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Foto: Antoninho Perri

Veneno a conta-gotas

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Pesquisa do farmacêutico Pedro Henrique Barbosa de Abreu constatou que os agricultores não dispõem de informações sobre o uso seguro de agrotóxicos, cujas normas estão contidas na Lei dos Agrotóxicos, sancionada em 1989. O trabalho, que foi desenvolvido junto a 81 unidades produtivas de agricultura familiar, foi orientado pelo professor Herling Alonzo.

Jornal daUnicamp www.unicamp.br/ju

Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014 - ANO XXVIII - Nº 601 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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CORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

Um mergulho na linguagem da 6 e7

Dissertação de mestrado de Célia Musilli analisa a obra da escritora mineira Maura Lopes Cançado (à direita), cuja vida foi marcada por várias internações psiquiátricas. Desenvolvida no Instituto de Estudos da Linguagem, a pesquisa foi orientada pela professora Adélia Toledo Bezerra de Meneses.

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A subserviência de 4 grupos (trans)nacionais

Por um sistema de eficiência energética Uma goma de mascar doce por mais tempo Como a Kodak forjou o turista-fotógrafo

China decide investir mais recursos em proteoma Detectando poluentes em outros planetas Extração contamina afluentes do Amazonas

TELESCÓPIO

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Foto: Reprodução

loucura


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

TELESCÓPIO

CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br

China amplia investimento em proteoma O governo da China anunciou um investimento de US$ 40 milhões para a elaboração de um mapa completo das proteínas que compõem os tecidos de dez órgãos do corpo humano, incluindo o fígado e o coração, tanto em condições saudáveis quanto em patologias. Com isso, os chineses esperam fornecer pelo menos 30% dos dados que entrarão no Projeto Proteoma Humano, um programa internacional para o mapeamento das proteínas do corpo humano, e que já publicou uma primeira versão de suas descobertas na revista Nature, no início do ano. De acordo com o boletim Science Insider, da revista Science, o programa chinês de proteoma deve durar de 3 a 5 anos e envolver cerca de 200 pesquisadores, de 40 diferentes laboratórios. Instalações que prestarão apoio ao programa encontram-se em construção, incluindo o laboratório Phoenix, que deverá abrigar 25 espectrômetros de massa, num investimento de US$ 200 milhões.

Conferência ataca compensações ambientais Uma conferência sobre biodiversidade realizada na Sociedade Zoológica de Londres transformou-se num foco de críticas às políticas de compensação ambiental, que permitem a destruição de partes de ecossistemas me troca de investimento em preservação em outras áreas – por exemplo, plantando-se árvores para compensar a construção de uma estrada que corta uma floresta. De acordo com nota publicada no site da revista Nature, os participantes da conferência denunciaram que as compensações vêm sendo usadas para flexibilizar a proteção de áreas fundamentais para a preservação da biodiversidade. De acordo com Jonathan Baillie, diretor de projetos de conservação da Sociedade Zoológica, as compensações deveriam ser uma “medida de último recurso”. Ele afirma que áreas como as definidas pela Unesco como Patrimônios Mundiais nunca deveriam ser abertas a projetos de desenvolvimento econômico, nem mesmo em troca de compensações.

Vocabulário mapeia evolução da intolerância à violência Um levantamento das palavras usadas nas transcrições de julgamentos realizados no Old Bailey – a principal corte criminal da Inglaterra – entre 1760 e 1913 mostra uma tendência histórica de separação entre crimes violentos e não-violentos, com um tratamento cada vez mais severo dos primeiros, mostra estudo publicado no periódico PNAS. Os autores, que incluem historiadores e pesquisadores de teoria da informação, dividiram as palavras encontradas nas transcrições em famílias de sinônimos, e também separaram os casos julgados por tipo de crime, concluindo que houve uma progressiva distinção nos vocabulários aplicados a casos com ou sem violência, denotando crescente intolerância ao uso da força. “A separação dos crimes em diferentes categorias pelo sistema de justiça criminal, como furto e agressão, por exemplo, foi o resultado de uma negociação complexa entre vítima, polícia, a burocracia o réu”, escrevem os autores. “A classificação dos comportamentos nos diferentes indiciamentos que dão base à distinção entre gênero de crime representa um consenso sobre a natureza do crime, construído por meio de uma complexa negociação e de decisões burocráticas”.

Foto: Nasa

A distinção clara entre crime violento e não-violento parece se cristalizar por volta de 1800, quando o estilo de julgamento para os dois tipos de ofensa começam a se separar, diz o artigo.

Estudo sobre nomes de furacões é contestado Pesquisa publicada no fim de maio pelo periódico PNAS, afirmando que furacões com nomes femininos causam mais danos e mortes – porque as populações afetadas tendem a considerar nomes de mulher menos ameaçadores e, portanto, não se preparam o suficiente para enfrentar a tempestade – vem sendo contestada duramente por outros cientistas. Entre as críticas, está o fato de que o estudo leva em conta as mortes causadas por furacões desde 1950, sendo que as tempestades só passaram a receber nomes masculinos em 1979 – logo, a maior parte da amostra contém apenas nomes femininos. Quando a análise se restringe ao período pós-79, a preponderância estatística de mortes em furacões femininos desaparece. Os autores do artigo original defenderam suas conclusões, afirmando que os furacões da era pré-79 não eram excepcionalmente mais letais que as tormentas mais recentes, mas o clima geral em relação ao artigo é, ao menos por enquanto, de grande ceticismo.

Rastreando poluição em outros planetas Uma equipe de pesquisadores da Universidade Harvard traçou um perfil de poluentes industriais que poderão ser detectados na atmosfera de outros planetas por equipamentos como o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que deve ser lançado em 2018. A eventual descoberta desses gases seria um sinal da presença de vida inteligente nesses mundos. De acordo com o artigo que descreve o estudo, lançado no repositório online ArXiv, o JWST deverá ser capaz de detectar concentrações, comparáveis às que existem em nosso planeta, de metano e óxido nitroso na atmosfera de mundos semelhantes à Terra. Esses gases, no entanto, são criados também por processos naturais. Já poluentes que, na Terra, são exclusivamente industriais, seriam mais difíceis de encontrar, afirma o artigo. Compostos de cloro e flúor, por exemplo, só seriam visíveis para o JWST em concentrações pelo menos 100 vezes maiores que a existente na nossa atmosfera atual.

