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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012 - ANO XXVI - Nº 521 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

IMPRESSO ESPECIAL 1.74.18.2252-9-DR/SPI Unicamp

CORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Foto: Gustavo Mori

Estigmas na ‘geração pós-gay’ Página 2

Efeitos da DTM em crianças Página 4

O grau de felicidade de idosos Página 5

Notícias de um outro Brasil Página 6

Conforto (e sacolejo) no ônibus Página 7

Histórias do mestre Carlão Página 8

Equipamento médico sem falha Página 9

Adoniran e a metamorfose de SP Página 12

Coordenados pela professora Anete Pereira de Souza, cientistas do IB investigam a diversidade genética das plantas que compõem manguezais, em 13 pontos do país, com o objetivo de implantar um banco de dados que auxilie na preservação das espécies. O Brasil perdeu, entre 1983 e 1997, 46,4% da área original ocupada por manguezais. Página 3


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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012

Preconceito pode afetar saúde mental de adolescente homossexual, aponta tese Foto: Everaldo Silva

Transtorno depressivo maior e o risco de suicídio estão entre os fatores que mais preocupam especialistas

Ilustrações: Raphael Perez

MARIA ALICE DA CRUZ

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halice@unicamp.br

esquisa da Unicamp revela que fatores culturais podem fazer com que adolescentes com orientação homossexual tenham a saúde mental mais fragilizada que adolescentes heterossexuais. De acordo com a psicóloga Daniela Barbetta Ghorayeb, autora da tese “Homossexualidades na adolescência: saúde mental, qualidade de vida, religiosidade e identidade psicossocial”, orientada pelo professor Paulo Dalgalarrondo, o preconceito sofrido pelos adolescentes está entre um dos fatores de risco para a saúde mental. “Não podemos dizer que o preconceito é causa determinante de pior saúde mental, mas o identificamos como fator de risco”, diz Daniela. A psicóloga acrescenta que uma das finalidades desse estudo, assim como de outros dois, de mesmo desenho, desenvolvidos no Laboratório de Saúde Mental e Cultura da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é avaliar o impacto da discriminação na saúde mental de sujeitos de orientação homossexual. De modo geral, 40% dos adolescentes homossexuais manifestaram prevalência de transtornos mentais, contra 20% do grupo controle. O transtorno depressivo maior e o risco de suicídio estão entre os fatores preocupantes para os especialistas. De acordo com os resultados da pesquisa, obtidos em entrevistas realizadas

A psicóloga Daniela Barbetta Ghorayeb: “O adolescente que tem respaldo familiar pode sofrer menos fora de casa”

com adolescentes selecionados por Daniela, 35% dos sujeitos que se identificaram como homossexuais apresentaram transtorno depressivo maior em algum momento da vida. Entre entrevistados do grupo controle (heterossexuais), apenas 15% apresentaram depressão. Quanto ao risco de suicídio, 10% dos adolescentes homossexuais demonstraram tendência em algum período da vida. Daniela esclarece que o grupo

controle é pareado por idade, escolaridade e gênero. Se a formação da identidade naturalmente é algo complexo ao longo da adolescência, quando vem acompanhada de temor ao preconceito e às dificuldades nas relações sociais, pode tornar-se uma fase de sofrimento. De acordo com Daniela, especialista no atendimento a adolescentes, a busca por serviços de saúde mental é maior (62,5%) entre adolescentes homosse-

xuais. “O problema se acentua com as mudanças naturais ocorridas nesta fase da vida”, salienta. Mesmo apresentando uma porcentagem menor, a procura por cuidados especializados também é grande entre adolescentes heterossexuais (47,5%), conforme a pesquisa. Ela explica que quando decidiu estudar a homossexualidade na adolescência, partiu primeiramente da reflexão sobre a sexualidade nesta fase da vida de maneira geral. A

transformação do corpo da infância para a adolescência representa uma série de ganhos, mas também perdas e conflitos, como um sentimento de perda da condição infantil, segundo a pesquisadora. Num estudo anterior, realizado com adultos de orientação homossexual, Daniela descobriu que o impacto do preconceito na saúde mental é diferente entre homens e mulheres. Na própria cultura brasileira, o contato afetivo entre mulheres é visto com naturalidade, mas entre homens, sejam homo ou heterossexuais, o afeto é visto com preconceito. “Em nossa cultura, a proximidade física entre mulheres é vista como expressão de carinho apenas. Há uma relação mais afetiva. Quando se pensa em duas mulheres juntas é como se aquilo não fosse tão escandaloso. Existe uma tolerância maior do que em relação aos homens”, explica.

Família O acolhimento do adolescente homossexual por parte da família funciona como fator de proteção em relação ao preconceito. “É importante que a família aceite a diferença sem julgar, pois o adolescente que tem respaldo familiar pode sofrer menos fora de casa. Não se sente desconstruído como sujeito”, explica Daniela. Por outro lado, muitos manifestam o medo de a família sentir-se envergonhada por conta da orientação sexual. Quando decidem se assumir para a família, os adolescentes podem experimentar sentimento de menos valia, de acordo com o recente estudo. A psicóloga observou que 35% internalizam o sentimento de vergonha da orientação sexual a partir da suposição de que o outro está sentindo vergonha deles. “Eles tomam para si a vergonha que supõem causar no outro. Isso é chamado de internalização da homofobia. Assim como internalizamos coisas positivas e negativas que vêm das relações que estabelecemos, seja em família ou num grupo social. No sentido do preconceito, é como se a violência própria da homofobia se tornasse uma marca que pode fazer com que o sujeito sinta-se sempre à margem, rejeitado”, explica.

Especialistas falam em geração pós-gay Quem se dispõe a estudar adolescentes tem de estar preparado para surpresas, na opinião de Daniela. Nas entrevistas, um número grande dos entrevistados se recusou a responder sobre sua orientação sexual, por não quererem ser enquadrados em nenhum grupo. Segundo a psicóloga, eles são de uma geração que não aceita mais ser rotulada como gay, bissexual, homossexual, heterossexual, mas sim ser tratada como João, Maria, Beatriz, seja qual for o nome de batismo. Segundo o especialista inglês Philip Hammack, estudado por Daniela, esses adolescentes representam a geração “pós-gay”, que, ao contrário de adultos com orientação homossexual, não têm a sexualidade

como o cerne de suas identidades. “Esses adolescentes vivem numa atualidade que nos apresenta muitos e novos elementos no desenvolvimento e constante transformação da identidade. Como fator marcante tem-se a internet, por exemplo, que é um dos leques que se abrem”, declara Daniela. Para ela, do ponto de vista do desenvolvimento sexual e da liberdade de experimentação, as transformações da cultura constituem uma nova visão de mundo. A psicóloga espera que os resultados de seu trabalho, armazenados em um banco de dados eletrônico, sirvam para entender os fatores que afetam a saúde mental dos adolescentes, minimizar preconceitos e estereótipos

e valham como motivação para o desenvolvimento de futuros estudos. Segundo a psicóloga, a linha de trabalho do laboratório de Saúde Mental e Cultura lança mão de diversas áreas de conhecimento, como a antropologia social, integrando teorias e pesquisas, demonstrando com clareza a dialética que existe entre a formação do sujeito, sua saúde mental e sua inserção na sociedade. Daniela pontua que a homossexualidade foi tirada completamente do manual de classificação de transtornos mentais em 1986. “É assunto ainda difícil de tratar. Porque há pouco tempo, a ideia era outra”, reflete. Ela estima a necessidade de algumas décadas para que haja a mudança de paradig-

mas na sociedade, pois a psiquiatria brasileira ainda está no início de seus estudos associando saúde mental de homossexuais a fatores culturais. Em apresentação dos resultados do doutorado na Escócia e na Inglaterra, a pesquisadora observou a naturalidade dos especialistas ao se referir à homossexualidade. “O discurso deles flui de forma menos estigmatizada. No Reino Unido, há muita pesquisa sobre o assunto, então isso muda tudo. Ao contrário do que acontece no Brasil, as reações são diferentes quando se fala sobre o assunto”, reforça. Para ela, o conhecimento sobre as questões já diminui a ignorância e fornece para as pessoas a chance de repensar aquilo que tinham em mente.

O trabalho é importante não só para psicólogos ou psiquiatras, mas para todos os profissionais de saúde, que, conhecendo melhor essa população, podem cuidar melhor do paciente, na opinião da autora da tese. “Tendo informações e quebrando seu próprio preconceito em relação a essa população, este profissional tem condições de realizar o cuidado de forma mais sensível e completa”, deseja Daniela.

............................................................. ■ Publicação

Tese: “Homossexualidades na adolescência: aspectos de saúde mental, qualidade de vida, religiosidade e identidade psicossocial” Autora: Daniela Barbetta Ghorayeb Orientador: Paulo Dalgalarrondo Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM )

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manguezal

Foto: Gustavo Mori

Em socorro do

Manguezal do litoral sul de Pernambuco, no município de Tamandaré, ao sul de Recife Foto: Antoninho Perri

Análise de diversidade gera dados que podem subsidiar ações de preservação MANUEL ALVES FILHO

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manuel@reitoria.unicamp.br

m dos ecossistemas mais negligenciados tanto no Brasil quanto no restante do mundo, o manguezal está sendo objeto de uma pesquisa inédita e abrangente no país, conduzida por pesquisadores do Departamento de Biologia Vegetal do Instituto de Biologia (IB) e do Laboratório de Análise Genética e Molecular do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), ambos da Unicamp. Os cientistas estão investigando a diversidade genética das plantas que compõem esse ambiente, a partir de amostras coletadas desde o Norte até o Sul da costa brasileira. O objetivo é criar um banco de dados que possa subsidiar a tomada de decisões voltadas à preservação das espécies. “Queremos conhecer para poder preservar”, afirma a professora Anete Pereira de Souza, coordenadora do estudo. Segundo ela, assim que estiver concluído, o trabalho deverá integrar outras duas pesquisas, uma em nível continental e outra em âmbito mundial. Os manguezais são ecossistemas que funcionam como uma interface entre o mar e os rios que nele deságuam. São ambientes muito ricos em nutrientes, características que os tornam fundamentais ao desenvolvimento de grande número de espécies animais, algumas delas de interesse comercial, como robalos, mariscos e camarões. “Além de fornecer alimentos para peixes, moluscos e crustáceos, o manguezal também funciona como berçário para diversas espécies, que utilizam o local para depositar seus ovos. Ou seja, à medida que esse ambiente é degradado, toda essa fauna também é afetada de modo negativo”, explica Gustavo Maruyama Mori, doutorando que integra a equipe coordenada pela professora Anete. Foi o estudo proposto por ele que deu início à linha de pesquisa.

A professora Anete Pereira de Souza (à dir.) e os doutorandos Gustavo Mori e Patrícia Francisco: trabalho deverá se ampliado para as escalas continental e mundial

A proposta foi também abraçada pela professora Iracilda Sampaio, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pela pesquisadora Maria Imaculada Zuchi, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que integram o projeto desde a sua implantação. Posteriormente, a também doutoranda Patrícia Mara Francisco incorporou-se à equipe. Graças à ampliação e à relevância alcançada pelo trabalho, relata a professora Anete, foi que ele passou a integrar o projeto Biota Marinho/ Fapesp, o que lhe valeu novos investimentos, seja na concessão de bolsas de estudos, seja no financiamento de viagens para a realização de coletas de materiais ou participação em eventos científicos nacionais e internacionais. A preocupação em analisar a diversidade genética dos manguezais, diz Patrícia Francisco, vem da constatação de que esses ecossistemas vêm sendo destruídos ao longo dos últimos anos, em grande parte por causa da ação do homem. Dados disponíveis indicam que o Brasil, considerado o segundo país em extensão de florestas de mangue, perdeu entre os anos de 1983 e 1997 praticamente metade (46,4%) da área original ocupada por esse ambiente. “Isso ocorre, entre outras coisas, por causa da pressão imobiliária. É comum vermos condomínios sendo construídos em áreas próximas ou originalmente ocupadas por manguezais. Uma das consequências dessa ação é alteração da chegada da água ao ecossistema. Isso, por sua vez, reduz a oferta de crustáceos e pescados, que são fonte de alimentação e renda de muitas famílias. Estas, por sua vez, são

forçadas a migrar para a periferia das médias e grandes cidades, em busca de alternativas de sobrevivência. Ou seja, ao destruirmos o manguezal nós não estamos agredindo apenas a natureza, mas também gerando problemas sociais muito complexos”, adverte Gustavo Mori. Para desenvolver a investigação em torno da diversidade genética dos manguezais brasileiros, os dois doutorandos coletaram amostras de 13 pontos ao longo do litoral, desde a Ilha de Marajó, no Pará, até o Estado de Santa Catarina. Estão sendo analisadas cinco das seis espécies de árvores de mangue encontradas no país. Os instrumentos de análise são os marcadores moleculares. Conforme Gustavo Mori, os resultados preliminares apontam para uma divisão muito clara a partir do Rio Grande do Norte. Assim, em direção ao Norte são encontradas, dentro das espécies de mangue, populações muito diferentes, em termos genéticos, das identificadas ao Sul. “Essa divisão pode ser influenciada por uma corrente marítima que vem da África, e se divide em corrente do Caribe e corrente do Brasil”, aventa Gustavo Mori. Esse tipo de informação genética sobre os manguezais brasileiros, que até então era desconhecida pela ciência, é de fundamental importância para orientar medidas de preservação desse ecossistema, como destaca a professora Anete. De acordo com ela, não basta coletar indivíduos de uma floresta e transplantá-los para outra, com o intuito de recompor uma área degradada. Muitas vezes, acrescenta Gustavo Mori, plantas de manguezais próximos

também são geneticamente muito distintas. “Nós verificamos isso nas análises que fizemos de amostras coletadas em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, e Cananéia, no Litoral Sul”, esclarece o doutorando. “Se translocarmos indivíduos muito diferentes de um manguezal para outro, não estaremos fazendo reflorestamento, mas sim criando algo novo. Além disso, ninguém sabe o que poderá acontecer ao longo do tempo com as plantas diferentes que foram transplantadas. Afinal, um conjunto de alelos específico e selecionado localmente ao longo de milhares de anos é indispensável para que uma dada população se mantenha num determinado local. Translocar sem levar esse dado em consideração pode levar à extinção da floresta, visto que os indivíduos introduzidos podem não ter a variabilidade genética necessária para se adaptar ao novo local, se desenvolver e se multiplicar ali”, complementa a professora Anete. A grande contribuição do trabalho, no entender dos pesquisadores, deverá ser justamente na área de genética de conservação. “Nosso objetivo é fornecer subsídios para que os gestores públicos e organizações não governamentais adotem medidas corretas para a recomposição de manguezais degradados. Aliás, nós já temos mantido contato com pessoas do Rio de Janeiro e Ceará, que trabalham com o manejo de parques estaduais. No Rio, por exemplo, temos falado com o pessoal que atua na área da Baía de Guanabara, onde será construído um complexo petroquímico por causa da exploração do petróleo do pré-sal. Nas proximidades, há uma área rema-

nescente de mangue, que precisará ser reflorestada. A partir dos nossos estudos, poderemos indicar para eles quais conjuntos de plantas que podem servir a essa recomposição”, relata Gustavo Mori.

