Ano 7 • nº1.322 Setembro/2013 Chapada do Norte Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Construção de cisternas é alternativa contra a migração no Semiárido mineiro No Vale do Jequitinhonha (MG) a migração sazonal sempre foi uma alternativa para muitas famílias garantirem o seu sustento diante da falta de oportunidades, sobretudo no campo. Mas esta realidade vem sendo transformada, e Deuzito da Costa Lemos, nascido na comunidade de Cajamurum, em Chapada do Norte, é um exemplo disso. Aos 48 anos de idade, Deuzito é casado com Olinda Lopes Lemos, e tem 7 filhos. Ele destaca que trabalhou como migrante no corte de cana-de-açúcar
Deuzito, Olinda e sua família
por 23 anos. Por isso, não pode estar presente no nascimento de alguns de seus filhos. Enquanto estava distante, trabalhando, a família permanecia cuidando da roça. Olinda lembra que em momentos críticos, precisavam andar grandes distâncias para lavar roupa e buscar água. Ao longo desse tempo, por duas vezes, a família acompanhou Deuzito em seu movimento migratório. No entanto, diante dos desafios encontrados, a esposa e os filhos retornaram para a roça. Mas o filho mais velho, Genivaldo, iniciou-se no mesmo caminho do pai, indo trabalhar em outras regiões. Durante 3 anos trabalhou na colheita de café e 5 anos no corte de cana-deaçúcar. Mas Deuzito, assim como seu filho, deixam este histórico de migração para trás, quando têm a oportunidade de trabalhar como pedreiros na construção de cisternas através dos programas Cisterna traz esperança para o Semiárido
da Articulação Semiárido (ASA).
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
Cisternas: oportunidade para quem conquista e para quem constrói Em 2004, Deuzito conheceu o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV) e o trabalho que a organização desenvolvia na região, através dos programas da ASA. Ele aceitou o convite de participar da capacitação de pedreiros (as) e a partir daí, começou a implementar as tecnologias. Desde então, Deuzito esteve em vários municípios do Vale do Jequitinhonha construindo as cisternas. Ele ainda aprendeu a construir cisternas de 52 mil litros do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) pela ASA. E, mais uma vez, o filho Genivaldo segue o exemplo do pai e se torna um construtor das tecnologias. Deuzito e sua família foram beneficiados em 2006 com uma cisterna para captação e armazenamento de água para consumo humano, e em 2010, foi implementada na sua propriedade uma cisterna-calçadão. Segundo eles, a possibilidade de ter água de boa qualidade para beber e uma reserva para produção de alimentos, é uma grande conquista para as famílias do Semiárido. A água armazenada Com a água da cisterna-calçadão, a família cultiva uma pequena horta
possibilitou a família cultivar uma pequena horta para o consumo, onde plantam alface, tomate,
abóbora, salsa, entre outros. Eles também cultivam um pouco de milho, mandioca, banana, laranja, goiaba. Inclusive, algumas mudas de frutíferas foram adquiridas através do programa P1+2. Tudo é cuidado com muito carinho sem utilizar agrotóxico. O casal fala da importância do acesso à agua através dessas tecnologias, destacando o quanto isso contribuiu para uma melhor qualidade de vida. O pedreiro acredita que muitos moradores não estariam mais na comunidade se não tivessem conquistado a cisterna de 16 mil litros. Deuzito e Genivaldo acrescentam que a oportunidade de estarem próximo à família, trabalhando na construção das cisternas, é motivo de alegria, diante das dificuldades enfrentadas durante os anos de migração. As tecnologias de captação e armazenamento de água da chuva têm permitido que várias famílias tenham acesso à água para consumo e produção, além disso, geram emprego e renda para muitos pedreiros e pedreiras. Através do patrocínio da Petrobras, o CAV, unidade gestora territorial do P1+2, contribui para a implementação destas ações, beneficiando mais famílias no Vale do Jequitinhonha.
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