Da totalidade ao lugar cap 3

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A DrvisA.o SocrAL

DO TRABALHO COMO

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importancia crescente da urbanizac;ao, como dado quantitativa e como conseqiiencia e fator de graves problemas sociais e economicos, contrasta, nos pafses subdesenvolvidos, com a timidez e pobreza dos estudos empiricos e do esforc;o te6rico. Esse e urn campo de estudos em que, com excec;ao de alguns pesq uisadorcs isolados, a indigenCia e gritante. As analises sao, de urn modo geral, desligadas da realidade soc i::d como urn todo, contentando-se freqiientemente como exame pa rccl:J do de microproblemas e com urn enfoque onde a sociedade em mo vimento esta ausente. Urn imenso corpo de literatura pode assim scr escrito e difundido sem, entretanto, contribuir para o conhecimento <.h realidade. - .Para esse resultado, diversos fatores concorreram. Os estudos urbanos constituem urn dominio cientlfico ondc n vulnera bilidade a modelos capitalistas e grande. De urn !ado, ha as

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Apresemado durante o 5. 0 Enconrro Nacional de Ge6grafos, promovido pela Associa~iio dos Ge6grafos Brasileiros, em 19-2 7 de julho de 1978, na Universidadc Federal do Ceara .

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teorias e doutrinas espaciais e urbanas importadas, algumas buscand_o, r a medida que as especialidades crescem e constitui, por isso, uma difihonestamente ou apenas em aparencia, urn esfon;:o de compreensao :. culdade suplementar para a constru~ao de uma teoria geral do espa~o, dos problemas pr6prios ao Terceiro l\llundo, enquanto outras clara- j_ uma linguagem comum tanto do ponto de vista re6rico, como do panmente procuram transpor as realidades atuais dos paises dependentes 1': tO de vista das realizac;oes de ordem pratica. uma interpreta<;ao, as vezes discutivel, das realidades dos paises do As explica~oes do fenomeno da urbaniza~ao variam. Todas, pocentro, hoje e no passado. Ainda agora se insiste em compa~ar o feno- t: rem, giram em torno de fatores como o comportamento demogd.fico, meno urbano no mundo desenvolvido atual com o aconteCldo na Eu- i' o grau de moderniza~ao e de organizac;ao dos transportes, 0 nfvel da ropa e nos Estados Unidos a epoca de sua industrializa~ao. , industrializac;ao, OS tipos de atividades e relac;oes que mantem com OS ----------·--- ·- p0roiitr6"'hrdo;-a-ptanifica~ET-r-egienal-e-u-.f.b.ana tor.nQU=se_um_exe.r::___ l-'------- g-rupos..sociais..erumLv:idQS,__a_c.ciac;ao-e-J;eten<;ao.-local--do.-v-aJ-e£-a-g reg-a--- - - - - dcio extremamente util nao apenas a penetrac;ao mais facil do impe- ! do, a capacidade local para guardar uma maior ou menor parcela da rialismo e do capital no Terceiro Mundo, mas tambem urn veiculo ~ mais-valia gerada, o grau de redistribuic;ao da renda entre os produtoprivilegiado das teorias subjacentes. : _ As teorias de planejamento urbano e regwnal raramente decorrem de situac;oes reais que se deseja modificar. Elas se apresentam muito mais como portadoras de urn modelo a impor. Esse modelo e, mais frequentemente, trazido dos paises do centro, onde essas teorias sao elaboradas para servir a interesse~ que ra~amente sao o~ n~s,sos. Nesse particular isso foi duplamente ef1caz, p01s tanto contnbm a 1mportadi.o de doutrinas que nada tern a ver com nossas realidades, como, ~elo seu uso prestigioso, impede que urn pensamento autonomo e serio se d esenvolva.

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Drvrs.Ao DO TRABALHO E ORGANIZA<;.Ao EsPACIAL

0 espac;o geografico- incluindo as cidades, uma realidade em processo permanente de transforma<;ao- tern sido estudado atraves de urn grande numero de disciplinas: geografia, economia regional e urbana, sociologia urbana, urbanismo, arquitetura, analise regional, planificac;ao urbana e regional etc. Cada uma dessas disciplinas ad otou .urn enfoque particular e, tambem, dir-se-ia, uma epistemologia particular.

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Mesmo o vocabulario e especifico. Tais particularismos de percepc;ao e de linguagem conduzem, muitas vezes, considerar apenas uma parte da realidade espacial em vez de levar em conta a realidade toda. Essa orientac;ao, alias, aprofunda-se

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res,_ OS efeitos direto_SOU _indireto~. da moderni~ac;ao soJ::>re a poli:tica, a soc1edade, a cultura e a 1deolog1a. A cada momenta hist6rico, a combinac;ao desses fatores nos da 0 nfvel da urbanizac;ao e a sua geografizac;ao nos da 0 padrao de distribuic;ao das cidades, a forma da sua rede urbana, assim como 0 "perfil urbana': de urn pafs, isto e, o tamanho respectivo das cidades dentro de urn s1stema. Como, por exemplo, explicar o tamanho monumental das cidades da fndia no seculo xvm? Urn sistema de castas que favorecia uma extraordinaria acumula~ao em maos de nobres, em uma fase hist6rica em que nao havia necessidade de importar, justifica a enorme riqueza dos prfncipes, as construc;oes faraonicas e suntuosas e a mao-de-obra nurnerosa necessaria para empreender construcoes tendo em vista as condic;6es tecnicas reinantes. A corte era vasta, a clientela inumeravel, a domesticidade grande, e parece que 0 numero de oficios presentes nas cidades nao foi igualado nem sequer aproximado pelas cidades do mundo ocidental. >

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Na America Latin a, cidades como Salvadore Mexico ja contavam, no fim do seculo xvm, com uma populac;ao ern torno dos 100 mil habitantes. Poucas cidades europeias e nenhuma dos Estados Unidos dispunha, entao, de tais efetivos. As cidades latino-americanas eram entrepostos de comercio e tambem prac;as-fortes, onde a divisao . de trabalho se fazia segundo uma tecnologia menos avanc;:ada do que na