Para o mundo Assim que a pesquisa for encerrada, adianta a professora Anete, ela deverá dar margem a outra, esta de amplitude muito maior. “Queremos investigar a diversidade genética dos manguezais no Hemisfério Ocidental. Para isso, vamos utilizar as informações já disponíveis em bancos de dados, como as relativas às áreas do Caribe, do Pacífico e de alguns pontos da África. Com elas, poderemos complementar nossos dados e estabelecer parâmetros de comparação. Um dos objetivos é descobrir se e quanto a ação do homem tem influenciado na variabilidade genética das plantas do mangue”, adianta Gustavo Mori. Além desse projeto, há outro, ainda em fase de negociação, que planeja elevar os estudos para o âmbito mundial. “Recentemente, participamos de dois congressos científicos internacionais, nos quais conhecemos grupos que trabalham com o mesmo tema na Indonésia e no Japão. Em julho próximo, vamos participar de um evento mundial no Sri Lanka, que tratará de assuntos como ecologia, funcionamento e manejo de manguezais. Na oportunidade, vamos conversar com outros pesquisadores interessados nesse ecossistema, que tem sido negligenciado em todo o planeta. Nosso propósito será estabelecer uma rede de cooperação internacional para analisar como está a diversidade genética dessas plantas em ampla escala”, diz Gustavo Mori. De acordo com a professora Anete, as pesquisas em torno da diversidade genética dos manguezais deverão abrir perspectivas para o desenvolvimento de trabalhos semelhantes, mas voltados a outros ecossistemas igualmente ameaçados. “Um caso clássico é o Cerrado brasileiro, ambiente muito importante para inúmeras espécies vegetais e animais e também para o homem. Esse bioma vem perdendo espaço para as atividades de agricultura e pecuária. Também nesse caso, poderíamos contribuir para orientar eventuais ações de reflorestamento”, infere. Conforme a docente, estudos do tipo dão uma satisfação especial para os cientistas, pois eles podem ver os resultados de suas investigações aplicados em benefício da natureza e, consequentemente, da sociedade. “Como agrônoma de formação, gosto de ver as coisas acontecendo”, pontua.


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Estudo demonstra efeitos de disfunção em crianças Fotos: Divulgação

Pesquisa foi feita com alunos de nove escolas da rede pública de Piracicaba ISABEL GARDENAL

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bel@unicamp.br

ese de doutorado sobre fatores associados à qualidade de vida na saúde bucal mostrou que alunos de nove escolas da rede pública de Piracicaba, na faixa etária de 8 a 14 anos, podem estar sendo afetados por sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM). Tal disfunção, a qual acomete a articulação temporomandibular e os músculos faciais, normalmente ocasiona dor. A pesquisa também apontou que fatores emocionais como ansiedade e depressão, medidos por meio de questionários, interferiram na qualidade de vida desses avaliados. Além do mais, evidenciou que a inclusão de uma medida objetiva para avaliar o estresse – quantificação do cortisol na saliva – não esteve propriamente associada com a pior qualidade de vida e sim com a presença de sinais e sintomas de DTM bem como o avanço da idade. A amostra somou dados de 547 entrevistados. Estas conclusões integram a tese da odontopediatra Taís de Souza Barbosa, defendida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e orientada pela docente Maria Beatriz Duarte Gavião. Os resultados geraram a divulgação de dois trabalhos científicos, que foram publicados nos periódicos internacionais Health and Quality of Life Outcomes de 2011 e Oral Disease deste ano. O terceiro artigo foi submetido ao Journal of Clinical Epidemiology. Os três trabalhos pretendiam ampliar o conhecimento sobre os fatores associados à qualidade de vida impactada pelas doenças e pelas alterações bucais, como cárie, maloclusão e DTM. A ideia era compreender melhor o comprometimento do dia a dia em função destas condições, bem como atuar na prevenção. Primeiramente, para fazer as avaliações, a autora adotou questionários originalmente concebidos por pesquisadores canadenses, que foram adaptados e traduzidos para o português ao longo da dissertação de mestrado, denominados Child Perceptions Questionnaires (CPQ). Esses questionários são específicos para as faixas etárias de oito a dez anos (CPQ8-10) e de 11-14 anos (CPQ11-14), respeitando o desenvolvimento cognitivo destes indivíduos. A amostra foi dividida nesses dois grupos etários – no de crianças e no de pré-adolescentes. A qualidade de vida dos escolares foi retratada a partir de quatro domínios de saúde: sintomas orais, limitações funcionais, bem-estar emocional e bem-estar social. “Concluímos que as crianças e pré-adolescentes que apresentavam sinais e sintomas de DTM mostraram qualidade de vida afetada nesses quatro aspectos”, realça Taís. Como instrumentos clínicos, a pesquisadora utilizou os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliar cárie e maloclusão, e o instrumento Research Diagnostic Criteria, que avalia sinais e sintomas da DTM, abrangendo

Quantificação de cortisol: associada à presença de sinais e sintomas de DTM e ao avanço da idade

vendo as estruturas intra-articulares, comenta a pesquisadora, a DTM poderia levar a processos inflamatórios em que a artrite e a artrose poderiam acontecer, descreve ela. “Logo, a avaliação e o diagnóstico precoce propiciariam evitar maiores comprometimentos na fase adulta”, pondera, já que a disfunção pode inclusive promover consequências psicossociais, tema discutido no primeiro artigo. “Nos indivíduos avaliados, notamos maior comprometimento dos aspectos emocional e social, por conta justamente da dor.”

A professora Maria Beatriz Duarte Gavião (à esq.), orientadora, e Taís de Souza Barbosa, autora da tese: pesquisa inédita

todos os aspectos, dos movimentos da boca à musculatura da face e do pescoço. De acordo com a autora da tese, esta foi a primeira vez a ser utilizado um instrumento específico de qualidade de vida relacionada à saúde em crianças e pré-adolescentes com

sinais e sintomas de DTM. No estudo, verificou-se que escolares com a disfunção apresentaram sintomatologia “dolorosa” (referente à dor muscular), limitações funcionais (relacionadas à limitação na abertura da boca) e dificuldades de mastigação. Nos casos mais graves, envol-

Outras variáveis O objetivo do segundo artigo foi investigar os fatores associados à qualidade de vida na saúde bucal desses indivíduos. Então, além da condição clínica do paciente, com problemas como cárie, maloclusão e sinais e sintomas de DTM, observou-se que fatores sociodemográficos, como o sexo feminino, por exemplo, podem interferir na qualidade de vida dos avaliados. “Nessa investigação, incluímos variáveis psicológicas pela primeira vez, como sintomas de ansiedade e de depressão, para verificar se haveria influência direta na qualidade de vida. Notamos que a qualidade de vida relacionada à saúde bucal foi afetada em crianças ansiosas e em pré-adolescentes depressivos”, constata a pesquisadora. No terceiro artigo, foi investigada a variável fisiológica – o cortisol, considerado o “hormônio do estresse”. Ela é medida por meio da sua quantificação na saliva, um método simples e eficaz que praticamente retrata a concentração do cortisol no sangue. A intenção da autora era avaliar mais uma variável psicológica, mas desta vez não por meio de questionários (como foi avaliada a ansiedade e a depressão), mas usando dados objetivos. Não houve associação entre o cortisol salivar

(que seria o biomarcador do estresse) e a qualidade de vida destes indivíduos. Entretanto, o aumento na idade e a presença de sinais e sintomas de DTM estiveram ligados a maiores concentrações de cortisol, corroborando outros estudos da literatura. Agora, como o estudo da odontopediatra foi do tipo transversal, justifica ela, a coleta foi feita num único momento e, deste modo, trouxe uma incerteza: a percepção das crianças e dos pré-adolescentes sobre qualidade de vida influenciaria os níveis de ansiedade e depressão ou vice-versa? A pesquisadora acredita que os fatores psicológicos realmente poderiam influenciar essa percepção, ressaltando a necessidade de estudos longitudinais para confirmar tais achados.

Avaliação precoce Na sua tese ainda, Taís procurou enfatizar a relevância de se fazer uma avaliação precoce, isso a partir dos oito anos, uma vez que a prevalência da DTM aumenta com a idade, tanto que ela foi mais notada no grupo de pré-adolescentes de 11 a 14 anos do que no grupo de oito a dez anos. O ideal é que esta avaliação ocorra ainda na fase escolar, aconselha. Como tem sido verificado que a DTM também pode mostrar interação com fatores psicológicos, afirma a odontopediatra, é importante encaminhar pacientes que apresentem esses indícios para um atendimento mais específico. O bruxismo, por exemplo, recorda Taís, está muito relacionado com a DTM e os fatores psicológicos. Por isso, ao se notarem os seus primeiros sinais – que são dores de cabeça frequentes e dor muscular na face –, aconselha-se procurar ajuda profissional especializada. Os estalos nas articulações temporomandibulares são sintomas dos mais frequentes em pacientes com a disfunção. Ocorrem devido ao errado posicionamento da cartilagem, que está se deslocando para cima do côndilo abruptamente, quando o paciente abre a boca. E este estalo pode ou não vir acompanhado de dor. A conduta para o diagnóstico de DTM deve ser, portanto, bastante criteriosa, exigindo parecer de um dentista. A doença via de regra é descoberta através de radiografia ou de ressonância magnética. A autora da tese salienta que a DTM pode ser curável, porém quando descoberta a sua causa. O uso das placas de silicone é bastante encorajada neste particular, por ser capaz de reposicionar a mandíbula. Ao invés de ser apertada, é possível utilizá-las mais ‘afrouxadas’, de modo a se alcançar o relaxamento dos músculos. “A qualidade de vida desse paciente melhora sensivelmente, porque ele já consegue acordar sem dor no dia seguinte”, destaca.

