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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013 - ANO XXVII - Nº 562 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

IMPRESSO ESPECIAL

9.91.22.9744-6-DR/SPI Unicamp/DGA

CORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

Foto: Antoninho Perri

Exame de endoscopia no Gastrocentro/Unicamp, que serviu como base para o desenvolvimento de novas tecnologias

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Médicos, em diferentes locais, realizam exames com vídeo como se estivessem na mesma sala, apoiados pela internet. Um programa de computador “lê” palavras do laudo de um procedimento, faz correlações e auxilia no diagnóstico. Essas novas ferramentas de apoio à medicina são resultados de pesquisas realizadas pela Unicamp e a Unioeste, que unem as áreas de saúde e ciências da computação. Foto: Ernesto Portella/ Folhapress

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Fim de ‘duopólio’ põe Viracopos na berlinda

Machado para russos

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Tese analisa a recepção da obra de Machado de Assis na Rússia.

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IQ faz compostos para doenças negligenciadas

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Técnica converte texto de computador em fala

Ao mar 2

Estudo do IG revela que políticas públicas foram responsáveis pela retomada da construção naval no país.

Ilustração para edição russa de Dom Casmurro

Lançamento de navio em estaleiro no Rio: retomada


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Saindo do

Foto: Ernesto Portella/Folhapress

estaleiro Políticas públicas são responsáveis pela retomada da construção naval, aponta estudo do Instituto de Geociências SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br

economista Claudiana Guedes de Jesus prevê, nos próximos anos, uma nova fase para a indústria de construção naval brasileira. Ela acredita que, após a crise nas décadas de 1980 e 1990, o setor poderá responder às demandas domésticas com menor dependência da tecnologia externa. As considerações integram amplo estudo conduzido pela pesquisadora para a sua tese de doutorado defendida na Unicamp. O trabalho foi apresentado junto ao programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp. A tese mapeou a cadeia produtiva da indústria no país, discutindo suas principais características e identificando fragilidades. A pesquisadora, atualmente professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRF), foi orientada pela docente do IG Leda Maria Caira Gitahy. O economista André Tosi Furtado coorientou o trabalho. “É um momento novo. Muitos estaleiros que estavam fechados no período da crise reabriram e se modernizaram. Outros novos se instalaram no país em parceria com empresas estrangeiras. As políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do setor foram as grandes responsáveis por esta retomada”, analisa a especialista. Claudiana Guedes destaca o papel da Petrobras e de sua subsidiária, a Transpetro, que garante 98% das encomendas aos estaleiros nacionais. Isso acontece devido ao estabelecimento de conteúdo local mínimo na construção das embarcações. O conteúdo local é uma exigência do governo federal, que estipula um percentual mínimo para a construção das embarcações. Este percentual é exigido para a concessão de créditos e incentivos fiscais. “Isso tem garantido a retomada do setor, que emprega atualmente cerca de 50 mil trabalhadores”, confirma a pesquisadora. Ao mesmo, esta dependência das encomendas da Transpetro tem se tornado um ponto crítico, reconhece Claudiana Guedes. “Todos os países com uma indústria de construção naval importante dependem muito do Estado. Isso acontece no Brasil porque o país exporta muito pouco”, pondera. Ainda de acordo com ela, o estabelecimento do conteúdo local mínimo foi resultado da mudança na política de compras da Petrobras. A partir do final da década de 1990, a empresa passou a demandar mais de seus fornecedores locais. “Foi muito importante porque levou em conta o desenvolvimento de tecnologia própria. O conteúdo mínimo não é simplesmente uma exigência de nacionalização da produção, mas algo maior, implementado junto a políticas que permitiram um desenvolvimento do setor”, defende. Claudiana Guedes elenca sete políticas que foram essenciais para a retomada no setor: as mudanças nos procedimentos de compras da Petrobras; a Lei do Petróleo e os programas de Apoio Marítimo; Navega Brasil; de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural; de Modernização e Expansão da Frota e de Empresa Brasileira de Navegação. A economista ressalta também que a política industrial brasileira para a construção naval esteve atrelada à Marinha Mercante, que concedeu subsídios de financiamento

desembolsados pelo seu fundo criado em 1958. “Em todas estas políticas, o governo conseguiu agir, principalmente por meio da Petrobras, para que elas fossem executadas”, acrescenta.

CENÁRIO

A pesquisadora faz uma contextualização do setor por meio de dados e números que sustentam sua análise de retomada da indústria naval no país. “O Brasil é hoje o quarto maior construtor de sondas de perfuração do mundo, e o segundo maior construtor de plataformas offshore”, revela. Claudiana Guedes compara ainda que o número de trabalhadores admitidos pelo setor ultrapassou o auge no final dos anos de 1970, quando eram empregadas cerca de 40 mil pessoas. “Hoje nós já temos quase 50 mil trabalhadores, com possibilidade de aumento, conforme dados do Sinaval [Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore]”, prevê. A pesquisadora observa que, no auge da crise em 2000, o setor chegou a contratar menos de 2 mil trabalhadores. “A indústria de construção naval passou por expansão, estruturação e auge de 1950 até 1980; um segundo momento de crise, com fechamento de estaleiros e forte diminuição de indicadores de emprego, nas décadas de 1980 e 1990; e o período recente de retomada, com grandes investimentos e ampliação da indústria”, situa. O momento atual indica uma nova configuração do setor, para além da retomada, sugere a especialista. “As expectativas com a exploração de petróleo da camada do pré-sal elevam as projeções da carteira de encomendas e corroboram com a efetiva garantia das demandas da Petrobras/Transpetro”, calcula.

CADEIA PRODUTIVA

A expansão do setor tem trazido impactos em toda a cadeia produtiva envolvida. “Nesta cadeia estão os fornecedores, que são as indústrias siderúrgicas, de navipeças e os escritórios de projetos. Do outro lado, temos os armadores e as sociedades certificadoras e classificadoras”, especifica Claudiana Guedes. O elo desta cadeia está vinculado, sobretudo, ao papel dos estaleiros, que atuam como montadores de embarcações. A estudiosa afirma que a construção do navio de produtos João Cândido e do petroleiro Celso Furtado marcaram a retomada. “Eles conseguiram recuperar o índice de nacionalização na sua produção. O João Cândido ficou com 70% de nacionalização. E o Celso Furtado conseguiu 74%”, menciona. Foto: Divulgação

A economista Claudiana Guedes de Jesus: “Muitos estaleiros que estavam fechados no período da crise reabriram e se modernizaram”

Lançamento do navio Log-in Jacarandá, em estaleiro no Rio de Janeiro: setor emprega 50 mil trabalhadores

Por outro lado, os sucessivos atrasos na entrega do navio João Cândido expuseram a fragilidade do setor. “Isso mostra problemas dessa nova fase de retomada da indústria, especialmente relacionados à falta de qualificação da mão de obra e de fornecimento. Apesar do índice de nacionalização, o navio Celso Furtado, por exemplo, foi construído com aço importado da China, Coreia do Sul e Ucrânia”, aponta.

DESCENTRALIZAÇÃO

O estudo da Unicamp demonstra crescimento do setor no nordeste do país, região onde praticamente não existiam estaleiros navais, conforme Claudiana Guedes. Ela afirma que houve, inclusive, uma política de descentralização desta indústria de construção naval, muito presente no Estado do Rio de Janeiro. “O Rio de Janeiro ainda possui a maior concentração de estaleiros, além de deter o maior volume de emprego da indústria. Apesar disso, o Estado teve redução de sua participação nacional, tendo em vista que grandes investimentos, realizados e previstos, também estão sendo direcionados para outros estados”, constata. A retomada do setor contou com outros atores, além do governo, que se organizaram no que a pesquisadora chamou de redes de inovação. Foi uma atuação conjunta entre universidades, centros de pesquisas e empresas. A partir desta atuação foram criadas duas redes: o Centro de Excelência em Engenharia Naval e Oceânica (Ceeno), em 2000; e a Rede de Inovação para Competitividade da Indústria Naval e Offshore (Ricino), em 2010. “Merecem destaque a atuação do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello da Petrobras; o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro]; e o Centro de Engenharia Naval e Oceânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo [IPT]”, acrescenta.

Publicações FRASSA, Juliana; VERSINO, Mariana; JESUS, Claudiana G.; GITAHY, Leda M. C. El rol estatal en sectores estratégicos: La industria naval pesada en Argentina y Brasil. In: Revista de Historia Industrial Economìa y Empresa, v.1, n 47, 2011. p. 151-181. JESUS, C. G.; GITAHY, L. M. C. Indústria da construção naval, trabalho e desenvolvimento regional em Angra dos Reis no início do século XXI. In Anais do XI Seminário Internacional de la Red Iberoamericana de Investigadores sobre Globalización y Territorio. Mendoza, Argentina: CIFOT, v. 1, 2010. JESUS, C. G.; GITAHY, L. M. C. Transformações na indústria de Construção Naval Brasileira e seus impactos no mercado de trabalho (1997-2007). In: 1º Congresso de Desenvolvimento Regional de Cabo Verde, 15º Congresso da APDR – Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional, Cidade da Praia - Cabo Verde. Actas Proceedings, 2009. pp. 3898-3916.

Tese: “Retomada da indústria de construção naval brasileira – reestruturação e trabalho” Autora: Claudiana Guedes de Jesus Orientadora: Leda Maria Caira Gitahy Coorientador: André Furtado Tosi Unidade: Instituto de Geociências (IG)

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador-Geral Alvaro Penteado Crósta Pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo Meyer Pró-reitora de Pesquisa Gláucia Maria Pastore Pró-reitora de Pós-Graduação Ítala Maria Loffredo D’Ottaviano Pró-reitor de Graduação Luís Alberto Magna Chefe de Gabinete Paulo Cesar Montagner

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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013 ALESSANDRO SILVA alessandro.silva@reitoria.unicamp.br

ena 1 – Em Campinas (SP), médicos da Unicamp realizam exame com uma microcâmera para visualizar o intestino de um paciente (colonoscopia). De qualquer parte do mundo, pela internet, especialistas da área, até estudantes de medicina, acompanham tudo em tempo real e podem interagir com os profissionais que executam o procedimento por meio de áudio, vídeo e envio de mensagens de textos; e, como novidade em telemedicina, podem ainda, distante dali, capturar imagens que serão integradas ao laudo final e posteriormente analisadas – até este momento, somente a equipe responsável diretamente pelo exame podia extrair esse tipo de informação. Agora, é como se todos estivessem na mesma sala. Cena 2 – O médico responsável pela colonoscopia escreve o laudo do exame que acaba de realizar e submete o texto a um novo programa que analisa automaticamente os termos técnicos presentes, a partir de uma base de dados previamente construída, e emite uma predição/recomendação que ajudará o profissional a construir o diagnóstico. Além disso, o próprio sistema ainda faz correlações com outros casos de pacientes incluídos em seu banco de dados, ajudando a identificar e a formular padrões que poderão ser úteis, no futuro, para o tratamento e a prevenção de doenças. Os dados obtidos e analisados pelo programa auxiliam o médico, pois se constituem em ferramenta de gestão do conhecimento. Cena 3 – As imagens captadas no exame de colonoscopia, e transmitidas pela internet, “viajam” pela rede mundial de computadores protegidas por um gerenciamento de chaves de criptografia especialmente desenvolvido para assegurar a integridade dos dados. Uma pessoa não autorizada que pretendesse invadir o sistema, para ter acesso às imagens ou alterar o banco de laudos, levaria 10388 anos (sim, acrescente 388 números “zeros” depois do dez) para quebrar o código de segurança. As três cenas ilustram as aplicações práticas de patentes e registros de softwares para a área de saúde, desenvolvidos por meio de pesquisas realizadas pela Unicamp e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em uma fusão multidisciplinar de conhecimentos da medicina, biomecânica, inteligência artificial e comunicação de dados. Nos últimos três anos, a parceria entre as duas universidades resultou em três patentes e no registro de três programas (software) desenvolvidos para problemas específicos da área médica, todos obtidos com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, da Reitoria da Unioeste e da Superintendência de Operação da Itaipu Binacional. Os trabalhos envolveram pesquisadores das duas universidades ligados ao Laboratório de Bioinformática (Labi), da Unioeste, que existe desde em 2002, entre os quais o coordenador-geral do Gastrocentro da Unicamp, Cláudio Saddy Rodrigues Coy, docente do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM); o médico Wu Feng Chung, docente da Unioeste, especialista em biomecânica e professor participante da pós-graduação em cirurgia da Unicamp; a pesquisadora Huei Diana Lee, docente da Unioeste, especialista da área de inteligência artificial e coordenadora-geral do LABI; e o doutorando pela Unicamp Renato Bobsin Machado, formado em ciência da computação e docente da Unioeste. Apesar de a pesquisa ter sido desenvolvida em torno de um procedimento, a colonoscopia, os métodos e os programas criados poderão ser adaptados para qualquer tipo de exame realizado por meio de captação de imagens de vídeo, como as diversas modalidades de endoscopias, a tomografia e o ultrassom, e até para a realização de cirurgias com videolaparoscopia (técnica cirúrgica minimamente invasiva, realizada com o auxílio de uma endocâmera no abdômen).