Extração de petróleo afeta tributários do Amazonas no Peru Uma equipe de pesquisadores espanhóis levantou dados preocupantes sobre o derramamento de poluentes gerados pela extração de petróleo, no Peru, em afluentes do Rio Amazonas. As conclusões do estudo foram apresentadas na Conferência Goldschmidt, realizada na Califórnia (EUA). Nota divulgada pelos autores do trabalho lembram que cerca de 70% da Amazônia peruana já foi usada para a produção de petróleo entre 1970 e 2009, e que a demanda global atual vêm estimulando o crescimento da produção. Os pesquisadores reuniram

O lado oculto da Lua, em foto tirada pela Apollo 16, em 1972

dados do período 1983 a 2013, em 18 locais onde esgoto é lançado em 10 tributários do Amazonas. Foram medidas as concentrações de nove diferentes poluentes, como chumbo, mercúrio e cádmio, todos metais pesados, e encontrados valores acima dos tolerados pela lei peruana. “A poluição da extração de petróleo caiu após 2008”, disse o pesquisador Raúl Yusta Garcia, “mas há o risco de que o aumento da demanda eleve a poluição”.

Hipótese tenta explicar relevo do lado oculto da Lua Quando a sonda soviética Luna 3 transmitiu, em 1959, as primeiras imagens do lado oculto da Lua – que é invisível da Terra – os astrônomos foram confrontados por um mistério: a virtual ausência de “mares” na face distante de nosso satélite natural. Os “mares” da Lua são grandes planícies cinzentas, que podem ser vistas da Terra a olho nu. Compostas de basalto, foram formadas por antigas erupções vulcânicas. Um artigo publicado no Astrophysical Journal Letters, de autoria de pesquisadores da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, oferece uma explicação para a quase ausência de mares no lado oculto: a crosta da face escondida da Lua seria mais espessa, por conta do processo de formação do satélite. Segundo essa hipótese, o calor emanado pela Terra, derretida no impacto que levou ao nascimento da Lua, teria feito com que elementos como alumínio e cálcio evaporassem da face lunar voltada para nós e fossem se depositar no lado oculto, mais frio. Mais tarde, grandes rochas espaciais atingiram o lado visível da Lua e quebraram a crosta, liberando a lava derretida que deu origem aos mares. Já quando o lado oculto sofreu bombardeio, na maioria dos casos a crosta era espessa demais e o magma não chegou a aflorar.

Esperança para o tubarão branco no Atlântico Norte Estudo publicado no periódico PLoS ONE consolida dados a respeito de 649 registros de tubarões brancos no Atlântico Norte entre 1800 e 2010, e oferece uma visão otimista da recuperação da espécie vulnerável, diz nota divulgada pela Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA) do governo dos Estados Unidos. Além de mapear a distribuição do predador na costa leste da América do Norte, o trabalho também constatou que a população da espécie parecia em declínio nas décadas de 70 e 80, mas que vem se recuperando desde os anos 90. Entre as questões que permanecem em aberto, dizem os autores da pesquisa, estão os locais de acasalamento e reprodução dos tubarões, o uso que os animais fazem das águas para além da plataforma continental e uma comparação dos padrões de migração dos tubarões do Atlântico Norte com os do Pacífico e do Índico.

Determinando os limites da vida extraterrestre Um pesquisador da Nasa, Christopher McKay, publicou no periódico PNAS um apanhado da ciência disponível sobre extremófilos – organismos capazes de sobreviver em condições extremas de temperatura, radiação, ausência de nutrientes, etc. – para determinar os prováveis limites da vida que podemos esperar encontrar em outros planetas. McKay nota que formas de vida existentes na Terra são capazes de suportar temperaturas que vão de -15º C a 122º C, pressões de centenas de atmosferas, disponibilidade de energia inferior a um milésimo da que a Terra recebe normalmente do Sol, além de condições de umidade extremamente baixa. O autor oferece um “checklist” de características a serem procuradas em outros astros como parte da busca por vida extraterrestre, e conclui que algumas luas do Sistema Solar, como Encélado, reúnem esses requisitos.

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Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju e-mail leitorju@reitoria.unicamp.br. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos Reportagem Carlos Orsi, Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Manuel Alves Filho, Patrícia Lauretti e Silvio Anunciação Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Editor de Arte Luis Paulo Silva Editoração André da Silva Vieira Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Gabriela Villen, Valerio Freire Paiva e Eliane Fonseca Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon e Diana Melo Impressão Triunfal Gráfica e Editora: (018) 3322-5775 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3383-2918. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

Ricos, mas vulneráveis

Foto: Antonio Scarpinetti

Estudo mostra que quatro grandes grupos econômicos brasileiros são subordinados ao capital internacional LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br

ecentemente ressurgiu a discussão sobre um tema efervescente dos anos 1950 aos 70: que o Brasil, como naquela época, estaria passando por um novo momento desenvolvimentista, buscando uma autonomia relativa e ganhando base material para colocar o capitalismo a serviço de um projeto nacional, mais democrático e socialmente justo. A observação é do economista Artur Monte Cardoso, cuja dissertação de mestrado, porém, aponta para um processo de reversão das bases do desenvolvimento brasileiro ou, mais que isso, de reversão neocolonial. “Burguesia brasileira nos anos 2000 – Um estudo de grupos industriais brasileiros selecionados” é o título do trabalho orientado pelo professor Plínio Soares de Arruda Sampaio Junior e apresentado no Instituto de Economia (IE) da Unicamp. Feito um estudo qualitativo da organização empresarial de uma parcela representativa da burguesia brasileira, o autor da pesquisa optou por estudar quatro grandes grupos econômicos que cresceram enormemente neste início de século, tendo se internacionalizado e figurado entre os chamados “campeões nacionais”: Vale (mineração), Gerdau (siderurgia), Cosan (sucroalcooleiro) e JBS (carnes). Cada grupo teve mapeado seu mercado, base produtiva, base financeira, vínculos com o Estado e estratégia adotada no período de estudo. “Fiz a escolha a partir do anuário Valor Grandes Grupos, que publica uma lista dos maiores grupos econômicos, dentre os quais extraí os maiores brasileiros privados do setor produtivo – excluí, portanto, a Petrobrás e empresas dos setores de serviço, comércio e finanças.” Das conclusões da dissertação, Artur Cardoso antecipa a de que a força demonstrada pelos quatro grupos em seus setores está limitada por ocuparem uma posição subordinada ao capital internacional e dependente do socorro do Estado, não apenas para obter financiamentos, mas para gerar mercados e negócios em geral; e que esta dependência os condiciona a explorar a base de que dispõem: recursos naturais (terras, minas) e mão de obra barata. “Trata-se de uma burguesia capaz de fazer grandes negócios, mas cujo crescimento contribui pouco para o desenvolvimento do país. Dentro de um processo que podemos chamar de reversão neocolonial, esta classe tende a se tornar mais pragmática, especulativa e rentista: uma burguesia dos negócios.” Cardoso atenta que os grupos estudados são incapazes de controlar variáveis estratégicas da acumulação, ficando vulneráveis às oscilações internacionais. “O impulso que conseguiram em seus mercados foi resultado direto do ciclo econômico internacional, via elevação da demanda e dos preços, ou indireto, através do surto de crescimento interno. Sua base produtiva está em segmentos de tecnologia simples, livre e com baixos encadeamentos. Sua base financeira foi o capital internacional, assim como o Estado, que ainda dinamizou mercados (como o de aço) com projetos de infraestrutura. Quanto à estratégia de crescimento dos grupos, inclusive de internacionalização, deveu-se principalmente ao processo de aquisição de concorrentes e não de construção de capacidade produtiva, chegando ao caso extremo de associação direta com o capital estrangeiro.”