.............................................................. ■ Publicações

- Barbosa TS, Leme MS, Castelo PM, Gavião MB. Evaluating oral health-related quality of life measure for children and preadolescents with temporomandibular disorder. Health Qual Life Outcomes, 2011 May 12; 9:32. - Barbosa T, Castelo P, Leme M, Gavião M. Associations between oral health-related quality of life and emotional statuses in children and preadolescents. Oral Dis. 2012 Feb 4. doi: 10.1111/j.16010825.2012.01914.x. [Epub ahead of print] - Barbosa TS, Leme MS, Castelo PM, Gavião MB. Factors associated with oral health-related quality of life in children and preadolescents. Submetido ao periódico Journal of Clinical Epidemiology, 2012. Tese: “Avaliação da saúde bucal, qualidade de vida e fatores associados em crianças e préadolescentes” Autora: Taís de Souza Barbosa Orientadora: Maria Beatriz Duarte Gavião Unidade: Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) Financiamento: Fapesp

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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012

5 Foto: Antonio Scarpinetti

Pesquisadora usou questionário que avalia a qualidade de vida de pacientes e de populações

Tese avalia bem-estar, sono e saúde de idosos Foto: Antoninho Perri

Levantamentos feitos em Campinas e em 3 regiões do Estado de SP fundamentaram artigos EDIMILSON MONTALTI

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divulga@fcm.unicamp.br

ese de doutorado desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) avaliou o estado e os comportamentos de saúde, a duração do sono e o sentimento de felicidade de idosos de Campinas e de outras três regiões do Estado de São Paulo. No quesito felicidade, 77,2% dos idosos de Campinas disseram sentir-se felizes. A saúde foi o aspecto que mais pesou no sentimento de felicidade de homens e mulheres acima de 60 anos. Outro ponto inédito foi a relação da duração do sono com a qualidade de vida em saúde. A tese rendeu três artigos, um dos quais já publicado. De acordo com a educadora física Margareth Guimarães Lima, cada artigo é um recorte dentro da tese de doutorado “Qualidade de vida em saúde e bem-estar subjetivo em idosos. Um estudo de base populacional”, defendida por ela no programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A orientadora foi a professora e médica epidemiologista Marilisa Berti de Azevedo Barros. O primeiro artigo avalia a atividade física, o consumo de bebida alcoólica e o tabagismo como comportamentos relacionados à saúde. Para este estudo, foram entrevistados 1.958 idosos residentes em Botucatu, Campinas, Itapecerica da Serra, Embu, Taboão da Serra e região da subprefeitura do Butantã, de São Paulo. A pesquisadora usou os dados do Inquérito Multicêntrico de Saúde no Estado de São Paulo (Isa-SP) de 2001 e 2002. Nos outros dois artigos, Margareth avaliou a duração do sono e a percepção do sentimento de felicidade a partir de entrevistas com 1.431 idosos residentes apenas em Campinas. Para

A professora Marilisa Berti de Azevedo Barros (à esq.), orientadora, e Margareth Guimarães Lima, autora da tese: indicadores podem nortear políticas públicas

estas pesquisas, ela utilizou os dados do Inquérito de Saúde do Município de Campinas (Isacamp) de 2008. O primeiro artigo já foi publicado na Revista de Saúde Pública e os outros dois acabam de ser submetidos. A pesquisadora utilizou o questionário SF-36 (The medical outcomesstudy 36-item short-formhealthsurvey) para as entrevistas. Ele mede em escalas a capacidade funcional, dor, vitalidade, saúde metal, aspectos de limitação física, emocional e social, avaliando a qualidade de vida em saúde de pacientes e de populações. Margareth é a primeira autora no Brasil a publicar resultados de pesquisas com idosos, em base populacional, usando o SF-36. “Na cidade de Campinas, o Isacamp 2008 incorporou o questionário SF-36 também em adultos. A intenção é aplicá-lo novamente no Isacamp 2013. Os dados são riquíssimos para pesquisa”, comentou Margareth.

Exercício, tabaco e álcool De acordo com a primeira pesquisa realizada com os idosos, 71% dos entrevistados não praticavam atividade física no lazer, 12% eram fumantes e 25% ingeriam bebida alcoólica ao menos uma vez por semana. Apenas 13,6% dos idosos não apresentavam nenhuma das doenças crônicas pesquisadas, enquanto 45,8% apresentavam três ou mais. A análise dos dados também revelou que entre os idosos que praticavam atividade física no lazer, a caminhada era o exercício mais praticado (79%). A maior prevalência de sedentarismo e número de morbidades foi encontrada nos idosos do sexo feminino, com menor escolaridade e renda mais baixa.

Em relação ao tabagismo, verificou-se o maior percentual de fumantes no sexo masculino com 60 a 69 anos, empregados e com renda menor do que um salário mínimo. Entre os ex-fumantes, 2% haviam deixado de fumar há menos de um ano, 17% entre um e cinco anos e 81%, há mais de seis anos. Quanto à ingestão de bebidas alcoólicas, a prevalência foi maior entre os homens com idade entre 60 a 69 anos, com maior nível de escolaridade e com nenhuma das morbidades incluídas no checklist do inquérito. As bebidas mais consumidas pelos idosos foram: cerveja (53%), vinho (24%) e aguardente de cana (7%). “Este estudo mostra que a prática de atividade física associa-se a melhores condições de saúde nas oito dimensões avaliadas pelo SF-36, principalmente nos aspectos físicos e capacidade funcional do idoso. Essa associação é observada incluindo os idosos que são insuficientemente ativos. Os idosos que ingeriram bebida alcoólica moderadamente, pelo menos uma vez por semana, apresentaram melhores condições de saúde. Já os fumantes apresentaram o pior estado de saúde em escalas do componente mental – depressão e ansiedade”, explicou Margareth.

Duração do sono O ciclo circadiano é um período de aproximadamente 24 horas que funciona como um ciclo biológico, regulando o corpo dos seres vivos segundo a luz solar. Problemas ou distúrbios do sono são comuns na população. Dentre eles, estão a insônia, a apneia, a narcolepsia (excesso de sonolência diurna e anormalidades do

sono REM), o bruxismo, a síndrome das pernas inquietas, entre outros. O sono de boa qualidade e em quantidade adequada, segundo alguns estudos, além de atuar na restauração diária, melhora o humor e pode prevenir acidentes em decorrência de ser benéfico para a memória e a concentração. Este estudo analisou os dados da população de Campinas com 60 anos ou mais que respondeu a questão “Quanto tempo, em média, você passa dormindo em dia de semana? E em dia de final de semana?”, do Isacamp de 2008. Foram entrevistados 1.418 indivíduos com idade média de 69,5 anos, sendo que 56,9% deles eram mulheres. De acordo com os resultados, 56% dos idosos mantêm um padrão de sono entre sete a oito horas, sendo que 20,5% e 23,3% dos idosos dormem seis horas ou menos e nove horas ou mais, respectivamente. A pesquisa detectou que a duração do sono diferente de sete a oito horas se associa a um pior estado de saúde, de maneira um pouco diferente entre os sexos. Segundo o tempo de sono, o padrão de sono curto, de seis horas ou menos, esteve associado às piores condições de saúde mental em ambos os sexos, comparando com o padrão de sono médio, de sete a oito horas. O padrão de sono longo, maior que dez horas, associou-se negativamente na população masculina com todas as escalas do SF-36. Nas mulheres, a duração do sono entre nove e dez horas ou mais, associou-se, respectivamente, às piores condições de capacidade funcional e saúde mental. No Brasil, são escassos os estudos em base populacional sobre a duração do sono. A maioria dos estudos é voltada aos distúrbios do sono. No mundo todo, segundo Margareth, há apenas um outro estudo já publicado sobre a relação do tempo de sono com as escalas avaliadas pelo SF-36, em idosos. “O sono de boa qualidade e em quantidade adequada, além de atuar na restauração diária, melhora o humor e pode prevenir acidentes em decorrência de ser benéfico para a memória e a concentração. Esta pesquisa contribui para o avanço do conhecimento sobre esta questão, ao analisar como está o sono na população idosa de Campinas e detectar que o excesso ou a privação do sono associam-se à pior saúde do idoso”, explicou a pesquisadora.

Felicidade O sentimento de felicidade constitui um dos indicadores de bemestar que tem, recentemente, recebido atenção no campo da investigação

científica da saúde. Ele pode ser um indicador fundamental para completar os indicadores objetivos de qualidade de vida, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a expectativa de vida saudável. Margareth buscou detectar os fatores demográficos, socioeconômicos, de comportamentos e estado de saúde que se associam ao sentimento de felicidade nas últimas quatro semanas na população idosa de Campinas. Ela utilizou também os dados do Isacamp de 2008. De acordo com a pesquisa, 35,4% dos idosos disseram que se sentiam felizes o tempo todo; 41,8% disseram que se sentiam felizes a maior parte do tempo; 14,5%, em alguma parte do tempo; e 7,2%, em pequena parte do tempo. Entre os idosos que responderam que não se sentem felizes o tempo todo, estão os viúvos, os obesos, os que dormem mal e com um padrão de sono superior a dez horas. Já entre os 35,4% de idosos que responderam que se sentem felizes o tempo todo, a pesquisa apontou que estes campineiros trabalham, ingerem bebida alcoólica ocasionalmente, praticam pelo menos alguma atividade física, consomem frutas, legumes e verduras todos os dias e têm uma percepção da própria saúde como excelente ou muito boa. “O sentimento de felicidade pode motivar o engajamento em comportamentos mais saudáveis. Independentemente da situação socioeconômica ou cultural, o fator saúde é o que mais pesou no sentimento de felicidade para o idoso de Campinas”, disse Margareth. “O uso de um indicador como este permite que se avalie o atendimento da meta final que as ações de saúde procuram: o bem-estar das pessoas e da população. E a pesquisa mostra que o sentimento de felicidade está fortemente relacionado com o sentir-se saudável. Desta forma, este indicador é importante para direcionar as políticas públicas de saúde”, disse Marilisa Berti, orientadora das pesquisas.

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Artigo LIMA, MG; BARROS, MBA ; CÉSAR CLG ; CARANDINA, L. ; GOLDBAUM M ; ALVES MCGP . Health-related behavior and quality of life among the elderly: a population-based study. Revista de Saúde Pública 2011;(45): 485-93. Tese: “Qualidade de vida em saúde e bem-estar subjetivo em idosos. Um estudo de base populacional” Autora: Margareth Guimarães Lima Orientadora: Marilisa Berti de Azevedo Barros Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)

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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012

Páginas de uma nova nação Tese mostra a importância dos jornais no período que antecedeu a Independência do Brasil

Fotos: Divulgação

ISABEL GARDENAL

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bel@unicamp.br

imprensa contribuiu para transformar o Brasil-colônia em uma nação, principalmente em razão dos periódicos que surgiram após 2 de março de 1821, data do primeiro decreto da Liberdade de Imprensa no Brasil. Eles colaboraram inclusive para reconhecer o papel de protagonismo do jornalista em sua função de autoria. Estas e outras conclusões estão presentes na tese de doutorado de Giovanna Benedetto Flores, defendida no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Segundo a pesquisadora, depois de tal decreto, que suspendeu a censura prévia, observou-se uma proliferação de jornais no país, saltando de três em 1811 para 16 somente no Rio de Janeiro. Esse decreto, apura ela, somente foi possível porque havia um processo de emancipação acontecendo anteriormente ao retorno de D. João VI a Portugal. “A relação com a independência na verdade já estava se constituindo, e o decreto fez parte das condições de produção que reafirmaram e sustentaram o processo”, conclui Giovanna, fazendo uma longa investigação nos documentos de época, encontrados no Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Giovanna relembra que a história da imprensa brasileira está diretamente relacionada com a colonização portuguesa, a vinda da Corte real para o Brasil e a instalação da Imprensa Régia em 1808. Com o centro do poder transferido de Lisboa para o Rio de Janeiro, começaram a circular na nova metrópole os primeiros jornais – o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro. Se a vinda da Corte não produziu automaticamente um discurso jornalístico brasileiro, mas sim a presença de uma imprensa brasileira, o que as análises feitas por Giovanna, orientada pela pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb) Claudia Pfeiffer, foram mostrando é que, justo nos periódicos que foram editados na passagem de 1821 para 1822, havia um movimento em que se materializava a fundação de uma posição destacada do jornalista brasileiro. Giovanna, também jornalista, procurou compreender, com a ajuda da análise do discurso, como a imprensa colaborou para a relação entre Brasil e Portugal no projeto de independência. “Quis entender o sentido de nação, independência e liberdade nos periódicos da época”, explica.

Peculiaridades O historiador Nelson Werneck Sodré, expõe a autora, relatou que a instalação da tipografia no Brasil se deu por “acaso”, quando um dos membros da Corte mandou transportar equipamentos no porão do navio que utilizou para a fuga de Portugal. Ao chegar, mandou instalá-los na sua própria casa. Desse modo, a vinda da família real trouxe para a colônia avanços culturais, como a impressão de livros e folhetins, o que contribuiu para a institucionalização da língua dos portugueses, a qual foi imposta para dominação, por meio de escrita. De acordo com a literatura, a transferência da família real portuguesa para o Brasil deslocou em torno de 15 mil portugueses para a nova sede da Coroa portuguesa. A doutoranda ficou admirada diante do crescimento repentino dos periódicos brasileiros após o decreto de 1821. Para ela, o número se tornou bastante significativo, sobretudo no Rio de Janeiro, para

Reproduções de capas de jornais da época: decreto da Liberdade de Imprensa culminou na proliferação de títulos

A jornalista Giovanna Benedetto Flores, autora da tese: mergulho nos jornais do início do século XIX

LINHA DO TEMPO

uma população que nesse período era de cerca de 100 mil pessoas, na maioria iletrada. Os cinco periódicos que mais saltaram aos olhos de Giovanna foram O Espelho, O Conciliador do Reino Unido, Reverbero Constitucional Fluminense, Correio do Rio de Janeiro e O Macaco Brasileiro. À exceção do Correio do Rio de Janeiro, feito por um comerciante que morava há mais de 20 anos no país, os periódicos eram produzidos por brasileiros, mas que estudaram em Coimbra e Lisboa, os quais tinham a posição do rei. Esse comerciante foi o primeiro redator a falar que não adiantava ter independência sem liberdade. Também foi ele, João da Silva Lisboa, o primeiro

redator a ser processado pela Lei de Imprensa. Comentavam que se tratava de uma pessoa de pouca instrução, tanto que toda a crítica feita a ele girava em torno dessa questão. O Espelho, como o nome sugere, era um reflexo da própria Corte. O Conciliador do Reino Unido era de propriedade do censor da corte (Visconde de Cairu) e foi criado um dia antes do decreto. Era o redator do jornal e mostrava-se contrário à Independência do Brasil, por achar que o país não estava preparado para ser uma nação, defendendo a monarquia e a dependência de Portugal. O Reverbero Constitucional Fluminense era editado pela Maçonaria através de Cunha Barbosa e Joaquim Gonçalves