RELEVÂNCIA

A endoscopia digestiva foi escolhida para o desenvolvimento deste tipo de tecnologia Foto: Divulgação

A equipe da Unioeste: da dir. para a esq., Wu Feng Chung, Renato Bobsin Machado, Huei Diana Lee, André Gustavo Maletzke e Joylan Nunes Maciel

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Parceria amplia a aplicação da computação na medicina Pesquisas feitas pela Unicamp e pela Unioeste resultaram no registro de três patentes e três softwares Fotos: Antoninho Perri

Cláudio Coy, professor da FCM e coordenador do Gastrocentro, no detalhe e durante procedimento: programas podem ser adaptados para qualquer tipo de exame

em razão do grande número de indicações para estes exames. No Gastrocentro da Unicamp, em Campinas, por exemplo, são realizados mais de 8 mil procedimentos por ano. Nos Estados Unidos, anualmente, são realizados cerca de 40 milhões de exames de colonoscopias (50% desse número associado à prevenção de câncer no intestino). Em breve, as inovações serão implementadas pela Unicamp e poderão ser disponibilizadas para a comunidade médica. Entre as vantagens associadas a elas, segundo pesquisadores envolvidos com os projetos e ouvidos pelo Jornal da Unicamp, podem ser destacadas a possibilidade de realização de treinamentos, aulas, conferências sobre casos de pacientes com especialistas em diversas partes do Brasil e do mundo, além do emprego em situações de emergência (quando especialistas e pacientes estão em locais diferentes), por exemplo. Até agora, profissionais até podiam acompanhar à distância procedimentos de exames, de um ponto remoto, mas sem a possibilidade de recolher imagens em boa qualidade, em tempo real, e até discutir/participar do procedimento como se o fizesse de fato. Além disso, as ferramentas de mineração de dados, que realizam busca por palavras-chave e correlações com bancos de dados construídos com o conhecimento sobre doenças, podem ajudar os médicos a acelerar o diagnóstico e a “garimpar” dados que serão essenciais em diversas pesquisas científicas. Se comparado à economia, como ilustração, os programas e métodos criados são capazes de reunir inúmeros indicadores, realizar correlações entre eles (comparando com um banco de informações e com cenários diversos), predizer o que irá acontecer ou explicar o que está ocorrendo no momento atual, por exemplo. “A grande vantagem dessa parceria [com a Unioeste] é o desenvolvimento de produtos para a área médica usando tecnologia que o médico desconhece”, explica o professor Cláudio Coy, coordenador-geral do Gastrocentro da Unicamp e integrante do Labi. Nas pesquisas mencionadas, a Unicamp forneceu a experiência para os programas e inovações desenvolvidos pelos pesquisadores da área de ciência da computação da Unioeste.

APLICAÇÃO

Na lista de novidades criadas a partir da parceria entre as duas universidades, há ainda o programa “H.Pylori-MINDSys”, que analisa parâmetros da endoscopia que poderão ajudar médicos a confirmar ou a descartar a presença da bactéria Helicobacter pylori, que no estômago causa gastrite ou úlcera. Na prática, a ferramenta pode eliminar a realização de biopsia, reduzir o tempo para o diagnóstico e auxiliar na diminuição dos custos do exame. O SABI 2.0 (Sistema de Aquisição e Análise de Dados Biomecânicos), outro programa já registrado, pode ser apontado como o marco inicial do trabalho conjunto entre Unicamp e Unioeste. Essa ferramenta capta e processa, por segundo, três informações diferentes de um instrumento usado para avaliar

a resistência de tecidos do intestino. O programa nasceu em uma das linhas de pesquisas da FCM, nos anos 90, sob a orientação do docente do Departamento de Cirurgia João José Fagundes, no trabalho do então doutorando e hoje professor Wu Feng Chung, da Unioeste e da Unicamp. O software apoiou um novo método de aferição de cicatrização de tecidos do intestino. Em sua segunda versão, o SABI é usado pela Unicamp e auxilia diversos pesquisadores em novos trabalhos na área experimental de suturas intestinais. Segundo o professor Wu Chung, uma pessoa consegue fazer correlações entre, no máximo, oito e dez diferentes variáveis, enquanto uma máquina pode realizar inúmeras análises e combinações, dependendo de sua capacidade de processamento e dos especialistas que trabalham em seu banco de dados. “Nos próximos anos, os grandes avanços es-

tarão ligados direta ou indiretamente à computação”, explica. Mas por que essas correlações são importantes? “Para a descoberta de padrões e para a prevenção de doenças”, afirma a pesquisadora Huei Diana Lee, coordenadora-geral do Labi. Os dados coletados, tratados segundo o conhecimento de especialistas, podem ajudar a identificar os múltiplos fatores associados que contribuem, agravam ou causam doenças, ajudando os médicos a realizar a prevenção e o tratamento necessário. Entre outras aplicações, essas ferramentas podem auxiliar a confirmar por que determinados comportamentos e hábitos, por exemplo, favorecem o surgimento de certas doenças. “Nosso desafio é aplicar conhecimentos tecnológicos para resolver problemas de saúde”, diz o pesquisador da Unioeste Renato Machado, coordenador da área de computação do Labi, que apresentará neste ano a tese de doutorado na Unicamp relacionado às patentes, produzida sob a orientação do pesquisador Wu Chung na pós-graduação da Unicamp. Já foram realizados testes da nova ferramenta, interligando o Gastrocentro, em Campinas, com a Unioeste, em Foz do Iguaçu (PR). As imagens são transmitidas em boa resolução para análise, segundo o autor do trabalho, e a partir de uma conexão de internet facilmente disponível (15 Mbps, por exemplo). A chave de segurança criada para garantir a integridade dos dados é gerada por meio de “mutações”, o que dificulta a ação de invasores. A parceria com o Laboratório de Bioinformática prossegue. Um dos próximos trabalhos é aperfeiçoar a ferramenta de telemedicina, permitindo que o áudio captado durante o exame seja impresso diretamente. Outro trabalho irá permitir que laudos manuscritos sejam digitalizados para a inclusão de informações em bancos de dados informatizados, sem que seja necessário que alguém copie todo o texto no computador, palavra por palavra. No futuro, os programas de apoio à decisão médica poderão “aprender” com o uso diário dos especialistas.


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Alçando altos

voos

Pesquisa mostra como, ao enfrentar “duopólio”, Azul recolocou Viracopos no mapa Fotos: Antonio Scarpinetti

LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br

Azul Linhas Aéreas iniciou suas atividades em dezembro de 2008, tendo Viracopos como base operacional. Em apenas quatro anos, o movimento no aeroporto de Campinas saltou de 1 milhão para 8,8 milhões de passageiros (ou de 1% para 5% do total de passageiros domésticos brasileiros). No mesmo período, o número de operações (pousos e decolagens) comerciais de passageiros em Viracopos aumentou de 24 mil para 106 mil (de 1,2% para 3,8% dos movimentos da rede Infraero, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). Esses resultados fazem parte da pesquisa de doutorado de Humberto Filipe de Andrade Januário Bettini, defendida no Instituto de Economia (IE) da Unicamp, com a orientação do professor José Maria Ferreira Jardim da Silveira. Na tese, o autor procura compreender o papel que Viracopos está ocupando no cenário nacional, especialmente em comparação com os dois aeroportos de São Paulo. Ele também faz uma leitura das estratégias da Azul para ingressar no mercado de transporte aéreo brasileiro, que ao longo da década de 2000 foi sendo dominado pelas empresas Gol e TAM, configurando o que se rotulou de “virtual duopólio”. “A entrada da Azul neste cenário foi um fato novo, e acompanhá-lo em tempo real foi um privilégio”, afirma Humberto Bettini. “Economistas possuem uma veia histórica apurada, sendo muito comum que se debrucem sobre fatos do passado. Outros se atrevem a prever o futuro, mas geralmente se dão mal. O tempo presente é relativamente menos explorado por economistas. Acompanhar uma empresa desde a sua fundação foi um aspecto interessante e distinto do usual.” Um fato curioso destacado pelo pesquisador é que Viracopos, na verdade, não era a primeira opção da Azul, que planejava iniciar as operações no aeroporto Santos Dumont, do Rio de Janeiro. “A empresa esbarrou na medida regulatória da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] que impedia a partida de aeronaves a jato daquele aeroporto para qualquer destino, fazendo uma única exceção para São Paulo.” De acordo com Bettini, a segunda opção, Viracopos, acabou se mostrando mais válida por conta de dois elementos que caracterizam o modo operacional da Azul. “A Azul perdeu a possibilidade de cativar o passageiro carioca; por outro lado, pôde aproveitar a demanda reprimida no interior do Estado de São Paulo e do sul de Minas, formada por pessoas que precisavam se deslocar até os aeroportos da Capital. Ao mesmo tempo, a empresa fez de Campinas uma base para passageiros que não mantêm relação com a região, mas que fazem aqui as conexões para outros destinos.” O economista explica que as conexões são estrategicamente importantes para a Azul, mas implicam em intensificação da ocupação do terminal, devido à multiplicidade de destinos e ao número de frequências diárias de passageiros. “Na falta de uma ligação direta entre Porto Alegre e Recife, por exemplo, o passageiro tinha como opções passar por São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília; agora, Campinas entrou no mapa. É esse passageiro ‘de passagem’ que a Azul não teria condições de atender se tivesse sua base operacional [hub] no Santos Dumont, um aeroporto que opera no limite de sua capacidade desde a déca-

Em quatro anos, número de passageiros no aeroporto de Viracopos saltou de 1 milhão para 8,8 milhões

da de 1990. Enquanto isto, Viracopos tinha margem para suportar uma utilização mais intensiva, e foi explorado nesta direção.”

ENTRE EMPRESAS

Segundo Humberto Bettini, o mercado de aviação brasileira doméstica mais do que dobrou de tamanho nos últimos anos, passando de 50 milhões de passageiros em 2005 para 119 milhões em 2012. Porém, esta bonança não resultou de dinâmicas semelhantes. Um gráfico mais específico da tese mostra o comportamento do mercado de 2009 a 2012: no período, a oferta cresceu 38%, mas enquanto o crescimento do duopólio Gol-TAM situou-se em 19%, o da Azul alcançou quase 300%. Bettini nota que este desempenho acima da média da Azul foi recorrente, mesmo nos momentos em que o crescimento se suavizava e o mercado dava sinais de estabilização (2012) e retração (2013). “A Azul prometeu uma expansão acelerada, e cumpriu. Em seu primeiro ano, ela transportou 2,7 milhões de passageiros, passando para 11 milhões em 2012. Nenhuma outra empresa aérea alcançou este grau de expansão”, diz o pesquisador. Outro aspecto distinto da competição que a Azul impôs foi o alargamento geográfico do mercado. Entre 2008 e 2012, a nova empresa aérea competiu diretamente com Gol ou TAM em 14 rotas que tinham Campinas como origem, a maioria para capitais do Sul e Nordeste. “Porém, se considerarmos Viracopos, Congonhas e Guarulhos como opções equivalentes para o passageiro, a rivalidade entre a Azul e o duopólio se expande para 34 rotas e passa a alcançar todas as regiões do Brasil e cidades de variados portes”, alerta. Para ilustrar, Bettini explica que Gol e TAM nunca operaram, entre 2008 e 2012, uma ligação direta entre Viracopos e Cuiabá, não havendo, em tese, uma competição direta da Azul com o duopólio. “Entretanto, se considerarmos que Viracopos e os aeropor-

2009

2010

2011

2012

2009-2012

Azul

2.768.088

5.337.410

8.598.424

10.998.452

297%

Gol

36.209.198

40.767.349

44.264.851

41.884.486

16%

TAM

39.639.544

44.481.173

48.742.818

48.225.959

22%

Duopólio Gol-TAM

75.848.742

85.248.521

93.007.668

90.110.446

19%

7.854.539

11.444.120

14.474.156

18.129.617

131%

86.471.369

102.030.051

116.080.248

119.238.514

38%

Demais Oferta total

Observação: Em transporte aéreo, a medida de oferta se dá em ASK, sigla em inglês para “assento disponível por quilômetro”.

ENTRE AEROPORTOS

O autor sugere ainda que a entrada da Azul em Viracopos, oferecendo mais uma opção aos passageiros que residem ou têm como destino cidades próximas de Campinas, e que antes usavam os terminais de São Paulo, trouxe um capítulo novo para a aviação brasileira: o alargamento da competição entre aeroportos. “Essa competição existe na Europa, que possui uma malha aeroportuária bem suprida, principalmente pelo excedente de guerra – bases militares foram convertidas para uso civil. Não temos a mesma concentração de aeroportos aqui, mas a Azul, ao atender passageiros dentro de um raio tão grande e servir de base para conexões, não apenas rivaliza com as outras empresas aéreas, como também faz com que os aeroportos rivalizem entre si.” Permitindo-se um exercício de futurologia, Humberto observa que as condições de mercado se inovam e pode vir um momento hipotético em que a presença em Viracopos seja um ativo equivalente àquilo que Congonhas hoje representa. “Se a capacidade do aeroporto estiver esgotada e Gol ou TAM vierem a requerer slots em Viracopos, poderá surgir uma situação inédita: pelo desenho regulatório atual, as primeiras empresas que chegam tendem a levar vantagem na quantidade de decolagens por hora; é o que explica a dominância da Gol e da TAM em Congonhas, e algo que não se muda no curto prazo. A chegada da Azul sacudiu Campinas e criou a possibilidade de que um aeroporto, que há cinco anos estava praticamente abandonado, tenha o seu acesso disputado por concorrentes em um futuro próximo”.