BALANÇO HISTÓRICO O autor da pesquisa recorda que entre os anos 50 e 70 havia um grande debate sobre as transformações em curso no país, à medida que se incrementava a industrialização, alimentando a ideia de nação. “O golpe

O economista Artur Monte Cardoso, autor da dissertação: “A estratégia de crescimento dos grupos, inclusive de internacionalização, deveu-se principalmente ao processo de aquisição de concorrentes e não de construção de capacidade produtiva”

militar e a entrada de empresas transnacionais colocaram uma nova problemática, a da maior dependência externa. Eu me baseio em autores como Florestan Fernandes, Celso Furtado e Caio Prado Junior, todos críticos deste processo. Eles consideravam que apesar da industrialização e do milagre econômico, o Brasil apresentava enormes dificuldades para construir bases nacionais que permitissem conciliar um capitalismo relativamente autônomo e colocar nas mãos do Estado a capacidade política de construir um país de verdade.” O balanço a partir dos 80, segundo Artur Cardoso, foi bastante negativo, com o país entrando em crise econômica profunda e se obrigando a ajustes para pagar a dívida externa; nos 90, o mergulho no neoliberalismo, com abertura econômica, privatizações, entrada de capital estrangeiro em pé de igualdade com o nacional, financeirização da economia e desindustrialização. “Hoje se vê claramente as mudanças na base material, com um Estado que depende fortemente de ciclos internacionais, tanto para exportação de commodities como para afluxo de capital. Se esses ciclos se tornam desfavoráveis, o Estado perde a capacidade de fazer política social e a margem fiscal para investimentos. Apesar da euforia sobre um novo desenvolvimentismo, inclusive por parte do governo, ao investigar nas raízes vejo um processo acelerado de reversão neocolonial.”

ESCOLHA DAS EMPRESAS Artur Cardoso justifica a escolha da Vale, Gerdau, JBS e Cosan por serem líderes em seus setores de atuação, e áreas nas quais o Brasil ocupa papel importante no mundo. “Na mineração, a Vale, privatizada há mais de dez anos, vem comprando minas em outros países num processo de internacionalização recente; na siderurgia, a Gerdau começou a adquirir usinas no exterior nos anos 80 e é líder das Américas em aços longos (básicos na construção); a JBS, dona da marca Friboi, tornou-se uma gigante global depois de comprar a Swift americana em 2007; e a Cosan, que tem origem no setor sucroalcooleiro, é uma exceção com atuação internacional mais pontual, mas que vem se diversificando nos últimos anos.” Na opinião do economista, as características destes grupos espelham o que o Brasil tem se tornado com a reprimarização da pauta de exportações induzida pelo boom de commodities, por causa sobretudo da China. “Fatores alheios ao país fazem com que estas empresas, que já eram grandes, se tornem ainda mais importantes. No entanto, elas não controlam a incorporação do progresso técnico para aumento da produtividade; simplesmente compram os pacotes tecnológicos. A Cosan e a JBS, grandes exportadores de açúcar e de carne, atuam basicamente no controle da terra e do trabalho barato, além de exercer influência política local, regional e mesmo nacional. Um problema é que, embora essas empresas movimentem muito dinheiro, ficam com uma margem bem menor do que aquela distribuída ao longo da cadeia.”

Segundo Artur Cardoso, a dinâmica da Vale e da Gerdau é um pouco diferente, a começar pela mineradora, que parece assentada sobre uma mina de ouro, no caso, de minério de ferro da melhor qualidade. “Por conta das variáveis externas, o preço da tonelada de minério pode dobrar em poucos anos, enquanto o gasto da Vale com pessoal, maquinário e extração seria o mesmo – há um excedente econômico gigantesco. Este excedente, porém, passou a ser pulverizado após a privatização, entre milhares de acionistas e alguns controladores privados que querem aumentar o negócio da mineração independentemente dos custos sociais e ambientais. Se este excedente estivesse nas mãos do Estado, poderia ser colocado a serviço do desenvolvimento nacional.” A Gerdau, como explica o autor da dissertação, é uma indústria de transformação, teoricamente capaz de incorporar tecnologia nova e agregar valor ao seu produto, mas que se insere em projetos de infraestrutura caracterizados por um padrão de acumulação dependente e subdesenvolvido. “É bom que existam grandes siderúrgicas no país, pois formam a base do setor industrial. A questão, no plano mundial, é que a Gerdau disputa um mercado saturado: depois da ascensão da China e da crise de 2008, há uma grande capacidade ociosa e uma acirrada concorrência que dita o limite de preços. Ou seja, ao mesmo tempo em que sobe o preço do minério de ferro, os preços do aço estão contidos pela concorrência.”

CRIAÇÃO DE MERCADOS Cardoso atenta para o fato de que, diante da pequena margem de manobra, estes grupos econômicos dependem de financiamentos e da criação de mercado pelo governo brasileiro. “Para conseguir comprar a Swift americana, a JBS recebeu um aporte fenomenal do BNDES, sem que víssemos a empresa investir em tecnologia ou obter ganho em escala para a diversificação, como em melhoramento genético ou vacinas. O BNDES, a propósito, é sócio da Vale e acionista da Gerdau e da JBS, além de ter concedido empréstimo subsidiado à Cosan. E a contrapartida desses grupos para o conjunto da economia brasileira é baixíssima.” A dependência destas empresas do capital internacional também é frisada pelo economista, que acusa casos de financiamento obtidos diretamente nos EUA, lançando títulos de dívida. “O interesse dos investidores estrangeiros nestes setores é que, apesar da margem pequena, ainda são lucrativos. A dependência faz com que as empresas criem vínculos não só em termos de endividamento, mas também em associações: as quatro, associadas a outras empresas, mantêm operações no exterior. No fundo, elas não atuam como capital nacional e sim como capital internacional, sem compromisso com o crescimento do mercado interno e vendendo cada vez mais para o mercado externo.” Na opinião de Artur Cardoso, um caso exemplar de associação é da Cosan que, tendo se tornado a maior usina do mundo, dela

se esperava que procurasse dominar o mercado do etanol, controlando também a sua comercialização. “De fato, a Cosan comprou os ativos da Esso (que deixou o Brasil) e, com a rede de postos, diminuiu o problema da pequena margem na produção do etanol. Mas, dois anos depois, selou associação com a Shell, formando a Raízen – uma joint venture com 50% de capital de cada parte. Nos termos do acordo, a sócia anglo-holandesa terá opção de compra da Raízen após dez anos, e mesmo diante de uma recusa da Cosan, poderá assumir o controle adquirindo mais 25%; e, passados mais cinco anos, garantirá a opção de compra total. Cito no trabalho a observação de um analista financeiro de que isso mais parece uma operação de venda que de associação.”