Ledo, um dos promotores do Dia do Fico. Os dois eram grão-mestres e foram eles que apresentaram a D. Pedro essa sociedade. O jornal combatia os interesses dinásticos portugueses e reivindicava a constituição de um governo liberal. Almejava uma independência aos moldes de Portugal, mas não total. Queriam a monarquia constitucional. O Correio do Rio de Janeiro também lutava pela liberdade. Era o jornal que mais enfrentava D. Pedro, chegando a argumentar que não adiantava adotar um conselho de procuradores no país. O povo tinha que falar. Foi assim que o periódico conseguiu reunir mais de seis mil assinaturas da “Representação”, abaixo-assinado pedindo a eleição direta

para a Assembleia Constituinte. Por isso teve um papel destacado na época, por não concordar com a monarquia constitucional como regime de governo. Agora, de acordo com Giovanna, o mérito da sua tese foi descobrir como atuava O Macaco Brasileiro. O jornal teve vida curta, durando apenas os meses de junho a agosto de 1822. Contudo, esse tempo foi mais que suficiente para divulgar 16 números e a sua filosofia. Diferia dos demais contemporâneos pelo tom coloquial, mesmo ao abordar temas sérios. Escrito em metáforas, esse jornal debochava da situação política do momento. Usava a primeira pessoa para dialogar com os leitores, produzindo uma diferença na escrita dos periódicos de então. Com essa característica, inaugurou a crônica jornalística, que tinha em sua base o acontecimento do decreto de 1821. A pesquisadora também contrapôs historiadores da imprensa no Brasil como por exemplo Sodré, que definia O Macaco Brasileiro como um jornal ligado à Corte. Para ela, tratava-se de dar voz ao povo brasileiro por meio de “um macaco preso ao cepo que não podia falar e que, a partir do decreto, conseguiu. Este foi um acontecimento discursivo que fundou o jornalismo brasileiro, porque falou diferente, ao contrário da imprensa, que já existia e era portuguesa. Houve, assim, uma ruptura com Portugal em termos de jornalismo”, assegura. Um aspecto curioso da tese de Giovanna foi que se deparou com muitos jornais desconhecidos para ela. Conta que iniciou o projeto pensando em refletir só sobre a questão da independência, porém não tinha certeza dos periódicos que iria avaliar. Garimpando 11 jornais, acidentalmente notou O Macaco Brasileiro, que lhe chamou a atenção pelo nome. Também interessou-se pelo Correio do Rio de Janeiro pois o redator falava em liberdade, tinha sido preso e morreu em uma emboscada. O contexto histórico do período, rememora a autora, era de dependência de Portugal. O momento era a assinatura do decreto de 2 de março, pois em 26 de fevereiro tinha havido uma manifestação no Rio de Janeiro que reivindicava uma Constituição de fato brasileira. Portugal queria impor sua posição. D. João VI enviou D. Pedro para acalmar os ânimos. E ele prometeu liberdade de imprensa. A propósito, a Maçonaria, que tinha sido fechada por D. João, teve grande contribuição nesse processo, sendo reaberta. D. Pedro empenhou, entre outros direitos, liberdade de imprensa aos revoltosos, fato que ocorreu a partir de 9 de março, ao serem promulgadas as bases da Constituição, reconhecendo a liberdade de pensamento como “um dos mais preciosos direitos do homem”. Pelo decreto, que começou a vigorar em julho daquele ano, todo cidadão podia manifestar sua opinião, desde que respondesse pelo abuso de tal liberdade. Conforme Giovanna, houve uma íntima relação entre o jornalismo dos primeiros anos e a formação do conceito de nação, por ser impossível existir independência sem liberdade de expressão. Ela exemplifica. Para O Espelho, a nação era a Corte, independentemente de ser em Portugal ou no Brasil. Para O Conciliador, nação e liberdade não coexistiam. Somente podia ser nação quando baseada no Estado, que determinava o que podia ser dito. O povo não tinha noção do que era ter liberdade. Para o Reverbero, independência era a monarquia constitucional. Para o Correio, liberdade representava a República; não adiantava ter uma monarquia constitucional; e era preciso outro Estado de Direito. Para O Macaco, independência era liberdade. Graças a esse jornal, por fim, conseguiu-se materializar o projeto de fundação do jornalismo brasileiro, aponta a jornalista.

.............................................................. ■ Publicação

Tese: “A fundação e o funcionamento do discurso jornalístico brasileiro: os sentidos de nação, liberdade e independência (1821-1822)”. Autora: Giovanna Gertrudes Benedetto Flores Orientadora: Claudia Regina Castellanos Pfeiffer Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

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Tecnologia mede grau de conforto oferecido pelo transporte coletivo

Fotos: Antoninho Perri

Operadoras e prefeituras podem ter mapa sobre qualidade das viagens realizadas MANUEL ALVES FILHO

U

mauel@reitoria.unicamp.br

ma tecnologia desenvolvida para a dissertação de mestrado do engenheiro eletrônico Juan Camilo Castellanos Rodriguez promete oferecer dados precisos e objetivos sobre a qualidade do transporte coletivo das cidades brasileiras, principalmente as de médio e grande porte. Sob a orientação do professor Fabiano Fruett, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, Rodriguez concebeu um sistema embarcado capaz de detectar perturbações no conforto dos passageiros relacionadas com a movimentação de um veículo. O instrumento mede a aceleração do veículo e capta a posição geográfica e temporal dos eventos produzidos pelo modo de dirigir do motorista ou pela presença de estruturas e defeitos nas vias, como lombadas e buracos. Toda vez que o ônibus retorna à estação inicial ou terminal, as informações acumuladas são transmitidas automaticamente para um computador central utilizando um dispositivo de comunicação sem fio, via rádio. “Com isso, as operadoras e as prefeituras podem ter, ao final de cada percurso, um mapa sobre qualidade das viagens realizadas”, explica o docente. Rodriguez contou com bolsa de estudo concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A ideia principal do trabalho, conta o professor Fruett, era desenvolver uma tecnologia com esta aplicação específica. O grande desafio, segundo ele, era chegar a um instrumento que pudesse monitorar a qualidade do transporte público com eficiência, mas que tivesse baixo custo. “Penso que alcançamos o objetivo. Pelos nossos cálculos, um equipamento desses, que conta com componentes vendidos comercialmente, custaria hoje no mercado algo em torno de R$ 200”, estima o docente, lembrando que não existe tecnologia assemelhada no país focada neste tipo de avaliação. “Temos algumas notícias de instrumentos com um ou outro recurso presente na nossa tecnologia, mas eles são produzidos fora do Brasil, são muito mais caros e não têm exatamente a mesma aplicação”, acrescenta. De acordo com Rodriguez, o sistema embarcado possui um acelerômetro, um módulo de posicionamento global (GPS), um sistema de comunicação via rádio e um cartão de memória SD, o mesmo usado por câmeras fotográficas digitais, que armazena os dados. Com base na norma internacional ISO 2631, estabelecida a partir de estudos empíricos, o sistema é aferido para medir determinados limiares de conforto, relacionados aos fatores dinâmicos dos veículos. Assim, entre as variáveis levadas em consideração estão o nível de aceleração (horizontal e vertical), a vibração causada pela aceleração e o jerk, evento que pode ser traduzido como uma arrancada ou uma freada abrupta. A avaliação segue uma escala que vai de zero a cinco.

O protótipo feito na FEEC: sistema mede a aceleração do veículo e capta a posição geográfica e temporal dos eventos produzidos pelo modo de dirigir do motorista ou pela presença de estruturas e defeitos nas vias

O professor Fabiano Fruett (à esq.) e seu orientado, Juan Rodriguez: objetivo foi desenvolver instrumento preciso e com baixo custo

Quanto mais alta a nota, maior a qualidade do percurso. O autor da dissertação conta que o instrumento foi validado nos ônibus que cumprem a linha circular interna do campus da Unicamp, localizado no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP). “Os pontos de maior desconforto que nós identificamos foram as valetas presentes nas vias, que servem ao escoamento das águas da chuva. Nos ensaios, nós também contamos com a participação de usuários, que foram orientados a acionar um dispositivo toda vez que sentissem um desconforto durante a viagem. O que pudemos constatar é que houve significativa correlação entre os eventos que medimos e os apontados pelos voluntários”, informa Rodriguez. Além desse teste, o pesquisador também empregou a tecnologia para comparar a qualidade da viagem feita por um carro de passeio e um ônibus, considerando um mesmo trajeto. Ele apurou que, em alguns casos, os eventos de desconforto proporcionados pelo transporte coletivo são pelo menos dez vezes maiores que os causados pelo transporte individual. “Esses dados são importantes porque ajudam a monitorar de forma objetiva a qualidade do transporte público. Atualmente, a população liga para o serviço 156 para reclamar que determinado motorista estava dirigindo mal, mas

essa avaliação é muito subjetiva. Com o sistema que desenvolvemos, nós podemos identificar, por exemplo, quando, onde e qual a intensidade de um determinado evento. Até mesmo uma curva muito acentuada o instrumento é capaz de registrar. Constada a falha, tanto a operadora quanto a Prefeitura têm condições de intervir para solucionar o problema”, assinala o professor Fruett. Segundo ele, o uso do instrumento também pode servir para desmistificar certas “verdades” apregoadas aleatoriamente. Nem sempre, adverte o especialista, cumprir um trajeto em alta velocidade significa impor desconforto aos passageiros. “Um exemplo nesse sentido é o Trem de Alta Velocidade, que está presente em diversos países. Esse veículo viaja a 200 quilômetros por hora, sem que os ocupantes percebam qualquer desconforto imposto pela aceleração ou jerk. Da mesma forma, um veículo que circula em baixa velocidade não oferece necessariamente mais conforto aos usuários. Para avaliar a qualidade do transporte é preciso considerar não apenas a velocidade, mas o modo como o ônibus está sendo conduzido, as condições das vias e o estado de manutenção do veículo. Por hipótese, se temos dois ônibus que fazem um mesmo trajeto e um deles apresenta mais jerk do que o outro, isso pode ser

sinal de que aquele que proporciona maior desconforto ao passageiro pode estar com problemas de manutenção”. Conforme o docente, além de detectar todos esses fatores, a tecnologia tem uma aplicação complementar, que não estava inicialmente prevista no projeto. Como é dotada de um módulo GPS, ela é capaz de apontar, junto a uma análise de dados, a posição geográfica de um buraco na rua que esteja prejudicando o trajeto do ônibus. “Dessa forma, a administração pública também pode ter, ao final do dia, um mapa completo das deficiências presentes na via de rodagem. De posse dessa informação, os gestores terão como programar melhor os trabalhos de recuperação do asfalto”, sugere o professor Fruett.

Copa O docente entende que a tecnologia chega num momento especialmente importante para o Brasil, que sediará nos próximos anos dois grandes eventos esportivos – a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. “Como nós sabemos, a melhoria do transporte público foi uma das exigências feitas pela Fifa e pelo Comitê Olímpico Internacional para que o país recebesse as duas competições. Ora, só é possível melhorar algo se houver avaliação. E só é possível avaliar se houver medição. Nossa expectativa é de que o governo federal possa determinar o uso da tecnologia que desenvolvemos pelo menos nas cidades que funcionarão como sedes e subsedes da Copa e dos Jogos Olímpicos. Isso certamente ajudaria a fornecer subsídios para a tomada de decisão na área”, acredita o professor Fruett. Tanto orientador quando orientado consideram que a transferência de tecnologia para o setor produtivo poderá ser feita sem grandes dificuldades. “O instrumento está praticamente acabado. Talvez seja necessário promover um ou outro ajuste e definir a melhor maneira de embuti-lo no veículo. O sistema também está pronto para funcionar acoplado à bateria do ônibus. Ou seja, o veículo não precisará sofrer qualquer adaptação para receber o equipamento”, assegura o

professor Fruett. De acordo com ele, a tecnologia ainda não foi objeto de pedido de registro de patente. “Nossa única preocupação foi publicar um primeiro artigo, para consignar o desenvolvimento do instrumento. Caso surja algum interessado no seu licenciamento, aí sim vamos ver como equacionar essa questão dos direitos intelectuais”, justifica. O docente da FEEC destaca que a principal característica das duas linhas de pesquisa que coordena é o desenvolvimento de tecnologias que possam ser aplicadas em benefício da sociedade. “Em uma das linhas, trabalhamos com o desenvolvimento de sensores. Na outra, nós desenvolvemos sistemas e instrumentos com aplicações especificas, utilizando sensores comerciais, como foi no caso da dissertação do Juan. Em algum momento, essas duas linhas vão se encontrar. De toda forma, todas as nossas pesquisas têm um forte componente experimental. Eu costumo dizer aos meus alunos que os seus projetos certamente demorarão um pouco mais para ser concluídos exatamente por causa dessa característica do nosso trabalho. Também digo a eles que, a despeito de a pesquisa básica ser muito importante, o nosso objetivo é a aplicação. Circuito de papel não funciona. Aqui, o circuito tem que ser de silício. Queremos ver as coisas funcionando”, pontua o professor Fruett.

