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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012 - ANO XXVI - Nº 544 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
IMPRESSO ESPECIAL
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CORREIOS
FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
Foto: Antoninho Perri
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Novos serviços nas áreas de genômica, proteômica, biologia celular e bioinformática já estão disponíveis no Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD). “A ideia é oferecer tecnologias modernas para toda a Universidade, apoiando áreas estratégicas de pesquisa”, afirma Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa.
Sequenciador HiSEQ 2000, um dos novos equipamentos do LaCTAD
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6 Ações inovadoras diminuem 7 evasão e geram conhecimento Reconstrução mamária com 9 músculo dorsal é recomendada Ferid Murad, Nobel de Medicina 12 em 98, dá conferência na FCM Alta concentração de metais tóxicos é detectada em aterros
4 Estudo revela vantagens de 5 integração energética na AS A mandioca como fonte de etanol e de eletricidade
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Tecnologia de ponta reforça Fotos: Antoninho Perri
Pesquisadores têm acesso a serviços nas áreas de genômica, proteômica, biologia celular e bioinformática LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br
Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD) já está oferecendo serviços nas áreas de genômica, proteômica, biologia celular e bioinformática aos pesquisadores da Unicamp, informa a Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). Inspirado no conceito de facilities muito comuns no exterior, o laboratório reúne equipamentos de alto custo e complexidade, e conta com um corpo técnico qualificado para disponibilizar tecnologia de ponta a um número maior de pesquisadores. São equipamentos de sequenciamento genômico de alto desempenho, análise de interações proteína-proteína e proteína-ligante, análise de diferentes tipos de células e tecidos, e servidores e computadores com elevado poder de processamento. “O LaCTAD representa um conceito novo na Universidade. A ideia é oferecer tecnologias modernas e de alto desempenho para toda a Universidade, apoiando áreas estratégicas de pesquisa.” afirma o professor Ronaldo Aloise Pilli, pró-reitor de Pesquisa. “Ele também será aberto a usuários externos, conforme norma do programa Equipamento Multiusuários da Fapesp, que destinou R$ 4,2 milhões para aquisição dos equipamentos. Vamos fazer isso por etapas: primeiro para a nossa comunidade e depois para instituições do Estado de São Paulo e de outros pontos do país.” Ronaldo Pilli preocupa-se em esclarecer que o LaCTAD é uma unidade de prestação de serviços e não desenvolve linhas próprias de pesquisa. “Isso significa que as análises são realizadas pelo nosso corpo técnico mediante solicitação por via eletrônica. Os usuários poderão realizar o pagamento dos serviços através de transferência de recursos orçamentários ou através de verbas de convênios de pesquisa. O LaCTAD conta com um Conselho Científico Administrativo formado por especialistas da Universidade, responsável pela supervisão geral das atividades do Laboratório. São eles que estabelecem diretrizes e metas e acompanham as atividades.” Nos moldes de uma facility, o custo das análises cobrirá apenas as despesas com insumos e manutenção dos equipamentos, enquanto os gastos com pessoal e infraestrutura ficarão por conta da Unicamp. “Os interessados poderão utilizar recursos orçamentários ou incluir a previsão de gastos quando da submissão de seus pedidos de auxílio à pesquisa às agências de fomento. Quero ressaltar, também, que garantimos total confidencialidade dos dados, que é uma questão sempre delicada para o pesquisador”, explica o pró-reitor. O LaCTAD está funcionando de forma descentralizada até que seja finalizada a construção do prédio que vai concentrar todos os equipamentos, no primeiro semestre de 2013. “Já temos nosso próprio corpo técni-
Vista parcial do prédio do LaCTAD; no detalhe, maquete em 3D mostra como ficará o laboratório: local abrigará equipamentos de alto custo e complexidade
co nas áreas de genômica, biologia celular e bioinformática. A área de proteômica deverá estar disponível até o final do ano, sendo que por enquanto contamos com a colaboração do Instituto de Química, onde os serviços de espectrometria de massas serão realizados enquanto não contamos com equipamento próprio. Também estamos oferecendo regularmente cursos de bioinformática pois há uma grande demanda por profissionais com esta formação”, observa Ronaldo Pilli. De acordo com a pesquisadora Sandra Krauchenco, que está gerenciando a implantação do LaCTAD, os interessados encontrarão no site do laboratório todas as informações sobre os equipamentos e serviços disponíveis, bem como as regras e formulários para solicitação de orçamento e submissão de amostras. “Já temos serviços concluídos e estamos recebendo várias consultas em sequenciamento, bioinformática e biologia celular, tanto de instituições de pesquisa como de empresas privadas”, enumera. O endereço do LaCTAD é http://lactad. unicamp.br O pró-reitor de Pesquisa, professor Ronaldo Aloise Pilli: “O LaCTAD representa um conceito novo na Universidade”
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UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira Costa Coordenador-Geral Edgar Salvadori De Decca Pró-reitor de Desenvolvimento Universitário Roberto Rodrigues Paes Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer Pró-reitor de Pesquisa Ronaldo Aloise Pilli Pró-reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita Neto Pró-reitor de Graduação Marcelo Knobel Chefe de Gabinete José Ranali
Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju. E-mail leitorju@reitoria.unicamp.br. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab (kassab@reitoria.unicamp.br) Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos (kel@unicamp.br) Reportagem Carmo Gallo Neto Isabel Gardenal, Maria Alice da Cruz e Manuel Alves Filho Editor de fotografia Antoninho Perri Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Coordenador de Arte Luis Paulo Silva Editor de Arte Joaquim Daldin Miguel Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Patrícia Lauretti e Jaqueline Lopes. Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon Everaldo Silva Impressão Pigma Gráfica e Editora Ltda: (011) 4223-5911 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3327-0894. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju
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áreas estratégicas de pesquisa Fotos: Antoninho Perri
Veja o que o LaCTAD já oferece EQUIPAMENTOS INSTALADOS
SERVIÇOS DISPONÍVEIS
Área de Genômica Sequenciador automático de DNA (3730XL), sequenciador de genomas (HISEQ2000), termociclador, PCR Real Time, Bioanalyser, Qubit, Bioruptor, Hydroshear.
Análises de sequenciamento de DNA e RNA: preparação de amostras e corridas nas plataformas HiSeq2000 Illumina (sequenciamento next-gen ou sequenciamento por síntese) e 3730 Applied Biosystems (sequenciamento tradicional por Sanger).
Área de Bioinformática Servidores, microcomputadores, racks, switches, chaveadores, storages e componentes.
Análise de dados do sequenciamento de DNA, montagem de genomas e outras análises biológicas sob demanda.
Área de Biologia Celular Microscópio confocal, equipamento para microdosagens (Bio-Plex) e citômetro de fluxo.
Análises de: - microscopia confocal - microdosagem de hormônios/citocinas - citometria de fluxo
Área de Proteômica Sistema de purificação de proteínas e microcalorímetro auto ITC 200. Especialistas operam sequenciador HISEQ 2000, um dos novos equipamentos do LaCTAD, no Laboratório de Genômica e Expressão
Serviços ainda não disponíveis: profissional em treinamento nas técnicas de microcalorimetria e espectrometria de massas, ambas aplicadas a proteínas.
DEPOIMENTOS O Conselho Científico Administrativo do Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD) é constituído pelos professores Gonçalo Amarante Guimarães Pereira e Paulo Arruda, do Instituto de Biologia (IB), Carlos Henrique Inácio Ramos, do Instituto de Química (IQ), Sara Teresinha Olalla Saad, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), e Zanoni Dias, do Instituto de Computação (IC). Pesquisadores de renome nas áreas de genômica, proteômica, biologia celular e bioinformática, eles comentam a importância deste novo conceito de laboratório na Universidade.
O desafio de atender bem
Um pleito antigo “A criação de um laboratório com facilidades na área biológica é uma necessidade antiga, pleiteada pelos pesquisadores da Unicamp há pelo menos 12 anos. Porém, só nesta gestão o professor Fernando Costa e o professor Pilli se empenharam na concretização da ideia, que é hoje uma realidade. Impossível se fazer pesquisa competitiva atualmente sem um laboratório de apoio, com serviços como os propostos no LaCTAD. É assim que funciona nos Estados Unidos e Europa. Laboratórios deste tipo concentram equipamentos e pessoal com treinamento especifico para desenvolvimento de expertises técnicas de alta complexidade. Ou seja, o pesquisador tem mais tempo de pensar e desenhar um projeto e analisar seus resultados, ao invés de se desgastar com treinamento de técnicos e alunos e aquisição de infraestrutura para implantação de uma técnica que pode ter duração efêmera em seu laboratório ou para um determinado projeto. Além disso, a efemeridade da utilização da técnica impede seu completo conhecimento.” Sara Ollala Saad
A serviço da área de biológicas “O LaCTAD é uma iniciativa importante que permitirá acesso a tecnologias de ponta para um grande número de pesquisadores, seja da Unicamp ou de fora dela, proporcionando avanços nas pesquisas em biologia, medicina, bioquímica e biofísica. Mais especificamente na minha área de atuação, o LaCTAD proverá serviços de bioinformática – como montagem e comparação de genomas – que será de grande ajuda para os pesquisadores das áreas biológicas.” Zanoni Dias
Autonomia ao país
Como as melhores ‘facilities’
“Esta facility traz para o Brasil uma autonomia em relação aos serviços de alto desempenho. E o fato de a Unicamp poder oferecer isso aos pesquisadores brasileiros é motivo de enorme satisfação. Para a nossa área de pesquisa, o LaCTAD é fundamental: se entendermos o genoma como um grande livro, esta facility é o que faz a leitura. São equipamentos de primeira geração em sequenciamento de alto volume, tanto sequências maiores como pequenas (que fazemos em maior número). E a combinação dessas técnicas permite desvendar genomas de grande complexidade.” Gonçalo Pereira
“O LaCTAD vem suprir uma necessidade premente para as instituições de pesquisa do país, oferecendo a oportunidade para pesquisadores terem acesso a tecnologias que envolvem grandes volumes de dados como a genômica e a proteômica, e também oferecendo serviço de bioinformática de alta qualidade. Projetado para operar nos moldes das melhores facilities comuns nas universidades no exterior, o LaCTAD tem como objetivo oferecer serviços de qualidade e auxiliar os pesquisadores no processamento e interpretação dos resultados. Com isso, o Laboratório espera dar uma grande contribuição para a melhoria da qualidade das publicações dos pesquisadores da Unicamp e de outras instituições interessadas em nossos serviços.” Paulo Arruda
“Eu considero de extrema importância para a ciência o planejamento, construção e manutenção de laboratórios multiusuários que possam abrigar equipamentos de grande porte para prestação de serviços. Apesar de tais equipamentos serem de valor muito elevado e exigirem manutenção rotineira e especializada, são vitais para os casos em que se investigam sistemas muito complexos ou onde se exige a geração de dados em larga escala. Desta maneira, laboratórios multiusuários nos moldes do LaCTAD têm o potencial de gerar um grande impacto positivo nas pesquisas realizadas na Unicamp ou em outras instituições de pesquisa, uma vez que tornam acessível o uso de tecnologias de ponta que dificilmente seriam adquiridas por apenas um grupo ou grupos pequenos de pesquisa. O nosso maior desafio será atender bem os nossos usuários: os grupos de pesquisa. Minha experiência em outras instituições e laboratórios multiusuários aponta que este desafio não será fácil de ser vencido, uma vez que muitas vezes vai exigir uma maior compreensão do problema que o usuário está estudando. Ainda não estamos muito acostumados com este tipo de relação no nosso sistema de pesquisa. Portanto, torna-se primordial que tenhamos no LaCTAD pessoal altamente qualificado e bem treinado para se relacionar com o usuário. As pessoas envolvidas com o LaCTAD vêm fazendo grandes esforços neste sentido e acho que estamos sendo bem sucedidos. Aprimorar cada vez mais o atendimento ao usuário torna-se, então, a meta a ser buscada.” Carlos Ramos
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Mandioca gera etanol e eletricidade
Dissertação desenvolvida na FEM caracteriza e demonstra potencial da biomassa Fotos: Antoninho Perri
LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br
produção de etanol tendo a mandioca como matéria-prima já foi objeto de estudos nas décadas de 1970 e 80, mas esta opção acabou descartada pelos pesquisadores por conta da baixa produtividade da raiz no campo. Hoje, entretanto, é possível mais do que dobrar aquela produtividade, então de 12 toneladas por hectare ao ano, para pelo menos 30 toneladas, justificando uma nova avaliação da ideia. É o que fizeram o professor Waldir Antonio Bizzo e o engenheiro agrônomo João Paulo Soto Veiga, em pesquisa de mestrado junto à Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). E com resultados surpreendentes. O estudo focou o potencial da mandioca para fins de etanol, bem como a caracterização dos resíduos da planta e seu aproveitamento na geração de eletricidade e vapor para autossuficiência energética de uma usina produtora do combustível. “A ideia de voltar a pesquisar a mandioca no sentido de produzir energia partiu da professora Teresa Lousada Valle, do IAC, que acaba de ser premiada por seu conhecimento em raízes e tubérculos”, reconhece Waldir Bizzo. “Vem do passado o mito de que a mandioca não funciona para etanol e, por isso, até hoje não se faz. Por que não tentar fazer?” Segundo o docente da FEM, a parceria com o IAC começou há quatro anos, mas o trabalho evoluiu com a integração à equipe do agrônomo João Paulo Veiga, que explica algumas características da mandioca. “No processo de colheita, utiliza-se uma máquina cortando os ramos superiores da planta. Sobram 10 ou 20 centímetros de galhos e a chamada cepa – que serviu como semente no ano anterior e de onde saem as raízes de mandioca. A cepa ganha volume, aspecto lenhoso e, embora possua alto teor de amido, acaba descartada por causa da dificuldade em moê-la. Além disso, precisa ser separada manualmente, o que é demorado e acarreta gasto com mão de obra.” Na falta de dados sobre as propriedades dos resíduos da mandioca, a novidade na dissertação de João Veiga está justamente na caracterização desta biomassa, calculando a quantidade em que é produzida, a umidade que apresenta no campo e quando estocada, e o quanto de energia é capaz de gerar. Para a avaliação, o IAC forneceu três variedades de seu campo experimental na cidade de Echaporã (SP), sendo que a de melhor desempenho foi a IAC-14, que já é comercializada. Colhida 12 meses após o plantio, a variedade apresentou alta produção de raízes (30,12 t/ha/ano) e uma das maiores relações de produção de resíduos (315 quilos por tonelada de raiz). Foram dois anos de pesquisa para demonstrar que o montante de resíduos produzidos pela planta, além de gerar a energia para a manutenção de uma usina de produção de etanol a partir do amido de mandioca, proporciona a geração de energia elétrica excedente, passível de ser vendida ao mercado. “Este excedente de eletricidade é muito superior à praticada atualmente pelas usinas de açúcar e álcool. E, considerando a produção de energia e de biocombustível, a mandioca possui índices comparáveis aos da cana-de-açúcar”, assegura o engenheiro agrônomo. De acordo com João Paulo Veiga, na trans-
O professor Waldir Antonio Bizzo (dir.), orientador, e o engenheiro agrônomo João Paulo Soto Veiga, autor da dissertação: dobrando a produtividade
A cepa e resíduos da mandioca: caracterização da biomassa
formação de amido (de milho ou de mandioca) em etanol, os resíduos podem ser queimados na caldeira para geração de vapor, que por sua vez vai acionar uma turbina para fornecer tanto a energia elétrica quanto a energia térmica demandadas no processo. “Atualmente, usinas de açúcar e álcool no Estado de São Paulo vendem uma média de 4,4 gigajoule de eletricidade excedente por hectare/ano; com resíduos da mandioca este excedente pode chegar a 21,8 gigajoule.” Um parâmetro importante obtido nos estudos é que os resíduos não podem ser utilizados assim que colhidos, devido à alta umidade, havendo necessidade de um período de secagem no campo ou na indústria. “Os índices que estudamos foram a 30% de umidade. Outro detalhe é que esta biomassa tem cinzas com alto teor de óxidos básicos e deve ser trabalhada a
temperaturas menores na câmara de combustão. Isso porque estas cinzas apresentam baixo ponto de fusão e, se fundidas no caminho de exaustão, vão se agregando nos tubos da caldeira e criando uma camada isolante, ao invés de proporcionar boa troca térmica.”
