A agroecologia transforma realidade de família o semiárido

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Ano 8 • nº1239 Fevereiro/2014 Bom Jardim

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A agroecologia transforma realidade de família no Semiárido A história do agricultor Severino Pedro de Lima confunde-se com o entendimento, a prática e a própria história da agroecologia no município de Bom Jardim. Há 10 anos, seu Pedrão, como faz questão de se apresentar, já foi chamado de “louco” quando decidiu, ao invés de permanecer cultivando somente o milho e o feijão, inovar por meio da plantação de outras culturas de forma consorciada, na comunidade Cipoais, em Bom Jardim, no Agreste pernambucano.

Laranja produzida de forma agroecológica

Pedrão e sua tia Severina comemoram a produção

Além das críticas dos vizinhos motivadas pela falta de esperança de que as plantações não fossem vingar pelo fato do terreno ser seco, rochoso e inclinado, outra ideia também que intrigava os moradores daquela região era a opção de não realizar a queimada, prática que seu Pedrão já sabia das consequências negativas. Mesmo contra as opiniões contrárias de que agroecologia poderia não era o melhor caminho, seu Pedrão começou a participar ativamente das dinâmicas na comunidade e a implantar o sistema agroflorestal com a assessoria do Centro Sabiá e o apoio da Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos de Bom Jardim (Agroflor), instituição o qual ele é associado. Essa atitude do agricultor, além de render bons resultados para produção e para natureza, teve também um impacto na qualidade de vida da família, pois, os alimentos eram cultivados sem agrotóxicos. Medicamentos naturais

“Hoje todos seguem o meu exemplo. Aqui em meu sítio já plantei de tudo um pouco, foi fava, acerola, coco, jerimum, além também das plantas medicinais. Sobre os animais consegui alguns pelo Fundo Rotativo Solidário que nos ajudou a começar a criação”, afirma o agricultor.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

Por outro lado, seu Pedrão diz que para tudo isso acontecer foi preciso ter acesso à água. “Aqui temos uma cisterna de 16 mil litros que guarda água para bebermos e cozinhar e também uma cisterna-calçadão que guarda 52 mil litros de água e serve para plantação.“ As tecnologias vieram respectivamente do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e do Programa Uma Terra para Duas Águas (P1+2), ambas da Articulação no Semiárido (ASA). Apesar das facilidades de hoje para o armazenamento de água, Pedrão se recorda das dificuldades enfrentadas pelos Criação de ovelhas aumenta renda familiar seus pais, há 50 anos, quando a família criação de ovelhas renda familiar tinha que andar de 3 a 4 quilômetros até outras comunidades para seajuda abastecerem com alguns baldes. “Foram essas dificuldades que me fizeram procurar trabalhos fora. Já trabalhei cortando cana, na plantação de algodão e na construção civil”. Sobre os reservatórios que chegaram ao seu sítio, Severino Pedro de Lima já era familiarizado com a tecnologia. Isso porque, seu Pedrão além de ser agricultor é também pedreiro. Ele já construiu mais de 2.000 cisternas de placas de cimento de 16 mil litros para o P1MC por meio da ASA. Após dez anos de experiência, ele foi convidado para facilitar a palestra Construção de Cisternas de Placa, em 2013, na Argentina. Além da construção de cisternas e do exercício da agroecologia, o agricultor também participa de atividades da organização alemã Kindernothilfe em benefício das crianças e adolescentes da comunidade Cipoais. Ele acompanha as reuniões com as famílias e ajuda no trabalho de apadrinhamento. De pai para filha Com o início da produção agroecológica no sítio, Pedrão estimulou a filha Josefa Fabiana, 28 anos, para também participar dessas atividades. Na época, a jovem ingressou no grupo de agricultoras e agricultores difusores da agroecologia de Bom Jardim que é acompanhado pela Agroflor. Após ter adquirido experiência sobre o assunto, Fabiana começou a participar das atividades da ASA. Com isso, ela se tornou instrutora dos cursos de Gerenciamento de Recursos Hídricos e Convivência com o Semiárido (GRH). Em seguida, com o início do P1+2, Fabiana também facilitou os cursos de Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA) e Manejo de Sistemas Simplificados de Água para Produção (SISMA). Água ajuda produção agroecológica

Outra mulher da família que também representa bem a atuação nos trabalhos de agroecologia, é sua tia Severina Maria da Silva, 75 anos. A agricultora foi uma das primeiras que aderiu aos sistemas de agroflorestas. No sítio que fica localizado ao lado da propriedade do seu sobrinho, ela cultiva os alimentos sem a utilização de agrotóxicos e não pratica as queimadas.

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