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r Europa e que demandava mais bra<;os (mesmo nao tendo uma produc;ao material importante), sem, entretanto, atingir os numeros alcan<;ados peias cidades indus. A incidencia do fator politico, representado pelas necessidades da administra<;ao e seguranc;a, era urn outro dado da divisao do trabalho int erno ao pais que nao pode ser negli~enciado. Em n ossos dias, quando se estuda a urbaniza<;ao do Terce1ro Mundo, chama a aten~ao o mi m ero de grandes cidades, especialmente na America Latina, muito mais do que nos m1tros continentes. Isto se

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Como os fatores de produ<;ao e as atividades relacionadas tern urn · , lugar proprio no espa<;o a cada memen to da evolu<;ao social, segue-se ' _ que todos esses fatores tern influencia sobre a forma como o espac;o se ,. organiza, e sobre a urbaniza<;ao. ,• Por vezes, esses fat ores sao levados ern conta fragm entaria ou isola,. damen te. As vezes, porem, busca-se considera-los como urn todo, levando em conta suas inter-rela<;:oes, o que permite acr escenta-las a lis. ta de variaveis au sentes e valoriza-las de maneira adequada . Mas essa ~----------explicapeta-formacd'tno-~s-'for<;-as-prodmivas~-e-de-S'errvolveram;istn--e,-1:-·----y-uma.t·arefaalli'Cil":Farece-nos, todavia, que a aao<;a"o de urn ell1oque - - -- c~m a c.oncentra<;ao de instrumentos de traba~h~ ~de meios de produ~ao m a1s modernos em certos pontos do terntono, ao mesmo tempo em que o consumo se expandia a galope. Fatores hist6ricos e atuais se conjugam. Desde os infcios da colonizac;ao, a produ<;ao vegetal e mineral de que a Europa e, depois, os Estados Unidos necessitavam, e a formac;ao de uma rede de transportes ligada em parte as necessida des do comercio exterior e depois a existencia precoce de Estados m odernos (precoce em rela~ao ao resto do Terceiro Mundo) e a expansao, igualmente precoce, das industrias de exporta<;ao foram conjuntamente responsaveis por urn desenvolvimento ainda maior das for<;as produtivas, mesmo se postas a servi<;o

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de empresas e paises estrangeiros. Quanto ao cons umo, os velhos la<;os da America Latina com a Europa facilitar am a aceita<;ao dos modelos ocidentais desde a sua primeira grande vaga de difusao entre o fim do seculo XIX e comec;o do seculo xx. Era entao urn consumo nobre, restrito a parcelas limitad as da populac;ao vivendo nas cidades. S6 recentemente, com a segunda vaga da difusao, propiciada pelas novas condi<;oes de difusao da inova<;ao, e que OS modelos ocic;lentais puderam espaJhar-se ma is facilmente. Evidentemente, o impacto d e todos esses fatores seria diferente segundo os pafses, seja pela forma de sua participa<;ao n as tendencias mais recentes, seja pela heran<;a hist6rica de uma or ganiza<;ao social e do espa<;o, cuja inercia iria ter urn papel ativo quando da transforma<;ao economica do pais.

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an alftico que !eve e~ c~nta a .divisao do t ra balho permitira incluir na analise todas as van ave1s em JOgo 1 . ······- A cada nova divisao do trabalho ou a cada urn· novo nionien to decisivo seu, a sociedade conhece urn rnovimen to importante, assinalado pela apari<;ao de urn novo elenco de fun~oes e, paralelamente, pela altera<;ao qualitativa e quantitativa das antigas fun~oes . A sociedade se exprime atraves de processos que, por sua vez, desdobram-se atraves de fun<;oes, enquanto estas se realizam mediante formas . "-Tais formas, sem as quais nenhuma fun<_;ao se p erfaz, sao objetos, formas geograficas, mas p odem tambem ser formas de outra natureza, como, por exemplo, as formas juridicas. No entanto, mesmo essas £ormas sociais nao geogr aficas terminam por espacializar-se, geografizando-se, como e o caso da propriedade ou da famflia. Assim, as func;oes se encaixam, direta ou indiretamente, em formas geograficas.

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1 . A no~ao de divisao do rrabalho e objero de urn livro chissico de Durkheim, A Divisiio do Trabalho Social. Marx ja havia tratado do tema em seus Manuscritos Economicos e Filos6ficos de 1844, e, de n ovo, em companhia de Engels, em L'ideologie allemande [A ldeologia Alemii]. Discutindo a parernidade do conceito, Proudhon (1 840:245) indica que Lemontey havia abordado esse assunto e que mesmo Ferguson teria dado uma "exposic;;ao clara do assunro" no seu livro An Essay on the Historical of Civil Society, publicado em Edinburgh em 1783, 17 a nos antes, porranro, da obra cLassica de Adam Smith, que muiros consideram como o pai da ideia. A no~ao de divisao do rrabalho aparece igualmeme na Sociologia de Spencer, e Frederick H awley rambem se preocupou com o problema em seu livro, de 1882, Capital and Population: A Study of the Economic Effects of Their Relations to Each Other. 0 rema foi retomado rnais recentemente par diversos aurores.