SURPRESA
O professor Waldir Bizzo confessou-se surpreso diante dos resultados obtidos com a raiz e os resíduos da mandioca, que são comparáveis aos oferecidos pela cana-de-açúcar. “Do ponto de vista energético, penso que se trata de um produto atrativo. O lado negativo, assim como no caso da cana, é a energia competindo com o alimento. Mas, por outro lado, imagino que a intensificação da utilização da raiz de mandioca para produzir energia pode incentivar, também, o consumo do alimento,
tornando os processos mais intensivos, produtivos e rentáveis, inclusive reduzindo seu custo. A cana deve ter ficado muito mais barata nos últimos anos.” A sugestão do docente da FEM, contida na dissertação, é o cultivo da mandioca para fins de etanol em regiões onde a produção do biocombustível a partir da cana-de-açúcar não se dê em níveis economicamente viáveis. “A cana é a menina dos olhos da cultura energética e não vejo possibilidade de entrada de outra cultura onde ela já está estabelecida. Mas em regiões áridas e semiáridas, que apresentam deficiência hídrica e de outros parâmetros climáticos, a mandioca poderia ser utilizada para geração de etanol e de excedente de energia elétrica, assim como outras culturas.” Waldir Bizzo reconhece que os resíduos das várias culturas agrícolas são deixados no campo também por sua utilidade agronômica, pois contribuem para a ciclagem de nutrientes. No entanto, faz uma pergunta aos agrônomos. “Quanto é preciso deixar lá? Existe uma parte considerável de energia sendo descartada. Há necessidade de uma mudança de técnicas, como de colheita, e também de conceito, começando-se a ver o resíduo como sendo também um produto.”
Publicação Dissertação: “Aproveitamento de resíduos de campo da cultura da mandioca (Manihot Esculenta CRANTZ) para cogeração de energia no processo de produção de etanol de mandioca” Autor: João Paulo Soto Veiga Orientador: Waldir Antonio Bizzo Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)
Brasil é o segundo maior produtor mundial A dissertação de João Paulo Soto Veiga traz informações da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) colocando o Brasil como segundo maior produtor mundial de mandioca (com 24,3 milhões de toneladas em 2010), atrás apenas da Nigéria (37,5) e seguido de Indonésia (23,9), Tailândia (22) e Congo (15 milhões de toneladas). Segundo o IBGE, os maiores produtores brasileiros são os estados do Pará, Paraná e Bahia, sendo que em termos regionais, o Nordeste fica em primeiro lugar com mais de 8 milhões de toneladas/ano.
A cultura da mandioca no país é, em sua maioria, realizada por pequenos agricultores e tradicionalmente voltada para a alimentação humana, na forma in natura, de amido e de derivados como a farinha. A sua utilização para a produção de etanol é inexpressiva no mercado brasileiro e mundial – a maioria das usinas utiliza principalmente milho (Estados Unidos) e canade-açúcar (Brasil). Entretanto, em países da Ásia como China e Tailândia, já está em fase de implantação e adoção dessa matéria-prima para a produção de
etanol. A Tailândia já utiliza a mandioca em 10% da produção do biocombustível, índice que deve saltar a 90% depois da implantação e entrada em operação de novas usinas com este propósito. Na China, a política de segurança alimentar está inibindo a implantação de mais usinas que produzem etanol a partir do milho, presente em 80% desta produção. Diante da restrição ao milho, são estudadas outras matérias-primas, como mandioca, sorgo sacarino e batata doce. Estudos realizados em 2010 mostram que na produção de etanol a partir da raiz de mandioca,
para cada joule (unidade de energia) consumido na produção agrícola e processamento desta matéria-prima, obtém-se 1,76 joule no combustível produzido. Este índice pode ser melhorado através da utilização de resíduos de campo da mandioca, visando à produção total ou parcial da energia consumida no processamento industrial. Usando também o biogás dos resíduos das raízes como fonte energética no processamento da raiz, pesquisadores encontraram uma relação de 9,8 J no etanol para cada 1 J consumido na produção.
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Foto: Antonio Scarpinetti
Energia compartilhada Estudo mostra que integração energética na América do Sul seria benéfica
Linha de transmissão em Itaipu: usina fornece 16,99% da energia no Brasil e abastece 72,91% do consumo paraguaio
Foto: Antoninho Perri
LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br
integração energética na América do Sul traria ganhos expressivos como a complementaridade dos recursos energéticos aproveitando, por exemplo, a diversidade hidrológica entre os países; a possibilidade de aplicação de tarifas mais competitivas; e a diversificação da matriz energética de seus membros, atendendo não só aos interesses geopolíticos, como também à busca pela segurança energética. Diversos acordos bilaterais foram firmados ao longo dos anos, mas este processo de integração evolui de forma lenta, visto que envolve questões estratégicas, políticas e econômicas. É com estas considerações que Luis Germán Barrientos Mujica nos introduz à sua dissertação de mestrado, em que avalia os benefícios associados à operação coordenada do Sistema Interligado Nacional (SIN) por parte do Brasil, juntamente com as usinas binacionais (Paraguai-Argentina) de Corpus e Yacyretá. Ele defendeu a dissertação junto à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, sob a orientação do professor Secundino Soares Filho. “Em minha graduação na Universidade del Este, tive um orientador que trabalhava em Itaipu. Veio dele a sugestão para que eu fizesse o mestrado na Unicamp e também do tema para a pesquisa.” Luis Barrientos explica que das duas usinas binacionais, Yacyretá está em operação, ao passo que a Corpus Christi ainda é um projeto cuja construção vem avançando. “A avaliação foi feita a partir de dois estudos de caso, com dados oficiais do Programa Mensal da Operação (PMO) de setembro de 2011, considerando o planejamento da expansão do parque gerador até dezembro de 2015. Os estudos de caso foram simulados em 64 cenários hidrológicos, levando em conta as séries históricas de vazões de 1931 a 1998. O primeiro cenário vai de setembro de 1931 até dezembro de 35, o segundo de setembro de 32 até dezembro de 36, e assim por diante, sempre dentro de um planejamento para 52 meses.” O pesquisador utilizou para seus estudos o modelo ODIN (Otimização do Despacho Interligado Nacional), desenvolvido na FEEC, que é uma abordagem baseada na otimização determinística e não linear com vazões previstas e atualizadas a cada intervalo de tempo, numa abordagem denominada Modelo de Controle Preditivo (MCP). “Dessa forma é possível uma representação detalhada e individualizada das usinas hidrelétricas do sistema, viabilizando a análise que se pretende.” Segundo Barrientos, no primeiro caso foi simulada a operação do Sistema Interligado Nacional como ocorre atualmente (de maneira desacoplada das usinas binacionais), com 147 hidrelétricas totalizando uma potência instalada de 95,6 mil me-
Luis Germán B. Mujica, autor da dissertação: tarifas mais competitivas e diversificação da matriz estão entre as vantagens
gawatts (MW). A simulação considerou futuras usinas hidrelétricas como Baixo Iguaçu, com construção prevista dentro do período de planejamento abordado no estudo. A usina de Itaipu, embora seja também binacional, foi incluída como um subsistema do SIN devido à enorme dimensão e à existência de linhas de transmissão dedicadas ao escoamento de energia para pontos distintos. Para a simulação, acrescenta Luis Barrientos, criou-se um subsistema adicional composto pelas usinas binacionais, que estão conectadas hidraulicamente aos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul do SIN. “Tomei, por exemplo, os dados sobre as defluências das usinas de Itaipu (no rio Paraná) e de Salto Caxias (no rio Iguaçu), que são as últimas no Brasil a despejar água antes de se chegar às binacionais. Mais abaixo do rio Paraná, essas defluências passam a ser afluências de Corpus e Yacyretá: é quando simulo a operação das duas binacionais para ver quanto geram com tais vazões.” O pesquisador observa que os subsistemas do SIN e o subsistema das binacionais são acoplados hidraulicamente, mas não eletricamente. Entretanto, no segundo caso foi considerada a operação coordenada das usinas, como se as binacionais participassem do sistema brasileiro. “A partir desta otimização conjunta, calculei novamente quanto gerariam cada usina, comparando os resultados da operação coordenada com a não coordenada, com base nos valores médios de vazão, geração e turbinagem. Na prática, para promover a interligação elétrica, são necessárias linhas de transmissão, o que implica custos – mas isso não fez parte da minha pesquisa.” Em relação aos resultados, Luis Barrientos afirma que existem cenários em que a operação coordenada concentra be-
nefícios nas usinas brasileiras e cenários que contemplam as binacionais. “Porém, considerando a geração hidrelétrica média total, houve um aumento de 13,28 megawatts, ou 116 mil megawatts por ano. Isso significa que operando de maneira coordenada haverá um ganho de mais de R$ 11 milhões por ano, levando em conta o valor médio de 100 reais por megawatt/hora.”
POTENCIAL Na dissertação de mestrado, Barrientos aponta alguns benefícios da integração energética entre os países do Mercosul, como o maior aproveitamento do potencial hidráulico, a otimização do custo de geração e o aproveitamento da energia excedente, entre outros. Ele ressalta que a América do Sul é autossuficiente em insumos energéticos, detendo importantes reservas de petróleo, gás natural e recursos hídricos. “A integração energética tem assim um grande potencial, em função de um fator concreto e objetivo: há complementaridade de insumos energéticos entre os países da região, o que já possibilitou a construção de linhas de transmissão, usinas hidroelétricas e gasodutos.” O pesquisador lembra que o processo de integração já apresentou marcos como a construção de hidrelétricas binacionais (especialmente no Cone Sul) e, ainda nos anos 90, a interconexão dos mercados elétricos nas sub-regiões do Mercosul, Comunidade Andina e países da América Central. “A complementaridade de insumos energéticos pode garantir uma segurança ímpar e estratégica, capaz de viabilizar ciclos de crescimento mais acelerados e dar maior competitividade econômica aos países da região. A base deste processo é a instalação adequada de sistemas integrados de transmissão de energia elétrica e de operação.”