TERCEIRO AEROPORTO

Crescimento da oferta no transporte aéreo doméstico Empresas

tos de São Paulo estão numa mesma área de atração de passageiros, é provável que a Azul concorra, por exemplo, com a ligação Guarulhos-Cuiabá, da Gol. Na verdade, Campinas e São Paulo formam uma intersecção entre rivalidades diretas e também indiretas. O impacto competitivo da Azul é muito maior que aquele restrito a Campinas.”

A respeito das discussões sobre a necessidade de se construir um terceiro aeroporto na Grande São Paulo, Bettini pergunta se Viracopos já não cumpre esse papel. . “Um novo aeroporto custa milhões, não apenas para a própria implantação, como também com a desapropriação de terrenos. E, mais do que a área ocupada, é preciso uma reserva muito grande de espaço aéreo, visto que o procedimento de pouso inicia-se cerca de 100 quilômetros antes da pista. É uma arte da engenharia de sistemas que Congonhas, Cumbica e Viracopos, além de Amarais, Jun-

diaí e Campo de Marte, operem rampas de aproximação que não conflitem umas com as outras. Instalar um novo aeroporto neste espaço aéreo não é nada trivial.” De acordo com o autor da tese, os dados da Azul demonstram que Viracopos pode ser o terceiro aeroporto de São Paulo, trazendo grande alívio para a Anac, o governo do Estado e o Ministério dos Transportes. “Outra vantagem é que existe área para expansão, inclusive com obras para uma segunda pista já iniciadas. Trata-se de um aeroporto mais promissor no longo prazo do que os dois da Capital. A operação da Azul em Viracopos é a ‘dobradinha’ empresa aérea-base operacional que detém mais destinos nacionais. Isso é um fator de atração de passageiros e indica que Campinas está ficando pronta para voltar aos voos internacionais, papel que já exerceu no período de desativação progressiva de Congonhas e de construção de Cumbica.”

Humberto Bettini, autor da tese: “Acompanhar uma empresa desde a sua fundação foi um aspecto interessante e distinto do usual”

Publicação Tese: “Inferências de condutas em um oligopólio diferenciado: estudos sobre o comportamento do entrante em transporte aéreo no Brasil” Autor: Humberto Filipe de Andrade Januário Bettini Orientador: José Maria Ferreira Jardim da Silveira Unidade: Instituto de Economia (IE) Financiamento: IPEA e Capes


Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

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Contra a negligência, a boa ciência Foto: Dario Crispim

Pesquisadores do IQ dedicam-se à produção de compostos para tratamento de doenças negligenciadas MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br

Brasil registrou, entre 2000 e 2011, uma média de 423 mil casos de malária por ano, segundo dados do Ministério da Saúde. Destes, 99,7% ocorreram na Região Amazônica. No mundo, a doença, própria de países pobres ou em desenvolvimento, provoca 800 mil mortes anuais. Embora exista tratamento contra a enfermidade, a ciência ainda busca por fármacos que possam finalmente erradicá-la. Tal esforço passa por uma rede mundial, integrada pelo Laboratório de Química Orgânica Sintética (LQOS) do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, único representante sul-americano. Lá, os pesquisadores desenvolvem compostos com alto potencial terapêutico e que podem, no futuro, gerar medicamentos ainda mais eficazes contra a endemia. Coordenado pelo professor Luiz Carlos Dias, o LQOS mantém uma linha de pesquisa voltada ao desenvolvimento de compostos destinados ao tratamento das chamadas doenças negligenciadas, entre as quais a malária. Em 2008, o laboratório firmou um convênio com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que durou cerca de três anos. Nesse período, a unidade produziu cerca de 150 análogos voltados mais especificamente à terapia da doença de chagas. “Infelizmente, por falta de recursos, a OMS teve que suspender o financiamento dos estudos”, relata o docente do IQ, observando que o trabalho teve sequência, porque o laboratório utilizou recursos de outras fontes. Recentemente, duas organizações não governamentais, a Medicines for Malaria Venture (MMV, www.mmv.org) e a Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi, www.dndi. org), que são vinculadas à OMS, retomaram os trabalhos e procuraram pelo professor Dias. O objetivo de ambas era o mesmo: firmar parcerias para que o LQOS produza compostos com potencial terapêutico contra as doenças negligenciadas. No caso da MMV, o foco é obviamente a malária. No da DNDi, a atenção está voltada prioritariamente para a Doença de Chagas e a leishmaniose. O convênio com a MMV, que tem duração prevista de 36 meses, já foi assinado com a Unicamp, e os pesquisadores do LQOS estão em plena atividade. Desde março, eles já produziram dez análogos, a partir de um composto padrão cuja estrutura foi enviada pela ONG. Esses análogos foram enviados à MMV, na primeira quinzena de maio, que posteriormente os encaminhará a outros laboratórios responsáveis pelos testes in vitro e in vivo. No caso da DNDi, o convênio ainda está sendo analisado pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo deliberativo da Unicamp. “Pela importância e alcance social do estudo, acredito que essa parceria também será aprovada”, arrisca o professor Dias. Segundo ele, a MMV possui o que os especialistas denominam de Open Access Malaria Box. Esta caixa é constituída por 400 diferentes compostos que apresentam, comprovadamente, atividade antimalárica. Estes pertenciam a uma biblioteca com cerca de 20 mil compostos, que foram colocados à disposição da comunidade científica, em 2010, por meio de publicações da Novartis, do St Jude’s Children’s Research Hospital e da GlaxoSmithKline. O dado relevante e muito promissor relacionado a esses compostos, conforme o professor Dias, é que eles foram desenvolvidos para o tratamento de outras doenças, notadamente os diversos tipos de câncer.

Ribeirinhos no município de Eirunepé (AM): dos 423 mil casos de malária registrados em média por ano no país, 99,7% ocorreram na Região Amazônica

Eles não surtiram o resultado esperado para esses males, mas demonstraram atividade contra a malária, com longos tempos de meia-vida oral. Também geraram importantes informações a respeito de seu metabolismo e farmacocinética. “Esse aspecto é importante, pois nosso trabalho não parte da estaca zero. Nós já sabemos que esses compostos apresentam potencial antimalárico. O nosso trabalho, agora, é realizar modificações na estrutura deste protótipo inicial que nos foi enviado pela MMV, de modo a ampliar a sua capacidade terapêutica”, explica o docente do IQ. Por enquanto, o laboratório coordenado por Dias recebeu somente um dos 400 compostos da Open Access Malaria Box. A ideia é produzir entre 50 e 60 análogos a partir deste primeiro alvo, para que sejam testados posteriormente in vitro e in vivo. “Assim que encerrarmos essa etapa, a MMV nos enviará mais um composto, a partir do qual produziremos mais um lote de análogos e assim sucessivamente. Esse trabalho também é feito paralelamente por outros laboratórios no exterior, formando uma rede. A meta é esgotar os 400 compostos disponíveis na Open Access Malaria Box e chegar a um medicamento que possa finalmente erradicar a doença”, adianta. Todas as informações geradas pelos estudos são registradas num banco de dados, que fomenta a troca de ideias entre os pesquisadores. “Uma vez ao mês, nós fazemos uma reunião por telefone e falamos sobre os avanços e entraves registrados. Com isso, conseguimos aprimorar as ações e, eventualmente, fazer correções de rumo”, acrescenta o docente. Um grande diferencial do convênio com a MMV, e que também orientará a cooperação a ser firmada com a DNDi, destaca o cientista, é que os trabalhos contam com a consultoria internacional de químicos, bioquímicos, biólogos, médicos e farmacêuticos com vasta experiência em pesquisa e desenvolvimento na indústria farmacêutica. Um desses consultores é o cientista Simon Campbell, que liderou o desenvolvimento de uma série de medicamentos, Foto: Antoninho Perri

entre eles o Viagra. “Esse tipo de colaboração é fundamental. Profissionais como Campbell ajudam a nos orientar, por exemplo, quanto ao uso ou não de um determinado substituinte. Pela experiência que têm, eles sabem quando um deles pode provocar uma reação adversa. Com isso, poupamos tempo e esforços”, detalha Dias. O docente da Unicamp diz ficar muito satisfeito em poder contribuir para o esforço de erradicação das doenças negligenciadas, pois sem a participação de universidades e instituições de pesquisas tal iniciativa dificilmente seria executada. “Obviamente, a indústria farmacêutica não está interessada em pesquisa e desenvolvimento de fármacos e medicamentos contra esse tipo de enfermidade, pois eles não dão lucro. Assim, cabe a nós assumirmos essa tarefa. Eu conto com dois pós-doutorandos, Pablo Martinez e Susann Krake, que atuam diretamente no convênio com a MMV. Eles recebem bolsas da entidade. O que eu disse a eles é que o trabalho que desenvolvem está diretamente relacionado a uma aplicação na área social. A publicação de artigos, se acontecer, será uma consequência e não um objetivo das atividades”. Ainda a respeito do alcance social das pesquisas envolvendo doenças negligenciadas, o professor Dias esclarece que os pesquisadores têm outra preocupação além de desenvolver análogos com elevado potencial antimalárico. “Um ponto importante que sempre deve orientar o nosso trabalho é a busca por processos e insumos que não tornem o preço final do medicamento muito alto. Dessa forma, conseguiremos facilitar o acesso por parte dos doentes, que normalmente pertencem a populações carentes, bem como dos programas de saúde pública dos respectivos países onde a malária é endêmica”. Em relação à malária propriamente dita, um aspecto tem deixado as autoridades de saúde pública apreensivas. Atualmente, a doença tem tratamento. Ocorre, porém, que o único recurso disponível é a artemisinina, um composto derivado da Artemisia annua, planta medicinal de origem chinesa. “O fato de termos apenas uma ‘bala na agulha’ é preocupante porque, a exemplo do que acontece com algumas bactérias, que se tornam resistentes aos antibióticos, é possível que os parasitas causadores da malária também possam se tornar resistentes à artemisinina. Caso isso aconteça, o tratamento será seriamente prejudicado. Por isso, é fundamental que busquemos novos compostos com alto potencial terapêutico”, pondera o professor Dias.

Picada de mosquito transmite parasita

O professor Luiz Carlos Dias (à direita) e os pós-doutorandos Pablo Martinez e Susann Krake: trabalho diretamente comprometido com a aplicação na área social

A malária é causada por um parasita transmitido ao homem pela picada de um mosquito (Anopheles infectados). No organismo, o parasita se desloca até o fígado, onde amadurece e assume outra forma. Esta entra na corrente sanguínea e infecta as hemácias. Os primeiros sintomas aparecem geralmente entre 10 dias e 4 semanas, embora esses períodos às vezes possam ser reduzidos ou prolongados. Após a manifestação, os sintomas ocorrem em ciclos de 48 a 72 horas. São eles: febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, dor abdominal e mal-estar generalizado, entre outros. A enfermidade causa consideráveis perdas sociais e econômicas, atingindo principalmente a população de países pobres e em desenvolvimento, notadamente aquela que vive em condições precárias de habitação e saneamento.


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Por uma medição avançada Medida pode contribuir para racionalização de água e inserção do gás canalizado Foto: Antoninho Perri

Vista área de condomínio em Campinas: estudo aponta que usuários querem ter suas contas individuais para o consumo de água e de gás

ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br

iante do alto custo de vida, da escassez de recursos e da emissão de poluentes na atmosfera, o uso econômico e eficaz de água e do gás passa a ser cada dia mais pretendido, tornando a medição individualizada essencial para o consumidor que vive em edifícios residenciais. Isso equivale a dizer que cada domicílio pagaria apenas pelo volume consumido, sem ter que ratear o custo com o vizinho que gastou bem mais. Os degraus para atingir esse alvo passam pela gestão adequada da medição avançada, uma vez que ela pode contribuir significativamente para a implantação de programas de racionalização de água e inserção do gás canalizado no segmento residencial, mediante a construção de instalações internas de gás de menor custo. Foi o que concluiu o estudo de doutorado de Jorge Venâncio de Freitas Monteiro, defendido na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) sob orientação da docente Marina Sangoi de Oliveira Ilha. A medição avançada, relata o pesquisador, é o sistema que armazena dados de um consumidor em frequência horária (ou menor) e que possibilita a transmissão de dados no mínimo uma vez ao dia, para um ponto central por intermédio de uma rede de comunicações. No caso do gás, as instalações prediais são destinadas a distribuí-lo no interior dos prédios para fins de aquecimento e para consumo em fogões, aquecedores de água e equipamentos industriais. O estudo do engenheiro mostrou que hoje é bastante comum a oferta de tecnologias de medição avançadas, idealizadas com modelos de regulação diferentes do Brasil, sem levar em conta a sua realidade. “Essa ação pode estar fadada ao fracasso, se não for idealizado um modelo de gestão que olhe para todo o ciclo de vida dentro da realidade nacional”, sinaliza. Jorge Venâncio expõe que, embora exista uma legislação para os instrumentos de medição em geral – um conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza –, não existem no momento métricas de controle para execu-

tar serviços de medição, como é o caso das empresas que operam sistemas de medição remota nos condomínios de apartamentos. Assim sendo, a investigação do doutorando trouxe indícios de haver um potencial de mercado interno para a implantação de sistemas de medição avançada para água e gás. Ocorre que essa demanda está ‘represada’ devido à ausência de um modelo adequado de gestão, avisa Jorge Venâncio, após observar que, entre as inovações para o fomento da medição avançada, estaria a criação de figuras como a do agente provedor e a do agente de inspeção desses serviços. O trabalho também indicou que, do ponto de vista dos usuários, é certo que eles almejam ter suas contas individuais para o consumo de água e de gás, não a medição coletiva que comumente é praticada nos edifícios de apartamentos. Ter suas contas acertadas em função do que eles gastaram permite que tenham um maior controle sobre o consumo e o gasto. Na opinião do engenheiro, isso seria plenamente factível graças à relativa facilidade para sua implantação no curto prazo, num cenário delineado pelos coadjuvantes deste mercado no Brasil, graças ao seu potencial em sanar problemas bem como graças à disposição das pessoas para arcarem com os investimentos necessários, desde que havendo garantia de qualidade e definições dos papéis dos vários coadjuvantes.