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Castellanos Juan; Fruett Fabiano; , ”Embedded system for monitoring the comfort in public transportation,” Circuits and Systems (ISCAS), 2011 IEEE International Symposium on , pp.2809-2812, 15-18 May 2011 Castellanos, Juan C.; Susin, Altamiro A.; Fruett, Fabiano; , “Embedded sensor system and techniques to evaluate the comfort in public transportation,”Intelligent Transportation Systems (ITSC), 2011 14th International IEEE Conference on ,pp.1858-1863, 5-7 Oct. 2011. Dissertação: “Sistema embarcado para monitoramento do conforto em transporte público. SEMC-TP” Autor: Juan Rodriguez Orientador: Fabiano Fruett Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) Financiamento: Capes

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A história

e o sentido da vida Fotos: Antoninho Perri

A trajetória do ex-patrulheiro Carlos Roberto Pereira de Souza, hoje mestre

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MARIA ALICE DA CRUZ halice@unicamp.br

rua foi a primeira empregadora de Carlos Roberto Pereira de Souza, especialista em história oral e mestre em Educação pela Unicamp. Das feridas causadas pela ignorância urbana, os pais nem tomavam conhecimento, pois Carlos tinha por hábito não aumentar o leque de preocupações que eles carregavam. Doeu, até deixou cicatriz, mas não feriu a alma, tampouco inibiu a vontade de crescer e melhorar a história da família, formada por ele, os pais e um irmão dois anos mais novo. A preocupação com este último foi o que o levou a buscar uma forma de contribuir para o orçamento familiar. Romper com a infância nem pensar. Durante a procura de fregueses que quisessem deixar os sapatos mais lustrados, o menino ia alegre, colecionando brinquedos encontrados pelo caminho. Para trabalhar, ele tinha uma condição imposta pelos pais: estudar. Frisavam insistentemente que “bens materiais se deterioram, mas o conhecimento é um bem que dura para sempre”. Outra orientação importante dos pais, na época semi-analfabetos, era: “Esteja sempre perto de quem sabe mais que você, mas acolha, e não despreze, quem sabe menos”. A cordialidade e a generosidade que impressionam as pessoas de seu convívio nos dias de hoje são herança materna. Preocupada com a educação dos filhos e das crianças das redondezas, a mãe montou um time de futebol em seu bairro, Jardim Garcia, Campinas, no qual oferecia treinamento aos filhos dos vizinhos. De contrapartida, as crianças tinham de fazer as tarefas escolares juntas, oferecendo auxílio aos colegas com dificuldades na assimilação de determinadas disciplinas. A casa cheia e as panelas “gigantes” que comportavam alimentação para toda a turma são traços da memória do mestre que hoje agradece por ter participado do sistema de troca desenvolvido pela mãe. As peripécias urbanas logo foram substituídas pelo trabalho formal, intermediado pela Associação de Educação do Homem de Amanhã (Aedha). O chão de fábrica de uma multinacional passou a ser a referência de um ambiente seguro de trabalho para Carlos, até ele se encantar com o tom acinzentado da farda dos patrulheiros mirins do Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro de Campinas (Campc). “Mudei porque achei a farda mais bonita”, brinca. Tão logo concluiu o curso de aspirantes, em 1982, Carlos foi encaminhado à Unicamp pela presidente do Campc, Maria Angélica Barreto Pyles, que afirma que o garoto tinha o perfil da Universidade. Com a carta de encaminhamento na mão, Carlão saiu sorrateiro e mesmo sem grandes informações foi parar no Haras Barão, na Estrada da Rodhia. Sem recursos para tomar outro ônibus, foi conduzido de charrete ao centro do distrito de Barão Geraldo e chegou ao Instituto de Biologia quebrando mato. Muito mato. Orientado a atravessar a Praça da Paz, que, aliás, não

O historiador Carlos Roberto Pereira de Souza: da Reitoria ao Laboratório de História Oral do Centro de Memória da Unicamp

era bem uma praça, foi encaminhado à Diretoria Geral de Administração I (DGA I). Em meio aos sons da pequena floresta, Carlos – chamado hoje por muitos de “Carlão” – se perguntava se estaria mesmo em seu novo local de trabalho. Procurava o barulho das máquinas e o cheiro da graxa da antiga multinacional, mas tudo era mais tranquilo. Ao chegar à DGA 1, foi encaminhado à Reitoria e ficou se perguntando que loucura de nome seria esse. A única recomendação recebida da DGA foi: “Seja um bom menino que lá você tem futuro”. Os ares de bom menino logo conquistaram o reitor Plínio Alves de Moraes e, em seguida, todos os reitores com os quais trabalhou até se transferir para o Laboratório de História Oral do Centro de Memória da Unicamp (CMU) a convite da professora Olga von Simson , onde trabalha atualmente como historiador. “Todos os reitores me incentivaram a estudar. E a professora Olga tem de ser citada por justiça, pois sua atuação na academia também me inspirou muito”, recorda. Mas o impulso impactante na decisão de retomar os estudos veio do físico Cesar Lattes. Ao saber que seu “ídolo” da ciência era professor da Unicamp, o trabalhador juvenil não sossegou até que o indicassem o caminho para o Instituto de Física Gleb

Wataghin. Ao colocar-se de pé, imóvel, diante da porta da sala de Lattes, Carlão logo recebeu um convite informal para entrar: “Vai ficar aí parado? Entre”, disse o cientista. Desse dia em diante, entre muitas frases que guarda para sua vida, uma move algumas decisões de Carlão até hoje: “Como vai ser alguém na vida sem estudar? Volte a estudar”. Cobrança esta feita a cada reencontro entre o patrulheiro e o descobridor do méson pi. Apesar da gratidão às palavras de Lattes, não foi na física que Carlão decidiu explorar o que a Unicamp tem de mais importante: o ensino. A atenção ao ser humano, manifestada lá no time de futebol formado pela mãe, o levou a graduar-se em história pela PUC-Campinas. A preocupação em dar voz a sujeitos escondidos da história o conduziu para o mestrado em Educação, concluído na Faculdade de Educação da Unicamp com a dissertação “As vozes dos educandos do Projeto Educativo de Integração Social – Peis”. Vida vai, vida vem, sem perceber Carlão revive a experiência da mãe com a tarefa escolar ao dedicar sua dissertação ao Projeto Educativo de Integração Social (Peis), que oferece reforço escolar a adultos no Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca). Para Carlão, o Peis mostra que é possível proporcionar uma educação de Foto: Antonio Scarpinetti

As professoras Sonia Giubilei (orientadora), Silmara de Campos e Olga Rodrigues de Moraes von Simson (integrantes da banca), ao lado de Souza na apresentação da dissertação, em julho do ano passado

qualidade sem grandes recursos. Uma das observações que fez ao acompanhar duas mulheres e um homem do projeto é que a qualidade do trabalho, pautado nas ideias pedagógicas de Paulo Freire, faz com que os alunos, mesmo matriculados em cursos de graduação, optem por continuar no projeto. De acordo com a memória narrada pelos entrevistados, ele pode perceber que o Peis é um espaço acolhedor e propício para a interação social. Para Carlão, o Peis ultrapassou o fazer pedagógico e fincou raízes no âmago de cada um, por meio da sensibilidade em fazer as amarras da aprendizagem. E para quem pensa que a distância temporal O físico Cesar Lattes: é capaz de queídolo e brar as amarras conselheiro da aprendizagem, a história da infância, marcada pelos ensinamentos dos pais e pela generosidade da mulher que abrigava os filhos de outras mães durante o dia, levou Carlão a respeitar a história do outro. Para ele, o estudo de história leva à compreensão do sentido das coisas, da origem do país, das diferenças sociais e de gênero. A história da vida de Carlos pode ser contada numa linha do tempo contínua e, diante disso, não há como separar o engraxate de ontem do mestre em Educação em história oral de hoje. “Tive uma infância maravilhosa. Somos resultado daquilo que vivemos”. Sobre continuar a ser identificado pela educação rígida e pela cordialidade, ele prefere recorrer a um poeta/profeta que viveu nas ruas do Rio de Janeiro: “Gentileza gera gentileza.”


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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012 Foto: Antoninho Perri

A orientadora, professora Vera Button, e o cientista da computação Carlos Viviani, autor da dissertação: metodologia foi aplicada em monitor

Metodologia reduz índices de falhas em equipamento médico Dissertação desenvolvida na FEEC propõe veri�icação de software de aparelhos CARMO GALLO NETTO

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carmo@reitoria.unicamp.br

oa parte dos equipamentos médicos é hoje controlada por softwares. Falhas ou defeitos nesses softwares podem dar origem a problemas de funcionamento, acarretando, em consequência, a possibilidade de danos ao paciente ou até sua morte, e mesmo danos ao operador. Diversos são os relatos na literatura a respeito destas ocorrências. O cientista da computação e professor universitário Carlos Alessandro Bassi Viviani acredita que essas ocorrências possam ser minimizadas com a criação de uma metodologia de testes focada no software desses equipamentos e no seu funcionamento como um todo. Essa metodologia serviria como base para a criação de uma norma compulsória, do Ministério da Saúde ou da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que garantiria que todos os equipamentos médicos controlados por software viessem a passar por testes mais rigorosos para validá-los, de forma a reduzir a índices aceitáveis problemas que possam acometer pacientes e operadores. Com esse objetivo, Viviani desenvolveu dissertação de mestrado em que apresenta uma “Proposta de metodologia para verificação de software de equipamentos eletromédicos”, assim genericamente denominados os utilizados na área médica. A metodologia desenvolvida foi aplicada em um monitor multiparamétrico hospitalar, utilizado em UTI, que apresenta em sua tela valores de variáveis corporais como frequência dos batimentos cardíacos e da respiração, temperatura, pressões sistólica e

diastólica, saturação de oxigênio, entre outras, além de curvas de pressão invasiva e eletrocardiograma, por exemplo. Embora aplicável em todos os módulos do equipamento, o teste foi validado em relação à segurança do software responsável pela monitoração cardíaca. Segundo o autor, o estudo traz resultados que poderão servir para alertar os fabricantes de equipamentos médicos que utilizam softwares, o Ministério da Saúde, a Anvisa, hospitais e usuários quanto aos perigos do uso desses equipamentos sem a realização de testes adequados. Com o trabalho – apresentado ao Departamento de Engenharia Biomédica da Faculdade de Engenharia Elétrica e da Computação (FEEC) da Unicamp e orientado pela professora Vera Lúcia da Silveira Nantes Button –, ele espera despertar o interesse de instituições, organizações e profissionais envolvidos, motivando a realização sistemática de testes que garantam maior grau de confiabilidade aos equipamentos eletromédicos. Nesses equipamentos, o controle por software pode ser total ou restrito a um ou mais subsistemas. O papel fundamental exercido por esses softwares de controle acarretam riscos que não se restringem essencialmente ao equipamento, mas que têm implicações em usuários e operadores e que, por isso, devem ser analisados com o mesmo rigor e critério do hardware, que constitui a parte física do equipamento. O autor explica que atualmente a análise rigorosa dos equipamentos se concentra no funcionamento do hardware em si e não se estende aos softwares de controle. Com a agravante de que – principalmente na indústria de dispositivos médicos – uma quantidade significativa dos softwares críticos, assim considerados os que podem causar danos severos a pacientes e operadores, ser desenvolvida por pequenas empresas. Os grandes produtores de softwares adotam controle de qualidade, seguem regras e metodologias para criá-los com investigação, com gerenciamento de risco, para que o produto final atinja a qualidade mínima exigida para garantir seu funcionamento adequado. As pequenas empresas não atingem esse grau de profissionalização. Caso emblemático de danos causados por erro em software de controle de equipamento eletromédico está ligado a diversos acidentes ocorridos no passado com um acelerador linear, dis-

positivo que acelera elétrons a fim de criar feixes de luz que podem destruir tumores com mínimo impacto sobre o tecido saudável local. São relatados na literatura casos em que o excesso de radiação emitida pelo aparelho provocou até a morte dos pacientes. Estão documentadas ainda ocorrências que mostram a vulnerabilidade de softwares encontrados em dispositivos médicos tais como marca passos e bombas de infusão. Milhões de pessoas com doenças cardíacas crônicas, epilepsia, diabetes, obesidade, depressão, entre outras, que dependem de dispositivos médicos implantáveis para a manutenção da vida, são reféns de softwares de controle. O pesquisador esclarece que existe norma focada na análise eletrônica do equipamento, mas não existe um ensaio compulsório, estabelecido por uma norma, que obrigue que os softwares de controle do equipamento sejam examinados e testados. Ele explica que o fabricante encaminha o equipamento para um laboratório de certificação credenciado, onde o aparelho passa por um ensaio de hardware em que se examinam as partes mecânicas, elétricas e eletrônicas, garantindo que o equipamento pode ser utilizado. “Não se trata de um teste funcional. Ninguém atesta com segurança que os softwares de controle estão atuando adequadamente para fornecer as respostas para as quais foram projetados. A credibilidade está associada ao nome da empresa que fabrica o equipamento e que utiliza os softwares”.