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A cada m ovimento social, possibilitado pelo processo da divisiio do ~ economia, a m oral, a organizac;:iio do Estado e a organizac;:iio d o espatrabalho, urna nova geografia se estabelece, seja pela criac;:iio de novas 1. c;:o geografico - , mostrou-se muito mais r evolucioml.ria e sensivel que formas para at ender a n ovas fum;oes, seja pela alterac;:ao funcional das ( 'na America Latina a mesma ocasiao. No perfodo subsequente a Segunda Guerra Mundial, sobretudo para formas ja existentes. Daf a estreita r elac;:iio entre divisiio social d o trabalho, responsavel pelos m ovirnentos da sociedade, e a sua reparti<;:iio r OS p afses ond e 0 desenvolvimentO das forc;:as produtivas foi maior, espacial. ( wrnou-se cada vez mais dificil separar a influencia da divisiio internaA divisao do trabalho social torna diversamente produtivas as dicional do trabalho daquela da divisiio social do trabalho interno a _ f~rentes porc;:oes de n~tureza, isto e, a tribui a uma p aisagem a condicada pais. Entretanto, essa separa<;iio se impoe, q~ando mais nao sej~ - -·---·--·---- c;:ao -de-·espac;:o--pro dutlvo :-0 espa~erglobal-se-de-fi-ne-pele--coBJunto-de-· ··-"r~----llara-pode:rmes -avahar o-papei-Ei-o-E-staclo-·e··Eia-socledaa-e-lec-a·ts:-E·a qur - - · - - lugares compreendidos como porc;:oes do espac;:o produtivo e como que o estudo de urn pais considerado como uma Formac;:ao Social e Iugar de consumo. ~-Economica se mostra indispensavel como urn m etodo util p ara distinA cada momenta_ d a divisao do. tra balho, a Sociedade_t.otal se___ __ guir os dois tipos de influencia 3 • > redistribui, atraves de suas func;:oes novas e renovad as, no conjunto de A divisao internacional do trabalho apenas nos da a maneira de ser 0 < formas preexistentes ou n ovas. A esse processo pode chamar-se de do modo de produc;:iio dominante, apontando as formas geograficas "'> , geografizat;Zio da sociedade (Santos, 1 978, p. 72) 2 • portadoras de uma inovac;:iio e, por isso mesmo, carregadas de uma 0 "' 0 intencionalidade nova. E atraves da incidencia num pais da divisao > 3 .2 . DIVISAO INTERNACIONAL E INTERNA DO TRABALHO : internacional do trabalho e da conseq'iiente divisiio interna do tra.... 0 0 ESTUDO D E UM PAtS COMO UMA F oRMA<;AO SOCIAL balho que as especificidades comec;:am a repontar : a formac;:ao socio0 ..; economica correspondente atribui urn valor determinado a cada for"'> "'....> Durante as primeiras fases da colonizac;:ao, o impacto da divisiio ma e a todas as formas, atraves d a redistribuic;ao de func;:oes . :!: internacional do tra balho sabre a organizac;:ao do espac;:o e facilmente 0 A divisao internacional do trabalho explica a seletividade espacial 0 distinguivel: a demanda proveniente do centro do sistema, assim como na realizac;:iio de func;:oes, mediante criterios como a necessidade, a ren3: 0 sua resposta na periferia, eram direta e imediatamente marcadas na tabilidade e a seguranc;:a de uma dada produc;:iio. A divisiio interna do c ;;:: sociedade, na economia e no espac;:o. 0 novo, isto e, o impacto das trabalho nos mostra o movimento da sociedade, a criac;:iio e os recla> z modernizac;:oes importadas, trazic!as de fora O D agindo a dista.ncia, era mos de n ovas func;:6es, e a maneira como essas func;:oes sao abrigadas 0 < > "'< pelas formas preexistentes ou novas. por si s6 capaz de provocar urn contraste chocante. Isso talvez expli<.:> :: :::> que por que a presenc;:a europeia n a Africa, no fim do seculo XIX Atraves da analise das consequencias de uma dada divisiio interna..; 0 > ., < com tudo o que representou de m udanc;:a brutal p ara a sociedade, a cional do trabalho, em diferentes continentes e em diferentes p aises, > "'0 neles encontramos formas correspondentes ao modo de produc;:iio "'> <

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Segundo Nekrasov (1974:14), "a natureza extremamente dinamica dos processos economicos e sociais imegrados em urn pais como urn todo e em cada regiao faz com que mude constantemente o padrao da divisao territorial do trabalho . Por o utro !ado, o aumento da eficiencia da produc;ao soc ial depende a mplameme niio apenas do modelo atual existence como tambem dos futuros padroes de distribuic;ao das forc;:as prod uti vas nas regioes econ6micas do pais".

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3. A pwp6sito das relac;oes entre formac;iio social e espac,;o geogriifico, ver o numer o especial de Antipode, 9 (1), fevereiro 1977, o rganizado por Milton Santos e Richard Peet .. Os estudos de Alejandro Rofman (1974) sao igualmeme instrutivos. Ver tambem , a esse respeito, o que escreveram Martin Boddy (1976) e John Sh ort (1976) .

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dominante, e que nesses lugares diferentes guardam urn mesmo ar de familia. Atraves do estudo das forma~6es sociais, reconhecemos a ordem pela qual se disp6em essas formas e o _nexo_que eias mantem atraves da propria vida da sociedade. Essa ordem e fornecida pelo somat6rio das ac;:oes dos modos de prodw;:ao e das formac;:oes sociais em movimento, ou, em outras palavras, da a dic;:ao dos efeitos da clivisao internacional e da divisao interna do trabalho. Essa metodologia sup6e que a unidade geografica de estudo seja o

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mesmas ao longo da hist6ria universal, do p ais, da re1•.. aiao, do lugar. 17 J·~~--- Qualquer que seja oinstante em que as examinemos, as formas, wmadas isoladamente, representam uma acumulac;:ao de tempos; e sua !. compreensao, desse ponto de vista, depende do entendimento do que foram as divis6es do trabalho preteritas. Mas seu valor sistemico, que e seu valor atual e real, depende da divisao do trabalho atual4 • Seria impossivel pensar em evoluc;:ao do espac;o se o tempo nao ti-

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total. Se nao, arnscamo-nos a d e1xar de fora urn numero ma1s ou menos grande de determinac;:oes e a per der de vista o nosso objetivo, que .. e definir a significac;:ao de cada..lugar dentro do conjunto de lugares que formam 0 espac;:o total de urn pais.