MEGAOPERAÇÃO

DE ESPECULAÇÃO

Outra conclusão do economista é que estas operações vão revelando a lógica profundamente especulativa e rentista pelo menos dos grupos estudados – “não me atrevo a extrapolar para outros setores” –, que reproduzem relações históricas da economia brasileira. “Se tomarmos uma empresa como a Cosan e um senhor de engenho, o padrão de relacionamento é idêntico: o senhor de engenho tinha um negócio mundial, exportando para os mercados mais dinâmicos da época (a Europa crescente); era financiado por capitais estrangeiros fortes, como dos holandeses; detinha uma tecnologia então de ponta para produção de açúcar em grande escala; e, embora ficasse com uma margem de lucro pequena, detinha o controle de terra e do trabalho escravo.” Para Artur Cardoso, o que estamos assistindo nas últimas décadas é a desestruturação da base material que permitiria algum progresso econômico, com mais empregos e de melhor qualidade, maiores salários, incremento do mercado interno, arrecadação tributária para políticas sociais e respeito ao meio ambiente. “Todos esses aspectos do desenvolvimento estarão em xeque enquanto dependermos de uma burguesia como a retratada no estudo, constituída por empresas que não estejam correspondentes a um projeto de nação. Na verdade, é uma burguesia de negócios. As burguesias do mundo inteiro fazem negócios, mas também fazem um Estado forte, inovação tecnológica, competição. No Brasil, ao que parece, só fazem negócios, qualquer negócio.”

Publicação Dissertação: “Burguesia brasileira nos anos 2000 – Um estudo de grupos industriais brasileiros selecionados” Autor: Artur Monte Cardoso Orientador: Plínio Soares de Arruda Sampaio Junior Unidade: Instituto de Economia (IE)


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

Os vários ganhos da eficiência energética

Estudo propõe sistema de diagnóstico e de gestão de energia para a área petroquímica Foto: Divulgação

MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br

GIGANTE DO RAMO

A Braskem foi formada em 2002, já como líder do setor petroquímico na América Latina. A empresa é controlada pela multinacional brasileira Odebrecht, que detém 50,1% das ações, e pela Petrobras, que possui outros 47%. A empresa soma 36 unidades industriais, sendo 29 delas no Brasil, cinco nos Estados Unidos e duas na Alemanha. No México, em associação com o grupo local Idesa, a Braskem está investindo no mais importante projeto petroquímico na América Latina, para produção de eteno e polietileno, que entrará em operação em 2015. A empresa está entre as dez brasileiras com melhor resultado no Carbon Disclosure Project (CDP), ano-base 2011, pela transparência e qualidade do inventário de emissões de gases de efeito estufa. Em 2012, pelo segundo ano consecutivo, conquistou a categoria Ouro no Programa Brasileiro GHG Protocol e se manteve indexada ao Índice Carbono Efi-

Flávio Mathias, autor da dissertação: “Aos poucos, o tema da eficiência energética começa a sensibilizar diversos setores”

ciente (ICO2) da Bolsa de Valores de São Paulo. A atuação da Braskem em 2012 também lhe valeu o Prêmio Finep de Inovação Sustentável, pelo segundo ano consecutivo, na categoria Grande Empresa. Em 2013, a receita líquida da empresa foi de R$ 41 bilhões, o que representou um crescimento da ordem de 13% em relação ao ano anterior.

Processo de Gestão Energética

Ciclo de Melhoria Contínua

Avaliação e Análise de Investimentos

Gestão Empresarial Desenvolvimento Sustentável

Diagnóstico Energético

 Controle e Otimização

Planejamento e implantação de Melhorias

Ciclo de Gestão da Energia

Medição e Verificação Indicadores de Desempenho

Planejamento Energético

Dissertação: “Diagnóstico energético e gestão da energia em uma planta petroquímica de primeira geração” Autor: Flávio Roberto Mathias Orientador: Sergio Bajay Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) Financiamento: CNPq

Foto: Antoninho Perri

A partir dos dados pesquisados, o autor da dissertação desenvolveu então uma metodologia voltada à gestão energética, acompanhada das estimativas de potenciais para ganhos de eficiência energética. “Vale ressaltar que hábitos podem e devem ser mudados com o objetivo de reduzir o consumo energético e eliminar os desperdícios de energia” pondera. Atualmente, prossegue Mathias, os investimentos em eficiência energética estão mais concentrados, no Brasil, no consumo de energia elétrica. “Aos poucos, porém, o tema começa a sensibilizar outros setores. E isso é fundamental que aconteça, notadamente na área industrial, que foi responsável por 35,1% da energia primária consumida no Brasil em 2012”, pontua o pesquisador. Mathias contou com bolsa de estudos concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio da sua participação no projeto Eficind, coordenado pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp, que entre outros objetivos inclui o mapeamento de tecnologias, processos e ações, para se estimar potenciais técnicos, econômicos e de mercado de eficiência energética nos setores industriais intensivos, que possam ser incorporados nos estudos de planejamento energético a longo prazo, executadas pelo governo federal.

Publicação

A planta analisada, na região do ABC, em São Paulo: central petroquímica de primeira geração