CONFIABILIDADE
Informações colhidas por Luis Barrientos dão conta de que o Sistema Interligado Nacional (SIN) foi criado com o objetivo de ampliar a confiabilidade, aperfeiçoar os recursos energéticos e homogeneizar mercados, já que o Brasil possuía vários sistemas elétricos desconectados. Isso impossibilitava uma operação eficiente das bacias hidrográficas regionais e da transmissão de energia elétrica entre as principais usinas geradoras. O Setor Elétrico Brasileiro (SEB) possui outros sistemas, denominados Sistemas Isolados, que se concentram principalmente na Amazônia. Os estados do Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Pará e Amazonas não estão interligados ao SIN, devido à floresta densa e heterogênea, além de rios caudalosos e extensos, que dificultaram a construção de linhas de transmissão de grande extensão que permitissem a conexão. O Sistema Isolado compreende 45% do território nacional, mas responde por apenas 3,4% da energia elétrica produzida no país. O SIN abrange as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte, atendendo mais de 96% do consumo de energia no Brasil. Em dezembro de 2010 a capacidade instalada do SIN era de 107.990 MW. Esta capacidade vem de usinas hidrelétricas distribuídas por doze bacias hidrográficas nas diferentes regiões. As usinas térmicas, muitas vezes localizadas nas proximidades dos centros de carga, desempenham papel de complementação à energia hidráulica gerada e contribuem para a segurança energética do SIN. Sobre as usinas binacionais localizadas no rio Paraná, o autor descreve que Itaipu, construída a partir de acordo entre Paraguai e Brasil, possui 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornecendo 16,99% da energia consumida no Brasil e abastecendo 72,91% do consumo paraguaio. A usina Yacyretá, construída no trecho que separa a Argentina do Paraguai, tem capacidade instalada de 3.200 MW, abastecendo 16% da demanda Argentina e complementando em 11% a do Paraguai. O projeto Corpus Christi, criado em 1971, prevê uma potência instalada de 2.800 MW, tendo Pindoí como local mais apropriado para a usina, devido ao menor impacto ambiental.
Publicação Dissertação: “Benefícios associados à operação coordenada do sistema interligado nacional junto com as usinas binacionais de Corpus e Yacyretá” Autor: Luis Germán Barrientos Mujica Orientador: Secundino Soares Filho Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Engenheira detecta metais pesados em aterros sanitários de Campinas Foram encontrados elementos com alto nível de toxicidade e potencial cancerígeno Foto: Antonio Scapinetti
SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br
aterro sanitário Delta, para onde é enviado praticamente todo o lixo do município de Campinas, possui altas concentrações de metais pesados em suas águas superficiais e subterrâneas. Elementos como chumbo, cromo, níquel, zinco e cobre também foram identificados em quantidades excessivas nos aterros Parque Santa Bárbara e lixão da Pirelli, ambos desativados há mais de duas décadas. Constatou-se ainda nos dois antigos aterros a presença de metais tóxicos oriundos do chorume, líquido proveniente do lixo em decomposição. Os contaminantes, com alto nível de toxicidade e potencial cancerígeno, foram detectados pela engenheira ambiental Bruna Fernanda Faria. Ela defendeu tese de doutorado junto à Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp. O estudo, que contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq), foi orientado pela professora Silvana Moreira, do Departamento de Saneamento e Ambiente da FEC. O lixão da Pirelli foi a primeira área para destinação de resíduos no município. Com a implantação do aterro Santa Bárbara, em 1984, o espaço foi desativado, após 12 anos de funcionamento. Em 1992, as atividades do Santa Bárbara encerram-se com a implementação do Delta, que possui duas áreas – Delta A e Delta B. Localizado na região oeste de Campinas, o aterro vem ganhando sobrevida ano a ano com a prorrogação de suas licenças pelos órgãos ambientais. Situado junto à bacia do Córrego Piçarrão, o Delta recebe, atualmente, 27 mil toneladas de lixo por mês. “As águas subterrâneas e superficiais formam os mananciais de onde são retiradas as águas para o consumo do município. Portanto, a presença de metais pesados, com teores acima dos valores máximos permitidos pela legislação, é capaz de colocar em risco a saúde da população”, alerta Bruna. Nas águas subterrâneas do aterro Delta foram encontradas, por exemplo, concentrações de chumbo 100 vezes maiores do que aquelas admitidas pela legislação. A presença dos metais níquel e cromo ultrapassaram, em alguns casos, 10 vezes os padrões estipulados pelos órgãos ambientais. No estudo foram considerados como referências as concentrações máximas estabelecidas pelas normas da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Conama). As águas subterrâneas apresentam naturalmente em sua composição a presença de metais, porém em concentrações baixas. Acumulações acima daquelas que podem ser consideradas naturais representam riscos à população e ao ecossistema, adverte a engenheira. “Tornam-se necessárias, portanto, medidas que evitem o contato direto e o consumo pela população das águas contaminadas. Sugerimos ainda ações para o controle da poluição, adequação dos sistemas de tratamento existentes e desenvolvimento de projetos mais eficientes”, propõe.
TÉCNICA PARA ANÁLISE
A orientadora do trabalho, a docente Silvana Moreira, explica que as amostras colhidas nos aterros foram analisadas no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). “Utilizamos a técnica analítica de fluorescência de raios X por reflexão total com radiação Síncrotron. Com ela, podemos detectar vários elementos em uma única medida. Outra grande vantagem é que com o uso da radiação Síncrotron pode-se obter uma sensibilidade analítica alta, permitindo quantificar elementos em níveis bastante reduzidos”, justifica. A docente Silvana Moreira coordena na Unicamp linha de pesquisa que atua no emprego da florescência de raios X para a análise de amostras ambientais. Explorando a
A professora Silvana Moreira, orientadora, em laboratório do LNLS: “A proposta de trabalho foi fazer uma avaliação por um período longo” Fotos: Divulgação
Vista parcial do aterro Delta: concentrações de chumbo 100 vezes acima dos valores máximos permitidos pela legislação
aterro. O metal foi detectado em quantidades 10 vezes maiores do que o limite máximo permitido pela legislação, que é de 0,05 miligramas por litro. O cromo em altas quantidades é tóxico e cancerígeno. As principais atividades que liberam o composto para o meio ambiente são as emissões decorrentes da fabricação de cimento, soldagem de ligas metálicas, fundições, lâmpadas e fertilizantes. O níquel, outro metal que em quantidades elevadas possui potencial carcinogênico e é capaz de afetar a estrutura do DNA, também foi encontrado em excesso nas águas subterrâneas do Delta. O metal, oriundo principalmente da fabricação de aço inoxidável, foi identificado em quantidades 10 vezes acima do permitido em pontos localizados antes e após o aterro. O manganês, igualmente utilizado na indústria metalúrgica para fabricação de ligas, foi constatado em maiores concentrações nos postos de coletas localizados após o aterro. Já o chumbo, que mesmo em níveis mais baixos pode trazer A engenheira ambiental Bruna Fernanda Faria: saúde sérios prejuízos à saúde, da população é colocada em risco foi encontrado em quan-
radiação Síncroton, esta técnica ainda é pouco utilizada no país, de acordo com ela. “Mas há múltiplos campos para aplicações, seja na biologia, medicina, química, meio ambiente e física médica”, considera. A radiação Síncrotron é gerada a partir de um acelerador de partículas instalado no LNLS, laboratório pioneiro nesta área no hemisfério sul.
COLETAS
As coletas das amostras foram feitas entre agosto de 2009 e janeiro de 2011 em pontos localizados antes e depois dos aterros. “A proposta de trabalho foi fazer uma avaliação por um período longo, cobrindo uma época seca e outra chuvosa. De modo geral, metais como cromo, níquel, cobre, zinco e chumbo foram detectados em quantidades superiores às permitidas em praticamente todas as amostras”, confirma a docente.
DELTA
Nas águas subterrâneas do Delta foi encontrada a presença excessiva de cromo em postos de coletas localizados após o
tidades até 100 vezes maiores do que as permitidas pelos órgãos ambientais.
NOS DESATIVADOS
Mesmo tendo sido desativados há mais de duas décadas, o lixão da Pirelli e o aterro Santa Bárbara possuem quantidades excessivas de metais, como níquel, manganês e chumbo, tanto nas águas superficiais quanto subterrâneas, apontou o estudo. O chorume dos dois aterros também está contaminado com a presença de elementos tóxicos, sobretudo manganês, cobre e zinco. “No Pirelli, a pesquisa indicou a presença de contaminantes em pontos de coletas de águas subterrâneas localizados antes do aterro, o que poderia apontar a existência de outra fonte de poluição”, revela a docente Silvana Moreira.
Publicação Tese: “Avaliação da presença de metais pesados nos locais de disposição de resíduos sólidos da cidade de Campinas (SP) empregando a fluorescência de raios x por reflexão total com radiação sincrotron” Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) Autora: Bruna Fernanda Faria Orientador: Silvana Moreira Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq)
Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
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Ações inovadoras produzem conhecimento Medidas diminuem evasão e valorizam a articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão Fotos: Antonio Scarpinetti
PAULO CESAR NASCIMENTO pcncom@bol.com.br
Pró-Reitoria de Graduação (PRG) vem marcando sua atuação com um conjunto de ações inovadoras e expressivas, que se somam a outras propostas da Unicamp no sentido de proporcionar excelência na educação global de seu aluno de graduação. Nesse relevante esforço pelo aprimoramento da formação oferecida ao corpo discente, evidenciam-se os projetos que, no âmbito da PRG, colaboram para elevar continuamente o patamar da qualidade das atividades acadêmicas. Exemplos são as iniciativas que buscam contribuir para a diminuição da evasão e para a promoção do sucesso acadêmico, valorizando a articulação das atividades de ensino, pesquisa e extensão; que incentivam o desenvolvimento de metodologias de ensino capazes de despertar o interesse dos estudantes e de favorecer a aprendizagem; e que promovem a inovação tecnológica como recurso para compartilhar com a comunidade a produção didática da Universidade, respondendo às demandas de uma sociedade caracterizada por rápidas transformações quanto à forma de produzir e trabalhar o conhecimento. O emprego de tecnologias na instituição com o propósito de transferir para a sociedade Estúdio e ilha de edição do projeto OpenCourseWare: portal hospeda conteúdos e os disponibiliza gratuitamente à comunidade conteúdos gerados a partir de suas disciplinas de graduação e de fomentar, desse modo, a geatividades de inovação no trabalho formativo nas com grande número de alunos matricularação de novos conhecimentos, está muito bem do estudante universitário que se processam dos e alto índice de reprovação, o programa, caracterizado no projeto OpenCourseWare nos diferentes cursos da Unicamp. O “I Semi- hoje, visa ao aprimoramento do ensino de gra(OCW) Unicamp. Inspirado em um consórcio nário Inovações em Atividades Curriculares” duação através de monitoria exercida por estuinternacional que congrega mais de cem instiaconteceu no ano de 2007, sob coordenação dantes regularmente matriculados em cursos tuições de ensino superior em todo o mundo, da Faculdade de Educação, tendo como obje- de graduação da Unicamp e que recebem bolo OCW Unicamp é um portal que hospeda tivo socializar as várias atividades de inovação sas para assessorar os docentes na condição de conteúdos originários de discino trabalho formativo do es- auxiliares didáticos. Como reflexo de sua implinas de cursos de graduação tudante universitário que se portância, apenas no primeiro semestre deste (na forma de textos, vídeos, processavam nos diferentes ano o PAD contou com a participação de 358 animações, imagens, apresencursos da Unicamp. bolsistas e 125 voluntários. tações ou outros formatos) e O projeto nasceu da cons“É uma atividade que traz como consequênos disponibiliza gratuitamente tatação de que muitas ações cia, para o monitor, o aprimoramento de seus à comunidade. O acesso aos inovadoras em termos curri- conhecimentos na área, e, para os alunos mamateriais é realizado de forma culares realizadas nesses cur- triculados nos diferentes cursos de graduação, a livre e sem custo ou necessidasos, geralmente por iniciativa oportunidade de contar com a assistência de um de de inscrição, porém o OCW dos próprios docentes, fica- interlocutor mais próximo deles, para auxiliánão emite certificados ou divam restritas à