APLICAÇÃO

Jorge Venâncio é especialista em medição e atua na empresa Comgas e na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), onde coordena uma comissão de estudos de instrumentos de medição de vazão de fluídos. Também é avaliador do Inmetro e coordenador do comitê de medição da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegas). Com essa bagagem, o engenheiro percebeu que os problemas de pesquisa que enfrentaria, ao desenvolver sua tese, não seriam simples e nem rápidos de resolver. Envolveriam buscar os motivos que dificultam, hoje, a disseminação desses sistemas para a individualização dos consumos de água e de gás, tais como a estruturação das empresas prestadoras de serviços de individualização e definição dos seus escopos de atuação, e encontrar soluções reconhecidas

internacionalmente, contanto que sejam aplicáveis ao perfil do país. Segundo ele, não fez parte do seu estudo (realizado entre 2009 e 2012) embrenhar-se na exatidão das medições de água e de gás. Sua tarefa foi propor alternativas para que a comunidade auferisse os benefícios da individualização desses consumos através de um melhor uso dos recursos da medição avançada. Mas, pelo que o autor da tese tem visto, essa medição no Brasil estaria bem-alinhada com o que se verifica nos países desenvolvidos. “Tem havido um esforço indo nesta direção por parte das concessionárias, Inmetro, ABNT e comunidade técnica em geral”, informa. Países que possuem doutrinas regulatórias ‘avançadas’, no que tange ao modelo de concessão dos serviços públicos de distribuição de água e gás, de acordo com o engenheiro, já apresentam modelos de gestão para a medição ‘avançada’. “Nossa pesquisa tomou-os por base para a proposição de um modelo de gestão que leva em conta as nuances brasileiras”, explica ele, como as características urbanísticas (alto grau de verticalização) e a inviabilidade das concessionárias arcarem com os custos da medição avançada. No estudo, foram entrevistados 14 profissionais de reconhecida atuação no mercado de trabalho e aqueles oriundos das concessionárias de água e gás, além de fornecedores e operadores de sistemas de medição remota em condomínios de edifícios, os quais foram tomados para a individualização dos consumos para esses fornecimentos. O autor sugeriu a criação do provedor de serviços de medição assentado em bases estruturadas e sujeitas a métricas de controle. Este modelo foi pensado tendo em vista as interfaces produzidas por todos os coadjuvantes deste mercado, tais como as concessionárias, Inmetro, agências reguladoras, condomínios e empresas de individualização. Tal modelo constitui um dos desafios sobretudo porque as empresas desse setor surgiram quase que unicamente por geração espontânea, na maioria dos casos por uma demanda das construtoras ou condomínios, sem a necessária regulamentação e normatização – daí a dificuldade de sua implantação.

O trabalho do engenheiro pretendeu caracterizar o contexto da medição avançada no país, identificando os principais limitantes e facilitadores e, a partir disso, sugerir diretrizes para a sua implementação eficiente. Foram a criação do coadjuvante provedor de serviços de medição em bases normativas e regulatórias estruturadas, a criação do agente de inspeção de sistemas de medição, uma sistemática de supervisão metrológica para medidores de gás e hidrômetros (que não sejam de propriedade das concessionárias) e, por fim, as opções tecnológicas adequadas. Foto: Divulgação

Jorge Venâncio de Freitas Monteiro: “Modelo de gestão deve contemplar todo o ciclo de vida dentro da realidade nacional”

Publicação Tese: “Medição avançada de água e gás combustível em edifícios residenciais: diretrizes para implementação no contexto brasileiro” Autor: Jorge Venâncio de Freitas Monteiro Orientadora: Marina Sangoi de Oliveira Ilha Unidade: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC)


Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

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FCM, embrião da Unicamp, faz 50 anos

Referência internacional, unidade comemora cinquentenário com série de festividades Foto: Antoninho Perri

EDIMILSON MONTALTI Especial para o JU

o Teatro Municipal de Campinas lotado, 50 jovens, vindos em sua maioria de cidades do interior do Estado de São Paulo, se acomodam para assistir a primeira aula da Faculdade de Medicina de Campinas. A aula magna, proferida pelo então reitor da Universidade de São Paulo (USP), Antônio Barros de Ulhôa Cintra, foi um acontecimento na cidade de Campinas no dia 20 de maio de 1963. O sonho acabara de virar realidade. A campanha na imprensa de Campinas para a instalação de uma Faculdade de Medicina na cidade começou em 1946, por meio de um artigo de Luso Ventura, então editor-chefe do Correio Popular. O assunto ganhou certo destaque em 1948, quando Campinas foi contemplada com uma Faculdade de Direito. Como não houve mobilização suficiente da sociedade para sua efetiva instalação, ela foi substituída, em 1953, pela Faculdade de Medicina. Entretanto, por vários motivos, a sua criação ficou apenas no papel. Para “acalmar os ânimos” dos campineiros, o então governador Jânio Quadros recria, em 1958, a Faculdade de Medicina. Mas, pela segunda vez, sua implantação não vinga. Assim, em 1960, Roberto Franco do Amaral, após assumir a Diretoria da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), determina que a prioridade número um da entidade seria a instalação da Faculdade de Medicina. Em 1961, o Conselho de Entidades de Campinas, que congregava 23 associações de classe, é reativado, mobilizando diversos setores da sociedade para pressionar, de diferentes maneiras, o Governo do Estado. A pedagoga Aline Rodrigues da Silva, em seu trabalho de conclusão de curso “A luta do conselho de entidades de Campinas por uma Faculdade de Medicina na cidade”, apresentado em dezembro de 2012 à Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, sob orientação do professor André Luiz Paulilo, aponta que “o grande diferencial dessa fase da campanha, que perdurou até 1962, foi o planejamento proposto pelo Conselho de Entidades, que buscou não somente reivindicar, mas explicar e apontar os motivos pelos quais se considerava que a Faculdade de Medicina era necessária para Campinas e região. Houve um esforço, por meio dos meios de comunicação impressos, rádio e televisão, para conquistar o apoio das cidades vizinhas na luta campineira”. Segundo Aline, não tendo como ignorar a mobilização de Campinas, o então Governador Carvalho Pinto, ainda em 1961, nomeou um grupo de trabalho para estudar a criação de um núcleo universitário na cidade. O que sucedeu, a partir daí, foi a promulgação da Lei nº 7.655, em 28 de dezembro de 1962, criando a Universidade de Campinas como entidade autárquica. “A Faculdade de Medicina, criada em 1953 e recriada em 1958, foi incorporada por esta lei. Com a incorporação da Faculdade de Medicina à Universidade de Campinas, o curso médico era o único em funcionamento, ainda que em instalações improvisadas”, diz Aline.

Vista aérea da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp: ensino e pesquisa de excelência

A Universidade, apesar de figurar apenas no papel – a pedra fundamental foi lançada em 5 de outubro de 1966 –, teve vários diretores, além de 50 alunos que se amontoavam nos dois primeiros andares da inacabada Maternidade de Campinas. A história da Universidade é contada no livro O Mandarim, do jornalista Eustáquio Gomes. Na obra, publicada pela Editora da Unicamp, Eustáquio escreve que “de fato, já em seu terceiro ano de funcionamento, a universidade girava em torno de um leque de disciplinas que por sua variedade e riqueza certamente poderiam ser o embrião das oito unidades projetadas mas que, por ora, compunham um único curso, o de Medicina”. Em 1965, sob a mão forte de Zeferino Vaz, o esboço da Unicamp começava a tomar forma. O ex-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto era contra a instalação de escolas médicas em cidades a menos de 100 quilômetros da capital paulista. De acordo com sua pesquisa, Aline observou que a maioria dos documentos oficiais, correspondências e notícias de jornais do período consultados no Arquivo Central/ Siarq referentes à criação da Unicamp, mostram a ação mais contundente e expressiva de Zeferino a partir de 1965. “Entretanto, a participação das entidades de classe e de personalidades da sociedade campineira foi crucial para a criação da Faculdade de Medicina e, posteriormente, para a sua instalação. Isso, algumas vezes, passa despercebido em sua história”, diz Aline, que trabalha no Siarq e colaborou, indiretamente, na organização da exposição dos 45 anos da Unicamp em 2011. Se o empenho de Campinas para a implantação da Faculdade de Medicina foi grande, o sonho dos calouros foi igual ou maior. Mesmo nas salas improvisadas da Maternidade de Campinas ou depois na Santa Casa de Misericórdia, para onde foi transferida a faculdade em 1965, a incerteza e a responsabilidade andavam de mãos dadas. O professor e médico Rogério Antunes Pereira Filho foi aluno da primeira turma do curso de medicina. Ele diz que os primeiros anos na Maternidade de Campinas e depois

na Santa Casa de Misericórdia foram difíceis. As enfermarias tinham até 30 leitos cada uma, sem divisões ou divididas apenas por biombos, quando o quadro clínico do paciente se agravava. Os únicos que procuravam atendimento na Faculdade de Medicina eram os indigentes. “Embora tratássemos nossos pacientes com dignidade e competência, demoramos muito para adquirir credibilidade aos olhos da população. Era voz corrente, no início, que os pacientes seriam tratados exclusivamente por alunos e que seriam apenas experiência para eles. Alguns mais apocalípticos diziam que não ficávamos muito tristes com a morte, porque, nesse caso, teríamos a autópsia para mostrar”, conta Rogério. O professor e médico João Luiz Carvalho Pinto e Silva foi aluno da segunda turma do curso de medicina. Na semana em que ingressou na faculdade, em março de 1964, as aulas foram interrompidas porque os tanques estavam nas ruas. “Foi um período difícil da história, muito complicado do ponto de vista político. Mas participar da implantação da Faculdade de Medicina foi oportunidade ímpar e um privilégio que tivemos no florescer de nossa juventude”, lembra João Luiz. Em 1966, aluno do último ano do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, Gustavo Antonio de Souza se interessou em ser médico-residente em ginecologia e obstetrícia na então Faculdade de Medicina de Campinas. “Marquei uma entrevista, peguei o trem da Paulista, de Bauru para Campinas. Cheguei bem cedo na porta da Santa Casa, onde hoje é estacionamento do Giovanetti V, e havia apenas barracas, porque os alunos estavam em greve”, relembra Gustavo. Não demorou muito tempo, Gustavo foi chamado para ser médico-residente. Terminado esse período, foi convidado pelo professor Bussamara Neme para seguir a carreira docente, não mais “na então chamada Faculdade de Medicina de Campinas”. Em 1969, um decreto estadual alterara o nome de Faculdade de Medicina de Campinas para Faculdade de Ciências Médicas (FCM). O mesmo valia para a Universidade

de Campinas, que passou a ser denominada de Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 30 de julho do mesmo ano. “Aprendi a ser professor. No Departamento de Tocoginecologia da FCM, passei por todos os cargos e títulos. Fui tudo, menos aluno”, diz Gustavo. No dia 20 de maio de 2013, a FCM faz 50 anos. Esse pequeno recorte histórico conta um pouco de trajetória inicial da faculdade, que em 1986 passou a funcionar no campus de Barão Geraldo. Para contemplar o cinquentenário da faculdade e preencher essa lacuna, será lançado um livro contando essas e outras histórias. O lançamento, previsto para este ano, encerra as comemorações do jubileu de ouro. Para o diretor da FCM, Mario José Abdalla Saad, essa história de sucesso foi construída pelo trabalho de professores, funcionários, médicos-residentes e alunos. “Nós não seguimos nenhum modelo. Nosso modelo é ter o melhor ensino, a melhor assistência e a melhor pesquisa”, diz Saad. Hoje, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp é responsável pelos cursos de Medicina; Enfermagem (embora tenha se transformado em Faculdade em 2012, ainda mantém o vínculo com a FCM); Fonoaudiologia (curso compartilhado com o Instituto de Estudos da Linguagem); e Farmácia (em parceria com Instituto de Biologia, Instituto de Química e Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas). O corpo docente é constituído por 342 professores, 98% com doutorado. Em seus cursos de graduação estudam, aproximadamente, 1,1 mil alunos, sendo 60% deles em Medicina e os demais distribuídos nos outros cursos. Na pós-graduação estudam 1,2 mil estudantes distribuídos em 11 programas. Alguns destes alunos são estrangeiros atraídos pela excelência acadêmica da instituição. Na Residência Médica, a FCM disponibiliza 79 programas credenciados pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), além de programas complementares em 28 áreas, com cerca de 500 médicos-residentes. Em 2012, foram produzidos mais de 1.020 artigos aprovados para publicação em periódicos nacionais e internacionais. Na área de pesquisa, há na FCM, atualmente, 1.033 projetos em andamento, distribuídos em 151 linhas de pesquisa nos 94 laboratórios espalhadores pelo complexo da área da saúde da Unicamp, que atende a uma população de cinco milhões de pessoas da macrorregião de Campinas. Integram este conjunto o Hospital de Clínicas (HC), o Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti” (Caism), o Hospital Estadual de Sumaré (HES), o Hemocentro, o Gastrocentro, Centros de Saúde e vários Ambulatórios Médicos de Especialidades (AME) localizados em diversos municípios paulistas. Por duas vezes, em 2010 e 2012, a FCM foi convidada a indicar concorrentes ao prêmio Nobel de Medicina. De seus bancos escolares saíram nomes para cargos públicos na área da Saúde, dentre eles os atuais secretário de Saúde de Campinas, Cármino Antonio de Souza, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Como disse Rogério Antunes, em um de seus discursos: “A realidade ultrapassou o sonho”. Fotos: Arquivo/Siarq