A proposta O trabalho teve como objetivo principal apresentar uma proposta de metodologia para organizar o processo de teste dos equipamentos eletromédicos e definir toda a documentação necessária para a gerência desse processo de teste, tomando como base a normatização do Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrônica (Norma IEEE 829:2008), órgão americano vinculado à Ansi (American National Standards Institute – Instituto Nacional Americano de Padrões), que nos EUA equivale à ABNT. O pesquisador adaptou essa norma internacional de testes, destinada a quaisquer softwares, para análise de equipamentos médicos. A metodologia desenvolvida, que prioriza a realização de testes sistemáticos, poderá vir a ser empregada para a verificação e validação de softwares de controle

de qualquer tipo de equipamento eletromédico. Ele dividiu o trabalho em dois segmentos principais: Processos de Testes e Geração de Documentos. Aplicada a um monitor cardíaco hospitalar comercial, a metodologia visou validá-lo de forma a garantir que o equipamento atenda aos requisitos do fabricante e principalmente da norma a que está sujeito. Com a aplicação da proposta, o pesquisador garantiu que o equipamento submetido ao teste é seguro para uso clínico em relação ao software testado. Todo o conteúdo necessário para a elaboração do processo foi obtido a partir do manual de utilização do equipamento eletromédico, das especificações técnicas apontadas pelo fabricante e das especificações definidas na norma específica do equipamento eletromédico que está sujeito à certificação compulsória (Resolução 32 da Anvisa). Essa pesquisa levou à geração de oito documentos que foram utilizados desde o planejamento dos testes até o registro dos resultados e elaboração dos relatórios. Esses documentos descrevem a modelagem detalhada do fluxo de trabalho durante o processo de teste; refinam a abordagem do plano de teste e identificam funcionalidades e características testadas; definem os casos de testes, especificando dados de entrada, resultados esperados, ações e condições gerais para a execução do teste; especificam os passos para execução de um conjunto de testes; apresentam registros cronológicos dos detalhes relevantes relacionados à execução; documentam eventos que ocorreram durante a atividade e que precisam de análise posterior; apresentam relatório resumo e avaliação dos resultados. Em suma, os documentos definem todos os passos da metodologia empregada no teste e proposta no trabalho elaborado. Com base em problemas provocados por softwares de controles relatados na literatura, foram definidos pelo autor como objetivos secundários do estudo a apresentação dos processos e a identificação dos agentes envolvidos na certificação de equipamentos eletromédicos no Brasil e no mundo. São apresentados os organismos reguladores de equipamentos eletromédicos no Brasil e o processo de certificação, comercialização e vigilância pós-venda desses produtos. O conceito de recall e como ele se

processa foi utilizado para identificar os problemas encontrados e documentados. A partir desses elementos, o autor apresenta as normas aplicadas ao desenvolvimento de software, abordando desde o processo de controle de qualidade até o processo final de teste que conduz à sua validação, de forma a garantir que não ocorram os problemas geralmente identificados.

Consequências Para Carlos Viviani, a metodologia proposta traz uma importante contribuição para a organização do processo de verificação e validação de software de controle de equipamentos eletromédicos. Ela pode ser adaptada a quaisquer equipamentos da área médica e que permite organizar o processo de teste como um todo, desde a preparação até o registro das atividades. Ele considera, ainda, que a documentação criada para a gerência do processo de teste, baseada na Norma IEEE 829, aborda todos os aspectos relevantes do ponto de vista de teste de software e se apresenta concisa e consistente. A pesquisa assume importância particularmente significativa diante da constatação de que não existe uma norma específica que tenha o software como foco principal de avaliação de equipamentos eletromédicos. Embora o estudo de caso tenha como base o monitor cardíaco hospitalar, o pesquisador entende que a metodologia apresentada pode de imediato ser adaptada para gerar os documentos necessários para verificar e validar os softwares de um conjunto amplo de equipamentos eletromédicos, como os utilizados em centros cirúrgicos ou em clínicas de imagens médicas. Além disso, ele acredita que a verificação e validação desses softwares poderiam sofrer uma adequação sistemática de forma a constituir uma norma. Para essa norma se tornar compulsória, seria necessária regulamentação governamental, cujo objetivo seria garantir a segurança de pacientes, operadores e clínicas que utilizam equipamentos eletromédicos.

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Dissertação: “Proposta de metodologia para verificação e validação de software de equipamentos eletromédicos” Autor: Carlos Alessandro Bassi Viviani Orientadora: Vera Lúcia da Silveira Nantes Button Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e da Computação (FEEC)

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10 Vida Teses da semana Painel da semana Teses da semana Livro da semana Destaques do Portal da Unicamp

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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012

Painel da semana  Bolsas de iniciação científica - A Pró-reitoria de Pesquisa (PRP) recebe, de 2 a 15 de abril, as inscrições ao processo seletivo para bolsas de iniciação científica dos programas PIBIC/CNPq, PIBIC-AF, PIBITI e SAE/ Unicamp. As inscrições podem ser feitas no endereço eletrônico www.prp.unicamp.br/pibic  (EA)² recebe inscrições para o programa Tope Projeto desenvolvido pelo Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)² com o apoio das Pró-reitorias de Graduação (PRG) e de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), o programa “Tope: Todos podem ensinar e todos podem aprender” objetiva oferecer cursos informais de curta duração, de segunda a sexta-feira, das 12 às 14 ou das 18 às 19 horas. Os cursos podem ser voltados para qualquer assunto que desperte o interesse da comunidade: aviões de papel, filmes de “stop motion”, ábacos, mágica, vídeo games, etc. A participação é voluntária e aberta para a comunidade da Unicamp. Interessados em ministrar e/ou assistir aos cursos podem se inscrever, até 30 de março, no link http://www.ea2.unicamp.br/joomla/index.php/eventos/ projetos/31-tope-todos-podem-ensinar  Fórum de Ciência e Tecnologia - No próximo Fórum Permanente de Ciência e Tecnologia será discutido o tema “Espaço e Cultura digital: modos de ocupação”. O evento ocorre no dia 26 de março, às 9 horas, no auditório da Biblioteca central Cesar Lattes (BC-CL). Mais: http:// foruns.bc.unicamp.br/tecno/tecno48.php  PAD/PED - O primeiro Encontro de Aperfeiçoamento do 1º semestre de 2012 do PAD/PED acontece no dia 26 de março, às 14 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. O evento contará com palestra de Eliana Ayoub e Guilherme do Val Toledo Prado. Abordam: “Planejamento e organização do trabalho pedagógico”. Eliana Ayoub é docente da Faculdade de Educação (FE) e presidente da Subcomissão Permanente para Formação de Professores da CCG/PRG. Guilherme do Val Toledo Prado é docente da FE e vice-presidente da mesma comissão. Mais informações: 19-3521-7990.  Fórum da SEH - O Fórum “Processar artigos de uso único - uma polêmica de saúde” ocorre no dia 26 de março, das 8h30 às 17h30, no auditório da Diretoria Geral da Administração (DGA). A organização é da Seção de Epidemiologia Hospitalar da Unicamp (SEH). Outras informações: 19-3521-7054.  Programa de Orientação de Carreira - A partir de 26 de março serão iniciadas as atividades do Projecta - Programa de Orientação de Carreira/2012 para os estudantes. Este serviço é fruto de uma parceria entre o Serviço de Orientação Educacional e o Setor de Estágios do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). O Projecta tem por finalidade auxiliar o aluno nas questões relacionadas ao seu desenvolvimento profissional, considerando: a satisfação com o curso escolhido (dúvida na continuidade); a transição da universidade para o mundo do trabalho (planejamento de carreira) e a preparação do estudante para o ingresso no mercado de trabalho (elaboração do currículo, dinâmicas de grupo e entrevista). Os atendimentos serão oferecidos em grupo em horários variados. Inscrições. Outras informações: 19-3521-6539.  Encontros NEPP - O Programa de Estudos de Sistemas de Saúde (PESS) do Núcleo de Estudos de

Políticas Públicas (NEPP) abre no dia 27 de março, às 9 horas, a série de “Encontros NEPP”. O objetivo é promover reflexões e debates sobre a construção das Redes Básicas de Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). No primeiro encontro haverá a participação do Dr. Eugênio Vilaça Mendes.O evento ocorre no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-5). Mais informações: 19-3521-2480 ou e-mail pess@ nepp.unicamp.br  IELTS - Uma palestra do IELTS, exame de inglês exigido por determinadas universidades para participação em intercâmbios, ocorre no dia 27 de março, às 17h30, na sala PB18 do Ciclo Básico I. O evento é ligado ao Programa Ciência sem Fronteiras. Outras informações: 19-3521-4757.  Fórum de Arte, Cultura e Educação - “A Fronteira entre a Ciência e a Arte”. Tema será discutido durante a realização do Fórum Permanente de Arte, Cultura e Educação. O evento ocorre no dia 29 de março, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. Inscrições e outras informações no site: http://foruns.bc.unicamp. br/arte/foruns_arte.php%20  Lean Enterprise e Lean Healthcare – Os simpósios Lean Enterprise e Lean Healthcare serão realizados no dia 29 de março, a partir das 9 horas, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A primeira videoconferência contará com a participação de Earll Murman, diretor do Lean Advancement Initiative (LAI) Educational Network (EdNet) do MIT e autor do livro “Lean Enterprise Value: Insights from MIT s Lean Aerospace Initiative”. A segunda videoconferência terá a participação de Richard B. Lewis II, diretor-executivo do LAI no MIT e ex-diretor de operações da Rolls-Royce Corporation. A organização é do Laboratório Logística em Ensino, Pesquisa e Divulgação Científica ( Lepedic). Inscrições online até 26 de março. Programação e valores de investimento estão disponíveis no link http://www.lepedic.com.br/eventos/simposiolean%20  Itinerários do Saber Musical - O projeto “Itinerários do Saber Musical” retoma as suas atividades de 2012 com a realização da oficina “Samba de Bumbo Rural Paulista”. Ela será ministrada Alceu José Estevam, dia 29 de março, às 12 horas, na sala 35 do Instituto de Artes (IA). O evento é apoiado pela Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) e pelo IA. A organização é da professora Lenita W. Mendes Nogueira. Mais informações itinerariosdosabermusical@gmail.com  Lançamento - No dia 29 de março, às 19 horas, no EccoSpaço, o professor Gastão Wagner de Souza Campos lança o romance-ficção Espírito de Época (Editora Hucitec), livro que o médico sanitarista esteve escrevendo desde 2004. O lançamento também marca os 60 anos do professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Souza Campos teve participação fundamental na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e outras políticas públicas na área. Espírito de Época é uma transliteração subjetiva dos anos 50, 60 e 70, uma caricatura lírica de uma época e das gerações que a coproduziram. O EccoSpaço fica na Rua João Vedovello 149, no Jardim Santa Cândida, em Campinas-SP. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 19-9136-7295.  Conversando sobre a Graduação - No primeiro “Conversando sobre a Graduação” de 2012, projeto organizado pela Pró-reitoria de Graduação (PRG) da Unicamp, o convidado é Álvaro Neves, doutor em Física pela University of Nottingham. No dia 30 de março, na sala CB05 do Ciclo Básico I, ele tratará sobre a origem e a racionalidade do método tradicional de ensino e dos métodos ativos/interativos, entre outros assuntos. Neves é professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Viçosa. O Conversando sobre a Graduação tem por objetivo promover conversas a respeito de temas que têm importância para o desenvolvimento dos cursos de graduação, tais como: avaliação, composição do currículo, vetores, entre outros.  Cipa - A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (Cipa-Funcamp) recebe, até 30 de março, as inscrições de novos cipeiros. Elas podem ser feitas das 9 às 17 horas, no Sesmt-Funcamp.  Seminário de coleta seletiva solidária - No dia 30 de março, às 9 horas, no auditório do Instituto de Economia (IE), a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Unicamp organiza o seminário de coleta seletiva solidária “Gestão de Resíduos Sólidos” com a participação de catadores. O objetivo do encontro é contribuir para a reflexão, debate e elaboração propostas para a gestão de resíduos sólidos em Campinas, que possam garantir melhores condições ambientais para o município e também melhores condições de trabalho para as cooperativas de triagem e catadores. Mais informações: 19-3521-5212.

 SisPot 2012 - Encontro de Pesquisadores em Sistemas de Potência será realizado entre 2 e 4 de abril, na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC). O evento tem ocorrido regularmente desde 2001 com a apresentação de trabalhos de pesquisa em andamento ou recentemente concluídos na FEEC. Mais informações no link http://www.fee.unicamp.br/ SisPot2012/

Eventos futuros  Fórum de Meio Ambiente e Sociedade - Com o tema “Mudanças Globais e Qualidade de Vida, Ambiente, Turismo e Violência”, o Fórum Permanente de Meio Ambiente e Sociedade acontece no dia 11 de abril, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. Inscrições e outras informações no link http://foruns.bc.unicamp.br/ energia/foruns_energia.php  Fórum de Dislexia e TDAH - O Laboratório de Pesquisa em Dificuldades, Distúrbios de Aprendizagem e Transtorno de Atenção (Disapre) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) realiza no dia 12 de abril, das 9 às 17 horas, no auditório-5 da FCM, o Fórum de Dislexia e TDAH: evidências científicas. A abertura do evento contará com a participação da professora e pesquisadora Maria Valeriana Leme de Moura-Ribeiro e do professor Joseph A. Sergeant, da Universidade de Amsterdam (Holanda). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 10 de abril. Mais informações: 19-3521-7372.  Gestão em propriedade intelectual - A Unicamp sedia, de 24 a 27 de abril, o Curso Avançado de Gestão em Propriedade Intelectual, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). As inscrições devem ser feitas diretamente pelo site da Inova Unicamp (http://www. inova.unicamp.br/paginas/inovanit/curso48_inscricao. php), até 30 de março. Para participar é necessário ter o certificado do curso intermediário. O curso é gratuito e a realização é da Agência de Inovação Inova Unicamp, por meio do projeto InovaNIT.  Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque - Livro de Fernanda Roveri, doutoranda pela Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, será lançado no dia 27 de abril, às 16h30, no Salão Nobre da FE. No evento haverá mesa-redonda com as professoras Carmen Lúcia Soares (FE), Helena Altmann (FEF) e Cláudia Trevisan, da Prefeitura Municipal de Campinas. A publicação é da Editora Annablume. Outras informações: ferdth@ yahoo.com.br