própria unida- los em suas dúvidas no conteúdo das disciplinas plomas, nem oferece suporte de, sem que houvesse discus- e na execução de exercícios e trabalhos acadêou assistência dos autores aos são sobre a implementação e micos solicitados pelos professores”, lembra o usuários. os alcances dessas atividades. professor Gilberto Sobrinho, assessor da PRG. Lançado há pouco mais “O evento permite aos De acordo com ele, sob o impacto do PAD, de um ano e disponibilizanprofessores entrar em conta- a monitoria consolidou-se como um lugar esdo atualmente conteúdos de to com inovações curriculares tratégico, tanto para a comunicação dos alunos quase três dezenas de disciplique estão sendo implementanas, com média mensal entre A professora Vera Solferini, coordenadora das por colegas de diferentes com os professores quanto para o melhor aproveitamento da disciplina por parte dos estudan2.000 e 2.500 acessos, o OCW adjunta do GGTE: expertise resulta áreas do conhecimento. Essas tes assistidos, o que tem resultado em benefífoi concebido pela PRG em em projetos, desenvolvimento e experiências podem resultar cios para a qualidade do processo de ensino e conjunto com o Grupo Gestor implementação de metodologias em novas formas de ensino aprendizagem como um todo. de Tecnologias Educacionais e materiais diferenciados ou na adaptação desses mé“O desempenho dos alunos melhorou e a (GGTE) – órgão subordinado às pró-reitorias todos de ensino em outras disciplinas, propade Pós-Graduação e de Graduação, criado em gando a inovação curricular pela Universidade”, evasão diminuiu naquelas disciplinas que pas2009 para dar suporte ao oferecimento de curafirma a professora Gabriela Celani, assessora saram a contar sistematicamente com a presos de educação a distância com os diferenciais sença de um monitor. Eu destacaria ainda em da PRG. de credibilidade presentes nos cursos presenOs Seminários de Inovações Curriculares co- nossas avaliações a influência do programa na ciais da Unicamp. Segundo a coordenadora meçaram como um encontro exclusivo para os própria experiência didática do professor”, obadjunta do Grupo, a professora Vera Solferini, docentes da Unicamp, mas em 2011 o evento serva Sobrinho. o GGTE veio consolidar ações no uso de tecEle enfatiza que, mais recentemente, com abriu as portas para a participação também de nologias educacionais desenvolvidas pioneiraa criação do Programa de Formação Interdisprofessores de outras instituições públicas paumente e com muito sucesso na Unicamp deslistas. Pretende-se, nos próximos anos, ampliar ciplinar Superior (ProFIS) – outra inovadora de a década de 1980. A expertise acumulada ainda mais o público alvo, aumentando a diver- ação da Unicamp vinculada à PRG, para o ofetem resultado em projetos, desenvolvimento sidade de experiências relatadas e contribuindo recimento de vagas na Universidade a jovens e implementação de metodologias e materiais para a propagação das inovações para todo o oriundos do ensino médio em escolas públicas diferenciados, para aplicação em cursos tanto Brasil. Um e-book com trabalhos selecionados de Campinas e selecionados pela nota obtida presenciais quanto na modalidade a distância. do Seminário de 2011 pode ser baixado gratui- no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Fisicamente instalado no Centro de Comtamente do link http://www.prg.unicamp.br/ – o PAD tem proporcionado aos monitores a putação (CCUEC), o GGTE vem cumprindo rica experiência de atuar com alunos de uma inovacoes/2011/ o papel de facilitador do uso de ferramentas Dentre as experiências apresentadas, uma realidade diferente daquela dos ingressantes computacionais nas atividades educacionais parcela importante aborda justamente os desa- por meio do vestibular. na Unicamp, nos níveis de graduação, pós-grafios da educação, e em especial do ensino suduação e extensão. Conforme lembra Vera, a perior, que requerem novas posturas pedagógiEXPERIÊNCIAS EXTRAMUROS equipe do GGTE não centraliza a execução das cas perante as alterações estruturais da cultura, ações, mas atua no sentido de auxiliar os inteO contato com realidades diferentes daqueda sociedade e da dinâmica do conhecimento. las vivenciadas dentro da Universidade, por ressados na elaboração do projeto pedagógico, “Não há uma maneira única de resolver isso. A sinal, é um aspecto da formação do aluno da assessorando na formatação, na adequação dos oportunidade de discutir diferentes formas de Unicamp enfatizado pelos programas de Edumateriais e estratégias didáticas e na transição lidar com esse problema é fundamental para cação Tutorial (PET) e Novos Talentos, ambos do uso mais convencional desses recursos para que se possa avançar na melhora da interação também coordenados pela PRG. outras plataformas de ensino e aprendizagem. com nossos alunos”, salienta Gabriela. Por meio das atividades desenvolvidas nos programas, o aluno de graduação vivencia a práINOVAÇÕES CURRICULARES APOIO CONSOLIDADO tica de sua futura profissão sob a orientação do A adaptação do ensino tradicional à nova corpo docente da Universidade e também conA interação dos docentes com os alunos da realidade da sociedade, caracterizada pelo uso segue responder às necessidades da comunidaUnicamp encontra respaldo em um dos mais intenso de tecnologias, também pauta os dede. tradicionais programas sob responsabilidade bates promovidos pelos Seminários Inovações da PRG, o Programa de Apoio Didático (PAD). em Atividades Curriculares, organizados pela “São uma ponte da Unicamp com o munConcebido inicialmente para atender discipli- do exterior e um estímulo a que o aluno saia PRG com o propósito de socializar as várias
do campo teórico e tenha uma atuação mais próxima da aplicação prática daquilo que está aprendendo na Universidade. Essa oportunidade de interagir com o mundo lá fora faz com que ele cresça e até faça uma reflexão diferenciada a respeito do próprio curso”, argumenta a professora Eliana Amaral. “O foco é qualificar o aluno que está aqui dentro sob tutoria, contribuindo fortemente para a formação dele ao mesmo tempo em que ele contribuiu com o mundo lá fora”, sintetiza a assessora da PRG. O projeto PET (Projeto de Educação Tutorial) é um projeto do Ministério da Educação, desenvolvido por um grupo de estudantes de graduação bolsistas, com tutoria de um docente, com atividades que devem integrar ensino, pesquisa e extensão. A Unicamp retomou sua participação neste programa com projetos iniciados em 2011 por dois grupos PET – Faculdade de Educação Física (FEF) e Faculdade de Engenharia Química (FEQ). No momento, a PRG está enviando proposta ao Edital 2012, com seis novos grupos. O PET/FEF, da Faculdade de Educação Física, envolve sete alunos da unidade, um aluno de Medicina e um aluno da Faculdade de Educação, com duas vagas a serem preenchidas com aluno de Ciência da Computação e de Artes Cênicas. Os projetos do grupo em desenvolvimento são: “Farra nas Férias na FEF”, programado para 2013, a ser desenvolvido com 80 crianças, cuja temática será alimentação saudável e educação nutricional; “Descobrindo os profissionais de Educação Física, Medicina, Pedagogia e de Ciências Biológicas”, com palestras para alunos do ensino médio de escolas públicas estaduais de Campinas e região; “Vida Boa na Lagoa”, previsto para 2013, junto com a Secretaria de Saúde Municipal, para apoio de alunos aos usuários do Parque Portugal na orientação de atividades físicas; e “Intervenções na Educação Infantil”. Já o PET-FEQ é um grupo composto por oito alunos e um tutor, que tem realizado um conjunto de atividades multidisciplinares, modernizando as metodologias de ensino, ampliando as linhas pesquisa, promovendo a extensão universitária e a inserção social. A participação da Unicamp no Programa Novos Talentos, da Capes, também foi iniciada em 2011, com cinco subprojetos. Visa à realização de atividades extracurriculares para alunos e professores das escolas da rede pública de educação básica, valorizando espaços inovadores, como as dependências das universidades, laboratórios e centros avançados de estudos e pesquisas, museus e outras instituições. Os projetos envolvem a graduação e a pós-graduação, oferecendo perspectivas educacionais, científicas, culturais, sociais ou econômicas inovadoras que contribuem com a formação de alunos e docentes da educação básica. Os subprojetos são: Química em Ação (composto pelas atividades Química em Ação na Universidade para Alunos; Química em Ação na Universidade para Professores; e Química em Ação na Escola); Programa Multidisciplinar de Formação para alunos e professores do Ensino Médio; e Germinar-Brotar-Frutificar (constituído das atividades Como surge o broto? E, depois dele, outro?; Meu Habitat; e Feijão no Algodão). Como forma de divulgar para a Unicamp e comunidade externa as atividades desenvolvidas e possibilitar a troca de experiências e a discussão de futuras ações – além de estimular a adesão de novos participantes –, a PRG e a PróReitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) promovem mostras de trabalhos desenvolvidos em ambos os programas. A primeira foi realizada em 2011 e a próxima acontecerá dia 8 de novembro deste ano, juntamente com um seminário para a apresentação de vivências, experiências e para debates sobre os programas, que contará com a participação de especialistas da Unicamp e convidados.
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012 Foto: Antoninho Perri
A pedagoga Maura Sundfeld Iadorozza Giarola: “Não sei ficar imune diante da necessidade alheia”
Uma missão na
Pediatria do HC
Pedagoga dedica-se, desde 1998, a ajudar pacientes e seus parentes em enfermaria MARIA ALICE DA CRUZ halice@unicamp.br
olis, do grego, cidade. Assim se compõem muitos nomes como Cordeirópolis, Divinópolis, Teresópolis. Alguns compostos a partir do nome do fundador, como Junqueirópolis, terra explorada por Álvaro de Oliveira Junqueira. A modesta área de 584,4 quilômetros quadrados, entre o Rio do Peixe e o Rio Feio, em São Paulo, abriga uma população de mais de 17 mil habitantes, e é forte na produção de acerola e a as uvas. Abriga também o coração de Maura Sundfeld Iadorozza Giarola. Quando tomou a decisão de cursar pedagogia na PUC-Campinas para “ajudar crianças”, Maura não tinha noção exata da área da Unicamp na qual poderia ser um pilar na vida de crianças, mas quis o destino que sua missão fosse cumprida na enfermaria de pediatria do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. A história com Junqueirópolis? Sim, é uma história de amor eterno, que, em algum momento, fez da despedida um episódio triste, mas Maura sabe por que os pés são virados para a frente. Foi com essa consciência de que a vida chama a caminhar que a pedagoga da Faculdade de Ciências Médicas apresentou-se na Pediatria para uma entrevista de trabalho, em 1998, ainda que tenha precisado da companhia de uma amiga. Meses antes, seu irmão caçula, adotivo, aos 6 anos de idade, havia deixado a enfermaria para “ir viver com o Papai do Céu”, como ela crê. Naquele momento, Maura se transferia do Centro de Convivência Infantil (Ceci) para outro setor da Unicamp quando, sem entender por que, a área de recursos humanos ligou dizendo que teria uma entrevista na pediatria do hospital. Enquanto esquecia a dor e tentava digerir a “coincidência”, pensava na quantidade de crianças e mães que, finalmente, poderia fazer mais feliz. Até
que o toque do telefone lhe prega o susto do “sim”. E lhe dá a resposta: “venha para cá, Maura, que há um mundo precisando de você”. Ela chama a escolha de propósito divino. E, a cada 20 palavras, quem está diante dela, começa a entender seus motivos para pensar assim. Chega uma mãe a pedir um brinquedo para distrair seu filho, que não pode sair da UTI. Logo, outra está à procura de um DVD para o pequeno paciente de hemodiálise e, quando um adolescente lhe pede filmes juvenis, ela exclama: “Nossa, vocês crescem. Peço doação de artigos infantis e esqueço de meus adolescentes.” Assim segue a conversa, interrompida por alguma necessidade mais urgente. Por outro lado, ao saber que ela está sendo entrevistada, as mães se alegram e pedem para ajeitar os óculos para as fotos, como se quisessem retribuir os cuidados de Maura com elas e suas crianças. E com os olhos fixos em sua interlocutora, Maura volta a relatar histórias diversas que a mantêm na brinquedoteca, que inibem seu sofrimento totalmente imperceptível, conhecido somente quando se propõe a contar. “Minhas mãezinhas ora estão felizes, ora tristes. Preciso estar bem para ajudá-las. E não é obrigação minha ajudar, mas sim atender. Mas não sei ficar imune diante da necessidade alheia. Muitas são surpreendidas com a internação e não têm a quem pedir roupa. Quando tenho, eu trago; quando não tenho, encaminhoas ao Serviço Social do HC”. O respeito pelas mãezinhas de Maura vai além da atenção hospitalar. O café da manhã delas vem de um endereço especial: a cozinha de sua casa. “Faço e trago. Minhas mãezinhas não podem ficar sem o cafezinho da manhã”, brinca.