Nos primórdios: aula inaugural, integrantes da primeira turma e grupo da segunda durante estadia na Alemanha


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Superação,

em terra e nas alturas Funcionária da Cocen enfrenta doença com escaladas e provas de percurso

Fotos: Divulgação

MARIA ALICE DA CRUZ halice@reitoria.unicamp.br

edo de Deus. Brisa, azul, montanha, mata, aves e as rochas. Dedo de Deus é completo, mas quem pode tocar suas pedras? Quem já tentou em vez de um ângulo contra plongée (de baixo para cima), outro plongée. Dedo de Deus é muito alto, lembra o inatingível a quem não pode ou tem medo de altura. Mas Carla Baldan Dias foi ter com ele e está entre os privilegiados que, tentando tocar o Dedo de Deus, através de suas rochas, depararam com a região serrana do Rio de Janeiro em plongée, como diriam os amigos cineastas. Teve a oportunidade rara de, sem qualquer janelinha de aeronave, comungar com a natureza do alto da montanha. “A sensação de chegar ao final da escalada e ver toda aquela paisagem não tem preço. Trocamos energia com a mata, a montanha.” Apesar de ter substituído a escalada pela corrida em 2009, ainda traz no discurso a gratidão por tudo o que a modalidade ainda proporciona. De todos os sentimentos proporcionados pela chegada ao Dedo Deus, Carla evidencia a superação. Por um longo período da vida, portou-se como uma simples espectadora ao apreciar imagens, textos, paredes de escalada. Para ela, era algo fora de sua realidade, pois na infância vivia agasalhada, sem contato com a natureza e aconselhada a praticar apenas natação, apesar do medo de água. Mas em contato com as rochas, aos poucos, o medo, maior obstáculo das conquistas humanas, parou de nublar as oportunidades. A asma deixou de ser um fantasma a assombrar a vontade de subir, sem se preocupar com a volta. Se a preocupação da família com suas crises de asma na infância limitaram os espaços e a diversificação de atividades físicas, o encontro com o marido, Luiz Felipe Moura, em 2004, abriu todas as possibilidades, principalmente a de contemplar a paisagem sem asas e de pisar lugares que a maioria das pessoas sequer ousa sonhar. Docente na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, Moura escalava há 28 anos, quando Carla começou a dar os primeiros passos na parede da Faculdade de Educação Física (FEF). Enquanto muitos resistiram à curiosidade sobre aquele grupo de corajosos que diariamente se reunia para se enroscar feito homem aranha num patrimônio público, ela resolveu desafiar essa teia ou desafiar-se. “Aprendi tudo com o Felipe. Ele foi meu grande motivador.”

de Escalada Esportiva e Montanhismo da Unicamp (Geeu). Lá, teve a oportunidade de conhecer e conviver com outros “atrevidos” da natureza. Atrevidos no bom sentido de redescobrir o espaço, a biodiversidade, seja em solo tropical ou não, até chegar ao Dedo de Deus. Até desafiar a altitude alterosa de 5.350 metros do Cerro Áustria, no Condiriri, na Bolívia. Bolívia, 2008. Nenhum sinal de neve naquela montanha. Somente na descida a sensação de pedaços minúsculos de gelo tocando o corpo numa rápida nevasca, mas o chão seco mostra a ocorrência cada vez menor de neve na Bolívia. Aquele foi um marco inesquecível. A sensação de contemplar a “belíssima” paisagem e os mais de 5 mil metros de altitude conquistados foi indescritível, segundo a atleta. O Cerro deixava para trás as dificuldades dos primeiros passos. Difíceis, mas motivadores. O medo passa a ser o motivo, o estímulo. A cada obstáculo vencido, aumenta a vontade de querer saber até onde pode ir, conforme descreve Carla. O primeiro contato dela com as rochas aconteceu no Pico das Cabras, em Joaquim Egídio, distrito de Campinas. “De subir nas pedras? Tive muito medo. Achei que não fosse conseguir. Ainda sinto medo. Por ser um esporte que envolve certo risco, mas aos poucos foi ficando menor o medo. Fui superando. Com orientação e equipamento adequado, sempre é seguro desde que se faça com bastante cuidado”, aproveita para alertar. Sua participação no Geeu, de 2004 a 2010, despertou o interesse de outras pessoas em desafiar a parede da FEF. A maioria do grupo era composta por alunos, ex-alunos e alguns professores. Pelo fato de ser funcionária, outros servidores

descobriram que a parede estava à disposição de quem desejasse escalar, inclusive da comunidade externa à Unicamp. “Ajudei a envolver pessoal. Porque as pessoas pensavam que era somente para alunos”, quando na verdade a disciplina de escalada ainda nem havia sido criada na FEF. Com o tempo, o Geeu tomou corpo e a aliança com aquela Faculdade foi ficando mais forte. A coragem de escalar também a colocou diante de atletas como Rodrigo Ranieri, de Campinas, que neste momento, segundo Carla, está há mais de 40 dias numa expedição do Projeto Everest 2013, no Nepal, a mais de 7 mil metros do chão, mais uma vez na tentativa de atingir o pico do monte. Mais que a satisfação física e a socialização, a escalada dá coragem para as coisas da vida, na opinião de Carla. “Para mim, a escalada ensinou muita coisa, inclusive na minha visão de mundo. O respeito que tenho hoje pela natureza é muito maior”, declara. Até mesmo a rotina de trabalho na Coordenadoria de Centros e Núcleos (Cocen) da Unicamp melhorou, pois a organização passou a ser repensada depois da disciplina no esporte. Qualquer pessoa pode fazer escalada, segundo Carla, até mesmo crianças, desde que acompanhadas pelos pais ou responsáveis. Qualquer atividade esportiva, em sua opinião, ajuda a preparar a criança para os desafios da vida. E este é o ponto principal, na opinião de Carla. A escalada, em especial, aos poucos, faz com que o atleta crie resistência, força e técnica. Ela avalia que, nos dias de hoje, os pais acabam optando por proteger ao máximo os seus filhos, mas em alguns momentos, as crianças precisam experimentar seus próprios limites, e isso pode acontecer a partir Foto: Antonio Scarpinetti

“ATREVIDOS”

Em um ano de escalada, voluntariou-se a monitorar atividades de outros iniciantes naquela parede, sempre na companhia de Felipe, com quem fez parte do Grupo

Carla na Praça da Paz da Unicamp: “O respeito que tenho hoje pela natureza é muito maior”

Da esq. para a dir., Carla Baldan em três momentos: escalando a Pedra do Elefante, em Andradas (MG), no cume do Cerro Áustria (Bolívia) e durante corrida em Campinas

dessa ou de qualquer outra modalidade esportiva. No seu caso, teve de esperar chegar à fase adulta para enxergar o quanto a infância ficou devendo em aventura. “Via na TV, no jornal. Considerava muito longe mim”, reflete. No evento Unicamp de Portas Abertas (UPA), o interesse das crianças e adolescentes, ainda pela curiosidade, se escancarava. As filas, a cada edição mais crescentes, renderam muitos registros nas páginas do evento e em publicações da Universidade. Além disso, algumas escolas e instituições também foram recebidas pelo Geeu. Além do sentimento de superação que pode refletir na saúde emocional, Carla destaca alguns aspectos benéficos para o corpo. Um deles é o contato com a natureza, por ser praticado ao ar livre, em pontos em que não há tanta interferência humana, onde se pode respirar melhor. Outros benefícios mais evidentes são o fortalecimento da musculatura. Mesmo com tantos pontos a favor e entre tantas realizações, Carla rompeu, mas só por enquanto, com a modalidade que a apresentou as maravilhas do esporte. Em 2008, durante a palestra “Corrida e caminhada para uma vida mais saudável”, promovida pelo GGBS, com o treinador Lucas Tessuti, ela e Felipe, preocupados em expandir a capacidade aeróbica para uma expedição, consultaram o palestrante sobre a possibilidade de treiná-los com a corrida. Fizeram a expedição, mas tomaram gosto por provas de percurso. Felipe ainda concilia as duas modalidades. Sua última expedição foi no Nepal, no ano passado. Enquanto isso, Carla busca superar agora os desafios do asfalto. Ano passado, participou pela primeira vez da Corrida São Silvestre, em São Paulo, e em março desse ano, participou da Meia Maratona de Paris. No momento, dedica-se aos treinos para uma maratona a ser realizada em 2014. Carla tem por paixão a paisagem de Macho Pichu, onde pretende estar um dia. “Aquele lugar é incrível. Vejo as imagens e tenho vontade de estar lá”. Mas não esquece a paisagem a lhe sorrir quando pôde tocar o Cerro Áustria, desafiar a Pedra do Elefante, em Andradas (MG), e se orgulha da coragem que a levou a Teresópolis para, diante do Dedo de Deus, contemplar em plongée as rochas que deixou para trás. “Um dia eu volto a escalar”.


Nas bancas

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Computador ‘fala’ a partir de conversão de textos Sistema permite aplicação nos âmbitos da robótica e da acessibilidade de pessoas com deficiência Foto: Antoninho Perri

RAQUEL DO CARMO SANTOS kel@unicamp.br

ala emitida pelo computador a mais próxima possível da voz humana. Foi este o objetivo da engenheira eletricista Sarah Negreiros de Carvalho ao aprimorar a técnica de conversão de textos em fala baseada em uma técnica denominada HMM. Em meio a equações matemáticas e muitos cálculos pesados, a engenheira conseguiu gerar parâmetros que permitiram alcançar melhor qualidade do sinal de fala sintetizado pelo computador a partir da transcrição de textos. Um texto em arquivo PDF, por exemplo, pode produzir o som exato das palavras. “A natureza estatística e paramétrica da técnica de síntese de fala, baseada em HMM, a torna um sistema flexível, capaz de adaptar vozes artificiais, inserir emoções no discurso e obter fala sintética de boa qualidade” afirma Sarah Negreiros. O estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), sob orientação do professor Fábio Violaro, está em linha com o contínuo desenvolvimento da tecnologia. Isto porque, segundo a engenheira, é crescente a demanda por sistemas de síntese de fala que sejam capazes de falar como humanos para integrá-los nas mais diversas aplicações. “O sistema possibilita a utilização no âmbito da robótica ou para acessibilidade de pessoas com deficiências. Pode também servir para integrar aplicativos destinados à cultura e ao lazer”, esclarece. Por enquanto, o sistema gera o som de frases automaticamente apenas para a língua inglesa. O estudo para a língua portuguesa foi possível graças a um banco de falas e etiquetas com a transcrição fonética das palavras elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em estudos liderados pelo professor Fernando Gil Resende. A partir desse conjunto de etiquetas já pronto, Sarah analisou como os

A engenheira eletricista Sarah Negreiros de Carvalho, autora da dissertação: técnica flexível

parâmetros estatísticos atuavam nas expressões que representavam matematicamente o funcionamento do trato vocal. O processo da fala humana compreende dois tipos de sinais, os sonoros e os não sonoros. Os primeiros correspondem aos sons das vogais e de algumas consoantes como a /b/, /d/ e /v/, e são gerados com a vibração das cordas vocais. Eles são periódicos e podem ser modelados por um trem de impulsos. Os sons não sonoros geram a maioria das consoantes para as quais as cordas vocais não vibram, eles são modelados por um sinal ruidoso. A combinação adequada destas duas fontes gera o chamado sinal de excitação. Este sinal precisa ainda passar por um filtro

digital, que faz o papel do trato vocal, para ser amplificado e modulado e assim gerar a fala. O estudo desenvolvido na FEEC conseguiu, justamente, chegar aos modelos de duração, espectro e frequência que produzem som de boa qualidade utilizando a síntese baseada em HMM. “Conseguimos as melhores características do filtro e uma melhor forma de modelagem”, explica. Segundo Sarah Carvalho, ao contrário das técnicas usualmente utilizadas em call center, que não oferecem a possibilidade de se alterar as características do locutor, no estudo proposto, ao mudar os parâmetros estatísticos é possível transformar a voz masculina em feminina ou ainda em voz de criança, por

Alunos do Cotuca publicam em periódico internacional Uma das fases para o processamento dos grãos do feijão adzuki, originário do Japão e bastante utilizado na culinária japonesa para a preparação de doces, foi o tema da pesquisa de cinco alunos do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) da Unicamp aceita para publicação no Journal of Food Engineering, um dos periódicos científicos mais reconhecidos na Área de Tecnologia e Engenharia de Alimentos. Os estudantes do curso Técnico em Alimentos foram orientados pelo professor Pedro Esteves Duarte Augusto na pesquisa que trata de um assunto original na abordagem e pelo produto. “O feito é importante para motivar os alunos a realizarem pesquisas e, assim, despertarem para o conhecimento mais aprofundado de um determinado tema, sem perder de vista, é claro, o nosso objetivo primordial, que é a melhoria do ensino técnico”, destaca o professor, que assina o artigo juntamente com as alunas Amanda Leal Oliveira, Beatriz Gouveia Colnaghi, Emily Zucatti da Silva, Isabela Romão Gouvêa e Raquel Lopes Vieira. O estudo trata do efeito da temperatura na cinética de hidratação do feijão adzuki. No artigo, explica Pedro Augusto, são descritos os modelos matemáticos para se achar um ponto ótimo de hidratação. Depois de colhidos, os grãos são secos para garantia de conservação. No entanto, devem ser novamente hidratados antes do processamento, sendo a hidratação uma das primeiras operações

Foto: Antonio Scarpinetti

exemplo. Além, é claro, de também permitir incluir emoção no discurso. “Uma voz raivosa, por exemplo, pode ser gerada sem precisar regravar ou alterar o banco de dados de falas”.