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FoRMAS Eo PRoBLEMA Do TEMPO

Urn problema analltico im p ortante vern do fato de que, em urn sistema urbana, as aglomerac;:oes sao, todas, objetos geogd.ficos ou, ainda melhor, u ma colec;:ao de objetos geograficos, isto e, formas . A clivisao do trabalho, internacional ou interna, e cada urn dos seus momentos permitem compreender, a cada instancia, a essencia das formas, isto e, o seu conteudo social, economico e politico. E as pr6prias formas ? Compreende-las e fundamental porque elas nao sao o envolt6rio inerte dos instantes que marcam a evoluc;:ao da sociedade global, mas, igualmente, a condic;:ao para que a H ist6ria se fac;:a. As formas antigas permanecem como a h eranc;:a das divis6es do tr abalho no passado e as formas novas surgem como exigencia funcional da divisao do trabalho atual ou recente. Elas sao tambem uma condic;:ao, e nao das menores, de realizac;:ao de uma nova divisao do

nar que a soCiedade possa reahzar-se sem o espac;:o ou fora dele. A ,_ sociedade evolui no tempo e no espac;:o . ______ •• Tempo e espac;o conhecem urn movirnento que e, ao mesmo tempo, 1 continuo, descontinuo e irreversivel. Tornado isoladamente, tempo e 1_ sucessao, enquanto o espac;:o e acumula<;ao, justamente uma a cumulalc;ao de tempos. o tempo que rrabalha para que as coisas evoluam e o tempo pre;:: sente; 0 palimpsesto formado pela paisagem e a acumulac;:ao de tempos passados, mortos para a ac;:ao, cujo movimento e dada pelo tempo vivo at ual, o tempo social. 0 espac;:o eo resultado dessa associac;:ao que se desfaz e renova-se continuamente, entre uma sociedade em movi·-.. menta permanente e uma paisagem em evoluc;:ao permanente . Espac;:o atual e tempo atual comoletam-se. mas tambem estao em contradic;:ao. De outra maneira, nao poderiam evolu ir. Som ente a partir da unidade do espa~o e do tempo, das formas e do seu conteudo, e que se podem interpret ar as diversas modalidades de organizac;:ao espacial. Para tanto, e necessaria levar em conta dois dados q ue muito freqiientemente sao deixados de lado nos estudos geografic os. Muito se fala em escala do espac;:o e jamais na escala do tempo. O ra , a pala-

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trabalho. Por isso, a todo momento se criam novas formas para responder a necessidades precisas e novas, ao mesmo tempo em que velh as formas mudam de func;:ao, dando lugar aquela nova geografia construfda sabre velhos objetos de que falava Kant. Assim, as formas nao tern as

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A distribuic;:ao dos lugares e sua diferenre importancia tarnbern estao relacionadas com a divisao internacional e interna do trabalho. Mas o passado tambem desernpenha urn papel importanre, pois, a cada mudanc;:a da dinarnica social, as formas que vern do passado, preexistentes, sao mais ou menos favoraveis, ou mesmo desfavoraveis a recepc;:ao das novas variaveis.

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vra, mesmo se tratando do espa~o, tern urn conteudo temporal. Em 1· As diversas dimens6es esp aciais sao, desse modo, submetidas a insegundo lugar, o tempo e tornado como algo de maci~o, uno, apenas · fluencia da escalade tempo que lhes concerne . Elas se submetem igualfisicamente divisive!, o tempo do relogio. E, quando se fala em tempo L mente as escalas de tempo que concernem as dimens5es espacia is supesocial, e frequente a ilusao de pensar que uma sociedade inteira fun- ~ riores, indo do lugar mais pequeno a dimensao mundial. ciona segundo uma unica medida de tempo. I> Como, entretanto, as regi6es e os lugares nao sao nada mais do que Tentarei ser ainda m ais expHcito. Os estudos historicos - e, como • tugares funcionais do Todo, esses tempos internos sao tambem diviconsequencia, os estudos geograficos- as vezes se realizam sem se preos5es funcionais do tempo, subordinados a dialetica do To do, ainda que cupar com uma p eriodizac;:ao realmente sistematica . Considera-se possam, em contrapartida, participar do movimento do Todo e assim -·------- ------· como id~~lencontraraq uelas areaSde$lgn1ficac;:ao- desrnta·s parr.-- · ~~---- irrfluen&:iA.Jo · -E,-alias,-pox_..esse._fat0-4-Ue._as ..r:egi.O.es_ eJ.ugares., _rnesmn D~~nt (19?0). A u_tili~~~ao d os modos de produc;:ao como meio de ,., nao d~spondo de uma real autonomia; influenciam o desenvolvimento

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dehm1tar as epocas h1stoncas aparece, entao, como urn metodo objeti-

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vo. Todavia, a riecessidade de consi-derar as frac;:oes ou momentos do 1 modo de produc;ao introduz a necessidade de urn refinamento, para ( podermos to mar em considerac;:ao certos fatos suficientemente impor- { tantes para mudar o curso da historia sem alterar a coerencia estrutural que caracteriza e define urn modo de produc;:ao. Isso sup6e que, nos paises compreendidos por urn dado modo de J produc;:ao, a significac;:ao das variaveis vindas do centro do sistema te- ,.• nha urn mesmo valor para todos OS paises. Na verdade, porem, nao e isso 0 que se passa, pois cada pais e portador de uma temporalidade propria, sem duvida subordinada a temporalidade internacional fornecida pelo modo de produc;:ao. Essa temporalidade propria e interna ao pais e igualmente objetiva, atuante e relativamente aut6noma. Trata-se de urn tempo interno proprio de cada pafs, que decorre para- f lelamente ao tempo externo, dado pelo modo de produc;:ao dominante. f· 0 tempo interno e tempo empfrico, tempo historico considerado a escala geografica do Estado-Nac;:ao, isto e, ele representa as modalidades, particulares a cada dimensao espacial, de escandir o tempo social. Tal possibilidade evidentemente nao se esgota no nivel do espac;:o nacional. Ela se reprod uz, segundo escalas e in tensidades menores, nos nfveis e escalas inferiores, pois todos os nfveis, acontecimentos de origem externa ou de origem local, p odem dispor da for~a necessaria para modificar, em uma direc;:ao diferente, a evoluc;:ao em curso.

