Família tradicional camponesa com alegria na produção de rapadura

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Ano 8 • nº 1580 Março/2014 São João do Paraíso Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Família tradicional camponesa com alegria na produção de rapadura Em São João do Paraíso muitos agricultores trabalham na produção de derivados da cana-de-açúcar e doce de marmelo, porém é nas rapaduras que o Senhor Valdemar Pereira da Silva de 66 anos trabalha desde bem jovem, ele é casado há 32 anos com a Senhora Rosa Dias da Silva de 49 anos e juntos têm cinco filhos: Ivani, Osvaldo, Antônio, Anália e Nilda. O casal em seu quintal produtivo Com muita disposição e alegria Seu “Valdo” como é conhecido, trabalha juntamente com sua família diariamente na produção de rapadura e é considerado um dos melhores da região. Eles residem na comunidade de Duas Barras que fica á 15 km da cidade de São João do Paraíso. Desde cedo ele aprendeu fazer cachaça e principalmente rapadura. Seu Valdo conta que o seu pai acidentou com um carro de bois carregado de madeira, no qual o impossibilitou de dar continuidade aos trabalhos. Após o acidente, Seu Valdo e seus irmãos passaram a fazer os trabalhos na propriedade, como a fabricação de rapaduras, que na época era a maior fonte de renda da família. Na terra onde Seu Valdo trabalha com a família é herança dos seus pais e ele foi o único que deu continuidade aos trabalhos, seus irmãos preferiram vender suas partes, sendo estas compradas por ele. O terreno é formado de encostas e uma baixada denominado de brejo onde é cultivado o canavial. Na propriedade houve uma grande infestação de uma planta daninha, chamada de “sapé”, essa por sua vez, tão agressiva poderia acabar com a plantação, os vizinhos o aconselharam a utilizar herbicida para combatê – la, mas ele preferiu procurar outra forma que não degradasse o meio ambiente. Foi quando ele resolveu usar arado puxado por bois, esse implemento remove a terra deixando a raiz exposta ao sol na período da seca de forma que a planta daninha não sobrevive.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

No início da produção, seu Valdo trabalhava com seu pai, a moagem da cana era feita em engenho de madeira por tração animal, nesta época iniciava se as atividades diárias durante as madrugadas para açoitar os bois, esta foi uma atividade rotineira e muito sacrificante. Com o passar do tempo as coisas facilitaram e hoje é usado um moedor de cana elétrico que facilita os trabalhos de retirada do caldo chamado de garapa, depois da cana moída a garapa é colocada em um tacho e levada à fornalha, logo que começa a ferver o caldo é mexido por horas e horas e pela evaporação o mesmo perde as características naturais, aos poucos se transforma em melaço de cor marrom escuro e com cheiro exuberante. Depois de um bom tempo fervendo o melaço vai concentrando em uma massa densa, após é feito o teste, numa cuia de cabaça é colocado um pouco da massa, precisa ficar com textura pegajosa para verificar se está no ponto de rapadura, em uma gamela de madeira é despejado e mexido até engrossar para ser colocada em formas de madeira, em pouco tempo as rapaduras já estão prontas para serem embaladas. Quando o caldo começa a ferver no tacho é adicionado um extrato tipo “cola” retirado da casca da planta denominada mutamba, ele afirma que se não adicionar o extrato a rapadura fica cheia de impurezas e de cor escura sendo rejeitada pelo mercado.

Rapadura no tacho

Rapadura quase pronta para enformar

Rapadura quentinha

Ivam enformando a rapadura

Ivani conhecido como Ivam é um dos filhos do Seu Valdo, diz que já saiu para trabalhar em outras cidades, mas hoje, mesmo enfrentando dificuldade, ele não tem interesse de sair da propriedade, prefere continuar na fabricação de rapadura seguindo a tradição da família e cuidando do terreno junto com o pai. Seu Valdo, agricultor familiar é referência na comunidade onde mora como líder comunitário e segue uma tradição familiar. Além da produção de rapadura ele também cultiva árvores frutíferas diversas como: abacate, banana, limão, laranja e pinha, também cria gado, porco e galinha. Práticas de convivência com o Semiárido são muito utilizadas na propriedade da família, o bagaço da cana é estocado para alimentar os animais como o gado e adubar as plantas. Plantam de tudo um pouco, sempre em consórcio e defende as práticas que preservam o meio ambiente, fazem o reaproveitamento da água e conseguem manter o seu quintal produtivo. Seu Valdo conta que não se vê morando em outro lugar a não ser trabalhando em sua propriedade com a família, tornando sua produção cada vez mais auto sustentável.

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