Malu Saddi
Artur Fidalgo g a l e r i a 2013
Batem os compassos nos tambores de crâneos, o ar flutua, 2012 acrĂlica sobre tela 130 x 100 cm
Malu Saddi
No Devaneio Nenhuma Linha é Inerte
A obra da artista Malu Saddi sublinha o caráter dinâmico da imaginação por meio da afirmação do ser humano na natureza. Desenvolve uma espécie de inventário próprio envolvido de alquimia e ritual. Apresenta um mundo fantástico que relaciona organismos extraídos e reinventados dos reinos animal, vegetal e mineral - coexistindo no mesmo espaço, flores e músculos, folhas e penas, ossos e pedras, espinhos e sangue. Cria relações de aproximação e contato entre seres distintos, para deixar marcas, contaminar e potencializar as partes; permitindo atravessar-se por outros fluxos. A mão firme segura lápis e caneta para o desenho de traço fino e delicado criar estruturas minuciosas, que avançam lentas sobre o espaço do papel. Os desenhos
por Reginaldo Pereira
particularizam instantes de mundos específicos, como se houvesse uma ordem natural em cada desenho e a sua estrutura organizadora fosse descoberta nesse processo. Aqui os elementos parecem estar em constante movimento, tudo é cíclico. Expressa um desejo de continuidade, como se o trabalho não terminasse; fosse circular. Tal proposição é empregada no emblemático desenho de uma coluna vertebral “infinita” cujo desenho é enrolado na base do papel, ação esta que suprime a terminação do desenho, contemplando a idéia de infinitude do corpo. Se nos desenhos a artista confronta todo o seu corpo com as grandes escalas do papel em branco, nas fotografias relaciona apenas fragmentos do seu próprio corpo com outros organismos da natureza. A exemplo da imagem onde o dedo balança uma flor pendurada que torna-se mancha na fotografia; com esse gesto a artista destaca que tira a flor de sua imagem inerte de contemplação e a impulsiona a revelar o potencial implícito de desenho que ela carrega dentro de si. O corpo aparece aqui como o elemento que ativa o outro
Malu Saddi
para fora do estado de inércia. O braço pede a pena rosa para continuar a pulsar, sem precisar alçar vôo; percebendo o universo ali mesmo de onde está. Em outro instante uma pedra apóia o dedo e daí escorre a água. Os desejos da artista estão ligados ao profundo anseio de encontro com a terra. O sonho de enraizamento para a simbiose do ser com a terra torna-se perceptível em seus desenhos, onde músculos ampliados se convertem em raízes, que por sua vez estruturam as composições nos desenhos. O corpo é o lugar definitivo de onde flui o repertório pela memória, e para onde retorna para religar o ser. Um dado espiritual sim - transmutação e ciclo. A potência de sua obra reside na delicadeza e sutileza de suas proposições. É preciso acessar os elementos de algum lugar da lembrança, pois eles são sutis e quase invisíveis. Com o seu trabalho, Malu nos convida a transcender a experiência além da qual conhecemos como estado de vigília/acordados, e a compartilhar instantes e parciais de realidades outras, por meio da imagem poética. Lúcida no seu sonho acordada.
Sem título, 2009 ampliação fotográfica 70 x 47 cm
Malu Saddi
Arquitetura de um ventre azul, 2012 acrílica sobre tela 110 x 110cm (díptico 1)
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Arquitetura de um ventre azul, 2012 acrílica sobre tela 130 x 110cm (díptico 2)
Malu Saddi
Malu Saddi
É em forma de ovo que a ave para não sobrecarregar o vôo, expele a própria prole, 2012 acrílica sobre tela 130 x 110 cm
Malu Saddi
Na natureza não há números, 2012 acrílica sobre tela 120 x 120 cm
Malu Saddi
É muito grande a incerteza acerca de uma natureza , 2011 acrílica sobre tela 150 x 100 cm
Sem título, 2011 nanquim, acrílica e aquarela sobre papel 150 x 100 cm
Malu Saddi
Para restaurar a ordem, 2012 caneta nanquim sobre transparĂŞncia 140 x 118 cm foto: Rafael AdorjĂĄn
Malu Saddi
Eu só posso recordar-me de alguns detalhes, 2011 caneta nanquim e lápis de cor sobre transparência 155 x 110 cm
No fundo da água, e tudo tem de ser recomeçado, 2011 caneta nanquim, lápis de cor e guache sobre papel 155 x 105 cm
Malu Saddi
Sem título (políptico), 2011 caneta e lápis de cor sobre papel 94 x 78 cm (cada)
Malu Saddi
Biografia
Nasceu em 1976 Vive e trabalha em São Paulo
Exposições Individuais 2011 Ao que se ergue entre linhas, Curadoria Josué Mattos, Espaço W De Arte, Ribeirão Preto 2009 No devaneio nenhuma linha é inerte, Galeria Eduardo H. Fernandes, SP 2005 MUMA Museu Metropolitano de Arte de Curitiba PR Linhas do Sistema Criado, Museu Victor Meirelles-Florianópolis, SC
Exposições Coletivas 2011 Conhecendo Artistas - Ateliê Fidalga, Torre Santander, São Paulo, SP Desenho em Campo Ampliado, Espaço Sergio Porto, RJ 2010 É crédito ou Débito, Curadoria Josué Mattos, Sesc São Paulo, SP Salão Nacional de Itajaí, Poéticas Pessoais em Construção, SC 2009 Desenho Ocupado, Galeria Leme, São Paulo, SP Estranho Cotidiano, Galeria Movimento, RJ Em Torno de - Limites da Arte, Funarte São Paulo, SP 55 Artistas São Paulo, Galeria Carlos Carvalho, Lisboa, Portugal
Malu Saddi Entre Tempos, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal SP Arte 2009, stand Galeria Eduardo H Fernandes, Pavilhão da Bienal, São Paulo SP Em Movimento, Galeria Eduardo H Fernandes, SP 2008 Presente Fidalga SESC Ribeirão Preto, SP SP Arte 2008, stand Galeria Eduardo H Fernandes, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP 2006 X Bienal de Santos, Centro Cultural, Santos, SP 2005 Fidalga´05 Salão de Exposições do Paço Municipal Santo André SP Fermento Ateliê Fidalga ocupação coletiva em casa São Paulo SP 2004 I Salão Nacional de Arte de Paraty XXXII Salão de Arte Contemporânea de Santo André - premiada 2003 Exposição Coletiva de Fotografia, Madrid - Bogotá XXVIII SARP Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo(MARP)-Ribeirão Preto 2002 Onze Galeria Virgílio, São Paulo Aqui Ali, Ateliê Alberto, Campinas SP
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