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Dado que a divisao do trabalho conduz a uma alterac;:ao dos processos sociais, o conhecimento destes se imp5e numa otica analftica. A analise deve tambem incluir 0 estudo das diversas instancias do processo produtivo 5 e as caracterfsticas que adquirem em face de uma nova divisao do tra balho. A combinac;:ao d esses dois enfoques permitira compreender o papel dos atores e o seu jogo redproco a cada momenta da evoluc;:ao social. Quando do movimento da sociedade atraves de suas estruturas, nem todos os lugares sao atingidos, ao m enos diretamente. Mas na realidade, todos o sao porque o fato de que urn ponto do espac;:o conhec;:a uma nova definic;:ao, atraves do impacto de variaveis novas, muda as hierarquias e imp6e uma n ova ordem espacial que concerne a totalidade dos lugares. Cada lugar atingido pelo movimento do todo social fica em condic;:5es de reagir sobre esse todo e, desse modo, obrigando-o a modificar-se, conduz tambem a modificac;:6es, mais ou menos grandes, mais ou menos rapidas, m ais ou menos imediatas, da totalidade dos lugares.

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5. A leitura d o artigo de Jose Luiz Coraggio (1974) clara a este tema uma relevante comribui.;:ao do ponto de vista analitico.

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Quando uma atividade nova se cria em urn lugar, ou quando tuna j que a sua constrw; ao se ressentira de base salida. 0 risco de "miopia atividade ja existente af se estabelece, o "valor" desse lugar muda; e rernporal" pode ser fatal a interpreta~ao da realidade. assim o "valor" de todos os lugares rambem muda, pois o lugar atingi- : Que significa o capital estrangeiro, na fase atual da vida economica do fica em condi~6es de exercer uma func;ao que outros nao dispoem e, de urn pafs ? Qual a sua significa~ao para este ou a quele ramo da ativia traves desse fato , ganha uma exclusividade que e sinonimo de domidade economica ou social? Como, afinal, isso tern influencia sobre a na~ao ; ou, modificando a sua propria maneira de exercer uma at ividareparti~ao da atividade do espac;o? de preexistente, cria, no conjunto das localidades que tambem a exerAinda n o domfnio d o capital, poder-se-a tentar uma classifica<;ao que nos indique os beneffcios e riscos diferenciais concernentes a cada cern, urn desequilfbrio quantitativa e qualitative que leva a uma nova ~---------hier-aFquia-o:u,e-m-tocl-G-GasG,-a-Uma--nGva-s-igni-fiGa~a-o-pa-Fa---Gada---tun-e- -- - U1mrda-s-el.-a-s-ses---e-it-s--eond.-i~-0-es-de--leea-l-i-ca9"ii e-result-a-nres-?----para todos os lugares. Urna industria que se instala ou que se moderniA distribui~ao da informa<;ao, geral ou especializada, incide sabre za, urn hospital ou uma escola que se criam, uma atividade administraa reparti~ao espacial das firmas e das p essoas ? A influencia da ideolotiva que se inicia_e gJ.esr_no_u_rn _h omem que !Iluda de_p~sid_~r:!~ia ou que_ _ giadominante (e das OJltras ideologias concorrentes) sabre o consume m o rre sao, tudo isso, fatores de desequilibrio e, portanto, de evolusocial atua so bre o comportamento da economia e dos cidadaos e con<;ao, ist o e, de mudan<;:a do significado dos lugares no conjunto do tribui para alterar, de uma certa m an eira , a realidade espacial? espac;o. Nas condi<;6es hist6ricas at uais, avulta o pap el do subsistema polftico6, a come~ar pela ac;ao que o seu nfvel mais alto, o Estado, repreD a forma como se estruturam e comportam as d iversas instancias da sociedade depende a maneira como o espa~o n acional se organiza. senta na ado<;ao ou rnodifica~ao de urn modele dado de produ<;ao, de 0 problema e de analise complexa, pois cada instancia social comum modelo dado de consume, de urn modelo dado de distribui<;ao dos porta urna classifica<;ao que se complica n a medida do proprio desenrecursos. A forma com o o Estado se comporta em cada urn desses volvimento economico. Cada instancia social e, de fato, representada domfnios conduz a urn resultado diferente no tocante a organiza~ao por uma combina~ao de fatores, subestruturas ou subinstancias comdo espa<;o n acional. 0 proprio Estado age seletivamente em rela~ao plementares e conflitantes, de cuja dialetica depende a propria evoluaos diversos atores da economia, do mesrno modo que a ele se devem <;ao social. as orienta<;6es primordiais no dominic da cultura e as possibilidades, Quanta mais acurada a classifica<;ao, maiores serao as possibilidamaiores ou menores, de manifesta<;ao ideol6gica. Alem disso, atraves des de uma analise mais proxima da realidade e mais viavel uma interda reparti~ao das infra-estruturas no espac;o nacional e pela escolha "'< ven~ao positiva. Nao basta, porem, preparar uma lista de produ~oes daquelas que beneficiam urn determinado setor da produ~ao e da po'-' ::;, .... ou produtos, por mais completa que seja, para cobrir a instancia ecopulac;ao, a insrancia polftica esta decidindo, consciente ou inconscien0 < nornica, nem alinhar as rnanifesta<;6es d a vida social propriamente dita temente, a localiza~ao das empresas, das institui~oes e dos homens, 0 para definir a instancia cultural-ideol6gica. E indispensavel dar a cada segundo caracterfsticas especfficas, sabre o espac;o nacional. Tudo isso < 0 .... segmento sua defini<;ao propria, isto e, fixar 0 que ele significa especisem contar com o poder discricionario que e dado ao Estado d e criar < 10 ficamente; e isso s6 se obtem pelo conhecimento das rela<;6es que man,_. < tern com outras fra~6es da propria instancia ou de outras instancias. 6. A prop6sito do papel do Estado na organiza<;:ao e reorganiza<;:ao do espa<;o, aconse0 lhamos a leirura deS . Barrios (1977) e rambem de J. L. Coraggio ((1974)1977, p. Essas relac;6es varia m com o tempo, mudam com a propria evolw;:ao 22j. 0 leitor rambem podera consultar nosso livro Por uma Geografia Nova, Hucitec, :g social e exigem, por isso, uma aten~ao meticulosa do analista, sem o Siio Paulo, 1978 [ 2.' ed., Sao Paulo, Edusp, 2004 (Cole<;:ao Milton Santos 2)]. UJ