FESTAS E PRESENTES
Na comunidade universitária, Maura ficou conhecida pelas festas de Páscoa, de Natal e também para os pacientes renais da Pediatria. O público sempre
varia, pois os pacientes ficam por pouco tempo, a não ser os oito pacientes moradores, que não podem deixar o hospital. Os padrinhos devem prover os presentes de natal (uma roupa, um par de sapatos e um brinquedo). O desejo dela é que as crianças recebam bons presentes e os padrinhos tenham consciência que estão fazendo o papel de Papai Noel de seu “afilhado”. Em determinado momento da prosa, um misto de esperança e lembrança se descortina no sempre iluminado rosto de Maura. Pede um tempo para sorrir, vibrar e, na sequência, secar os olhos ao ver um berço ser conduzido cuidadosamente por duas enfermeiras, numa linha reta que liga a porta da UTI infantil à porta dos leitos. Era a segunda transferência da UTI para o quarto naquela quarta-feira em que a população pedia chuva, enquanto algumas famílias e Maura clamavam: “cura”. Ao se recompor, cola na retina da interlocutora e revela: “É um acontecimento, para mim, esse trajeto da UTI para o leito porque a tendência é ir do leito para casa. Tento não me envolver, mas esta é a Maura”, festeja, pedindo mais um tempo para secar os olhos. Maura sempre chamou a atenção dos amigos pela alegria, pela simpatia e pela eloquência, interrompida em alguns momentos por seus amigos da brinquedoteca ou para alguma reflexão. Quase ao final da prosa, um jovem de 20 e poucos anos se aproxima dizendo que a procurou no horário de almoço, mas como não encontrou algumas pessoas que teriam cuidado dele, voltou antes de ir treinar crianças de uma equipe de vôlei. “Tenho de visitar as pessoas que cuidaram de mim”, disse o paciente à Tia Maura. Muitos pequenos, segundo a pedagoga, acordam e vão direto procurá-la. “Eles querem carinho, querem brinquedo. Como profissional, talvez nem pudesse me envolver, mas sou assim. O que fazer?” A alegria esconde alguns percalços,
mas Maura se diz uma mulher de fácil perdão e... Avante, Maura. Fala, sem chorar, de uma infância rica e uma adolescência pobre, mas não menos feliz. A estabilidade econômica, mantida enquanto o pai sustentava a família com o bom salário de professor da década de 1970, foi comprometida com a separação dos pais. Mas, sempre avante, Maura colheu as coisas boas para sua fase adulta: a adolescência ao lado do pai, com quem escolhera ficar, as visitas frequentes da mãe, os presentes e a querida Junqueirópolis, de onde saiu na década de 1980, com “dorzinha” no coração. Saiu para não voltar, para conhecer Campinas, a Unicamp, para se casar com Ronald Giarola, dar à luz a querida Samantha e ser feliz com uma história somente sua. Conheceu o marido em 1984, em 1985, foi aprovada em concurso da Universidade, ingressando na Diretoria de Recursos Humanos e, em 1986, tornou-se esposa de Ronald. Se tivesse conhecido o hospital antes, talvez Maura fosse assistente social, mas quando se deu conta da importância de ter uma graduação, não conhecia a profissão. Ao tomar conhecimento do currículo de pedagogia, escolheu atuar entre as crianças, mas hoje se vê em dois papéis, pois não consegue parar de ajudar. Antes de ir para a pediatria, atuou com as crianças do antigo Centro de Convivência Infantil (Ceci), hoje Dedic. Maura sente falta de algumas pessoas importantes no seu crescimento pessoal e profissional e na amenização de suas dores, como o pai e o pastor “Chico”, que, conforme sua crença, “foram morar com Papai do Céu”. Além da força espiritual, pastor Chico era um companheiro nas ações da brinquedoteca, principalmente nas festas de fim de ano. Muitas das atividades da comemoração foram suprimidas pela falta de “Chico” e pela saída de algumas crianças, cujas mães ajudavam na organização. Mas Maura faz questão de dar aos pacientes da pediatria o direito à comemoração de natal.
Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Procedimento não traz complicações pós-cirúrgicas e promove benefícios à qualidade de vida das mulheres
Reconstrução mamária imediata com músculo dorsal é segura, aponta tese Fotos: Antoninho Perri
ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br
câncer de mama, dependendo do seu grau de comprometimento, pode demandar uma intervenção cirúrgica como a mastectomia, para retirada total da mama, associada ou não à remoção dos gânglios linfáticos da axila. Ela pode estar ainda associada à cirurgia plástica para reconstrução mamária, conforme indicação médica. Em termos de funcionalidade física, é normal haver redução da movimentação do braço após a mastectomia, mas ainda não se sabia com certeza o quanto uma reconstrução poderia repercutir ou adicionar prejuízos à mobilidade dessas mulheres. Um estudo de doutorado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), defendido dentro do Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia pela fisioterapeuta Riza Rute de Oliveira, demonstrou que a reconstrução mamária imediata (ela também pode ser feita meses depois) com músculo grande dorsal (retirado da região das costas e que atua no braço) é segura do ponto de vista de sua movimentação, não traz complicações pós-cirúrgicas e promove benefícios à qualidade de vida das mulheres. Essas conclusões foram possíveis graças a uma avaliação de 104 mulheres mastectomizadas, das quais 47 se submeteram à reconstrução imediata com músculo grande dorsal associado à prótese de silicone no Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti” Caism, enquanto outras 57 passaram unicamente por mastectomia. A pesquisa apontou que não houve perda funcional do braço e que o procedimento pode ser uma boa opção de reconstrução. Segundo o oncologista Luis Otávio Zanatta Sarian, orientador da tese, hoje há três tipos mais usuais de reconstrução: a TRAM, que utiliza músculo da barriga; a Grande Dorsal, que emprega músculo das costas, e o expansor ou prótese.
SEGUIMENTO
Os estudos da literatura até então traziam metodologias retrospectivas de baixa qualidade e sem uma perspectiva longitudinal. Também as casuísticas eram muito menores e, na maioria, norte-americanas e europeias. O Brasil ainda não tinha dado sua contribuição. No Caism, a reconstrução com o grande dorsal passou a ser a mais utilizada, permitindo a elaboração de um estudo longitudinal que respondeu algumas dúvidas sobre este tipo específico de reconstrução. A doutoranda fez um estudo prospectivo entre 2007 e 2010, no qual foram incluídas todas as mulheres com até 70 anos submetidas à mastectomia no hospital, acompanhadas até um ano após o procedimento e avaliadas no pré-operatório, semanalmente até completar um mês e novamente aos três, seis e 12 meses. Nesses períodos, verificou-se como se comportava a movimentação do braço, as complicações pós-operatórias e a qualidade de vida entre quem fazia reconstrução mamária imediata e quem não fazia. Para avaliar a movimentação do ombro, foi adotado um goniômetro para medir a flexão (elevação frontal do braço) e a abdução (elevação lateral do braço) – movimentos mais usados no dia a dia. A pesquisadora explica que pessoas livres da doença têm amplitude completa de 180º tanto para flexão quanto para abdução. No pré-operatório, a maioria das pacientes tinha o movimento de 180º completo. Mas, na primeira semana após a cirurgia, perdia-se essa amplitude, ficando com os movimentos em torno de 135º ou 145º. Durante o primeiro mês após a cirurgia, todas as mulheres integravam um programa de fisioterapia para o braço no Caism, que consistia de 19 exercícios protocolados, conduzidos em grupo, que incluíam alongamentos, exercícios para o ombro e que finalizavam com relaxamento.
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A fisioterapeuta Riza Rute de Oliveira, autora do estudo, em sessão de fisioterapia no Caism (no alto), durante exame (à direita) e com seu orientador, professor Luis Otávio Zanatta Sarian (acima, à esquerda): 104 pacientes foram avaliadas
Após um mês, elas atingiam uma recuperação entre 150º e 160º, e muitas conseguiam realizar a maioria das atividades. “Todas as mulheres eram então orientadas a praticar diariamente os exercícios em casa, para manter a amplitude atingida ou recuperar o restante”, expõe a doutoranda. Mas, em caso de necessidade, o atendimento fisioterapêutico podia prosseguir. Riza dimensiona que é muito importante que elas recuperem a movimentação inclusive do ombro pela independência física e pela necessidade de continuar o tratamento do câncer. Muitas delas necessitam passar por radioterapia, e o seu posicionamento durante este procedimento exige manter o braço aberto. Alguns resultados não tardaram a surtir efeito. Mesmo não havendo diferença estatisticamente na recuperação do movimento entre os grupos, as mulheres reconstruídas tiveram uma recuperação um pouco melhor e menos complicações pós-operatórias do tipo deiscência cicatricial (quando a cicatriz abre) e aderência tecidual do que as só mastectomizadas. A qualidade de vida delas foi avaliada a partir do questionário WHO-QOL 100 (World Health Organization – Quality of Life), contendo 100 questões, divididas em domínios ou áreas: domínio psicológico, físico e do nível de dependência, entre outros. Por meio dele, notou-se que mulheres reconstruídas tiveram melhor pontuação nos aspectos psicológicos e apresentaram nível de independência equivalente ao das outras mulheres (todas foram capazes de fazer as mesmas atividades nos dois grupos).
REALIDADE
De acordo com Luis Otávio, a reconstrução mamária no Brasil deve se tornar uma obrigatoriedade nos serviços de referência no tratamento desse câncer. “Os impactos benéficos, já testados,
contribuíram muito para a qualidade de vida das pacientes”, diz. Por outro lado, aspectos técnicos da mobilidade da mulher e de sua capacidade de realizar funções do dia a dia não tinham sido avaliados da maneira metodologicamente correta. Havia apenas estudos indicando complicações sobre a biópsia de linfonodos-sentinelas (o primeiro gânglio linfático a drenar o sítio do tumor), mas nenhuma abordando a reconstrução mamária. Esse estudo foi inédito e avaliou ao longo do tempo a recuperação do movimento das mulheres submetidas à reconstrução imediata, uma das fases mais delicadas na decisão da paciente, por mexer com grande parte da musculatura que exerce influência sobre o braço e os ombros. Mas, a despeito dos benefícios que o procedimento promove, há contraindicações à reconstrução imediata em estágios muito avançados da doença. Outro percalço é a rejeição decorrente de complicações, apesar de mínima (que depende do tipo de reconstrução). A própria prótese de silicone pode ser um empecilho. Quando é efetuado um retalho, em que se tira a pele e o músculo de uma região para recolocar em outra, essa transferência pode levar à necrose e a infecções. Conforme o Food and Drugs Administration (FDA), o índice de infecção em implantes de silicone é de 1% a 2%, em um intervalo pós-operatório de um ano. Neste momento, estão saindo novas normatizações no Brasil preconizando que os tratamentos de câncer de mama pelo SUS vão ter obrigatoriedade de oferecer as reconstruções mamárias. Hoje, alguns serviços, como o Caism, já financiam as próteses.
EVOLUÇÃO
Segundo tipo mais comum, após o câncer de pele, o câncer de mama entre as mulheres responde por 22% dos casos novos a cada ano [a estimativa do Instituto Nacional do Câncer é de 52.680 casos novos no país neste ano e a sobrevida média após cinco anos é de 61%]. A sua incidência está aumen-
tando e isso atribui-se às mulheres que estão tendo menos filhos, mais tardiamente e vivendo mais. “As taxas de mortalidade continuam elevadas porque a doença é diagnosticada em estádios mais avançados”, lamenta o oncologista. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce rapidamente. As mulheres que têm filhos depois disso têm um risco em torno de 50%, todavia não significa que desenvolverão a doença. É mais suscetível a mama que fica por maior tempo sem cumprir o seu completo desenvolvimento, que ocorre quando a mulher fica grávida. Para esse tipo de câncer há ainda a influência de fatores ligados ao ambiente, como a obesidade, contudo em especial conta muito o fato de as pessoas viverem mais. Quase todos os cânceres, pontua Luis Otávio, têm relação com a idade, tanto que, quanto mais tempo se vive, mais chances há de desenvolvê-los, isso tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. As mulheres diagnosticadas precocemente, salienta, têm uma probabilidade de sobreviver ao câncer de mama em mais de 95% dos casos, porque os tratamentos atuais e as tecnologias vêm sendo efetivos. Entretanto, as condutas terapêuticas variam. A priori o tratamento do câncer pode ser cirúrgico e depois medicamentoso. Em algumas situações, indica-se quimioterapia, em outras bloqueador hormonal e em outras ainda a mulher pode receber anticorpos contra proteínas que o câncer produz. Até o momento não se fala de vacinas. A última palavra em medicamento é o herceptin (nome comercial), distribuído pelo SUS. Mais ou menos 30% das mulheres são tratadas com essa droga, que produz involução dos tumores. No câncer avançado, mostrou que auxilia no controle da doença, prolonga a sobrevida e melhora a qualidade de vida das mulheres, passando a ter menos sintomas, hospitalizações, etc. Riza relembra que a mama representa funções elementares: a feminilidade das mulheres, a sexualidade e a maternidade; e que a sua extirpação afeta sobretudo a sexualidade, pois a maior parte delas nessa fase já ultrapassou a fase da maternidade, o que vem a prejudicar mais a sua imagem corporal. Já alguns tipos de câncer de mama atingem mulheres na faixa dos 30 anos, em função de um componente familiar, e em torno de 85% esporadicamente, partindo de alterações adquiridas com o tempo, depois dos 50 anos. São de motivação epidemiológica, pela exposição a uma causa que não se sabe ao certo. Agora, uma mulher que teve dez filhos, menarca tardia, menopausa precoce e que não é obesa também pode ter esse câncer, embora não seja a situação mais comum.
REFERÊNCIA
Para cada tipo de mama, existe um tipo ideal de reconstrução. No Caism ela é feita pelos oncologistas com os cirurgiões plásticos – a equipe de Oncoplástica. Além dos vários profissionais, o hospital tem um serviço que é, dentro do interior do Estado, o que mais recebe casos de câncer de mama, o que qualifica a assistência, acredita Luis Otávio. O atendimento ambulatorial acontece diariamente. A mulher é encaminhada pela rede de saúde. Esse serviço oferece todos os tipos de reconstrução mamária, consoante à necessidade da mulher.
