nº 1809 JULHO/2014
Paulistana-PI
Família do Seu Páscoal: ousadia e resistência Seu Pascoal João Pereira e Dona Maria Emídia Pereira casados há 47 anos, pais de 7 filhos, agricultores, exemplos de perseverança, força e determinação. Vivem em uma casa de adobe, atualmente reformada com a ajuda dos filhos, que fizeram questão de preservar a estrutura a ser um marco na história da comunidade, onde vivem acompanhados dos netos que lhes ajudam nas tarefas domésticas. A principal atividade econômica da família é o plantio de milho, feijão melancia, abóbora e criação de animais de pequeno porte. Hoje vivem uma vida mais tranqüila, com mais conforto e gerando boa parte de sua renda. Mas nem sempre foi assim, moradores da comunidade São Martins desde meadas de 1972, anteriormente moradores do Veredão, aproximadamente 6km de distância da comunidade São Martins. Chegaram à comunidade atraídos pela ação do Padre Otto Beckmann que, em 1970, começou a celebrar missas e ajudou a construir uma capela, chamada por eles de Salão Comunitário, na localidade. Era lá que eram feitas todas as reuniões, encontros e missas. O casal foi um dos primeiros a chegar na comunidade, moraram de baixo de um “rama de besta”, enfrentando sol e chuva. Fizeram uma “casinha de palha de carnaúba” onde passaram mais de 1 ano até conseguir construir sua casa. A primeira casa de adobe da comunidade foi deles, onde os tijolos e telhas foram “batidos” na olaria dos avós do seu Pascoal. Enquanto seu pascoal levantava as paredes, dona Emídia saía em busca de água a 2 léguas (12km). Em 2006, a comunidade se tornou oficialmente Quilombola, houve a construção de um poço artesiano, e posteriormente uma cisterna comunitária, feita pela prefeitura local. A história da água na comunidade e o estilo de vida dos moradores começaram a mudar. O poço “bom de água” jogava a água pra cisterna e da cisterna havia encanações para várias casas. Só assim foi dado o primeiro passo para diminuir o sacrifício que era caminhar léguas em busca d'água.
Cisterna-calçadão
Caráter produtivo- Horta
Como a construção do poço artesiano e a cisterna, houve uma diminuição da escassez de água na comunidade, foram incentivados por terceiros a desenvolverem um projeto de horta comunitária para o próprio consumo. Lá podiam plantar e colher suas verduras e hortaliças, onde todas as famílias se envolviam. “Era fartura, pretendemos continuar com a chegada dessas novas tecnologias”- diz dona Emídia. “A cisterna da primeira água veio pra mudar de vez as nossas vidas, a água do nosso pote vem da cisterna de 16 mil litros. Água é sinônimo de vida por que tudo que se molha dá, já não temos mais necessidade de está comprando tudo e ainda vendemos nossas criações para açougues das cidades vizinhas ”, afirma seu Pascoal. “Começamos ainda na juventude os trabalhos junto à comunidade. Desde quando chegamos aqui nunca paramos, trabalhando e se envolvendo em tudo que se diz respeito ao desenvolvimento da nossa comunidade”, diz dona Emídia Logo após veio mais uma iniciativa: a de uma Floresta Agreocológica, apoiada pelo DED- agência de cooperação Alemã, e pelo CELTA (Centro de Estudos Ligados a Técnicas Alternativas). Para iniciar o projeto, precisavam de uma família agricultora com condições e disposição para produzir de outra forma, era um espaço para gerar seu próprio alimento e o incentivo por sua vez tinha como objetivo a inclusão da agricultura sem a queimada. O seu Pascoal tomou a frente, cedendo sua terra e suas criações para dar início ao mais novo projeto, foram feitos grupos de 10 pessoas que trabalham para o bem em comum intercalando e dividindo suas produções. Os envolvidos plantam de tudo, nestes 10 anos de projeto todos já têm suas próprias criações e plantações, a minha terra já não é mais o suficiente por que nós crescemos”- diz Seu Pascoal E não parou e nem vai parar por aí, não. A comunidade vem se desenvolvendo bastante. Mais um ponta pé foi dado com instalação da Casa da Cultura por iniciativa do filho do casal, Adenildo Pascoal Pereira e de seu Pascoal, que doou a casa, que ganhou de herança do seu pai, para que as instalações da Casa da cultura fossem montadas. O casal é exemplo de perseverança, força e determinação para todas as gerações. Hoje já com idade mais avançada repassam suas experiências para seus filhos, Elza, Adelaido, Elizana, Adidon, Martins, Adenilson e Alírio, que dão sequência as suas iniciativas e continuam a participar de tudo que se diz respeito à comunidade.
Criação de bode e carneiro, para venda em açougues da cidade.
CELTA
Centro de estudos Ligados a Técnicas Alternativas
Plantação de milho na floresta agreocológica
O galinheiro teve uma aumento para maior criação