Publicação Dissertação: “Estudo de um sistema de conversão texto-fala baseado em HMM” Autora: Sarah Negreiros de Carvalho Orientador: Fábio Violaro Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)

Pesquisa sobre feijão adzuki rende artigo no “Journal of Food Engineering” além de mostrar a importância de despertar e incentivar as vocações científicas”, avalia. O Programa Jovens Talentos foi criado em 2009 e, desde então, o professor já orientou oito trabalhos e 30 alunos do curso Técnico em Alimentos. Os trabalhos já resultaram em cinco artigos publicados ou aceitos para publicação em periódicos da área, como o International Food Research Journal e a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais e Tecnologia. A proposta é que os alunos passem o mês de julho realizando as atividades em laboratório. Isso se faz necessário, visto que a carga horária durante o período letivo é bem alta. “Neste sentido, sempre pergunto para aqueles alunos que estão dispostos a abrir mão das férias. Sempre encontro quem decide colocar a mão na massa”, brinca. (R.C.S.)

Artigo O professor Pedro Esteves Duarte Augusto, orientador das pesquisas, com Emily Zucatti da Silva (à esq.) e Amanda Leal Oliveira

unitárias realizadas pela indústria. “Por ser aceito por uma revista científica de impacto, significa que estas descrições são novas e relevantes”, define o professor. Um aspecto que merece ser destacado na opinião de Pedro Augusto foi o financiamento da pesquisa. A verba para custear integralmente os ensaios feitos no laboratório do Colégio foi liberada pela Associação de Pais

e Mestres (APM), uma espécie de fundo em que os pais fazem uma contribuição espontânea para financiar vários projetos desenvolvidos na escola. Todo ano, o professor Pedro Augusto submete projetos à apreciação dentro do programa Jovens Talentos do Cotuca. “O valor não é alto, mas com ele é possível cobrir os gastos e assim destacar o potencial técnico e científico dos alunos do Cotuca,

Oliveira, Amanda Leal; Colnaghi, Beatriz Gouveia, Silva, Emily Zucatti, Gouvêa, Isabela Romão; Vieira, Raquel Lopes e Augusto, Pedro Esteves Duarte “Modelling the Effect of Temperature on the Hydration Kinetic of Adzuki Beans (Vigna angularis)” Journal of Food Engineering, Elsevier. Leia em: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/ S0260877413002240


10 Vida Painel da semana Teses da semana Livro da semana Destaques do Portal da Unicamp

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Painel da semana  Inclusão Social - O Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu) promoverá a Segunda Reunião Geral no Brasil do Projeto Medidas para a Inclusão Social e Equidade em Instituições de Ensino Superior na América Latina (Miseal). O projeto é desenvolvido desde 2012 em parceria com a comunidade europeia por meio do programa Alfa III. A cerimônia de abertura ocorrerá no dia 20 de maio às 17 horas, no auditório II do prédio da Diretoria Geral da Administração (DGA). O projeto pretende contribuir para melhorar as estratégias e os mecanismos de acesso, assim como as condições de permanência e mobilidade de pessoas pertencentes a grupos pouco favorecidos ou vulneráveis, nas 12 Instituições de Educação Superior (IES) da América Latina (AL), que fazem parte do Alfa III.  Minicurso com Denis Richter - O minicurso “Educação geográfica e cartografia escolar: articulações e propostas de ensino” será ministrado pelo professor Denis Richter, da Universidade Federal de Goiás, de 20 a 22 de maio, das 14 às 18 horas, no Instituto de Geociências (IG). Um dos objetivos é contribuir na formação inicial dos acadêmicos do curso de Geografia - licenciatura. Inscrições já encerradas. A organização é do PIBID-Geografia. Mais informações: rafaelstrafo@ige.unicamp.br  Queimaduras de 3º grau - Exposição de Genivaldo Amorim será aberta no dia 20 de maio, às 12h30, no Centro de Convenções da Unicamp (Rua Elis Regina, 131). A curadoria da mostra é de Sandra Caro Flório. O evento é organizado pela Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) e faz parte do Projeto Espaço de Arte. Mais informações: 19-3521-1739.  Seminário de Extensionistas da Unicamp - Com o tema “Tecnologia e Produção e a Extensão Comunitária”, o próximo Seminário de Extensionistas da Unicamp terá como debatedores os professores Rafael de Brito Dias, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), e Giovanna Garcia Fagundes, do Departamento de Biologia Animal do Instituto de Biologia (IB). O evento será realizado no dia 22 de maio, às 9h30, no auditório 1 da Agência para a Formação Profissional da Unicamp (AFPU). A organização é da Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), órgão da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac). Mais informações: 19-3521-2541.  Quartas Interdisciplinares - O Centro de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (CHS) da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) organiza no evento “Quartas Interdisciplinares”, dia 22 de maio, às 16 horas, no Auditório UL01, uma mesa-redonda para discutir o tema “Gestão e planejamento esportivo no ciclo olímpico e paralímpico”. Contará com a participação de Luiz Cláudio Pereira (vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro) e Antonio Carlos Gomes (diretor técnico Sporting Training). A mesa será coordenada pelo professor Luciano Mercadante (FCA). Mais informações pelo telefone 19-37016674 ou e-mail chs@fca.unicamp.br  Genômica e Biologia Celular - O curso internacional “Tópicos Avançados em Genômica e Biologia Celular” será realizado no Centro de Convenções da Unicamp, de 22 a 24 de maio de 2013. O evento busca reunir palestrantes reconhecidos mundialmente para apresentação de pesquisas, propiciando a troca de experiências e informações entre diferentes grupos de países dedicados à busca de conhecimento na área de genética molecular humana. A organização é do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) e do Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD) da Unicamp, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Mais informações no link http://cbmegcourses.org  Palestra com Denis Richter - O raciocínio geográfico e o processo de ensino-aprendizagem de Geografia. Palestra será proferida pelo professor Denis Richter, da Universidade Federal de Goiás, dia 23 de maio, às 19 horas, no Instituto de Geociências - sala MD 02. A organização é do PIBID-Geografia. Mais detalhes pelo e-mail rafaelstrafo@ige.unicamp.br

 Unicampinas - O Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) recebe, até 23 de maio, as inscrições para o passeio cultural “Unicampinas”. Mais detalhes no link http://www.sae.unicamp.br/portal/ index.php?option=com_content&view=article&id=967:passeio-culturalunicampinas&catid=1:ultimas-noticias&Itemid=124  Public Lecture: Genoma pessoal - O Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) e o Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) organizam, dia 23 de maio, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp, uma palestra com a professora de genética humana Mayana Zatz. No encontro ela aborda o tema Public Lecture: Genoma pessoal. Zatz é médica do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e membro da Academia Brasileira de Ciências. O evento faz parte da programação do workshop Advance Topics in Genomics and Cell Biology. Apoio: Fapesp. Mais informações: http://www.cbmegcourses.org  Barragens de Terra - A Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) recebe, até 24 de maio, no link http://www.extecamp.unicamp. br/dados.asp?sigla=FEG-0123&of=003, as inscrições para o curso de extensão: “Barragens de Terra”. Seu início está previsto para 8 de junho. O curso destina-se principalmente aos profissionais de engenharia civil, engenharia agrícola, engenharia agronômica, tecnólogos e alunos de graduação em engenharia. Objetivando o dimensionamento de Barragens de Terra, o curso aborda seus principais elementos e etapas de construção, destacando-se o cálculo de estabilidade de taludes, filtros de proteção, cortinas de vedação, crista, borda livre, desvio do rio, investigações na área de empréstimo e eixo da barragem. Barragens da Terra será ministrado pelos professores José Teixeira Filho, da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), e Paulo José Rocha de Albuquerque, da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC).  Luna de Tango - O Grupo de Trabalho “Tango & Cultura do Rio de La Plata” apresenta o espetáculo Luna de Tango, dia 25 de maio, às 15 horas, no Espaço Cultural Típica Tango (Rua Luiz Vicentin Sobrinho 101), na Vila Santa Isabel, em Barão Geraldo. O espetáculo será reapresentado em 28 de maio, no Espaço Cultural Casa do Lago (rua Érico Veríssimo 1011), no campus da Unicamp, às 12 horas. O evento é organizado pela professora Natacha Muriel López Gallucci, do Instituto de Artes (IA). Entrada gratuita. Mais informações 19-32891752, 35217017 ou 7830-1230.  Mostra de trabalhos do Cotuca - O Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca) recebe, até 28 de maio, no site www.mostradetrabalhos.cotuca.unicamp.br, as inscrições de projetos a serem apresentados na III Mostra de Trabalhos de Cursos Técnicos. O evento acontece no dia 26 de setembro, das 9 às 20 horas, no Saguão Ciclo básico II, no Campus da Unicamp. O público-alvo são estudantes de ensino médio e técnico bem como profissionais de áreas correlatas. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 19-3521-9906 ou e-mail alan@cotuca.unicamp.br  Dia Mundial sem Tabaco - O Programa Viva Mais do Centro de Saúde da Comunidade da Unicamp (Cecom) organiza nos dias 28 e 29 de maio, entre 10 e 14h30, evento do Dia Mundial sem Tabaco. Com o tema “Dia de Promoção à Saúde do Fumante”, as atividades ocorrem no Ciclo Básico II-PB (dia 28) e na Tenda do Mexa-se do Hospital das Clínicas (dia 29). Nos locais haverá a distribuição de marcadores de livro com conteúdo sobre o tabaco e sobre os grupos de tratamento existentes na Unicamp. Mais informações: 19-3521-9001.  População, cidades e políticas sociais - O Núcleo de Estudos de População (Nepo) recebe, até 30 de maio, as inscrições para o IV Programa de Capacitação: População, Cidades e Políticas Sociais. O Programa destina-se aos profissionais envolvidos nas áreas temáticas acerca da urbanização, migração, desenvolvimento urbano e regional, oriundos de instituições do Governo Federal, Estadual ou Municipal, organismos não governamentais e/ou movimentos sociais. Serão priorizados os gestores públicos que trabalhem com a relação entre população, cidades, metrópoles, pobreza, e políticas de transferência de renda. O IV Programa de Capacitação: População, Cidades e Políticas Sociais conta com o apoio do Projeto Temático Fapesp: Observatório das Migrações em São Paulo: Fases e Faces do Processo Migratório do Estado de São Paulo. Consiste em capacitar e sensibilizar as secretarias municipais, estaduais e de governo para as inter-relações entre população e desenvolvimento social, enfatizando as novas dinâmicas do crescimento populacional nas cidades e a necessidade de políticas sociais. Mais informações: ivonete@nepo. unicamp.br ou 19-3521-5913.  Pós-graduação em jornalismo científico - Estão abertas até o dia 31 de maio as inscrições para o curso de pós-graduação lato sensu em Jornalismo Científico do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Leia mais em http://agencia.fapesp.br/17240

Teses da semana  Alimentos - “Fabricação de queijo prato com diferentes proteases” (mestrado). Candidata: Laís de Souza Alves. Orientadora: professora Mirna Lúcia Gigante. Dia 27 de maio de 2013, às 10 horas, no salão nobre da FEA.  Biologia - “Efeitos da restrição calórica e do 2,4 dinitrofenol sobre o metabolismo e desenvolvimento da aterosclerose em camundongos hipercolesterolêmicos” (doutorado). Candidato: Gabriel Taffarello Dorighello. Orientadora: professora Helena Coutinho Franco de Oliveira. Dia 29 de maio, às 9 horas, na sala de defesa de teses do IB.

