda a produção do quintal de seu Manoel e dona Fátima é feita com o uso de adubo orgânico. “Até porque a gente começou a fazer esse plantio para a família. Dê o rendimento que der, mas eu quero produzir uma coisa saudável”, afirma dona Fátima. Além das hortaliças e fruteiras, o casal também cria galinhas e ovelhas. Com a renda da comercialização das hortaliças, o casal está fazendo investimentos. Já comprou uma bomba para puxar a água da cisterna e fazer a irrigação e um carneiro reprodutor. “A renda dá pra muita coisa: pagar energia, comprar o tempero (carne) e a economia é maior porque a gente não compra mais verdura. Até um carneiro eu comprei nesta semana com o dinheiro da venda das verduras”, diz dona Fátima. No melhor período da produção, o casal conseguiu ganhar cerca de seiscentos reais, em um mês, só com a comercialização dos produtos do quintal.
Foto: José Bezerra
Experimento com o plantio de abacaxi
Realização
Foto: José Bezerra
Criação de ovelhas de seu Manoel e dona Fátima
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