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r novas atividades, de ddini-las e de localiza-las ao seu alvedrio, sem res formas de economia capitalista. Nos primeiros estagios, os fatores rela<;ao obrigat6ria com as demandas das outras insta ncias sociais. "naturais" aparecem com uma influencia dominance. Com o desenMas nao basta estudar isoladamente 0 papel do Estado, a prodQ- ,. - volvimento economico, OS fatores "artificiais"' a tecnoestrutura vao <;ao (as produc;oes), o(s) consumo(s), a ideologia, a populac;ao (as clasauroentando o seu papel na determinac;ao das relac;oes espaciais. Mas, s~s ~o~iais). E i~dispensavel inclui~los _em u~ nexo onde as coqdic;6es seja q~al foro cas.o, incluindo .os .estagios inferiores do desenvolvimenhistoncas atua1s fornes:am a exphca<;:ao mawr. 0 dado qualitative e to, o ststema de Cidades const1tu1 a armadura do espa<;:o. fundamental. A abundancia de estatfsticas e as facilidades de sua rnaConsiderand o a produs:ao propriamente dita como a "primeira fornipulas:ao constituem por vezes uma tenta<;:ao que elimina urn esfon;o ~a produtiva" e o consume como a "segunda for<;:a produtiva", levan·-- de-compreensa·o-da-rea-lida·de-e-i:nduzem-a--erros-grosseiros--e-tanto-mair· -··--do-tamb.en:Le.rn_c.ont<LqJJ~Q.JL<ilialho, ist.Q_e, a distr.ibuis:ao dos homens, danosos quanta mais santificados pela tecnica. Esta n ao substitui 0 eurn dado a ser considerado paralelamente, a cada momento hist6rico raciocinio. E este, para ser valido, deve ter como ponto de partida as ha uma repartic;ao territorial das for<;as produtivas diretas, uma rep ar-r ela<;:6es reais entre as instancias sociais e suas fra<;:6es, tendo em vista ti~ao terr:itorial do co.!:l~_llmo_e u~a rep artic;ao territorial do trab alho. as especificidades da hist6ria. A localizac;ao das diversas forc;:as produtivas d e suas fras:oes o u Quando a sociedade redistribui suas fun<;:6es, ela altera, paralelaclasses) muda a cada periodo hist6rico: cada lugar representa, a cada ~ent~, o conteudo de todos os lugares. Sao as func;oes, que pertencem m~mento hist~rico, u~a associa<;iio de atividades qualitativa e quantia soctedade como urn todo e mediante as quais se exercitam os procestanvamente d1ferentes . sos sociais, que asseguram a r elas:ao entre todos os lugares e a totalidaJa que nem todos os subespac;:os dispoem do aparato necessaria ao de social. estabelecimento de r ela<;6es recfprocas, sao as aglomeras:oes ur banas que realizam esse papel. Mas, segundo as epocas hist6ricas, varia o seu lugar como instrumento de circula~ao e distribui<;:iio e como agente d a 3 .5. 0 EsTuno DAs GRANDES CIDADES E DA REDE URBANA produ<;ao e do consume. Tambem variam, segundo os p aises e as epocas hist6ricas, a distribui<;ao desses papeis dentro do esp as:o total e 0 sistema de cidades constitui o arcabou<;:o economico, politico, entre as cidades. institucional e sociocultural de urn pais. A rede urbana e urn conjunto A organizac;ao do espac;o, isto e, o papel atribuido as diferentes de aglomeras:oes produzindo bens e servi<;os junto com uma rede de entidades esp aciais, seria, desse modo, urn resultado do desenvolviinfra-estrutura de suporte e com os fluxes que, atraves desses instrumento das primeiras for<;as produtivas (prodw;ao propriamente dita) , "''-'< mentos de inter cambio, circulam entre as aglomera<;:6es. :::> das segundas forc;as produtivas (consume) e das necessidades conse_, As dem ais su bunida des que formam o espa<;:o nacional (zonas agrf0 quentes de circulac;ao e distribuic;ao. < colas, bacias mineiras, cidades monofuncionais etc.) sao subespas:os "'Cl A urbanizac;ao ficou, primeiramente, ligada a expansao das ativi< que nao possuem 0 necessaria aparelho para 0 controle de suas pr6Cl dades de intermediac;ao. Depois, e sobretudo ap6s a segunda metade ... prias inter-r elac;oes. Estas tern de ser feitas atraves d as aglomerac;6es ,_< do seculo XVTII nos pafses desenvolvidos, a necessidade, consequence 0 urbanas.

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As relac;oes entre cidade eo que ainda hoje se chama sua zona de influencia, assim como as relas:oes mantidas entre cidades, dep endem do esd.gio d a economia, desde o da economia "natural " ate as diferen-

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7. Quanto a no<;ao de tempo nos estudos geogr:iificos~ discutimos o assumo com rna is detalhe em M . Santos (1972, 1978c}.