Publicação Tese: “Amplitude de movimento do ombro, complicações pós-operatórias e qualidade de vida de mulheres submetidas à mastectomia e reconstrução mamária imediata” Autora: Riza Rute de Oliveira Orientador: Luis Otávio Zanatta Sarian Unidade: FCM
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
(EA)² ganha novo espaço no Básico 1 O reitor Fernando Costa inaugurou no último dia 22 as novas instalações do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2. A obra, que ocupará um andar inteiro no Ciclo Básico 1 (CB1) e que foi planejada para aprimorar a qualidade do ensino, absorveu investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão. “A inauguração mostra a prioridade que essa administração tem dado ao ensino de graduação. Entregamos mais esse espaço que vem a se somar a um grande conjunto de ações nessa área ao longo desses quatro anos”, assinalou o reitor. O (EA)² foi totalmente remodelado num espaço de mil metros quadrados, ganhando uma grande sala mutiúso para as atividades da graduação; uma área de recepção; secretaria; salas de atendimento aos professores visitantes; biblioteca; sala de reuniões; salas para a coordenação de Projetos, Avaliação e Apoio ao Ensino; salas de videoconferências; sala de reuniões (com o mesmo modelo da sala do Consu) para a CCG e para a CCPG; e sala para abrigar o pessoal que atua na CCG. “Temos agora esse espaço que é um híbrido do Learning Center que existe no exterior e que projetará ainda mais a nossa Universidade”, realçou o pró-reitor de Graduação, Marcelo Knobel. A solenidade de descerramento de placa contou também com a participação do coordenador do novo espaço, professor José Alves de Freitas e, representando o coordenador-geral da instituição, professor Edgar De Decca, a professora Carmen Zink. A inauguração reuniu, ainda, professores, alunos e funcionários. O (EA)² foi concebido para dar suporte às atividades da graduação e para congregar as discussões da área, sobretudo voltadas às novas
Vida Teses da semana Painel da semana Teses da semana Livro da semana Destaques do Portal da Unicamp
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Painel da semana Seta - Organizado pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), o XVIII Seminário de Teses em Andamento (Seta) acontece de 29 de outubro a 1 de novembro. Mais detalhes no blog http://www.xviiiseta. blogspot.com.br/ Dia da pessoa idosa - O Laboratório Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física (FEF) organiza no dia 29 de outubro, às 14 horas, o evento “Dia da Pessoa Idosa”. Ele será realizado no Salão de Dança da FEF. Mais detalhes na página eletrônica www.unicamp.br/fef ou telefone 19-3521-6625. Jornada Acadêmica de Psiquiatria – Evento será realizado de 29 a 31 de outubro, no Salão Nobre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Abertura do evento: 18 horas. Inscrições antecipadas podem ser feitas pelo e-mail ligapsiq@gmail.com Prêmio Inventores da Unicamp - A cerimônia da quinta edição do Prêmio Inventores Unicamp acontece no dia 30 de outubro, às 9 horas, na Sala de Reuniões do Conselho Universitário (Consu). O evento deve homenagear 13 professores e pesquisadores. O Prêmio é uma iniciativa da Reitoria da Unicamp e da Agência de Inovação Inova. O objetivo do Inventores é reconhecer docentes e pesquisadores da Unicamp com tecnologias transferidas para a sociedade por meio de licenciamentos para empresas e instituições. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail adriana.arruda@inova.unicamp.br ou telefone 193521-2623. Conferência com Ferid Murad - O cientista norte-americano Ferid Murad faz conferência no dia 30 de outubro, às 11h30, no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Murad ficou conhecido como um dos pais do Viagra, que tem o óxido nítrico como peça-chave. A vinda de Murad à Unicamp faz parte das comemorações dos 50 anos da FCM. Nos últimos anos, ele visitou mais de 40 países (como convidado) para reuniões científicas, conferências, seminários universitários e consultoria para empresas e governos. Mais detalhes: 19-3521-8968. Prêmio Futuro Sustentável - Estudantes de
metodologias de ensino, aos novos currículos e aos parâmetros de ensino ministrado em outros países. Ao mesmo tempo, o espaço deve dar suporte aos professores para uso de novas metodologias e novas técnicas, preparo de novos conteúdos didáticos e estímulo a novos projetos de graduação. Segundo Knobel, o (EA)² é um espaço que tem o foco voltado para a graduação, podendo até auxiliar a estruturação de grupos de pesquisa em torno desse nível de ensino na Unicamp. “A ideia toda é ter um centro de suporte e de valorização das atividades de graduação. Isso já existe nas melhores universidades do mundo e agora estamos implantando na Unicamp”, completou. O reitor da Unicamp salientou que, juntamente com essa conquista, praticamente todas as salas de aula da Universidade já foram reformadas para atender melhor os alunos. “Algumas delas não passavam por reforma há mais de 40 anos”, disse ele, relembrando ainda algumas importantes iniciativas que vêm se cumprindo na graduação, como a obra do Teatro do Instituto de Artes (IA), a criação de novos cursos na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), a concepção do Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFIS) e de prêmios dirigidos à docência, além do programa de aluno-residente e bolsa-auxílio para a Licenciatura, entre outros. “É gratificante ver que a ideia funcionou e será muito valiosa na experiência da Universidade”. Embora tendo como foco a graduação, o (EA)2 poderá auxiliar inclusive na estruturação de grupos de pesquisa na graduação. O intuito é, segundo Marcelo Knobel, ter um centro de suporte e de valorização das
Engenharia (graduandos em qualquer área) da Unicamp têm até o dia 31 de outubro para fazer inscrição ao “Prêmio Futuro Sustentável”. O prêmio é oferecido pela fabricante alemã de pneus Continental. O objetivo é incentivar futuros engenheiros a desenvolverem soluções inovadoras que possam contribuir para a sustentabilidade, uso ecológico, gestão e reutilização de pneus inservíveis. Os vencedores ganharão um estágio de duas semanas no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Continental AG em Hannover, na Alemanha, no período de 5 a 19 de janeiro de 2013. Regulamento completo e outras informações no link http://www.premiocontinental.com.br/ Fórum de Desafios do Magistério – Com o tema “Educação e cultura: formas de Interlocução”, o evento será realizado em 31 de outubro, às 9 horas, no Centro de Convenções. A organização é da Faculdade de Educação (FE). Inscrições, programação e outras informações na página eletrônica do evento http:// foruns.bc.unicamp.br/foruns/projetocotuca/forum/ htmls_descricoes_eventos/magis40.html Mestrado e doutorado em política científica e tecnológica - O Programa de Pós-graduação em Política Científica e Tecnológica (PPG-PCT) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG) está com inscrições abertas ao processo seletivo para os cursos de mestrado e doutorado para ingresso no primeiro semestre de 2013. As inscrições podem ser feitas até 31 de outubro. Mais detalhes no link www.ige.unicamp.br ou e-mail dpct@ ige.unicamp.br Estante Literária da Unicamp - Cerimônia de premiação do Projeto será realizada no dia 31 de outubro, às 10 horas, na Sala do Conselho Universitário (Consu). Vestibular - A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) divulga, dia 1 de novembro, no site http://www.comvest.unicamp. br/index.html, os locais de prova da primeira fase do Vestibular. 25 anos do Cepetro - O Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) realiza, dia 1 de novembro, às 9 horas, no Espaço Cultural Casa do Lago (Rua Érico Veríssimo 1011), uma cerimônia em comemoração ao seu jubileu de prata. A festividade dos 25 anos será marcada por uma exposição de pôsteres de alunos intitulada “Trabalhos do Cepetro”, que objetiva refletir o desenvolvimento de pesquisas apoiadas pelo Centro em busca de novos conhecimentos e tecnologias para o setor de petróleo. Na ocasião, José Miranda Formigli, diretor de exploração e produção da Petrobras, e Magda Maria de Regina Chambriard, diretora geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), ministrarão uma palestra técnica. No evento haverá o lançamento do livro “Cepetro 25 Anos”, de autoria do jornalista Paulo Cesar Nascimento. O livro imprime o esforço do Centro de Pesquisa na união entre universidade e empresas para levar o conhecimento sobre petróleo e gás ao alcance da sociedade. A solenidade será concluída com uma apresentação cultural de música ao vivo, e coquetel. Outras informações pelo e-mail relinst@cepetro.unicamp.br ou telefone 19-3521-1182. Professor Emérito – Os docentes Adil Muhib Samara e Anibal Faúndes recebem, dia 1 de novembro, às 10 horas, no Salão Nobre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o título de “Professor Emérito da Unicamp”. Semana do Idoso - Com o objetivo de sensibilizar a sociedade, a mídia e o poder público sobre a questão do envelhecimento, o Ambulatório de Geriatria e o Serviço Social do Hospital de Clínicas (HC) organizam, de 1 a 5 de outubro, uma série de atividades para comemorar a Semana do Idoso. Elas
Foto: Antonio Scarpinetti
O reitor Fernando Costa fala durante a inauguração: investimentos de R$ 1,5 milhão
atividades da graduação, a exemplo do que já ocorre nas melhores universidades do mundo. “Agora teremos um local mais amplo e adequado, em área central, visando oferecer, igualmente, treinamento a professores”, informou. “Ainda faltam alguns detalhes, mas o projeto deverá estar concluído até o final do ano e já funciona de maneira efetiva no ex-posto da Nossa Caixa”, ressaltou. “Esta será a casa dos professores da graduação”, definiu o professor José Alves De Freitas. Há três anos, relatou, ele recebeu a proposta para pôr em execução o projeto do novo espaço sobre o qual estava, anteriormente, assentado o Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) e que já abrigou a antiga Diretoria Acadêmica (DAC). “A Unicamp mostra que é arrojada, não é imóvel e não se restringe à dinâmica professor-aluno dentro da sala de aula. Ensino, projetos e avaliação são pensados continuamente na graduação”, garantiu. A inauguração do novo espaço do (EA)² soma-se as demais obras em curso na área da Praça Central do Ciclo Básico. A proposta orçamentária da Universidade para o ano de
estão sob a coordenação das professoras Ana Maria de Arruda Camargo, assistente social, e Maria Elena Guariento, coordenadora do Ambulatório de Geriatria. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 193521-7340 ou e-mail dias@fcm.unicamp.br VIII Festival Unicamp de Corais – Evento acontece nos dias 1 e 2 de novembro. Na quintafeira (1), às 20h30, no Teatro Sesi Campinas ( Av. das Amoreiras 450), no Parque Itália, apresentam-se os seguintes corais: Coral Unicamp Zíper na Boca, Grupo Vocal Ligaleve (Piracicaba), Coral Ex-Cêntrico (Niterói –RJ), Coro Masculino (PM do Estado de São Paulo) e a Academia da Voz (Engenheiro Coelho). Na sexta-feira (2), às 18h30, os corais Zíper na Boca, Coro de Câmera de Campinas, Coral Municipal de Cajamar, Coral Ex-Cêntrico e o Coral do Auditório do Ibirapuera, de São Paulo. O Festival é apoiado pelo Serviço Social da Indústria (SESI-Campinas) e pelo Grupo Gestor de Benefícios Sociais da Unicamp (GGBS). Organização: Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp (Ciddic). Site do evento www.unicamp.br/ciddic ProFIS - A Pró-Reitoria de Graduação (PRG) recebe, até 2 de novembro, as inscrições para o Programa de Formação Interdisciplinar (ProFIS). Elas podem ser feitas no link http://www.prg.unicamp.br/ profis/ficha.html. Além da realização das inscrições, os estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas de Campinas devem fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tendo em vista que a classificação será baseada no desempenho desta avaliação. Para cada escola pública, o ProFIS disponibiliza uma vaga. O currículo do Programa inclui disciplinas das áreas de ciências humanas, biológicas, exatas e tecnológicas, distribuídas por dois anos de curso. O objetivo é oferecer aos alunos uma visão integrada do mundo contemporâneo, capacitando-os para exercer as mais distintas profissões. Concluído o ProFIS, o aluno pode ingressar, sem vestibular, em um curso de graduação da Unicamp. Além disso, os formandos recebem um certificado de conclusão de curso sequencial de ensino superior. Conheça os detalhes do processo de seleção no hotsite http:// www.prg.unicamp.br/profis/. Outras informações: 19-3521-6538. Método Gazzi de Sá - Com a regência da maestrina Vivian Nogueira, o Coral Unicamp Zíper na Boca realiza o workshop “Método Gazzi de Sá”. Será no dia 2 de novembro, às 11 horas, na Sala Almeida Prado (Rua Bernardo Sayão 194), no campus da Unicamp. Site do evento: www.unicamp.br/ciddic Vestibulinho do Cotuca - As inscrições ao processo seletivo podem ser feitas até 4 de novembro, na página eletrônica http://examesel.cotuca. unicamp.br/ Domingo no Lago – Organizado pelo Espaço Cultural Casa do Lago, a próxima edição do evento ocorre no dia 4 de novembro, a partir das 10h30, na rua Érico Veríssimo 1011, no campus da Unicamp. Atrações: a peça de teatro “O Aniversário Mágico de Nana Buh!, “A Família Addams - uma Babá em Apuros” e uma apresentação musical de choro com o grupo Alvorada. As atividades são gratuitas. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 19-3521-7017 ou e-mail casadolago@reitoria.unicamp.br.
Teses da semana Alimentos - “Carotenoides em leite e produtos lácteos adicionado de corante luteína: métodos analíticos, estabilidade e bioacessibilidade in vitro” (doutorado).