tema da eficiência energética vem ganhando importância em vários setores no Brasil, notadamente o industrial. A despeito disso, o número de empresas brasileiras do segmento que dispõem de sistemas e processos estruturados de gestão da energia ainda pode ser considerado tímido. Um exemplo disso é que aproximadamente dez empresas no país possuem seu Sistema de Gestão da Energia (SGE) certificado pela norma ISO 50001, concedida àquelas organizações que estabeleceram sistemas e processos para melhorar o desempenho energético, incluindo eficiência energética, e adotam boas práticas no uso e consumo de energia. Na Alemanha, para estabelecer um termo de comparação, são mais de 1.100 empresas. “Esses dados demonstram o universo de oportunidades que o tema oferece”, afirma o engenheiro mecânico Flávio Roberto Mathias, que acaba de defender dissertação de mestrado sobre diagnóstico energético e gestão da energia na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, sob a orientação do professor Sergio Bajay. De acordo com Mathias, as medidas na área de eficiência energética são importantes por dois motivos especialmente. Primeiro, porque contribuem para a redução de custos, meta que está sempre sendo perseguida pelas empresas. Segundo, porque, integradas a outras boas práticas de gestão, ajudam a tornar a corporação mais competitiva e também contribuem para minimizar os impactos ambientais decorrentes dos processos de produção. Em sua dissertação, o engenheiro mecânico tomou como estudo de caso uma central petroquímica de primeira geração pertencente à Braskem, empresa com 12 anos de atividades e que conta com 36 unidades industriais, sendo 29 no Brasil, cinco nos Estados Unidos e duas na Alemanha. A planta analisada está instalada em São Paulo, na região do ABC. O pesquisador explica que uma central petroquímica de primeira geração é aquela que produz, a partir da nafta ou do gás natural, produtos como eteno, propeno, butadieno e BTX, matérias-primas utilizadas pelo restante da cadeia petroquímica (plantas de segunda e terceira gerações) para a fabricação de resinas termoplásticas, elastômeros e bens industriais de consumo, incluindo utensílios plásticos, para ficar em poucos exemplos. Pela avaliação feita pelo autor da dissertação, ao comparar o consumo energético específico da planta analisada com o indicador de consumo da melhor tecnologia disponível no mercado (BAT - Best Available Technology) para a produção de eteno, esta unidade apresenta um potencial técnico médio de conservação de energia de 36,4% [entre 2009 e 2012]. “A unidade tem como melhorar o seu desempenho nessa área através da adoção de um conjunto de medidas que envolvem a identificação e correção de perdas energéticas, investimentos em novas tecnologias e a ampliação da cultura da conservação de energia entre seus integrantes e parceiros”, aponta. As principais rotas tecnológicas que têm possibilitado ganhos de eficiência energética na indústria petroquímica envolvem processos de integração das unidades produtivas, cogeração, reciclagem e recuperação de calor. Mathias reforça que o tema eficiência energética se torna ainda mais importante quando a empresa consegue integrá-lo a outras iniciativas. Embora a gestão energética, por si somente, já traga vantagens, ela tende a potencializar os resultados gerais da corporação quando associada a outras boas práticas. No caso específico, a redução do consumo de energia concorre também para a melhoria do processo de produção. “Quando você melhora um indicador, ele afeta positivamente outros indicadores. Ou seja, quando processos, que estão obviamente ligados a um gerenciamento sustentável, são aperfeiçoados, os reflexos positivos são sentidos por outras áreas, como as de segurança, qualidade e meio ambiente”, exemplifica o autor da dissertação. O engenheiro mecânico destaca que o seu estudo de caso teve como base um diagnóstico feito pela Braskem em 2012. O trabalho foi desenvolvido por funcionários da empresa, especialistas do Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos e representantes de instituições convidadas, entre elas a Unicamp. O próprio Mathias participou do diagnóstico, como estudante de pós-graduação da Universidade. “Essa experiência foi muito valiosa, tanto para os integrantes da Braskem quanto para as instituições convidadas, que tiveram a oportunidade de acompanhar os especialistas durante o diagnóstico energético”, considera. Conforme Mathias, o propósito do diagnóstico era reduzir custos e melhorar o desempenho energético das plantas da Braskem.

Sistema de Gestão de Energia


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014 MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br

o Brasil, o conceito de uso seguro relacionado aos agrotóxicos é uma falácia. A constatação, em tom de alerta, é da dissertação de mestrado do farmacêutico Pedro Henrique Barbosa de Abreu, defendida recentemente na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, sob a orientação do professor Herling Alonzo. De acordo com o pesquisador, as normas contidas na denominada Lei dos Agrotóxicos, sancionada em 1989, bem como as diversas e complexas medidas técnicas descritas nos manuais de segurança, elaborados pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef, que representa as indústrias químicas) e por instituições públicas de saúde, meio ambiente e agricultura, não podem ser cumpridas, principalmente por parte dos agricultores familiares, que não dispõem de informações e nem de recursos para tal. “Ou seja, quando o assunto é agrotóxico, não se pode falar em uso seguro no país”, sustenta o autor do trabalho. A pesquisa de Abreu foi desenvolvida junto a 81unidades produtivas de agricultura familiar do município de Lavras, em Minas Gerais. O pesquisador entrevistou 136 trabalhadores rurais para identificar as práticas de trabalho relacionadas aos agrotóxicos e as medidas de segurança adotadas em relação aos riscos de contaminação ambiental e/ou intoxicações humanas. O primeiro dado que chamou a atenção do autor da dissertação foi a quantidade de produtos usados nos diferentes tipos de lavoura, como café, hortaliças, grãos etc. “Nós identificamos um total de 127 produtos agrotóxicos diferentes utilizados nessas propriedades. Pouquíssimas usam apenas um tipo. A maioria usa de dois a seis, sendo que parte delas emprega até 20”, espanta-se. Pelas declarações dos agricultores, boa parte das medidas contidas nos manuais de segurança não é cumprida, seja por falta de conhecimento e/ou condição econômica dos usuários, seja pela ausência de políticas públicas que favoreçam a adoção de práticas consideradas seguras. Abreu explica que os manuais de segurança contemplam seis etapas relacionadas ao uso dos agrotóxicos: aquisição, transporte, armazenamento, preparo e aplicação, destinação final das embalagens vazias e lavagem das roupas e dos equipamentos de proteção individual (EPIs) contaminados. “Ocorre que dentro de cada uma delas existem diversas e complexas medidas a serem cumpridas pelo agricultor. Se uma delas não for atendida, não se configura o uso seguro”. Para comprar os produtos, por exemplo, o agricultor precisa que um agrônomo visite a propriedade e faça a prescrição dos agrotóxicos. “Na agricultura familiar, isso praticamente não existe. Na maior parte dos casos, o agricultor vai à loja, que conta com um agrônomo contratado. É ele quem prescreve o produto, sem sequer ter visitado a propriedade”. Em relação ao transporte, continua Abreu, a situação também é preocupante. Conforme descrito nos manuais de uso seguro, os agrotóxicos devem ser transportados na parte externa de caminhonetes. “Entretanto, muitos produtores dispõem apenas do carro de passeio da família, geralmente muito antigo, e é nele que carregam os produtos. Para esses trabalhadores, é completamente inviável comprar uma caminhonete para fazer o transporte descrito como seguro nos manuais”, pondera. Nas entrevistas, o farmacêutico diz ter identificado até mesmo quem carrega os defensivos agrícolas em motocicletas ou no transporte público, em meio a dezenas de passageiros, uma vez que estes são os únicos meios de transporte acessíveis. Outro ponto delicado refere-se ao armazenamento. Os manuais dizem que o agricultor precisa manter os agrotóxicos em um armazém próprio, localizado distante de qualquer residência e de fontes ou cursos de água, e dispostos em prateleiras ou estrados adequados. Além disso, a unidade produtiva precisa dispor de tanques específicos para a lavagem das embalagens e dos utensílios utilizados no preparo dos agrotóxicos, que devem estar necessariamente ligados a fossas sépticas exclusivas. “Na prática, nós não identificamos nada disso. Normalmente, o agricultor mantém os produtos no espaço que ele tem disponível, como tulhas ou paiol, e até mesmo dentro de casa. Alguns relataram que armazenam as embalagens na própria plantação ou sob alguma árvore”. Abreu relata ter perguntado aos agricultores de Lavras se eles utilizavam com frequência os equipamentos de segurança pessoal recomendados pelos manuais. “Uns usavam botas e chapéus e outros, macacões. Outros disseram usar saco plástico nas mãos e pano amarrado no rosto para se proteger. Poucos disseram usar todos os equipamentos indi-