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a~ desenvolvimento das maquinas~ de conc:~trar os trabalh~dores nu111

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so ponto, trouxe como r epercussao geograf1ca o desenvolv1mento das cidades. Na epoca atual, onde a terciariza~ao se tornou galopame, a _ : "'urbaniza<_;:ao cresceu e o tamanho das cidades aumentou, sobretudo r naqueles pafses, como os do Terceiro Mundo, onde a seletividade espa- f cial na localiza~ao das varia~oes modernizadoras se tornou cumulativa. • Como os custos de transporte se reduzem, sobretudo se comparados ao custo dos outros fatores, ha tendencia a concentra<_;:ao da pro- .

sobre os pre~os e sobre ~ abastec_imento, _tanto na gran-de cidade com? ern cidades menores. Amda aqm, os ma1s pobres ou menos favoreodos encontram na cidade melhores condi~oes de acesso aos produtos essenciais, mesmo que a qualidade oferecida possa variar. Comercio sujeito a oscila~oes da oferta, essas sao facilmente absorv~das por uma popula<_;:ao numerosa e carente, desde que o pre<_;:o baixe. E desse modo que os grandes comerciantes podem escoar os possiveis excedentes, sern conhecer uma queda de lucro, pois o maior volume comercializado

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No caso de pa1ses com mawr numero de consum1dores efet1vos e com nivel mais elevado das for<_;:as produtivas, a area core do pais tende a expandir-sege()graficamente, oferecen.flo as vezes a impressao_dc 1·-··uma descentraliza<_;ao que realmente nao se da . Na verdade, foi a esca- . la geografica da regiao cent ral que aumentou. A conseqi.iencia e clara. Fora desse modulo, que pode ser uma mancha nas condi~oes anteriormente descritas, a expansao industrial se faz a urn ritmo mais Iento, ou e subordinada, dando origem a verdadeiros enclaves, ostensivos ou nao. Verifica-se, igualmente nas grandes cidades e, sobretudo, na metr6pole economica, uma concentra~ao das l atividades terciarias de nivel superior. A partir de urn certo nivel de l desenvolvimento, essa concentrac;ao tende a ser ainda maior que a da produ~ao material, em vista d a exigencia maior de contatos pessoais, pois o trabalho intelectual de a lto n ivel funciona como economia externa para outras atividades do mesmo nivel. 0 fato de que as grandes cidades se hajam tornado os centros, por excelen cia, da produc;ao e do consumo, faz delas tambem os grandes centros de d istribui<_;:ao e os grandes n6s da cir culac;ao. Elas concentram 0 comercio at acadista interno, alem do comercio de exportac;ao e importa<_;ao. Freqi.ientemente, a maior cidade de urn pais subdesenvolvido comercializa uma parcela da produ~ao alimentar que e bern maior que o seu consumo . E isso, alem de contribuir para aumentar a dimensao financeira das firmas interessadas 8 , da-lhes urn controle maier

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Marx ji indicava (1971 :295) que a divisao do rrabalho denrro de uma firma aracadista representa uma economia de tempo e de dinheiro, de modo que o aumento de

.funciona na grande Cidade, gra<_;:as, de urn lado, a d1mensao das fumas e, de outro, ao tamanho da popula<_;:ao, cujo acesso ao consume varia e.n:dun<_;:ao de sua r.enda disponivel e do pre~_o do bern of~recido. De toda maneira, verifica-se urn mecanismo de acelerac;ao do crescimento urbano nas ja grandes cidades, em detrimento de outras aglomerac;oes da rede urbana nacional. 0 caso de Sao Paulo parece exemplar. A chamada "inchac;ao" urbana dos anos 1970, e sobretudo em datas mais recentes, nada tern a ver com o que se passou na metr6pole brasileira nos anos 1960 e, ainda menos, nos anos 1950. A natureza das migrac;oes que aumentam 0 volume da populac;ao, a significa~ao dos saldos migrat6rios numa fase em que a m igrac;ao "descendente" se avolum a, as atividades a que a cidade preside, seu proprio papel metropolitano em rela~ao a totalidade do espac;o nacional exigem uma definic;ao especifica das novas condic;oes da economia nacional e mundial, defini~ao que, as vezes, e diametralmente oposta a de periodos anteriores. A propria compreensao do fenomeno da pobreza ur bana e dos seus mecanismos de adaptac;ao mudaram substancialmente, rompendo com os modelos que serviam a sua caracterizac;ao. As estatfsticas falam, muitas vezes, d a acelera~ao do crescimento region al para afianc;ar que as ch amadas desigualdades regionais estao se atenuando. E possivel que urn olhar simplorio sobre as estatisticas

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suas dimensoes conrribui para o barateamenco dos custos. Isro e ainda mais viivel nos dias atuais, quando, nas grandes cidades, muiros dos servi<;:os exigidos pelas grandes firmas sao produzidos e fornecidos por outros.

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'r possa induzir o leitor, e mesmo o especialista, a essa conclusao. 0 problema, todavia, nao e o de medir quantidades, mas de verificar o que signi,~ic~~- ~'s ~ais das_ '::ezes, o crescimento indus~rial de certas cida- .. des , medias e su~ordmado, po_uc~ representando para a economia da area em que se msere e contnbumdo para aurnentar exponencialmente vendas, lucros e vantagens na area central do pais. Hansen (1967) denominou esse mecanisme de "crescirnento ascendente", pois se ha aurnento, e, entretanto, ao servi<;:o de unidades maiores. GomE>-;-po:r-outre-lade,-e*plit-aF--a-p:res-en~ut-Fos -ti:pes--d-e-c-iEi-a-=-

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des dentro de urn sistema urbano? Que significam, em nossos dias, aquelas aglomeras:oes que ainda sao chamadas, unicamente para facilidade de exposi<;:ao, pequena~ emedias _cidades? _ Queremos insistir, mais uma vez, no fato de que 0 numero de cidades em urn sistema, o seu tamanho e a sua importancia relativa devem ser estudados como urn fenomeno total: nenhuma explicac;ao satisfat6ria pede ser encontrada fora de urn quadro abrangente e global. Categorias isoladas nao comportam uma real explicas:ao. Vimos ja como a seletividade da atividade produtora moderna conduz ao fenomeno da rnacrocefalia, ao desenvolvimento de cidades grandes e cada vez maiores. Tambem ja indicamos como a expansao do consumo levou ao crescimento do nlirnero e ao desenvolvimento das pequenas cidades (Santos, 1975, 1978a, 1978b). Como interpretar a existencia das cidades m edias ? A funs:ao dessas cidades, qualitativas e quantitativam ente intermediarias, e a de proporcionar servi<;:os de nivel media e p rodutos rnais diversificados do que as cidades locais podem vender. E uma das raz6es por que seu numero e sua importancia variam em rela<;:ao com a capacidade de consumo da populac;ao interessada . Todavia, urn maior desenvolvimento economico pode conduzir a reduc;ao do numero das cidades intermediarias. Na Africa, alguns autores constatararn o que denominaram de morte ou estiolamento das cidades regionais, e isso esta ligado a revoluc;ao dos transportes. Na America Latina, onde o nfvel de consume e rnais alto, o fenorneno se produz segundo outras caracterfsticas e passa freqiientemente desapercebido . A verdade e que

