Maria Francisca e sua luta contra o desmatamento do alto sertão

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Ano 8 • nº1380 Janeiro/2014 Piranhas

Maria Francisca e sua luta pelo não desmatamento no Alto Sertão Maria Francisca da Silva Alcântara, esposa de Sidnei Firmino de Alcântara. Vem combatendo a desertificação em sua propriedade há mais de 20 anos. Com uma propriedade de 44 tarefas, a mesma já plantou árvores nativas em mais de 20 das suas tarefas. Mãe de Lucicléia, Rosilene, Erdilânio, Daniela e Daniel. Também trabalha no sindicato dos trabalhadores de sua cidade. A desertificação é caracterizada como o processo de degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas, resultantes das atividades humanas ou de fatores naturais (variações climáticas). Francisca é uma mulher consciente, que respeita a natureza e o ambiente onde vive. “Devido à minha agrofloresta eu fui dando incentivo para as pessoas da comunidade, para que deixassem as árvores crescessem. Antes, aqui não tinha nenhuma árvore só pedras, quando nós compramos eu comecei a plantar aos poucos, na minha agrofloresta tenho macambira, catingueira, angico e ervas medicinais. Moro aqui há 24 anos e desde do dia que cheguei não deixo ninguém desmatar nenhuma árvore ou caçar, pois na minha propriedade tem muita caça. Aqui eu tenho preá, camaleão, mocó e muitos pássaros que por aqui vivem”. Francisca participa ativamente das reuniões da ASA (Articulação do Semiárido Brasileiro), buscando mais conhecimento e repassando o que aprendeu para os demais participantes. Ela traz a importância de não desmatar e sustentar a biodiversidade da nossa caatinga. “A minha floresta foi quem salvou meus animais, pois quando chegou a seca eu tirava as folhas das árvores e dava pra eles, só conseguiram vencer o tempo de estiagem graças à agrofloresta”.


Antes de ter sua cisterna-calçadão Francisca só plantava suas hortaliças no inverno, mesmo assim, com a água da barragem que fica próxima à sua casa. A mesma teve muita dificuldade para fazer a sua cisterna-calçadão, “no início tivemos muita dificuldade pra construir a cisterna, pois na época não tinham máquinas para cavar, tudo era feito manualmente, eu e meus filhos começamos a cavar o buraco, mas não aguentamos e tivemos que pagar para uns trabalhadores, para que eles cavassem”. Logo após a cisterna construída, Francisca deu início a sua pequena horta plantando tomate, cebolinha, coentro, alface, pimentão, entre outras hortaliças. Hoje Francisca e sua família estão muito mais felizes, pois além de ter a cisterna de 16 mil litros que é pra consumo estão com a cisterna-calçadão de 52 mil litros para a produção de seus alimentos, que servem para suprir as necessidades da família. “Eu estou muito feliz com meu terreno, porque aqui eu estou mostrando a meu pai que o desmatamento não compensa, e ele está vendo que isso é verdade. Com minha agrofloresta eu sirvo de exemplo para meus vizinhos e familiares”. As principais consequências da desertificação são: eliminação da cobertura vegetal, redução da biodiversidade, salinização e alcalinização do solo, intensificação do processo erosivo, redução da disponibilidade e da qualidade dos recursos hídricos, diminuição na fertilidade e produtividade do solo, redução das terras agricultáveis e redução da produção agrícola.

Devemos proteger a natureza porque ela que nos dá a vida. O oxigênio que respiramos é necessário à nossa vida e são as árvores que o produzem. Se não fossem as árvores a produzirem todos os dias o oxigênio não podia haver vida na terra.


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