2012 já trouxe uma dotação de R$ 7,5 milhões destinada à construção da primeira fase do Ciclo Básico 3 (CB3), prédio que abrigará laboratórios de ensino que serão utilizados de forma compartilhada por todos os cursos de graduação. O complexo de laboratórios, com um total de 7.450m2, ficará localizado na Praça Central do Básico, perto do CB1, devendo ser entregue à comunidade em 2014. O CB3 foi projetado para oferecer, ainda, espaços de socialização que intensifiquem o uso da Praça Central da Universidade para o convívio e o lazer. O projeto tem como referências laboratórios similares criados por universidades de excelência no exterior e seguindo a tendência do inquiry lab, que implementa o conceito de pesquisa como método de ensino. Os espaços do CB3 serão facilmente adaptáveis para atender a diversas demandas, como de laboratórios de mecânica, termodinâmica, imagens, eletricidade e eletrônica, ou quaisquer outras atividades que requeiram discussão em grupos. Outras duas importantes obras na mesma área são a requalificação da Praça Central e a reforma no Ciclo
Candidata: Ana Augusta Odorissi Xavier. Orientadora: professora Adriana Zerlotti Mercadante. Dia 31 de outubro, às 14 horas, no Salão nobre da FEA. Educação - “Narrativas autobiográficas de professores-formadores na educação de jovens e adultos: lugares reinventados em comunhão” (doutorado). Candidata: Adriana Alves Fernandes Vicentini. Orientadora: professora Ana Maria Falcão de Aragão. Dia 30 de outubro, às 9 horas, na FE. - “Na transição rural-urbana: a passagem da Escola Mista do bairro Felipão na história da educação pública campineira” (doutorado). Candidata: Eliana Nunes da Silva. Orientadora: professora Vera Lúcia Sabongi De Rossi. Dia 1 de novembro, às 14 horas, na FE. Engenharia Elétrica e de Computação Simulações para a avaliação do desempenho do sistema de proteção de distância de uma linha de transmissão de 500 kV” (mestrado). Candidato: Wagner de Oliveira. Orientador: professor Fujio Sato. Dia 29 de outubro, às 10 horas, no prédio da pós-graduação da FEEC. - “Metodologias de dimensionamento e de gestão de fontes de energia para veículos elétricos” (doutorado). Candidata: Juliana Lopes. Orientador: professor José Antenor Pomílio. Dia 30 de outubro, às 9 horas, no prédio da Pós-graduação da FEEC. Engenharia Mecânica - “Arquitetura orientada por objetos para o MEF de alta ordem com aplicações em mecânica estrutural” (doutorado). Candidato: Rodrigo Alves Augusto. Orientador: professor Marco Lúcio Bittencourt. Dia 29 de outubro, às 14 horas, no Auditório do DPM/FEM. - “Modelagem numérica e análise experimental de parâmetros térmicos e microestruturais na solidificação radial de ligas binárias” (doutorado). Candidato: Felipe Bertelli. Orientador: professor Amauri Garcia. Dia 31 de outubro, às 9h30, no Auditório (bloco K) da FEM. Física - “Efeitos óticos não-lineares transversais a baixas intensidades de luz” (doutorado). Candidato: Emilio Manuel Becerra Castro. Orientador: professor Luis Evangelista de Araújo. Dia 29 de outubro, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação (prédio D) do IFGW. Medicina - “Abordagem clínico-dismorfológica de 194 indivíduos com diferentes manifestações do espectro da deleção 22q11.2: anomalias palatais, malformações cardíacas e esquizofrenia” (mestrado). Candidata: Fabíola Paoli Mendes Monteiro. Orientadora: professora Vera Lúcia Gil da Silva Lopes. Dia 30 de outubro, às 9 horas, no Anfiteatro do Departamento de Farmacologia da FCM. - “Perfil de micronutrientes (vitaminas lipossolúveis e oligoelementos) em pacientes com fibrose cística” (doutorado). Candidata: Claudia Regina Barbosa. Orientador: professor Antonio Fernando Ribeiro. Dia 31 de outubro, às 9 horas, no Auditório do Ciped. - “Avaliação das proteínas inflamatórias CD40L e light nas propriedades adesivas dos neutrófilos e outros tipos celulares” (mestrado). Candidato: Pedro Paulo Dias Junior. Orientadora: professora Nicola Amanda Conran Zorzetto. Dia 31 de outubro, às 9 horas, no Anfiteatro da Pós-graduação da CPG da FCM. Odontologia - “Estudo do impacto de modalidades terapêuticas periodontais nos parâmetros clínicos e microbiológicos em pacientes fumantes. Estudo prospectivo em humanos” (doutorado). Candidata: Tatiana Meulman Leite Bortolaci. Orientador: professor Francisco Humberto Nociti Junior. Dia 30 de outubro, às 9 horas, na Congregação da FOP. Química - “Pré-concentração baseada na técnica do ring oven para microanálise: determinação simultânea de sódio, ferro e cobre em etanol hidratado combustível por espectroscopia de emissão óptica em plasma induzido por laser (libs)” (doutorado). Candidata: Juliana Cortez. Orientador: professor Celio Pasquini. Dia 31 de outubro, às 14 horas, no Miniauditório do IQ.
Básico 2 (CB2). Ambas estão em estágio adiantado, devendo ser concluídas até o final de 2012. O centro da Praça será totalmente reconfigurado, com instalação de um tablado para shows, eventos variados e instalações artísticas que poderão ocorrer em forma de rodízio. Todo o entorno do CB2, que apresentava áreas erodidas, foi remodelado juntamente com a quadra frontal do Restaurante Universitário, transformando o espaço num calçadão ligando os dois prédios. A rua de ligação com a Praça Henfil também vai virar calçadão, facilitando a circulação e o convívio de pedestres. Já as obras no CB2 envolveram a reforma de nove salas de aula e um anfiteatro, representando investimento de R$ 870 mil. As salas receberam tratamento acústico (forro, painéis especiais, piso) e luminárias de maior eficiência. Todas já possuíam rede multimídia e projetores, mas o mobiliário foi todo trocado. Nas salas menores, com 55 a 60 lugares, mudou-se a posição das lousas panorâmicas (levemente côncavas para facilitar a visão de qualquer ponto da sala), o que triplicou o espaço de escrita. No anfiteatro, com 130 lugares, a lousa deslizante teve seu espaço quadruplicado. Para garantir maior acessibilidade, o CB2 também ganhará elevador e sinalização horizontal. O saguão do prédio passará a contar com iluminação, instalações elétricas e mobiliários novos. A ideia é oferecer condições adequadas para que os estudantes possam desenvolver suas atividades com segurança e conforto, tanto de dia quanto à noite. Haverá, ainda, um novo laboratório de informática equipado com notebooks e rede wi-fi. (Isabel Gardenal)
Livro
da semana
Vestibular Unicamp Redações 2011
Organização: Comvest ISBN: 978-85-268Ficha técnica: 1a edição, 2012; 136 páginas; formato: 10 x 14 cm; peso 0,09 kg Coleção: Vestibular Unicamp Área de interesse: Redação Preço: R$ 10,00 Sinopse: Este volume, com as 30 melhores redações do Vestibular 2011, tem um significado especial, pois apresenta os textos mais representativos desenvolvidos pelos candidatos do vestibular da Unicamp, após a introdução de uma nova proposta para a prova de redação. Neste novo modelo, o candidato teve que formular três textos, de gêneros variados, a partir de três outros textos também de gêneros variados. Essa nova prova substitui aquela iniciada no vestibular de 1987, segundo a qual o candidato elaborava, com base na definição de um tema e de uma coletânea, apenas um dos três tipos de texto — dissertação, narração ou carta argumentativa —, que permitiu selecionar os candidatos adequadamente durante muitos anos, mas que já apresentava indícios de esgotamento, por ter se tornado um modelo repetitivo e esmiuçado no treinamento dos candidatos em cursos preparatórios. O que se espera é que o novo modelo da prova possa incentivar a escola a trabalhar com variados gêneros, que vão além daqueles tradicionalmente utilizados para a elaboração da “redação escolar”, abrangendo diversas maneiras e formatos de comuni¬cação, com ganhos positivos para a formação dos nossos jovens.
Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Em benefício da sociedade
11 Foto: Felipe Christ
Pesquisas desenvolvidas na Unicamp originam tecnologias que chegam ao mercado ADRIANA ARRUDA Especial para o JU
O professor José Augusto Mannis, do IA: desenvolvendo três novos tipos de difusores para salas acústicas
realização e o desenvolvimento da pesquisa acadêmica são fatores essenciais para a formação de alunos capacitados e com grande potencial de se destaFoto: Antoninho Perri carem em diversas áreas de atuvolveu três novos tipos de difusores ação na sociedade. Na Unicamp, para salas acústicas. Ao contrário de resultados tangíveis da realizaoutras já existentes, como os difusoção de pesquisas são a proteção res de Schroeder, a tecnologia possui da propriedade intelectual e a como diferencial a característica de transferência de tecnologias em não apresentar absorção de energia benefício direto da sociedade. em baixas frequências. “As superfíUm levantamento do Instituto cies difusoras são as responsáveis Nacional da Propriedade Induspela reverberação das ondas sonoras, trial (INPI) mostra que a Uniou seja, pelo preenchimento de som camp ocupa a segunda posição nos ambientes. Os difusores disponínacional na proteção de tecnoloveis no mercado apresentam absorção gias, possuindo um portfólio de de som, gerando perda de energia e 765 patentes vigentes. de resposta em frequência. Já a tecnologia patenteada proporciona esEssa movimentação da Unipalhamento sonoro sem absorção de versidade para inovar – protegenenergia”, explica. Segundo Mannis, do os resultados de sua pesquisa a pesquisa desenvolveu as irregulae transferindo-os para o mercado ridades da superfície do difusor por por meio de parcerias com o sevariações de diâmetros de tubos. Essa tor produtivo – se torna cada vez ideia deu origem a uma nova tecnolomais frequente entre os pesquigia inovadora na área musical. sadores da Unicamp. Dentre os casos de grande êxito, destacamA tecnologia, que pode ser usada se tecnologias oriundas do Instiem estúdios de gravação, cinemas, satuto de Artes (IA) e da Faculdade las de aula, salas de reuniões, teatros de Engenharia Agrícola (Feagri) e auditório, atraiu a empresa Audio da Unicamp. Sonora, que atualmente comercializa o produto. Os difusores foram imMais do que se tornarem proplantados em locais como Sala Villategidas – por meio do registro de Lobos, LABMIS e Auditório Principal patentes –, as tecnologias desses do Museu da Imagem e do Som, em institutos se destacam por terem São Paulo. De acordo com Mannis, o passado pelo processo de licenverdadeiro potencial da tecnologia foi ciamento e já estarem disponídetectado após contato com a Inova. veis no mercado. “A geração de “Mais do que nos oferecer suporte novos produtos e serviços para a administrativo, a Inova possui espesociedade a partir de pesquisas cialistas com base e estratégia de coda Unicamp é o principal objetimunicação para gerar mais aprofundavo almejado pela Agência de Ino- Paulo Sérgio Graziano Magalhães, docente da Feagri: mentos em nossas pesquisas”, afirma. vação Inova Unicamp. Isso nos monitor de produtividade para a cana-de-açúcar O professor acredita que a interação permite beneficiar mais amplauniversidade-empresa é fundamental para o é um nítido reflexo proveniente de uma mente a população, disponibilizando desenvolvimento socioeconômico do país. mudança cultural contínua. tecnologias que não chegariam ao “É preciso manter uma vitrine permanenmercado se não fossem protegidas e Responsável pelo desenvolvimento da te da inovação tecnológica e compartilhar a transferidas para empresas”, afirma tecnologia “Superfícies concebidas para produção intelectual da universidade com a Patricia Magalhães de Toledo, diretoespalhamento e difusão acústica das onpopulação”. ra de propriedade intelectual e transdas sonoras incidentes”, do IA, o profesferência de tecnologia da Inova UniOutro caso prático de tecnologia oriunda sor José Augusto Mannis combinou seus conhecimentos sobre música e engenharia da Unicamp absorvida pelo mercado é o do camp. A crescente variedade de áreas e iniciou as pesquisas na área em 1997. professor Paulo Sérgio Graziano Magalhães, que se engajam com a proteção da Ao longo dos anos, o pesquisador desenda Feagri. Com sua equipe, o professor depropriedade intelectual na Unicamp
senvolveu a tecnologia “Sistema e processo de monitoramento de peso em esteiras de transporte de produtos com taliscas”, que consiste em um monitor de produtividade para a cana-de-açúcar utilizando o conceito de agricultura de precisão. “Esse conceito começou a ser desenvolvido nos anos 90 e a ideia é obter informações específicas para elaborar mapas de produtividade, tendo como base o gerenciamento para agricultura da área de cultivo”, afirma. Graziano explica que a tecnologia objetiva reduzir o uso de insumos e aumentar a produtividade, melhorando a lucratividade em canaviais. “Realizamos os primeiros testes e protótipos em 1998. Em 2005, a tecnologia foi licenciada para a empresa Enalta, que se uniu com a Agricef para investir no desenvolvimento direto do produto”, ressalta o pesquisador. O docente relata que a tecnologia demorou alguns anos para ser absorvida pelo mercado, exigindo das empresas o aprimoramento do produto para torná-lo mais robusto e comercial. “Foram desenvolvidos o monitor e o software para análise quando a balança é instalada na esteira da colhedora. Atualmente, a Enalta comercializa o kit, que possui o preço acessível de 35 mil reais, considerando que a colhedora de cana custa cerca de 800 mil reais”, explica. Além de comercializar o produto no Brasil, a Enalta atualmente exporta o monitor para a Colômbia. Para o pesquisador, as perspectivas são promissoras. “O Estado de São Paulo é responsável por 60% da safra nacional de canade-açúcar e o setor está interessado nesse tipo de desenvolvimento”. Graziano afirma que o contato com a Agência de Inovação foi essencial no desenvolvimento do processo de comercialização da tecnologia. “A Inova nos auxiliou ativamente na pesquisa das bases de patentes, redação, registro e intermediação no contato com a Enalta. Os recursos conquistados para o investimento na tecnologia foram concedidos com o suporte da Agência, bem como o licenciamento, que hoje traz um retorno direto para a Universidade em forma de royalties”, ressalta.