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aparece urn n ovo tipo de cidades interrnediarias, mais populosas e maiores. Em qualquer caso, porern, o crescimento das cidades medias t: elato rel~tivo, se o compararmos com o crescimento ~ualitativo das grandes cidade~ e mesmo com o s_eu cresCimento quant~ativo. Dentro do SIStema urbana nacwnal, cada aglomerac,;:ao tern urn papel espedfico. A pequena cidade, que preferirnos chamar de cidade local, torna-se 0 centro funcional mas nao dinamico da regiao circundante. Ela nao e .----rna-is-a mesrna peq.uena.cidade...clescrita_por-Geo.x:ge.s....Chab.o.L~L2.4.6) ....A_ _ _ __ cidade regional, limitada em sua capacidade de produzir e mesmo de distribuir ou ainda comprar, nao e mais aquela capital regional das pr~ocupac;6_es_ de Dickinson ( 19_~ 7). Ela nem mesmo e mai~ uma cida_de > regional, pois nao mais cornanda "sua" regiao, doravante orienta da :: ~ diretamente para as metr6poles economicas em suas trocas mais im"'> 0 portantes. Trata-se agora, pura e simplesmente, de uma cidade inter"'0 mediaria. A noc;ao de uma hierarquia urbana a feic;ao militar, cuja des-

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coberta Smailes (1953) imputa a si mesmo, hoje faz parte dos cadaveres de uma geografia ultr apassada . Na verdade, cada urn desses vocab u los, cidade loca l, cidade intermediaria, cidade regional, capital regional, encobrem uma gama variada de significa<;:6es que e tanto mais vasta quanto maior o dinamismodo p ais. 0 tema da organizac;ao do espa~o nacional nos pafses s ubdesenvolvidos e, pois, muito amplo e complexo, e a questao de redes urbanas constitui apenas um aspecto dessa p roblema rica. E urn tema a ser encarado como urna totalidade, onde sociedade e esp a<;o humano aparecem como urna sintese que esta sempre a fazer-se e a refazer-se. Tema dos mais globais, exige urn esfor<;:o analftico onde as categorias de a nalise sejam tambem categorias de uma realidade, a ser tratada como urn todo.

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0 espa<;:o e uma realidade objetiva, urn produto social e urn subsistema da sociedade global, urna instancia (Santos, 1978a, 1978b) .

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Sua analise supoe a constrw;:ao de urna episternologia genetica do esl{AWLEY, Fr ederick B. Capital and Population: A Study of the Economic Effects of Their Relations to Each Other. New York, D. Appleton, 1882 . pa<;o geogra.fico, fundada no fato de que as rnudan<;as hist6ricas con_MARX, Karl. Capital. III. Moscou, Progress, 1971 (publicado pela primeira vez em duzern a rnudans:as paralelas da orgaJ?-iZa<;iio do espa<;o . 1894, por Engels). Esse ponto de vista exige que considerernos as categorias de tempo - · The Economic and Philosofical Manuscripts of 1844 . New York, International, 1964. e de escala como capazes de assegurar uma visao global, dina_rnica e MAR.-' <, K. & ENGELS, F. L'ideologie allemande. Paris, Editions Sociales, 1968 . concreta, onde a no<;ao de totalidade aplicada a sociedade e ao espa<;o .!VfATHIEU, Nicole. " Propos critiques sur !'urbanisation des campagnes". Espaces et nao deixe lugar a nenhurna especie de tautologia. E, para levar ern conSocietes, 12:71 -89, mai 1974. ta os aspectos forrnais e de estrutura do espa<;o ern geral e do sistema NEKRASOV, N. T he Territorial Organization of Soviet Economy. Mosc ou, Progress, ----------- ----tu:bano,-as-no<;;-oes.-de..es.tr:.utu. r.a,-funfa0-e-fo.r:.ma.sao--£u-:ndamenta.i.s~Elas--· ______-19_7A...(.p_artic.ularm.ente_o.s_c.ap.f.tulQs._Le_6J.__________________________ ___________ PARISI, Licio . "Modo d e Producci6n y Metropolizaci6n en Chile y America Latiestarao no centro da interp r eta<;ao da evolus:ao e do presente espaciais. na" . Santiago, D EPUR, Universidade de Chile, dec. 1971. Assirn, serao consider ados paralelarnente: a sociedade, ern sua realida- . tPROUDHON, P.-J. Oeuvres Completes, !.(1840]. Paris, Librairie Internationale, . de e ern seu _IT.lovirnen.t_o ; o~. processos_ dessa . eyo_l~<;a<_?; as ativi<:fages___ _ ___ Lacroix, Ver:bo_ed;ovel}, _1866. > RoFMAN, Alejandro . D esigualdades Regionales y Concentraci6n Econ6mica, el atualmente localizadas no espa<;o; e os objetos de que essas atividades 0 Caso Argentino. Buenos Aires, SIAP/Planteos, 1974 . < dependern, isto e, as forrnas, analisadas atraves do seu aspecto mate_ _. Dependencia, Estrutura de Poder y Formaci6n Regional en America L ati"'>rial e de seus atributos tecnicos e sociais. 0 na, Buenos Aires, Siglo XXI, 1974. "' 0 A urbanizas;ao nada mais e que urn resultado de tais processos hisRoFMAN, Alejandro & RONIERO, L. A. "Primary Production, Export Production, and Distribution of Inco me in a Backward Region". Antipode, 9 (1) :78 -90, > toricarnente deterrninados, enquanto localiza<;ao geogra.fica seletiva das 19 77. 0 fors:as produtivas e das instancias sociais. 0 ()

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