Produção de ração natural faz a diferença na criação de animais de Adilson e Ana

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Produção de Ração e cuidados com os animais Comprei um curso online para aprender algumas técnicas, tropecei muito por que nunca tive acompanhamento. O frango eu comecei a criar baseado no método da minha mãe, só que eu queria ampliar um pouco mais. No começo errei muito, chegou uma hora que eu deveria ter parado, mas eu ficava com sensação de derrota. Eu insisti. Fui a Feira de Santana atrás de alguém que me desse uma resposta, pois os frangos estavam morrendo. Na casa veterinária tinha um técnico, expliquei o jeito que eu tava trabalhando e ele m disse que tava tudo errado, foi um desespero. Mas eu como muito insistente comecei a corrigir, fiz os galpões como ele me ensinou, fui fazendo a coisa simples, mas começou a dar certo. Depois disso nunca mais teve problema.

A família de José Adilson Gonçalves Queiroz e Ana Lucia Queiroz Lima tem buscado através da criação de animais de pequeno porte e da produção de ração, formas de conviver com o semiárido e se manter em uma propriedade de 100 tarefas, na Fazenda Alecrim, no município de Teofilandia. A família conquistou um barreiro através do Programa Uma Terra e duas Águas da Articulação Semiárido Brasileiro. Antes de organizar a propriedade passaram por muitas dificuldades, como conta José Adilson.

Eu não sabia como fazer a alimentação natural, fui lembrando que minha bisavó dava o licuri e o pintinho comia. Fui descobrindo a algaroba, o milho, as quantidades que devem ser dadas. Ia comprando a ovelha, morria, eu mudava a ração e ia vendo a que dava mais resultado, muitas vezes me enrolavam, mas eu ia sempre mudando e guardando o que dava certo. As rações de todos os animais a gente prepara com o material daqui mesmo da propriedade, de fora só compro a soja por que aqui não tem e ela é fonte de proteína, ou girassol. A gente consegue dar menos, por que a gente se baseia mais com o licuri. Depois que arrumei a saúde do frango, fui atrás do comércio para vender esses frangos comecei a divulgar e a vender por encomenda. Hoje a gente trabalha com uma média de 500 frangos na escala, 400 galinhas de postura, as ovelhas são 110 matrizes de reprodução. Abato todas as crias. Água é um grande desafio, tivemos a idéia de fazer uma cisterna de água da bica com 81 mil litros, se eu soubesse que era tão boa tinha feito ela maior. Na época da seca chegamos a comprar água por que secou. Vinham vários pensamentos de como fazer para armazenar água, por que se agora tá seco, mas uma hora chove e a gente perde muita água.

Eu fui morar fora, mas vi que tinha que voltar. Um dos fatores que me fez voltar foi a experiência dos meus pais, dos meus avós. A gente tinha uma vida muito humilde, porém tinha aquela liberdade que a gente tem na roça, de quando tá chovendo você sair para contemplar as coisas. Conhecendo a experiência de trabalhar nas grandes cidades eu me senti prejudicado diante dessa liberdade que lá eu não tinha. O impacto era tão grande que eu não suportava mais que seis meses. A linguagem era outra, sentia falta do canto do galo, do berro da ovelha, parece brincadeira, mas é verdade. Aquilo começou a trazer problemas, tive dores de cabeças. .

Ana Lúcia se divide junto com o marido nas muitas tarefas da propriedade, ela cuida da casa, dos 03 filhos, das hortaliças, além de contribuir com a produção de ração e alimentação dos animais. Agora com esse barreiro que tá construindo aqui vai melhorar, mais ainda precisa ampliar mais por que não é suficiente. Eu acredito que depois que tiver cheio vai demorar para secar. Sem a água a gente não pode pensar longe. Tendo água e coragem de trabalhar você consegue muita coisa, não precisa sair. Aqui a gente fez uma horta, só que não colocamos no chão, colocamos ela suspensa. Eu faço tudo, cuido da casa, do terreiro, da horta, da ração, os meninos me ajudam, o marido tam., bém, a gente tem que fazer de tudo para arranjar tempo. Como o marido sai muito para vender, tenho que ficar ligada para fazer coisas, disse Ana Lúcia, companheira de Adilson no sonho de construir qualidade de vida e a possibilidade de viver na terra de seus antepassados.

Chegou o momento que me consumiu ao ponto de decidir que ia fazer um esforço e ficar aqui. Não foi fácil, não tinha terra, tinha só a vontade de ficar. Essa terra é a que fez a nossa historia, onde a gente chupava o umbu, tirava o caju, tomava banho no tanque, plantava o feijão. Eu fui para São Paulo e decidi que todo o dinheiro que eu ganhasse ia comprar essa terra que tinha sido da minha avó. Quando cheguei vendi tudo o que tinha e comprei. Como Deus gosta do sertanejo, logo plantei o feijão, choveu e vendi tudo. Deu para melhorar as coisas, comecei a comprar um burreguinho. Minha esposa também muito brava do meu lado começou a me ajudar. Comecei a plantar, com muita economia, fui comprando mais e hoje a gente tá com 100 tarefas de terra. Dai por diante o que se ganhava não dava para manter a família, e veio outro processo. A roça é um investimento gradativo. Assim que eu comprava duas ou três tarefas logo eu plantava milho, feijão e campim. Hoje a gente se sustenta totalmente daqui, vivemos do ovo, carneiro, frango e quando chove do que plantamos. A gente produz para comercializar e também consome. Só o coelho que a gente usa mais para o consumo, pouco é vendido por que não é cultura nossa.

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