Segurança falaciosa Estudo revela que agricultores familiares não têm condições de cumprir normas de uso seguro dos agrotóxicos Fotos: Antoninho Perri

No estudo feito junto a 81 unidades produtivas, o pesquisador constatou que os agricultores não dispõem de informações sobre o uso seguro de agrotóxicos

cados e nenhum deles relatou saber o modo considerado correto de colocar e tirar os equipamentos, o que obviamente compromete a segurança desses trabalhadores”. Segundo o pesquisador, a maioria admitiu, ainda, não seguir todas as exigências relativas ao preparo e aplicação. “Um exemplo é o fato de não conhecerem o período que deve ser aguardado para reentrar na área onde os agrotóxicos foram aplicados, medida impossível de ser cumprida em muitas das propriedades visitadas pelo simples fato de a área de cultivo estar localizada ao lado da residência”. Quanto às embalagens vazias, existe uma Lei de 2002 que determina a responsabilidade das indústrias pelo recolhimento e destinação final, a chamada logística reversa. Os pontos de venda, segundo esta lei, devem funcionar também como postos de coleta. “O Brasil e as indústrias químicas se vangloriam dessa lei. Dizem que 94% das embalagens vazias retornam às indústrias. Das duas, uma: ou esse número é irreal ou ele se refere somente às embalagens utilizadas pelos latifundiários do agronegócio, os maiores consumidores de agroquímicos. Os agricultores familiares relataram, em sua maioria, queimar as embalagens como forma de descarte”, informa. O farmacêutico faz questão de destacar que esse comportamento nada tem a ver com descuido ou despreparo do agricultor. “Para levar essas embalagens aos estabelecimentos comercias, o agricultor tem que colocá-las novamente no seu carro, o que eleva os riscos de intoxicação, e se deslocar até a cidade. Além disso, precisa obrigatoriamente apresentar nota fiscal, se não a loja não aceita. Ou seja, é preciso desburocratizar os procedimentos e criar postos de coletas públicos próximos às comunidades rurais para favorecer o descarte”, entende o pesquisador.

Por último, as normas que deveriam ser aplicadas à lavagem das roupas/EPIs usados durante o preparo e a aplicação dos agrotóxicos também não podem ser atendidas em sua totalidade. Os manuais de segurança estabelecem que a propriedade deve ter um tanque exclusivo para a lavagem das peças contaminadas, ligado a uma fossa séptica também exclusiva. Depois, a roupa tem que secar em área separada das demais peças utilizadas pela família. “Quase ninguém sabe disso. As mulheres lavam as roupas contaminadas normalmente no único tanque disponível, às vezes junto com as outras roupas da família. Ao analisarmos toda essa situação, vemos que estamos diante de dois grandes nós. Um deles diz respeito à responsabilização desses agricultores pelos riscos e danos envolvidos na utilização de agrotóxicos. O outro referese à imposição, pelo Estado e pelas poderosas industriais químicas, de um modelo de produção de alimentos que é insustentável e dependente de agrotóxicos, com consequente ausência de políticas públicas que favoreçam os agricultores familiares. Eles estão completamente desassistidos”, entende o autor da dissertação. Justamente por causa dessa desassistência, acrescenta Abreu, é que não se pode acusar os agricultores familiares de “desleixo” e “inadequação” no uso de agrotóxicos. “Eles simplesmente fazem o que podem, dentro do contexto socioeconômico em que se encontram”, reforça. Um aspecto bastante curioso sobre a Lei dos Agrotóxicos, e que pouca gente conhece, é que este marco legal foi formulado com base nos princípios estabelecidos pela indústria química. Abreu afirma que após muitas pressões de movimentos sociais e discussões sobre os malefícios causados pelos agrotóxicos, a Organização das Na-

ções Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), lançou na década de 1980 um código de conduta totalmente pautado pelas indústrias químicas transnacionais. Com base nesse documento é que muitos países, inclusive o Brasil, formularam suas leis voltadas ao uso dos agrotóxicos. Em linhas gerais, o código de conduta lançou o paradigma do “uso seguro” de agrotóxicos, conforme Abreu, para desviar as discussões sobre a necessidade dos países de priorizar e incentivar modelos de produção com bases agroecológicas, reduzindo a produção, comercialização e utilização de agrotóxicos. “Acontece que esse código considerava parâmetros das indústrias químicas utilizados em ambientes absolutamente controlados, os quais, como ficou claro através do caso Shell/BASF em Paulínia, também são totalmente questionáveis. Obviamente, o mesmo não poderia ser aplicado a um ambiente externo, como o da agricultura. Desse modo, segundo o entendimento/interesse dos fabricantes, o problema da contaminação ambiental e da intoxicação humana não está no produto em si, mas na forma como ele é usado. Em outras palavras, a indústria transferiu a responsabilidade para o trabalhador por qualquer problema que ele possa ter”, considera o autor da dissertação, que contou com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação. O Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo. Estima-se que esse consumo alcance a marca de 5,2 litros por habitante/ano. Em 2012, último período com dados consolidados, as indústrias químicas que produzem agrotóxicos faturaram US$ 9,4 bilhões no país. O uso intensivo dos defensivos agrícolas tem causado sérias consequências à saúde dos brasileiros, conforme registros do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), órgão ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo o Sinitox, entre 1999 e 2009 foram notificadas 62 mil intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola no Brasil. Ainda que soe elevado, esse dado provavelmente está muito aquém do número real de casos, por causa do fenômeno da subnotificação. O próprio Ministério da Saúde estima que para cada caso notificado, outros 50 deixam de ser registrados.

Publicação

O farmacêutico Pedro Abreu, autor da dissertação: “Quando o assunto é agrotóxico, não se pode falar em uso seguro no país, principalmente em relação aos agricultores familiares”

Dissertação: “O agricultor familiar e o ‘uso (in) seguro’ de agrotóxicos no município de Lavras (MG)” Autor: Pedro Henrique Barbosa de Abreu Orientador: Herling Alonzo Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM) Financiamento: Capes