Tese da semana  Computação - “Coloração de arestas em Grafos Split” (doutorado). Candidata: Sheila Morais de Almeida. Orientadora: professora Célia Picinin de Mello. Dia 28 de março, às 9 horas, no auditório do IC.  Economia - “Crise e capitalismo contemporâneo: uma revisão das interpretações marxistas da grande recessão (2007-2009)” (mestrado). Candidato: Alex Wilhans Antonio Palludeto. Orientador: professor Nelson Prado Alves Pinto. Dia 30 de março, às 16 horas, na sala 23 (pavilhão da Pós-graduação) do IE.  Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo “Caracterização hidrodinâmica da Baía e Estuário Santista utilizando a modelagem numérica” (mestrado). Candidata: Camila Maria Mateus Alves de Souza. Orientador: professor Tiago Zenker Gireli. Dia 30 de março, às 9h30, na sala de videoconferência do CCUEC.  Engenharia Elétrica e de Computação - “Condições suficientes de otimalidade para o problema de controle de sistemas lineares estocásticos” (mestrado). Candidato: Diego de Sousa Madeira. Orientador: professor João Bosco Ribeiro do Val. Dia 29 de março, às 15 horas, na sala PE-11 (prédio da CPG/FEEC). - “Aplicação da codificação ROI e WT para compressão de imagens DICOM-CT” (mestrado). Candidata: Efraina Gladys Cutipa Arapa. Orientador: professor Yuzo Iano. Dia 30 de março, às 9 horas, na sala da congregação da FEEC. - “Uma nova técnica para caracterização de grades de Bragg em fibra óptica utilizando um método de deconvolução” (mestrado). Candidato: Alex Dante. Orientador: professor Elnatan Chagas Ferreira. Dia 30 de março, às 14 horas, na sala PE-11, prédio da CPG/FEEC.  Engenharia Mecânica - “Avaliação termoeconômica da cogeração no setor sucroenergético com o emprego de bagaço, palha, biogás de vinhaça concentrada e geração na entressafra” (doutorado).

Candidato: Aristides Bobroff Maluf. Orientador: professor Caio Glauco Sanchez. Dia 30 de março, às 14 horas, na FEM.  Engenharia Química - “Conveccão forçada de partículas poliméricas em fase diluída: curvas de pressão e distribuição de partículas” (doutorado). Candidata: Marlene Silva De Moraes. Orientador: professor Elias Basile Tambourgi. Dia 29 de março, às 9 horas, na sala de defesa de teses (bloco D) da FEQ. - “Síntese automática de redes de trocadores de calor a partir de análise pinch e programação matemática” (mestrado). Candidata: Mariana Fraga de Santana. Orientador: professor Roger Josef Zemp. Dia 30 de março, às 14 horas, na sala de defesa de tese da FEQ.  Geociências - “Interpretação paleoambiental dos paleossolos encontrados no grupo Urucuia (cretáceo superior)” (mestrado). Candidata: Roberta Marquezi Bueno. Orientador: professor Francisco Sergio Bernardes Ladeira. Dia 28 de março, às 9 horas, no auditório do IG. - “Uma análise dos condicionantes e oportunidades em cadeias produtivas baseadas em recursos naturais: o caso do setor sucroalcooleiro no Brasil” (doutorado). Candidata: Pollyana de Carvalho Varrichio. Orientador: professor Sérgio Robles Reis de Queiroz. Dia 29 de março, às 14 horas, no IG. - “Caracterização geológica e metalogenética do Depósito X1 – Província Aurífera de Alta Floresta, região de Matupá (MT)” (mestrado). Candidata: Rosana Mara Rodrigues. Orientador: professor Roberto Perez Xavier. Dia 3 de abril, às 14 horas, no auditório do IG.  Humanas - “Nuvem cigana: a trajetória do Clube da Esquina no campo da MPB” (mestrado). Candidata: Sheyla Castro Diniz. Orientador: professor Marcelo Siqueira Ridenti. Dia 29 de março, às 14 horas, na Sala da Congregação do IFCH. - “Somos todos um: vida e imanência no movimento comunitário alternativo” (mestrado). Candidato: Rodrigo Iamarino Caravita. Orientador: professor Ronaldo Almeida. Dia 30 de março, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IFCH. - “Os sentidos da paternidade: dos ‘pais desconhecidos’ ao exame de DNA” (doutorado). Candidata: Sabrina Finamori. Orientadora: Professora Heloisa Pontes. Dia 30 de março, às 14 horas, na sala da congregação do IFCH.  Linguagem - “Folha: do manual ao jornal ou do jornalístico ao pedagógico” (doutorado). Candidata: Maraisa Lopes. Orientadora: professora Claudia Regina Castellanos Pfeiffer. Dia 26 de março, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. - “No começo ele não tem língua nenhuma, ele não fala, ele não tem Libras, né?”: representações sobre línguas de sinais caseiras” (mestrado). Candidata: Kate Mamhy Oliveira Kumada. Orientadora: professora Marilda do Couto Cavalcanti. Dia 4 de abril, às 11 horas, na sala de defesa de teses do IEL. - “Alterações de linguagem nas epilepsias: um estudo neurolinguístico” (mestrado). Candidata: Danielle Patricia Algave. Orientadora: professora Rosana do Carmo Novaes Pinto. Dia 4 de abril, às 15 horas, na sala de defesa de teses do IEL.  Matemática, Estatística e Computação Científica - “Sobre uma classe de sistemas elípticos hamiltonianos” (doutorado). Candidato: José Anderson Valença Cardoso. Orientador: professor Francisco Odair Vieira de Paiva. Dia 27 de março, às 10 horas, na sala 253 do Imecc. - “Otimização sem derivadas em conjuntos magros” (doutorado). Candidato: Francisco Nogueira Calmon Sobral. Orientador: professor José Mario Martínez Pérez. Dia 28 de março, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. - “Iteração continuada aplicada ao método de pontos interiores.” (mestrado). Candidata: Lilian Ferreira Berti. Orientador: professor Aurelio Ribeiro Leite de Oliveira. Dia 2 de abril, às 14 horas, na sala 253 do Imecc.  Química - “Nanocristais de celulose: obtenção, caracterização e modificação de superfície” (mestrado). Candidata: Márcia de Oliveira Taipina. Orientadora: professora Maria do Carmo Gonçalves. Dia 29 de março, às 14 horas, no Miniauditório do IQ. - “Estudos biofísicos de chaperonas de secreção e de interações proteína-ligante” (doutorado). Candidata: Alessandra Prando. Orientadora: professora Ljubica Tasic. Dia 30 de março, às 13h30, no Miniauditório do IQ.

Livro

da semana

A língua inglesa na África

Opressão, negociação, resistência Autora: Ângela Lamas Rodrigues ISBN: 978-85-268-0947-5 Coedição: Unifesp Ficha técnica: 1a edição, 2011; 136 páginas; formato: 16 x 23 cm Área de interesse: Línguas e Linguística Preço: R$ 36,00 Sinopse: “Por que e para que estudar a África?”, pergunta autora na Introdução desta obra, que elucida aspectos fundamentais da história da língua inglesa no continente africano — uma história do passado que se reafirma no presente, quando a língua inglesa, antes atrelada ao imperialismo britânico e trabalhada como ferramenta do colonialismo, é fortalecida no pós-independência das colônias e dos protetorados, ao ganhar o status de língua oficial. Partindo da desconstrução de um conceito estereotipado de África, a autora explica que as reflexões apresentadas neste livro “são norteadas por uma ética ligada à subversão de discursos que inventaram uma África débil e servil, mais especificamente de um discurso que infere a inevitável superioridade da língua inglesa em relação às línguas africanas autóctones”. Em contrapartida ao discurso que promove o inglês como língua global e globalizante, A língua inglesa na África ressalta a importância social e política das línguas africanas, sobretudo no contexto educacional dos países africanos ditos anglófonos. Para fundamentar seu argumento, a autora reúne os mais importantes teóricos africanos que se debruçam sobre a questão linguística no continente, tecendo, assim, um diálogo produtivo e questionador. Este é, por fim, um livro despretensioso e bem articulado: leitura essencial para aqueles que estudam a(s) África(s) no Brasil. Autora: Ângela Lamas Rodrigues é doutora em letras pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é professora na Universidade Estadual de Londrina (PR).

DESTAQUES do Portal da Unicamp 16/3/2012 – O reitor da Unicamp, Fernando Ferreira Costa, inaugurou no último dia 16 as obras para readequações na infraestrutura do Pavilhão I (Paviartes) do Instituto de Artes (IA). O prédio passou por restruturação completa. Foram trocados os pisos, telhados, instalações elétricas e hidráulicas; e executadas adequações para portadores de necessidades especiais, com instalação de elevador e reforma dos sanitários. Mais de 200 alunos dos cursos de Dança e Artes Cênicas desenvolvem suas atividades práticas no local. O investimento é de R$ 1,2 milhão. “Uma universidade que queira ser de classe mundial, como a Unicamp almeja, tem que ter todas as suas áreas igualmente desenvolvidas. Por isso, estamos investindo maciçamente na infraestrutura. E isso inclui o Instituto de Artes. Estes recursos são significativos e fazem parte de um conjunto de investimentos que estamos fazendo na graduação. Gostaria de agradecer o esforço dos diretores, docentes e funcionários que contribuíram com esta obra”, expressou o reitor durante cerimônia de inauguração. Citando outras obras, como a construção do teatro-escola, o diretor do IA, Esdras Rodrigues Silva, afirmou que o momento é “histórico e significativo.

Paviartes I recebe R$ 1,2 mi em readequações na infraestrutura Foto: Antonio Scarínetti

Reitor Fernando Costa descerra placa no Pavilhão I do IA

Com todas as obras o IA entra em uma nova era no quesito infraestrutura, dando um salto muito grande”, ressaltou.

Um total de R$ 12 milhões vem sendo aplicados nos últimos três anos em diversas obras no Instituto, com-

plementou Paulo Eduardo Rodrigues da Silva, pró-reitor de Desenvolvimento Universitário. “São muitas obras

que estamos executando no campus, e o Instituto que mais vem recebendo recursos pela demanda existente é o IA. Mas todas as demais unidades estão passando por melhorias”, ponderou. As obras são gerenciadas pela Coordenadoria de Projetos e Obras (CPO), órgão vinculado à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU). O pró-reitor de Graduação, Marcelo Knobel, destacou o esforço conjunto para a conquista de melhorias na infraestrutura do Pavilhão I. “Tive um envolvimento direto com a reforma e sei que tem muito ainda para ser melhorado. Nós temos todo um planejamento para encaminhar estas outras melhorias e o importante é que estamos trabalhando bem e juntos para conquistarmos espaços adequados para nossa universidade”, destacou. Também discursaram as diretoras Sara Pereira Lopes, do Departamento de Artes Cênicas, e Elizabeth Bauch Zimmermann, da Artes Corporais. A cerimônia de inauguração contou ainda com apresentações de grupos de alunos dos cursos de Artes Cênicas e Dança. Eles encenaram fragmentos dos espetáculos “O Burguês Finado” (Artes Cênicas) e “Sim, pela Cintura” (Dança), dirigidos pelos docentes Robert Mallet e Daniela Gatti. (Sílvio Anunciação)


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Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012 Fotos: Antoninho Perri

Fisioterapia em ambiente virtual

O professor João Mauricio Rosário (à esq.), orientador, e Alvaro Joffre Uribe Quevedo, autor da tese: monitorando posição, velocidade e aceleração

Dispositivo acompanha o processo de reabilitação de membro inferior com de�iciência parcial

ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

CARMO GALLO NETTO

A

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realidade virtual é muito usada na engenharia e se expande cada vez mais para vários setores da atividade humana. Os simuladores de voo constituem conhecido exemplo, já que permitem reproduzir as mesmas condições enfrentadas pelos pilotos de aeronaves diminuindo custos envolvidos em práticas reais. Hoje a realidade virtual está vulgarizada em vídeo games, como o modelo Wii, que utiliza um controle sensível ao movimento, complementando com movimentos naturais os antigos dispositivos de controle providos somente de botões, permitindo a imersão na atividade simulada: um jogo de boliche, de tênis, uma corrida de carros. Imaginese agora um dispositivo que integre um sistema mecânico computadorizado à realidade virtual para aplicação em fisioterapia, de forma a fazer com que a pessoa assistida se sinta realizando marchas, subindo e descendo rampas ou escadas. Esse foi o objetivo do trabalho de pesquisa de doutorado, financiado pela Fapesp, desenvolvido por Alvaro Joffre Uribe Quevedo, no Laboratório de Automação da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp. Orientado pelo professor João Mauricio Rosário, professor da FEM, o trabalho deu origem à tese que apresenta o desenvolvimento de um dispositivo mecatrônico que acompanha o processo de reabilitação de membro inferior com deficiência parcial através de sua integração com um perambulador, possibilitando ao usuário o movimento dentro de um ambiente virtual. O perambulador é um sistema mecatrônico que, por meio da realidade virtual, permite que o usuário se desloque em um ambiente gerado por computador através dos movimentos das pernas. O professor explica que as atividades de terapia e reabilitação se caracterizam pela execução de movimentos repetitivos durante ciclos que permitem ao terapeuta

avaliar o desenvolvimento e a evolução do paciente. Esta terapia assistida tem a eficácia diminuída com o cansaço do terapeuta que assiste ou do paciente em razão de suas capacidades físicas. A terapia também fica comprometida quando o paciente, ao realizar exercícios por sua conta, não executa adequadamente os movimentos devido às faltas de supervisão e referências ou mesmo ao cansaço ou dor. Para contornar esses problemas, o trabalho propõe a reabilitação de um membro inferior com deficiência parcial, através do desenvolvimento de um dispositivo mecatrônico simples que, além de assistir à movimentação, permita ao usuário a interação com um ambiente virtual, interagindo com o usuário e incentivando a execução dos movimentos próximos ao real. O sistema proposto torna possível monitorar posição, velocidade e aceleração do membro inferior durante a movimentação. As informações sobre os movimentos realizados e as interfaces do usuário permitirão a imersão e a interação que possibilita ao paciente a correta execução da terapia. Rosário esclarece que “o trabalho propõe o desenvolvimento de um dispositivo para membro inferior de baixo custo, integrado a um ambiente virtual de interação com o usuário que servirá de ferramenta para complementar o processo de reabilitação”. O desenvolvimento do dispositivo proposto está fundamentado no estudo de conceitos biomecânicos, cinemáticos e dinâmicos que possibilitam a assistência da movimentação, proporcionando um ambiente seguro, controlado, supervisionado e com monitoramento do usuário. O docente explica que “a metodologia fundamenta-se na análise biomecânica do membro inferior humano e suas relações antropométricas para propor a solução do problema cinemático e de geração das trajetórias para, então, possibilitar a definição de modelo mecatrônico capaz de responder em consonância com movimentos

padronizados”. A integração da robótica e da realidade virtual com processos e procedimentos em diferentes áreas da medicina vem obtendo certo impacto social. No caso da reabilitação, tanto fisiológica quanto psicológica, estas áreas apresentam formas únicas e inovadoras para complementar e melhorar os processos de terapia. Esses novos processos exigem o desenvolvimento da órtese robótica – estrutura mecânica que se ajusta à anatomia do membro cujos movimentos devem ser recuperados e que se semelha a uma prótese – e do exoesqueleto – dispositivo robótico utilizado para aumentar a força humana, a exemplo das vestimentas utilizadas em filmes como Avatar. Esses dispositivos que visam assistir a fisioterapia do membro inferior são ainda hoje de uso exclusivo e restrito devido às dimensões e custos. Segundo os autores, as pesquisas nas áreas de robótica para o corpo, de perambulador e de realidade virtual orientada à reabilitação vêm sendo realizadas isoladamente, com poucas e recentes integrações entre si. Os novos dispositivos de interface humana permitem a procura de soluções que aproveitam a anatomia do ser humano criando motivação no paciente. A realidade virtual oferece um ambiente que permite expor e monitorar o paciente em cenários controlados; aplica-se à reabilitação nos casos de déficits cognitivos, motores e físicos; oferece um aprendizado ativo e experimental motivante; mostra-se eficaz no tratamento de fobias, na redução da dor durante o tratamento de queimaduras, no tratamento através de punções e de pacientes com deficiência de sentidos.

O sistema Para o desenvolvimento da metodogia houve necessidade de realizar a modelagem biomecânica da marcha e da reabilitação; projetar dispositivo mecatrônico baseado no estudo biomecânico e de reabilitação; construir um protótipo

experimental do dispositivo e a realização dos respectivos testes; desenvolver um ambiente virtual para navegação; integrar o dispositivo da perna com o ambiente virtual e outros elementos do perambular. O desenvolvimento do trabalho ocorreu em três etapas como apresentado em ilustração nesta página. A primeira, baseada em modelos, envolveu a análise biomecânica que incluiu a cinemática, a geração de movimentos, a dinâmica e o sistema de controle. Na segunda fase foi desenvolvido o mecanismo adequado à contemplação dos tipos de movimentos mais utilizados e mais básicos no dia a dia das pessoas. O exoesqueleto então criado foi testado em simulações envolvendo os movimentos básicos pretendidos. Na terceira etapa a preocupação foi a de adaptar o mecanismo em uma pessoa da forma mais rápida e confortável possível e introduzir o conceito de realidade virtual de mais baixo custo. Em vista disso, diz o docente, “utilizamos os componentes de mercado, a exemplo do modelo Wii e Kinect, e basicamente um programa de computador que permite o mapeamento da pessoa, de tal forma que ela tenha a sensação que está imersa no ambiente em que realiza os movimentos solicitados, sejam marchas ou o enfrentamento de rampas ou escadas, por exemplo”. O paciente acompanha na tela do monitor o desenvolvimento dos exercícios e recebe a imediata resposta aos movimentos executados e também, quando necessário, a força adicional de que precisa, ou então ocorrem adequações do ambiente que o levem aos movimentos corretos. Em suma, o sistema obriga ao usuário, a exemplo do fisioterapeuta, a realizar o movimento exigido pela terapia. O professor considera fases distintas do trabalho a construção do sistema e a criação de um ambiente que possa ser utilizado para reabilitação. Rosário enfatiza que o sistema desenvolvido é aplicado em pacientes com mobilidade parcial em apenas uma das pernas, porque o estudo usa como referência para o movimento a perna sadia. Para ele, o objetivo principal do trabalho foi a construção de um dispositivo – o exoesqueleto – que permitisse a uma pessoa com deficiência parcial nas pernas recuperar os movimentos. Moveu-o ainda ao estudo o domínio de uma tecnologia, que não considera fácil, e ainda a redução de custos, que possibilitaria o aumento do universo atendido.

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Tese: “Desenvolvimento de dispositivo para reabilitação de membro inferior com deficiência parcial” Autor: Alvaro Joffre Uribe Quevedo Orientador: João Mauricio Rosário Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) Financiamento: Fapesp

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12 Jornal daUnicamp Campinas, 26 de março a 8 de abril de 2012

Foto: Divulgação

saudosa província O compositor paulista Adoniran Barbosa: cantando os desencontros do paulistano engolido por uma cidade que cresce de forma desordenada

Foto: Antoninho Perri

Estudo mostra como Adoniran Barbosa retratou, com olhar crítico, as transformações que �izeram de SP uma metrópole

O pesquisador Marcus Vinícius da Silva, autor da dissertação: leitura acurada e fundamentada no contexto histórico

MARIA ALICE DA CRUZ

U

halice@unicamp.br

m homem pequeno, de voz pequena e rouca, versando de maneira peculiar, conquista os ouvidos mais apurados do país nas décadas de 1960 e 1970. Filho de imigrantes italianos nascidos em Valinhos, interior de São Paulo, foi cantando seus versos à “terra da garoa” que João Rubinato ou Adoniran Barbosa (1910-1982) conquistou gravadoras, críticos e ouvintes de várias gerações, assim como o pesquisador Marcus Vinícius da Silva, autor da dissertação “Adoniran: nem trabalho nem malandragem”. Depois de analisar canções dos três primeiros long plays (LPs), nos quais o compositor pode imprimir a própria voz em seus sambas, Silva observa que, ao mesmo tempo em que incorpora o cidadão paulistano, Adoniran faz críticas ao caos que se instaura com o progresso da São Paulo da década de 1950. Para ele, o compositor não canta nem o trabalho nem a malandragem. Na opinião do pesquisador, Adoniran não fazia questão de

esconder sua postura crítica com relação ao crescimento abrupto da cidade, mesmo sendo enaltecido pela maioria dos críticos da época por refletir a construção de uma figura típica paulista. Saudosa Maloca reflete a condição do cidadão paulistano dentro do projeto expansionista de sua cidade. Iracema, personagem que dá título a outra obra sua, é atropelada, como se o trânsito e outros elementos do progresso estivessem engolindo a população que antes podia viver tranquilamente naquele mesmo lugar.“Cuidado ao atravessar essas ruas...”. A linguagem sempre chamou a atenção nas músicas de Adoniran, seja na voz dos grupos Demônios da Garoa e Talismã, nas décadas de 1950 e 1960, ou na sua própria voz nos discos Adoniran Barbosa (1974 e 1975) e Adoniran e Convidados (1980). Faltava, porém, uma análise aprofundada de suas músicas, relacionando-as ao contexto histórico em que foram criadas e executadas. Segundo Silva, o compositor não havia recebido uma leitura crítica que o localizasse no contexto histórico, ideológico e cultural que trouxe de volta à cena canções suas e de outros sambistas, como Zé Keti (1921-1999), Nelson Cavaquinho (1911-1986) e Cartola (1908-1980). A dissertação, segundo o pesquisador, surge com essa missão. “Entendi que seria interessante

trazer Adoniran e apresentar a partir dessa perspectiva. O que interessou? Por que esses mediadores resolveram trazer Adoniran para cenário da música popular e para a indústria cultural que se formava. Quais elementos tornavam a música de Adoniran interessante?”, explica Silva. Desde o trabalho no rádio na década de 1940, Adoniran valorizava a linguagem oral popular do paulistano e das pessoas que circulavam pelos ambientes populares de São Paulo, mas nunca abriu mão do tragicômico, que evidencia a tragédia cotidiana do operário e da população engolida pela cidade que cresce de forma assustadora, segundo Silva. Os enredos são contados por meio de linguagem simples e divertida, como na música Tocar na Banda (1965). O personagem, geralmente, não tem instrução e traduz emoções por meio da linguagem peculiar desenvolvida por Adoniran e Osvaldo Moles, segundo Silva. De acordo com Silva, o tragicômico é refletido tanto na concepção das letras quanto em aspectos melódicos e rítmicos das canções. O ritmo ágil e sincopado do samba sugere alegria, leveza, suavidade. Nas músicas do intuitivo Adoniran, a leveza do samba é mesclada com aspectos harmônicos que trazem uma tonalidade menor, considerada uma tonalidade melancólica.

Silva lembra que Talismã e Demônios da Garoa conseguiram absorver e construir estilo próprio que mantivesse o efeito esperado pelo compositor, mas a interpretação do próprio Adoniran assegura uma performance magistral, com prosódia naturalmente graciosa e espontânea. “Ele certamente não possui as virtudes técnicas do grupo Demônios da Garoa, que fez arranjos a quatro vozes, ou até mesmo pelo Talismã, mas tinha as características de um sambista tradicional”, diz Silva.

Redefinição De acordo com Silva, com a redefinição da música popular brasileira (MPB) na década de 1960, alguns sambistas despertaram interesse por parte de alguns mediadores culturais. Nesse momento, esses artistas conquistaram um público que estava ligado à juventude universitária e ao meio acadêmico. O pesquisador explica que nesse período houve interesse na demanda pelo samba tradicional, pois o novo público, intelectualizado e mais exigente, almejava por um discurso de resistência ao sistema, ao regime, que fizesse críticas ao ideal de progresso de São Paulo e ao discurso saudosista e da tradição. Adoniran acabou despontando como demanda pela tradição paulista. De acordo com Silva, esse momento histórico e cultural foi bastante controverso, pois o regime autoritário tolhia os espaços públicos de difusão de um ideal de esquerda. Ao mesmo tempo em que o país vivia sob um regime repressor, os militares aprofundaram a abertura econômica e o projeto desenvolvimentista iniciados por Juscelino Kubitschek, o que possibilitou a formação da indústria cultural no Brasil. “O cenário foi controverso porque o espaço que os artistas populares encontraram para fazer sua mensagem foi justamente o espaço da televisão, que estava no olho do furacão da indústria cultural”, acentua Silva. Nessa época, Adoniran ainda não era conhecido no âmbito nacional, apenas como uma figura da tradição paulista. Somente quando decidiu participar do carnaval carioca com o samba Trem das Onze é que Adoniran

começou a ganhar prestígio nacional. O músico começou a compor em 1930, mas interrompeu esta atividade para trabalhar como ator de rádio e humorista. Retoma na década de 1950, com a produção de sambas pela perspectiva local gravado pelos Demônios da Garoa, de São Paulo. Os três LPs de Adoniran, segundo Silva, têm o mesmo valor estético. No terceiro, lançado em 1975, Adoniran e Convidados, ele canta ao lado de jovens intérpretes, atendendo a uma estratégia definida pela própria gravadora. Entre os escolhidos, Elis Regina, cujo dueto imortalizou a peça Tiro ao Álvaro; Carlos Vergueiro, Djavan, Clara Nunes e Luiz Gonzaga Júnior. Assim como driblou a premissa de que seria apenas um cantador do trabalho, Adoniran dividiu a crítica. Enquanto a maioria dos críticos lhe atribuía a responsabilidade de resgatar o samba autêntico e representante do trabalhador paulistano, alguns o criticavam por participar do carnaval carioca com Trem das Onze. Antonio Candido, no encarte dos discos de 1975, escreve que Adoniran reflete não só a construção de uma figura típica paulista, mas brasileira. “As críticas eram diversas. Grande parte correspondia a uma demanda saudosista, dizendo que Adoniran trazia resgate do samba autêntico, com jeito de falar típico do lugar”, esclarece. O fato é que, passadas algumas gerações, Adoniran é um exemplo de que este samba considerado autêntico continua a surpreender novos ou saudosistas ouvintes de rádio, mostrando que o velho samba, como diz um Nelson Sargento, “agoniza, mas não morre”.

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Dissertação: “Adoniran Barbosa: nem trabalho nem malandragem” Autor: Marcus Vinícius da Silva Orientador: Mário Frungillo Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

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