Agência premia treze inventores Com o intuito de homenagear docentes e pesquisadores que se destacaram no âmbito da transferência de tecnologia em 2011, a Agência de Inovação Inova Unicamp promove a quinta edição do Prêmio Inventores Unicamp. A cerimônia acontece no dia 30 de outubro, no Auditório do Consu (Conselho Universitário), e homenageia 13 pesquisadores provenientes de diversos institutos da Unicamp. Os docentes José Augusto Mannis e Paulo Graziano receberão os troféus de destaque da cerimônia, sendo homenageados na categoria “Tecnologia Absorvida pelo Mercado” que, segundo Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova Unicamp, é a categoria de maior destaque. “O processo de transferência se inicia com a proteção da tecnologia via patente ou programa de computador. Em seguida, passa pelo licenciamento para uma empresa, mas só se torna realmente um caso de sucesso quando o produto é desenvolvido e lançado no mercado e se torna acessível à sociedade, como no caso dos
professores Mannis e Paulo”, afirma. Outra categoria do Prêmio Inventores Unicamp é a “Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual”, que visa reconhecer as unidades da Unicamp com maior envolvimento na proteção dos resultados das suas pesquisas. A partir desse ano, a Inova Unicamp criou uma nova premiação para esta categoria. “Além de premiarmos a unidade com maior número de depósitos de pedidos em 2011, premiaremos também a unidade com maior taxa de crescimento de depósitos de pedidos de patentes nos últimos cinco anos anteriores. O objetivo é conceder reconhecimento para as unidades que se destacaram no âmbito da propriedade intelectual e estimulá-las a continuar esse processo”, destaca Patricia. Neste ano, a Faculdade de Engenharia Química (FEQ) receberá o prêmio em “Unidade com maior número de depósitos de pedidos de patentes em 2011”. Já a Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) será homenageada por ser a unidade
com maior taxa de crescimento de depósitos nos últimos cinco anos. “O envolvimento da FOP em inovação tecnológica tem se intensificado nos últimos anos, acompanhando as mudanças que ocorrem na odontologia. Novos materiais surgem constantemente, rompendo limites e estabelecendo novas possibilidades de tratamentos”, explica o professor Jacks Jorge Junior, diretor da FOP. A inovação tecnológica e a proteção da propriedade intelectual são comumente realizadas em áreas como Farmacologia, Bioquímica, Dentística e Materiais Dentários. Para o diretor da FOP, a cultura da propriedade intelectual é recente no instituto e vem se disseminando gradativamente. “Cada vez mais os docentes passam a valorizar a interação com os sistemas de registro e a possibilidade de colocação do produto no mercado”. Jacks afirma que órgãos como a Inova Unicamp são fundamentais na Universidade para auxiliar no processo de educação e fomento de mudanças entre os pesquisa-
dores. “O crescimento sustentável de qualquer país depende da solidez da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico e científico desenvolvido localmente”, opina. Outros 10 professores – Alexandre Xavier Falcão, do IC; Pablo Siqueira Meirelles, da FEM; Francisco Maugeri Filho, da FEA; Marcelo Brocchi e Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, do IB; Pedro Luiz Rosalen e Giselle Maria Baron, da FOP; Maria da Graça Stupiello Andrietta, do CPQBa; Mário José Abdalla Saad, da FCM; e José Augusto Mannis, do IA – serão homenageados na terceira e última categoria, intitulada “Tecnologia Licenciada”. O prêmio é referente ao licenciamento do resultado de suas pesquisas e esforços no ano de 2011. Com o propósito de criar um registro online dessa iniciativa e preservar a memória do Prêmio Inventores Unicamp e dos homenageados, a Inova possui um site específico do evento, que pode ser acessado em http:// www.inova.unicamp.br/premioinventores/.
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Campinas, 29 de outubro a 4 de novembro de 2012
Um Nobel na FCM
Foto: Reprodução
EDIMILSON MONTALTI Especial para o JU
s cientistas norte-americanos Robert Furchgott, Louis J. Ignarro e Ferid Murad ganharam, em 1998, o Prêmio Nobel de Medicina. Eles foram escolhidos pelas descobertas relacionadas ao óxido nítrico (NO). Durante muito tempo, o óxido nítrico foi considerado somente um poluente do ar, mas as descobertas do trio mostraram que o NO é uma molécula sinalizadora no sistema cardiovascular, tendo aplicações no tratamento de doenças cardíacas, da impotência e até do câncer. Os três ficaram conhecidos como “pais do Viagra”, cujo desenvolvimento tem o óxido nítrico como peça-chave. Murad, atuando em 1977 como médico farmacologista da Universidade do Texas, descobriu que as drogas vasodilatadoras agiam pela emissão de óxido nítrico, substância que, segundo determinou, atuava relaxando as células da musculatura lisa dos vasos. Ele ficou fascinado com a ideia de que um gás pudesse regular importantes funções celulares e supôs que fatores internos, entre os quais hormônios, agissem por meio do óxido nítrico. Furchgott, farmacologista da Universidade do Estado de Nova York, falecido em 2011, constatou em 1980 que os vasos sanguíneos são dilatados ou aumentam de calibre porque suas células da superfície interna – endotélio – produzem uma molécula sinalizadora que faz com que as células musculares relaxem. Furchgott batizou o fator responsável pelo relaxamento dos vasos de EDRF. A partir daí, foi iniciada uma corrida mundial para identificá-lo. Mas foi Louis Ignarro, farmacologista da Universidade da Califórnia, quem conseguiu a prova final. Após uma série de análises, algumas feitas em parceria com Furchgott, ele demonstrou que o EDRF identificado era o óxido nítrico, resolvendo definitivamente o problema. O óxido nítrico é uma substância que transmite sinais no organismo – permitindo que mensagens sejam enviadas de uma parte do corpo para outra – e regula a pressão arterial e a circulação. Encontrado na maioria dos seres vivos e produzido por diversas células, o gás controla a pressão arterial ao dilatar as artérias, afeta o comportamento ao ativar as células nervosas e, quando produzido nos glóbulos brancos, torna-se tóxico em relação a bactérias e parasitas invasores. Hoje, alguns cientistas estão estudando se o óxido nítrico poderia ser usado para deter o crescimento de tumores cancerígenos. Após o Prêmio Nobel, a vida de Murad tem sido extremamente ocupada. Ele foi presidente do Departamento de Biologia Integrativa e Farmacologia da Universidade do Texas. Atualmente, é professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade de George Washington. Nos últimos anos, visitou mais de 40 países para participar de conferências, reuniões científicas, seminários universitários e para dar consultoria para empresas e governos. No dia 30 de outubro, Murad realiza conferência na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O even-
Ferid Murad, médico farmacologista da Universidade do Texas: “Vamos ter grandes avanços no tratamento de muitas doenças”
to faz parte das comemorações dos 50 anos da FCM. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, Murad falou sobre o futuro da medicina no mundo e no Brasil, e relembrou, com orgulho, a sua origem. Seu pai, Jabir Murat Ejupi, nasceu na Albânia em 1892 e era o mais velho de quatro filhos. Sua família era de pastores. Ele fugiu de casa para vender doces nos Balcãs. Com menos de um ano de escolaridade, aprendeu a falar sete idiomas e imigrou em 1913 para os Estados Unidos com um grupo de adolescentes da Áustria. Ao entrar no país, seu nome passou a ser Murad John. Trabalhou em usinas de aço e em fábricas de Cleveland e Detroit, instalando-se depois em Chicago. Sua mãe, Henrietta Josephine Bowman, nasceu em 1918 em Alton, Illinois, e fugiu de casa aos 17 anos para se casar com o seu pai, na época com 39 anos de idade. A pobreza na infância e a mínima educação dos pais fizeram com que Ferid e seus dois irmãos escolhessem suas carreiras logo cedo. Um irmão se tornou dentista e outro, professor de antropologia. Eles foram criados num pequeno apartamento atrás do restaurante da família, em Whiting, Indiana. “O negócio do restaurante teve grande efeito sobre o meu futuro e dos meus dois irmãos. Quando fomos capazes de estar em um tamborete para alcançar a pia, lavávamos pratos e, mais tarde, quando pudemos ver ao longo do balcão, escrevíamos as tabelas e usávamos a caixa registradora. Eu fiz isso ao longo de toda a escola primária e do ensi-
no médio, à noite e nos fins de semana. Eu criei um jogo acerca daquelas tarefas e aprendi a memorizar todos os pedidos do cliente em nosso restaurante, com capacidade para 28 pessoas. Antes que eles deixassem as mesas, eu fazia o registro mentalmente de suas contas, deixandoas na caixa registradora para pagarem”, revela Murad. Diz que foram valiosos os ensinamentos da mãe e da avó materna sobre compaixão e generosidade. Já seu pai, relembra, o ensinou a ter habilidade nos negócios. Com 12 anos de idade, Murad já sabia que seria médico. Na oitava série, foi convidado a escrever um ensaio sobre as três profissões que mais lhe atraía. Suas escolhas foram: médico, professor e farmacêutico, não por acaso as profissões que acabou abraçando. “Não há dúvida de que uma das minhas maiores conquistas é a de ter participado na formação de cientistas de sucesso em meu próprio laboratório e também influenciado as carreiras de muitos talentosos estudantes de medicina. Aprendi que nunca se pode ter recursos suficientes quando se olha para novas terapias de doenças graves. Trata-se de um empreendimento caro”, disse Murad De acordo com Murad, o óxido nítrico tornou-se uma das zonas mais populares de pesquisa da medicina. Como uma molécula mensageira, ela tem e continuará a resultar em novos medicamentos para diversas doenças. Atualmente, em seu laboratório, o farmacologista e sua equipe trabalham em pesquisas com cé-
lulas de câncer, as células-tronco embriogênicas e diarreia induzida por toxina bacteriana. Outra linha de pesquisa foca os nutrialimentos, também chamados de nutracêuticos. “Os nutracêuticos têm um importante papel na terapia médica suplementar para proporcionar o substrato (L-arginina), co-fatores, vitaminas e antioxidantes para aumentar a formação e ação de óxido nítrico”, explica Murad. Observando a evolução da ciência e quantidade e qualidade de trabalhos científicos na área médica publicados em periódicos internacionais, Murad acredita que haverá tecnologia e terapia mais sofisticadas em 30 anos. “Vamos ter grandes avanços no tratamento de muitas doenças, incluindo doenças cardíacas, câncer, regeneração de tecidos e transplantes”, vislumbra o cientista norte-americano. Para os jovens que desejam se embrenhar pelo campo da investigação médica, seja ela clínica ou de bancada, atrás de aparelhos modernos, microscópios e reações químicas, Murad aconselha trabalhar com afinco, definir suas metas, treinar em excelentes universidades e laboratórios, com bons orientadores. E para o Brasil se tornar uma potência científica, o ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 1998 dá um conselho para o governo brasileiro: “aumentar o investimento na educação, formação e investigação, fornecendo bolsas para jovens cientistas completarem os seus estudos no Exterior”.
A importância do óxido nítrico na medicina Coração Na aterosclerose, o endotélio tem uma capacidade reduzida de produzir óxido nítrico (NO). Grandes esforços com base no novo conhecimento do NO como uma molécula sinal são objeto de pesquisa para descoberta de drogas cardíacas mais potentes.
Choque As infecções bacterianas podem levar à sepse e ao choque circulatório. Nesta situação, o NO desempenha um papel nocivo. Os glóbulos brancos reagem a produtos bacterianos, libertando grandes quantidades de NO que dilatam os vasos sanguíneos, causando queda de pressão arterial. Nesta situação, os inibidores da síntese de NO pode ser útil no tratamento de cuidados intensivos.
Pulmões O gás NO tem sido utilizada para reduzir a pressão sanguínea perigosamente alta nos pulmões de recémnascidos. Mas, em concentrações elevadas, o gás pode ser tóxico.
Câncer Os glóbulos brancos servem não só para matar agentes infecciosos, como bactérias, fungos e parasitas, mas também para defender o hospedeiro contra tumores. Os cientistas estão, atualmente, testando o NO para parar o crescimento de tumores, uma vez que este gás pode induzir a morte celular programada, chamada de apoptose.
Impotência O NO pode iniciar uma ereção do pênis, dilatando os vasos sanguíneos para os corpos de ereção. Este conhecimento já levou ao desenvolvimento de novos medicamentos contra a impotência.
Análises de diagnóstico Doenças inflamatórias podem ser reveladas por análise da produção de NO a partir dos pulmões e intestinos. Isto é usado para diagnosticar a asma, colite e outras doenças.
Memória O NO é importante para o olfato e a capacidade de reconhecer diferentes aromas. Pode até ser importante para a memória.