Fogão ecológico Melhorando a vida e combatendo a desertificação

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Ano 7 • nº1207 Dezembro/2013 João Câmara

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Fogão ecológico Melhorando a vida e combatendo a desertificação Na comunidade de Matão de Jó, localizada no município de João Câmara, vive Maria José da Silva, 34 anos, casada com José Silva Filho, 37 anos. Ambos têm uma filha chamada Carolina, com 15 anos, e um filho chamado José Armando, com 1 ano de idade. Toda a família nasceu nessa comunidade, onde moram até hoje, e são agricultores. Ao redor de casa, a família planta e cria pequenos animais para garantir sua soberania alimentar e comercializam o que sobra. São fruteiras, plantas medicinais, feijão e hortaliças, além de galinhas e ovelhas para ter a mistura. A conquista da cisterna-calçadão veio para fortalecer essa produção. Há 4 meses, a família conquistou mais uma tecnologia social, que vem chamando a atenção na comunidade e que, mesmo em tão pouco tempo, já faz a diferença para a vida e a saúde de quem vive na casa. Trata-se do fogão agroecológico, uma tecnologia que é feita de cimento e de algumas peças de ferro, e montada sobre uma base de alvenaria para facilitar o seu manuseio e uso. A chaminé, por onde sai toda a fumaça, fica para o lado de fora da casa. Para funcionar, ele necessita de uma quantidade muito reduzida de madeira, pois a sua capacidade de gerar e reaproveitar o calor é bem maior que os fogões normais. Antes da chegada desse fogão ecológico, a família utilizava outro fogão à lenha, que produzia muita fumaça preta dentro de casa e deixava os utensílios domésticos todos sujos de tirna. Além disso, consumia uma quantidade grande de lenha por semana, que geralmente era retirada das redondezas da comunidade e extraída das plantas nativas. Maria e José dizem que a construção do fogão reduziu muito a quantidade de lenha usada. Antes, uma carroça de lenha só dava para uns dois dias, mas hoje passam mais de uma semana com uma carroça de lenha, afirma José.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Com menos lenha sendo usada, essa tecnologia contribui com a diminuição do desmatamento e com a preservação da Caatinga, bioma nativo da região do Mato Grande. Segundo Maria, mesmo utilizando menos lenha, o fogão cozinha os alimentos mais rápido do que o outro fogão que usavam. Ela diz também que as panelas não ficam tão sujas como antes, e que por isso, gasta menos tempo e água lavando a louça. A fumaça e fuligem dentro de casa deixaram de existir, o que diminui e facilita o trabalho de limpar a casa e contribui para a saúde da família, pois deixaram de inalar essas substâncias que são prejudiciais à respiração. Do fogão, além de muita economia, nada se desperdiça. As cinzas são usadas nas fruteiras do quintal, principalmente nas bananeiras. Maria diz que ela usa a cinza que é para não dar doença nas plantas. O fogão ecológico da família de José e Maria é uma das tecnologias sociais que estão chegando na comunidade como resultado da organização e participação nos fóruns da ASA, em parceria com as entidades que fazem parte dessa articulação, e também do fortalecimento de um projeto de convivência sustentável com o semiárido, que vem alertando para a importância de combater a desertificação no semiárido.

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