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Campinas, 23 de junho

Maura Lope

da literatura a CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br

ãe adolescente, mulher rica que chegou a se definir como “esquizofrênica de carteirinha”, aviadora, homicida, cega, prisioneira, escritora genial. A mineira Maura Lopes Cançado (1929-1993) foi tudo isso: saudada como uma das principais promessas da literatura brasileira nos anos 60, “contista revelação” do lendário Suplemento Dominical do Jornal do Brasil – onde trabalhavam, entre outros, Carlos Heitor Cony e Ferreira Gullar – Maura passou a vida adulta entrando e saindo de hospícios e, numa dessas internações, matou outra paciente. Presa num hospital penitenciário, em condições precárias, desenvolveu catarata, ficou cega. Libertada, passou por uma cirurgia e recuperou a visão, mas não escreveu mais. Autora do livro “Hospício é Deus”, um diário de suas internações psiquiátricas, publicado em 1965, e do volume de contos “O Sofredor do Ver” (1968), saudado pela crítica quando de seu lançamento, Maura é pouco lembrada hoje em dia – assim mesmo, mais como autora de denúncia e caso exemplar dos desmandos e da desumanidade do sistema psiquiátrico brasileiro das décadas de 50, 60 e 70, do que como produtora de uma literatura original, quase surrealista e de grande qualidade. É essa faceta, a da escritora que também era louca – em oposição à figura da “louca que escrevia” – que a pesquisadora Célia Musilli busca resgatar em sua dissertação de mestrado “Literatura e loucura: a transcendência pela palavra”, defendida no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. “Embora a loucura esteja muito presente na obra da Maura, o que eu queria era investigar a linguagem dela”, disse Célia ao Jornal da Unicamp. “É nesse sentido que falo que a gente não pode considerar apenas ‘a escritora louca’. Durante muito tempo, a Maura foi considerada isso, a escritora louca, e ponto. Todo mundo lembra dela assim, ‘Ah, a Maura, aquela que era louca’. Eu quis separar um pouco, dizer: é uma autora”.

CONTOS DELIRANTES “Quando vejo a obra, não me apego apenas à atribuição de loucura. Vejo o texto dela. E o texto da Maura tem umas coisas meio delirantes, sim, nos contos. Não são contos comuns. Não tem aquela coisa de começo, meio e fim. A linguagem às vezes parece um sonho, às vezes delírio, pelas imagens que cria. Realmente não é comum, mas isso é um atributo da ficção dela e que está presente na ficção de muitos outros que não são considerados loucos”, afirmou a pesquisadora. Celia acredita que “o livro de contos, por si só, não denuncia a loucura dela”. É na comparação das duas obras – o diário “Hospício é Deus” e o volume de contos – que a influência da loucura e da vida nos manicômios na obra literária fica clara. “Tem a Alda, por exemplo, que era uma paciente do hospício, a Maura a transforma em personagem de conto. Ela leva situações do manicômio para a obra ficcional. Vários contos podem ser considerados manicomiais porque têm essa influência da vida dela no hospício, trazendo personagens de lá. Há uma correspondência clara entre a obra realista e alguns contos.” Na dissertação, Célia compara a situação de Maura à de Lima Barreto (1881-1922), outro escritor brasileiro que também passou por internação em hospício. Esteticamente, no entanto, ela não vê paralelos entre a obra de Maura e a de outros autores brasileiros, com a possível exceção de Clarice Lispector (1920-1977). “Considero a Maura bastante original. Não só eu. Um dos poucos críticos que analisaram a Maura, no passado, foi o Assis Brasil, que considera a linguagem dela bastante original. Lembra um pouco Clarice Lispector, às vezes, pelas imagens poéticas, algumas metáforas, uma preocupação existencialista, mas eu acho que ela é bem original. A Maura devia estar umas três doses acima da humanidade”, disse. A pesquisadora chama atenção para o caráter visual e também para os traços surrealistas da obra de Maura. “Eu analiso muito a questão do olhar. Nos contos dela, por exemplo, há títulos como ‘O Sofredor do Ver’, ‘A Menina que Via o Vento’. Percebi que Maura fazia uma espécie de

Publicação Dissertação: “Literatura e loucura: a transcendência pela palavra” Autora: Célia Musilli Orientadora: Adélia Toledo Bezerra de Meneses Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)

filme do hospício: o relato dela é tão perfeito, no diário, que eu comparo ao cinema, é um filme, analiso como ela escreve criando cenas em minúcias”, explica. “Ela mesma dizia assim: esta realidade, só o cinema é capaz de mostrar. Ela imagina isso. Que o hospício, as barbaridades, e as coisas que via, só o cinema seria capaz de mostrar. Então eu analiso assim, como se Maura tivesse uma câmera na mão e fosse filmando. Ela cria uma linguagem, para mim, de grande impacto imagético.” Um trecho de “Hospício é Deus”, citado na dissertação, diz: “O hospício é árido e atentamente acordado, em cada canto, olhos cor-de-rosa e frios, espiam sem piscar”. “Ela se sentia vigiada, e ao mesmo tempo testemunhava, vigiava também o hospício e relatava”, descreve a pesquisadora. “Ao mesmo tempo em que tinha um olho em cima dela, ela também punha o olho em cima das coisas”. “Tem um conto dela, que é o que dá o título a ‘O Sofredor do Ver’, que gira em torno de três elementos: uma pedra, um homem e o olhar. É como se o olhar dele também fosse personagem. Entre a pedra e o homem está o olhar, o homem vendo a pedra. Então, ela trata de uma maneira muito diferente as coisas. Não é uma abordagem comum. O olhar passa a ser um personagem do conto”, relata Célia, demonstrando a relação intensamente visual da obra que analisou. “E há um conto chamado ‘O Espelho Morto’, em que alguém mata um espelho. Na verdade, atira-se uma pedra no espelho, o espelho se quebra e ela não tem mais a própria imagem. Ou seja, é o assassinato da própria imagem. Me parece também uma questão de identidade fragmentada pela loucura”, disse.

SURREALISMO Célia vê traços do surrealismo na obra de Maura e aprofunda esta questão, tocada apenas de passagem em outras pesquisas. “O livro de contos ‘O Sofredor do Ver’ apresenta um viés delirante, numa linguagem repleta de imagens poéticas e situações incomuns – e até mesmo extravagantes – que se aproximam da linguagem onírica. Isso me remete à linguagem surrealista, sendo este talvez um modo de abordar sua obra”, diz o texto da dissertação. “Não estou afirmando que Maura era uma autora surrealista, mas há traços surrealistas que estão exatamente nessa linguagem do sonho, da realidade modificada, transformada: você vê um quadro do Dalí, tem um relógio torto – e o olhar da Maura, para a literatura, é um pouco isso, é um pouco dessa realidade transformada pelo olhar artístico. Ela cria todo um contexto literário delirante ou onírico, um contexto que solta faíscas, iluminando e desdobrando significados a partir da linguagem”, disse a pesquisadora. Celia lembra que foram os surrealistas que trouxeram legitimidade à produção artística dos loucos. “O surrealismo é o primeiro movimento que adota a loucura, a obra

A escritora mineira Maura Lopes Cançado, autora de “Hospício é Deus” e “O Sofredor do Ver”: s

do louco como uma linguagem. Antes, ninguém dava bola. Um Bispo do Rosário, por exemplo: antes do surrealismo, não queria dizer coisa alguma, era só um maluco. Com o surrealismo, incorpora-se a obra do louco como artística, então faço algumas comparações”. A pesquisadora cita um episódio da vida de Maura que, para ela, lembra o “Teatro da Crueldade” de Antonin Artaud (1896-1948), que propunha levar o teatro ao limite do real. “Estavam fazendo um teatrinho lá no manicômio e a Maura era a Ofélia do Shakespeare, em Hamlet. E a personagem Ofélia se mata, na peça. O que a Maura fez, no dia? Ela subiu numa cachoeira, tirou a roupa e ameaçou se jogar. Ela quase faz do suicídio uma cena teatral. Este episódio depois aparece como tema do conto ‘Espiral Ascendente’.”