 Computação - “Método ágil aplicado ao desenvolvimento de software confiável baseado em componentes” (mestrado). Candidato: Alan Braz. Orientadora: professora Cecília Mary Fischer Rubira. Dia 23 de maio, às 10 horas, no auditório do IC 2, sala 85.  Engenharia Elétrica e de Computação - “Relaxação via barreira logarítmica modificada aplicada ao problema de fluxo de potência ótimo CC com sobrecargas” (doutorado). Candidato: Mayk Vieira Coelho. Orientador: professor Anésio dos Santos Júnior. Dia 24 de maio, às 14 horas, na sala PE 11 do prédio da CPG/FEEC. “Rastreamento de pessoas em vídeo” (mestrado). Candidato: Wagner Machado do Amaral. Orientador: professor Clésio Luis Tozzi. Dia 24 de maio, às 14 horas, na sala PE-12 do prédio da CPG/FEEC. “Projeto e análise de desempenho de simuladores para canais de desvanecimento alpha-mu” (mestrado). Candidato: Adailton Antônio Galiza Munes. Orientador: professor José Cândido Silveira Santos Filho. Dia 27 de maio, às 10 horas, na FEEC. “Estratégias de controle direto de torque para motores de indução trifásicos usando controladores fuzzy tipo takagi-sugeno e controladores por modos deslizantes” (doutorado). Candidato: José Luis Azcue Puma. Orientador: professor Ernesto Ruppert Filho. Dia 28 de maio, às 9 horas, na sala de defesa de teses da CPG/FEEC. “Radar meteorológico com antenas fixas: proposta, modelagem e análise de desempenho” (mestrado). Candidato: Marco Antonio Miguel Miranda. Orientador: professor José Cândido Silveira Santos Filho. Dia 29 de maio, às 10 horas, na sala PE12 do prédio da CPG/FEEC.  Engenharia Mecânica - “Mistura Diesel, Biodiesel e Etanol anidro - uma possibilidade para reduzir o custo da cadeia de produção da cana-de-açúcar” (mestrado). Candidato: Ricardo Roquetto Moretti. Orientador: professor Waldir Antonio Bizzo. Dia 23 de maio, às 14 horas, no auditório KD da FEM. “Modelagem e controle de trajetória de um veículo robótico terrestre de exterior” (mestrado). Candidato: Rafael de Angelis Cordeiro. Orientador: professor Ely Carneiro de Paiva. Dia 24 de maio, às 14 horas, no auditório DPM da FEM. “Avaliação termoeconômica da cogeração no setor sucroenergético com o emprego de bagaço, palha, biogás de vinhaça concentrada e geração na entressafra” (doutorado). Candidato: Aristides Bobroff Maluf. Orientador: professor Caio Glauco Sánchez. Dia 28 de maio, às 14 horas, no auditório KD da FEM.  Engenharia Química - “Avaliação da lama vermelha na remoção de derivados de petróleo – benzeno, tolueno e xileno (BTX)” (doutorado). Candidata: Renata dos Santos Souza. Orientadora: professora Meuris Gurgel Carlos da Silva. Dia 20 de maio, às 14 horas, na FEQ. “Determinação experimental do consumo de potência para impelidores âncora e helicoidal e fluidos pseudoplásticos de alta viscosidade” (doutorado). Candidata: Ana Milena Torres Garavito. Orientador: professor José Roberto Nunhez. Dia 21 de maio, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Secagem de cenoura (Daucus Carota L.) assistida por micro-ondas” (mestrado). Candidata: Kaciane Andreola. Orientador: professor Osvaldir Pereira Tranto. Dia 23 de maio, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Aplicação da fração estearina como modulador de cristalização no fracionamento térmico de gordura de leite anidra e na fabricação de chocolate” (doutorado). Candidata: Elida Castilho Bonomi. Orientador: professor Theo Guenter Kieckbusch. Dia 27 de maio, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Atuação da quitosana como adsorvente de íons cobre em presença da proteína β-amilóide ou equivalente” (mestrado). Candidata: Cynthia Regina Albrecht Mahl. Orientadora: professora Marisa Masumi Beppu. Dia 29 de maio, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ.  Geociências - “Análise da variabilidade da precipitação pluvial da região sudeste do Brasil e desastres naturais” (mestrado). Candidato: Leônidas Mantovani Malvestio. Orientador: professor Jonas Teixeira Nery. Dia 24 de maio, às 11 horas, no auditório do IG.  Humanas - “Os vigilantes da ordem: a cooperação DEOPS/SP e SNI e a suspeição aos movimentos pela anistia (1975-1983)” (mestrado). Candidata: Pâmela de Almeida Resende. Orientador: professor Fernando Teixeira da Silva. Dia 22 de maio, às 14 horas, no IFCH.  Odontologia - “Desenvolvimento de indicadores para avaliação da qualidade dos serviços odontológicos” (doutorado). Candidata: Juliana Rocha Gonçalves. Orientadora: professora Glaucia Maria Bovi Ambrosano. Dia 23 de maio, às 8h30, no anfiteatro 1 da FOP. “Ativina a regula eventos importantes para a tumorigênese oral e é um fator prognóstico de sobrevida livre de doença para pacientes com carcinoma espinocelular oral” (doutorado). Candidata: Andreia Bufalino. Orientador: professor Ricardo Della Coletta. Dia 23 de maio, às 9 horas, na sala da Congregação da FOP. “Motivos de faltas às consultas odontológicas nas unidades de saúde da família de Piracicaba/SP e implementação de estratégias para sua resolutividade por meio de uma pesquisa-ação” (mestrado profissional). Candidata: Cláudia Angela Gonçalves. Orientadora: professora Karine Laura Cortellazzi. Dia 24 de maio, às 8h30, na sala da Congregação da FOP. “Avaliação in vitro da laserterapia de baixa intensidade sobre cultura de osteoblastos, fibroblastos e queratinócitos submetidos à terapia com ácido zoledrônico” (doutorado). Candidata: Fernanda Gonçalves Basso. Orientador: professor Carlos Alberto De Souza Costa. Dia 27 de maio, às 8h30, na sala da Congregação da FOP.

Livro

da semana

Gilberto Mendes Entre a vida e a arte Sinopse: Este livro está fundamentado na tese de doutorado de Carla Delgado de Souza intitulada “Os caminhos de Gilberto Mendes e a música erudita no Brasil”, defendida no Programa de Antropologia Social da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em dezembro de 2011. O texto consiste em uma etnografia da experiência social de Gilberto Mendes — um dos mais destacados compositores brasileiros de música erudita contemporânea. Nele, a autora procura compreender como esse compositor enfrentou alguns dilemas estéticos e relacionou-se com instâncias políticas e de poder dentro do campo musical, desde os anos 1940, quando decidiu tornar-se músico, até o momento de sua consagração no Brasil e no exterior. Fruto de uma pesquisa minuciosa, o livro mapeia uma série de relações existentes entre arte e sociedade que foram determinantes não apenas para os autores que vivenciaram o campo da música erudita brasileira na segunda metade do século XX.

Autora: Carla Delgado de Souza Ficha técnica: 1a edição, 2013; 264 páginas; formato: 16 x 23 cm ISBN: 978-85-268-1013-6 Área de interesse: Antropologia e Música Preço: R$ 40,00 “Associação entre risco familiar, saúde bucal, qualidade de vida e variáveis socioeconômicas” (mestrado profissional). Candidato: Fábio Antonio Villa Nova. Orientadora: professora Glaucia Maria Bovi Ambrosano. Dia 27 de maio, às 9 horas, na sala de seminários do Departamento de Odontologia Social da FOP. “Impacto dos centros de especialidades odontológicas no acesso aos serviços secundários de saúde no estado de São Paulo” (mestrado profissional). Candidata: Laura de Freitas Menezes. Orientadora: professora Stela Márcia Pereira. Dia 27 de maio, às 13h30, na sala seminários do Departamento de Odontologia Social da FOP.  Linguagem - “Projeto gráfico-editorial de livros didáticos de língua portuguesa: para além da letra” (mestrado). Candidata: Fabiana Panhosi Marsaro. Orientadora: professora Roxane Helena Rodrigues Rojo. Dia 23 de maio, às 10 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Dos intentos de escrita à escrita convencional” (doutorado). Candidata: Maria José Landivar de Figueiredo Barbosa. Orientadora: professora Rosa Attié Figueira. Dia 27 de maio, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL.  Química - “Imobilização de enzimas lacases e de microrganismos em biocatálise” (doutorado). Candidato: Luiz Arthur Zampieri. Orientador: professor José Augusto Rosário Rodrigues. Dia 20 de maio, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Preparação de nanopartículas lipídicas sólidas NPLS e carregadores lipídicos nanoestruturados CLN para liberação modificada/prolongada de fármacos antiretrovirais (Nevirapina, Saquinavir e Efavirenz)” (doutorado). Candidato: Marcelo de Sousa. Orientador: professor Francisco Benedito Teixeira Pessine. Dia 22 de maio, às 14 horas, no miniauditório do IQ.

Destaque do Portal

Professores da Unicamp tomam posse na Academia de Ciências Academia Brasileira de Ciências (ABC) deu posse a 37 membros titulares e correspondentes (que atuam no exterior) em reunião magna no último dia 7, na Escola Naval do Rio de Janeiro. Entre os novos titulares estão quatro docentes da Unicamp: Anita Jocelyne Marsaioli (Instituto de Química), Daniel Mario Ugarte (Instituto de Física “Gleb Wataghin”), Paulo Mazzafera (Instituto de Biologia) e Vitor Baranauskas (Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação). A mesa de abertura da solenidade esteve composta por Jacob Paulis, presidente da ABC; Marco Antônio Raupp, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação; Jorge Almeida Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Helena Bonciani Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Glauco Arbix, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); almirante-de-esquadra Wilson Barbosa Guerra, secretário de C&T da Marinha; e vice-almirante Ilques Barbosa Júnior, comandante do Primeiro Distrito Naval, ao lado de outras autoridades. Sobre os eleitos da Unicamp, Anita Marsaioli, do IQ, é coordenadora do projeto “Potencial enzimático de minas de ferro, cobre e ouro”, realizado no âmbito de um acordo da Fapesp com a Vale, Fapemig e Fapespa. Daniel Ugarte, do IFGW,

Fotos: Antoninho Perri/Antonio Scarpinetti

Da esq. para a dir., Anita Marsaioli, Daniel Mario Ugarte, Paulo Mazzafera e Vitor Baranauskas: docentes da Unicamp foram empossados na ABC no último dia 7

já coordenou o projeto “Analytical transmission electron microscope for spectroscopic nanocharacterization of materials” e o Centro de Microscopia Eletrônica de Alta Resolução, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Paulo Mazzafera, do IB, coordena o projeto temático “Control of lignin biosynteshis in sugar cane: many gaps still to be filled”, além dos projetos “Avaliação de árvores nativas e não nativas da Mata Atlântica com a finalidade

de restauração e exploração econômica de madeira em áreas impactadas com chumbo” e “Physiological responses of Eucalyptus globulus and E. grandis to high concentration of CO2 and temperature variations, identified by metabolomics and transcriptomics analyses”. E Vitor Baranauskas, da FEEC, coordenou o projeto temático “Desenvolvimento de próteses de diamante e de materiais diamantíferos nano-estruturados”.


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Tese mostra que pessoa com

deficiência pode fazer kung fu Foto: Divulgação

Estudo de professor de wushu prega adaptação das atividades e métodos de ensino ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br

lém de atleta, professor de wushu, supervisor técnico e ex-diretor da Confederação Brasileira da modalidade, o profissional de educação física Marcelo Moreira Antunes é um dedicado estudioso das artes marciais. Lê tudo o que encontra a respeito. Em sua tese de doutorado, defendida na Faculdade de Educação Física (FEF), não foi diferente. Após fazer uma imersão no tema, conseguiu comprovar concretamente que a pessoa com deficiência pode e deve praticar a arte marcial. Mas essa prática estaria condicionada a aspectos como a adaptação das atividades e métodos de ensino, a adequada formação de professores para esse fim e a superação do handicap, ou seja, dos impedimentos sociais. Marcelo decidiu elaborar uma proposta inédita – “Artes marciais chinesas para pessoas com deficiência: dilemas, contextos e possibilidades” –, que exibe alternativas à prática desse esporte por pessoas com deficiência, documento que deve ser publicado como livro, dirigido aos amantes do wushu – a arte marcial chinesa que no Brasil é conhecida popularmente como kung fu. Na China, onde o esporte nasceu, esse designativo significa qualquer tarefa desempenhada com perfeição, não só a modalidade esportiva. A sua expectativa é de que os professores de artes marciais chinesas usem a proposta como ferramenta para direcionar o treinamento e a prática por pessoas com deficiência, e que igualmente sirva de referência a novos estudos em artes marciais como o karatê, o taekwondo e o judô, etc., que ainda não possuem trabalhos acadêmicos nessa área. A proposta de Marcelo abrange a atividade motora adaptada, o esporte adaptado, as diferentes deficiências do ponto de vista teórico e suas características, e os fundamentos histórico-culturais das artes marciais chinesas. E mostra a relação de diferentes conhecimentos para preparar um profissional para trabalhar com pessoas com deficiência. Lamentavelmente os estudos que vinculam arte marcial e deficiência são raros no mundo. “Por isso esse campo fértil me seduziu para um investimento acadêmico nessa direção”, constata. Segundo ele, o que se nota hoje na mídia é uma divulgação majoritária do MMA (Artes Marciais Mistas) e, a despeito de o kung fu não figurar muito nos noticiários, é uma das modalidades esportivas que está pleiteando uma vaga nas Olimpíadas de 2020, que será decidida este ano em Buenos Aires, Argentina.

Cadeirante que pratica atividade física na China: estudos que vinculam arte marcial e deficiência são raros no mundo

com deficiência motora e intelectual. “Fazemos uma classificação cruzando o nível de deficiência com certa modalidade do wushu”, relata o doutorando. Foi feito um levantamento do que havia no mercado, cruzando essas informações com a literatura do esporte adaptado, concebido para ser adotado por pessoas com deficiência. O direito a esse acesso está garantido por lei, embora cada modalidade tenha suas regras, que operam junto a grupos de pessoas com deficiência, federações e confederações. As categorias de deficiência contempladas pela pesquisa foram visual, auditiva, intelectual e físico-motora. No caso do deficiente visual, as modalidades mais recomendadas incluiriam as práticas de rotina ou coreografias de ataque-defesa (taolu) e o shuaijiao (uma luta que se dá com seus componentes agarrados), mais as práticas respiratórias. Atualmente, já não é mais mito a pessoa com deficiência competir. O wushu, a partir do estudo, mostrou-se viável, ainda que limitado em função do conhecimento que os profissionais têm do mercado. Como se trata de um estudo pioneiro, à medida que for difundido, mais pessoas se apropriarão dele. O pesquisador fez um inquérito do wushu no Brasil, dos atletas ligados a competições, para descobrir os locais em que é praticado e a quantidade de participantes. A estimativa permitiu chegar a 21 mil federados (atletas de alto rendimento, professores e instrutores das modalidades). “Mas as federações não têm um controle preciso dos praticantes esporádicos ou que só usam a modalidade por lazer”, ressalva.

Marcelo também buscou identificar praticantes com deficiências no Brasil. Eram 49, de acordo com as federações. “A partir daí planejamos entrevistas com professores de wushu e fomos ver como eles entendiam essa prática, como visualizavam essa possibilidade e como deveria ser conduzida.” Mediante inferências sobre a prática do wushu por pessoas com deficiência, começou a ser desenhado um modelo de possibilidade, cruzando com a literatura e fazendo uma análise crítica sobre o que foi informado na entrevista e o que aparecia na literatura. Com isso, foram propostas classificações das práticas. A primeira etapa do estudo foi exploratória e a segunda propositiva. Marcelo também esteve na China, berço do wushu. Teve o prazer de se encontrar com professores decanos da Universidade de Esporte de Beijing. Lá foram entrevistados um profissional de Educação Física da Universidade de Wuhan, dois mestres tradicionais respeitados na comunidade de Pequim e um chinês praticante de wushu que viveu no Brasil e mora na China há 15 anos. Essas pessoas foram escolhidas para fornecer informações sobre a arte antiga do wushu. Os objetivos nos séculos 18 e 19 eram completamente distintos do que se vê hoje. O treino era uma visão militar. “Agora treinamos para saúde, entretenimento, competição e esporte”, relata o autor da tese. Segundo o professor José Júlio Gavião de Almeida, orientador do estudo, hoje são várias as possibilidades do wushu, que vão do entretenimento à pedagogia. O Foto: Antoninho Perri

ATUAÇÃO A intenção no estudo foi fornecer subsídios aos professores que trabalham nessa modalidade para receberem mais interessados em suas academias e aumentar a visibilidade do esporte. Ao criar uma ferramenta para esse propósito, Marcelo percebeu que um manual poderia restringir essa abordagem. Por isso sugeriu propostas para possíveis práticas, pelo fato dos contextos e das deficiências serem muito diferentes. Estabeleceu um modelo de primeira reflexão, por entender que é real a prática das artes marciais por diversas pessoas com deficiências. As modalidades mais indicadas para os deficientes visuais dentro do wushu, por exemplo, se estendem também a pessoas

esporte tem muitas condições favoráveis, contrariamente ao que se via no passado, quando era muito tecnicista – o “movimento do homem”. Hoje, se pensa “no homem em movimento”, algo maior. “Marcelo conseguiu unir alguns elementos que, para a sociedade, eram tabus, que é o envolvimento da pessoa com deficiência em várias condições, uma relação com a sociedade mais potencializada e o pensamento da luta como instrumento social”, pondera Gavião. As lutas, no momento, podem ser consideradas instrumentos pedagógicos, tais como outros esportes já muito bem-conhecidos no Brasil, como o futebol, e não só nas modalidades esportivas. Também no caso da dança e ginástica. Há espaço para manifestação do esporte por crianças, idosos, baixinhos, gordinhos, atletas com deficiência e de alto rendimento. O interesse de Marcelo pelo assunto resultou de sua atuação como professor de um aluno que tem síndrome de Down e do trabalho que fez com a Apae do Rio de Janeiro. O trabalho, aborda o docente, é para a sociedade como um todo; é também para o fomento acadêmico, já que poucos estudos fazem essa discussão; e representa um grande avanço para que o wushu entre nessa perspectiva de avanço científico e acadêmico. Gavião é responsável pela linha de pesquisa “O esporte e a educação física adaptada”, criada há mais de duas décadas na FEF. A Unicamp tem o único departamento com essa linha no âmbito da América Latina.

MODELO Para o pesquisador, foi extremamente válido ter feito a trajetória que fez, porém, a julgar pelo começo, com 18 anos, não teria seguido esse caminho. A mãe era contra sua opção pela educação física. Desejava que o filho fosse médico e atleta de natação. “Quando escolhi o esporte, fui atrás de uma academia de kung fu. Foi uma decisão minha. E o que de melhor aprendi foi disciplina, perseverança e concentração.” Embora “apaixonado” pelo wushu, Marcelo reconhece que falta continuidade e intensificação para a mudança de paradigma (eliminar o preconceito). Isso envolve compreender as artes marciais como uma possibilidade de prática dissociada daquela concepção militar. Para formar um atleta hoje, dependendo do nível, internacional por exemplo, ele tem que ter de seis a oito anos de treinamento e estar dentro de modelos de esporte de alto rendimento, como em qualquer outro esporte. Outra questão, opina ele, é que falta aos professores de artes marciais uma busca por esse conhecimento mais acadêmico e reflexivo. Nos dias atuais, os praticantes de artes marciais recebem conhecimento dentro de suas academias. E esse conhecimento é reproduzido há anos e assumido como verdade. O conhecimento das artes marciais ainda parte do senso comum, construído por culturas diferentes. Então avançar em compreensão de que essa cultura se modifica e se apropria de outros elementos com os quais entra em contato é também uma necessidade. É preciso abandonar as artes marciais como instrumento de guerra e percebê-las como um instrumento de ensino, pedagógico e de equilíbrio social.

Publicação

José Júlio Gavião de Almeida (à esq.), orientador, e Marcelo Moreira Antunes, autor da tese: professores devem ter formação adequada

Tese: “As artes marciais chinesas para pessoas com deficiência: contextos, dilemas e possibilidades” Autor: Marcelo Moreira Antunes Orientador: José Júlio Gavião de Almeida Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)


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Campinas, 20 de maio a 2 de junho de 2013

Machado, um intruso na Rússia MARIA ALICE DA CRUZ halice@unicamp.br

uando iniciou as investigações para o doutorado, a pesquisadora Andrea de Barros já previa que a recepção à obra de Machado de Assis na Rússia contemporânea fosse bastante restrita. Sua antevisão se confirmou com os resultados da pesquisa. As razões do quadro encontrado, segundo Andrea, incluem desde a imagem exótica do Brasil no imaginário do leitor/crítico russo – que não corresponde ao Brasil retratado por Machado de Assis – até a sofisticação característica da crítica social machadiana, que não facilita o acesso do leitor estrangeiro, pouco familiarizado com as peculiaridades da sociedade brasileira de meados do século 19, às camadas de significação e entendimento mais profundas do texto. De acordo com Andrea, além dos aspectos textuais, a configuração política também exerceu um papel decisivo na recepção da obra machadiana. Ela acrescenta que, em diferentes etapas da história russa, ideais de liberdade marcaram o interesse dos intelectuais, escritores e estudiosos pela literatura dos países da América Latina. Por não descrever de forma explícita a condição dos escravos no Brasil, a literatura de Machado não apetecia os leitores russos, mais interessados em narrativas latino-americanas que servissem de espelho para a condição dos servos em seu próprio país. “Sendo assim, condenar a escravidão no Brasil era uma forma indireta de criticar o regime servil que ainda sustentava a sociedade russa.” Sempre atenta à conjuntura mundial, a intelectualidade russa, a partir de 1917, com a revolução em seu país, e até 1964, com o golpe militar, ainda procurava conteúdos relacionados aos ideais de liberdade, mas Machado, mais uma vez, não se adequa ao horizonte de expectativa daqueles leitores, segundo Andrea. “A atenção recai sobre os escritores regionalistas e modernistas, principalmente aos filiados ao Partido Comunista, como Jorge Amado e Graciliano Ramos, e outros”, acrescenta Andrea. Apesar do considerável aumento no número de escritores brasileiros publicados na União Soviética, eles buscavam na literatura da América do Sul autores que abordassem a questão da liberdade. A reserva à obra de Machado já havia sido observada por Andrea em 2003, enquanto relia Dom Casmurro (1899) para um curso de leitura e produção de textos. Na mesma época, começou a ler Dostoiévski, simultânea e coincidentemente. Passou, naquele momento a fazer, de forma espontânea e depois sistemática, algumas relações entre os dois autores, não só no âmbito do texto, mas também da história da recepção crítica dos dois escritores dentro e fora de seus países de origem. A investigação deu origem a sua dissertação de mestrado, “A dúvida em discursividade: Machado de Assis e Dostoiévski,” defendida na PUC-SP, em 2007, na qual traçou um diálogo entre Dom Casmurro (1899) e O eterno marido. Ao constatar a

disparidade entre o estado da recepção internacional das obras dos dois autores, decidiu então mergulhar entre documentos e evidências que explicassem a ausência de Machado na crítica internacional. “Machado de Assis continuava obscuro diante da crítica internacional, enquanto Dostoiévski mantinha-se, indiscutivelmente, um clássico mundial”, pontua. Também no campo da pesquisa, apesar de ter sido traduzido e publicado na Rússia, Machado de Assis mantevese restrito à leitura de poucos pesquisadores, entre os quais se destaca Inna Terterian (1933-1986), do Instituto de Literatura Mundial “Górki” (IMLI) e da Academia de Ciências da Rússia, crítica soviética que mais se dedicou à obra machadiana, segundo Andrea. Dom Casmurro, primeiro romance de Machado publicado na Rússia, inclui uma introdução assinada por Terterian, que também é responsável por verbetes sobre o escritor nas enciclopédias literárias soviéticas e outros textos em coletâneas de literatura brasileira. Além de Inna, Machado foi estudado também por Maria Nadiarnykh, pesquisadora-sênior do Instituto de Literatura Mundial “Górki”, da Academia Russa de Ciências e principal representante da atual crítica russa a Machado de Assis e à literatura brasileira, de forma geral. De acordo com Andrea, críticos como Roberto Schwarz já apontavam a receptividade internacional do repertório machadiano, impulsionada pelo aumento do interesse da crítica norte-americana pela literatura brasileira. As análises do incremento quantitativo e qualitativo de estudos internacionais sobre a literatura brasileira, a partir da revolução cubana, em 1959, sustentam tal afirmação. Ela acrescenta que, como acontece com todas as expressões culturais, a literatura é uma forma de conhecer as ideias, a estruturação das relações sociais, o pensamento político de um país. Segundo a pesquisadora, o Brasil, no cenário político mundial do final dos anos 1950, passa a ocupar uma posição estratégica na disputa de poder entre as maiores potências econômicas do período – Estados Unidos e União Soviética. A área de estudos latino-americanistas, nos Estados Unidos, foi beneficiada por investimentos e incentivos que, consequentemente, se refletiram na produção da crítica literária americana. No caso específico de Machado de Assis, conforme Andrea, o livro da crítica americana Helen Caldwell, O Otelo brasileiro de Machado de Assis (1961), é um exemplo paradigmático do quanto os estudos americanos tiveram um papel Machado de Assis: imagem de “Brasil exótico”, segundo a pesquisadora, contribui para que escritor brasileiro seja pouco conhecido na Rússia

Foto: Divulgação

A pesquisadora Andrea de Barros, autora da tese: escritores regionalistas faziam mais sucesso

Publicação Teses: “Machado de Assis na Rússia: estudos de recepção literária” Autoria: Andrea de Barros Orientação: Francisco Foot Hardman Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

Foto: Reprodução

decisivo na recepção internacional da obra de Machado. A obra contém o primeiro estudo que questionou o adultério de Capitu – o que viria a revolucionar a leitura da narrativa machadiana pela crítica mundial. Andrea lembra que na maior parte do período abarcado pela pesquisa (1960 a 2010), o regime soviético estava em vigor, o que justifica o fato de a crítica da época ser bastante cerceada pelas diretrizes do realismo socialista e pela força explícita e indiscutível da censura. “Nesse contexto ideológico, a leitura da crítica privilegia os aspectos psicológicos da escrita de Machado, visto como o grande mestre do realismo psicológico no Brasil, em detrimento de sua ironia crítica, que parece ter passado despercebida pelos russos.” Nada muito diferente dos críticos brasileiros do mesmo período que, apesar de conhecer de perto e vivenciar as intrincadas relações sociais do Brasil do século 19, não compreendiam as sutilezas do escárnio com que o escritor retratava a sociedade patriarcal latifundiária brasileira, comenta Andrea. Andrea esclarece que o projeto inicial da tese incluía uma comparação entre a recepção crítica de Machado de Assis, na Rússia, com a de Dostoiévski, no Brasil, mas a ausência no Brasil de estudos aprofundados sobre a recepção machadiana na Rússia a estimulou a enriquecer o grande conjunto de estudos machadianos com um tema que fosse mais proveitoso. Mas, mesmo satisfeita com a contribuição dos resultados da tese, se confessa instigada a explorar ainda mais o duo Machado e Dostoiévski. “Ainda pretendo dar prosseguimento aos diálogos entre os dois escritores, desta vez dentro do campo maior das relações culturais entre Brasil e Rússia”, confessa


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