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o a 3 de agosto de 2014

es Cançado,

ao cubículo 2 Fotos: Reprodução

situações do manicômio migraram para a ficção

Nos anos 50, mudou-se para o Rio, onde começou a ter seus contos publicados, com sucesso, no Jornal do Brasil, enquanto passava por mais tratamentos psiquiátricos. “Ela tem dois momentos, no diário, em relação aos colegas do Jornal do Brasil”, contou Célia. “Ou ela os admira e busca se aproximar deles, quando passa por problemas no hospício, ou os critica duramente. Este antagonismo é claro. Maura era uma atriz, no sentido de às vezes fazer cenas para serem vistas, para chamar a atenção. Aí, quando ela tinha alguma oposição, precisava se proteger, ela se revoltava e ligava para os colegas do Jornal do Brasil, para dizer, sabe, olha o que estão fazendo comigo. Ou então dizia: ‘ninguém me ajuda, ninguém me quer...’” Durante uma dessas internações, em 1972, estrangula até a morte a paciente Maria das Graças Queiroz, sua colega de quarto. Isso a coloca num limbo jurídico: por um lado é esquizofrênica, inimputável; por outro, é considerada perigosa para ficar em liberdade, mas não há manicômio judiciário feminino para recebê-la. Assim, em 1977, a repórter Margarida Autran, de O Globo, a encontra, praticamente cega e abandonada, “irregularmente detida no Hospital Penal da Penitenciária Lemos de Brito, junto com presos comuns portadores de todos os tipos de moléstias contagiosas”. O título da entrevista de Margarida com Maura é: “Ninguém visita a interna do cubículo 2”. Célia levanta uma hipótese sobre a origem do título do diário “Hospício é Deus”: “Cheguei à conclusão de que Deus, assim como o hospício, é inexplicável. São coisas tão grandes, tão abismais – num certo sentido, a loucura é um abismo. E Deus também tem essa profundidade, no sentido de que ninguém explica. Ninguém explica o hospício, a loucura. E ninguém explica Deus”. “A Maura tinha uma relação muito rebelde com Deus”, prossegue a pesquisadora. Esta relação ambivalente aparece algumas vezes na sua obra, numa demonstração de seus conflitos íntimos, segundo Célia. “Maura chegou a dizer: Deus era o demônio da minha infância”.

Trecho “Decorava o papel, andava pelo hall da Casa de Saúde recitando o dia todo, empolgada com meu desempenho (...) Até chegar a tarde da cachoeira: durante um ensaio do Hamlet senti-me estranha, aborrecida e desconfiada, todos pareciam conspirar contra mim. Apanhei o livro da peça encaminhei-me para a cachoeira, perto do sanatório (...) Nesta cachoeira desempenhei um dos maiores papéis de minha vida, ameaçando atirar-me de grande altura, ficando nua, achando-me muito bonita, e terminei laçada e arrastada por uma corda depois de três horas de rogos para que eu saísse de lá. Assim, Ofélia foi salva, nua, das águas da cachoeira.” Ao se lembrar dos detalhes, relatando no diário o que fez, ela demonstra um perfeito nível de consciência sobre o ocorrido. O ato remete à linguagem concreta preconizada por Antonin Artaud no Teatro da Crueldade, um modo de encenação no qual o dramaturgo propõe um despertar de “nervos e coração”, um resgate da “ação imediata e violenta que o teatro deve conter”. (Trecho de “Hospício é Deus”, seguido de comentário feito na dissertação de Célia Musilli) Foto: Antonio Scarpinetti

DEUS Filha de um rico fazendeiro, de uma tradicional família mineira, Maura quis aprender a pilotar avião aos 14 anos de idade. No curso para tirar brevê, apaixonou-se por um colega, com quem se casou e teve um filho, aos 15 anos, vindo a separar-se um ano depois. Aos 18 anos, interna-se voluntariamente numa clínica psiquiátrica de Belo Horizonte. “Ninguém entendia o motivo desta internação, a não ser eu mesma: necessitava desesperadamente de amor e proteção. Estava magra, nervosa e não dormia. O sanatório parecia-me romântico e belo”, escreveu ela depois, em “Hospício é Deus”. Várias outras internações – quase duas dezenas – se seguiriam a essa.

Célia Musilli, autora da dissertação: “Maura cria uma linguagem, para mim, de grande impacto imagético”

Lima Barreto, Clarice Lispector e Antonin Artaud são citados no estudo: semelhanças com a trajetória e a linguagem de Maura Lopes Cançado


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

PRP divulga

Foto: Antonio Scarpinetti

novo edital dos INCTs

Cada projeto pode ser contemplado com até R$ 10 milhões pelo prazo de seis anos MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br

Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da Unicamp promoveu no dia 9 de junho, na sala do Conselho Universitário (Consu), uma reunião com pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento da Universidade para divulgar e discutir o novo edital do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), lançado na última semana pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O objetivo do encontro, conforme a pró-reitora de Pesquisa, professora Gláucia Pastore, foi estimular os presentes a submeterem projetos ao edital, que dispõe inicialmente de R$ 641, 7 milhões para o financiamento de pesquisas.

Atualmente, a Unicamp conta com nove INCTs. A expectativa, conforme Gláucia Pastore, é que o novo edital propicie a criação de mais institutos no âmbito da Universidade. Convidado pela PRP para falar sobre a chamada do CNPq, o professor Jacobus Swart, que coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Micro e Nanoeletrônicos (INCT-Namitec), explicou que cada projeto pode ser contemplado com até R$ 10 milhões pelo prazo de seis anos. De acordo com ele, as propostas podem ser apresentadas até o dia 8 de setembro. Os resultados serão divulgados no dia 6 de março de 2015 e as contratações ocorrerão a partir de 6 de abril. Jacobus Swart destacou que o novo edital está fundado em cinco pilares: desenvolvimento de pesquisa, formação de recursos humanos, transferência de conhecimento para a sociedade, transferência

Gláucia Pastore, pró-reitora de Pesquisa, fala durante reunião com pesquisadores no Consu: R$ 641,7 milhões para o financiamento de projetos

de conhecimento para o setor empresarial e internacionalização. Este último tópico não fez parte do edital passado, lançado em 2008. Dentro desses pressupostos, acrescentou o docente, o intuito do CNPq é estimular a realizações de pesquisas que estejam na fronteira do conhecimento e promover a interação de grupos nacionais com parceiros internacionais de reconhecida excelência. Durante a reunião, os pesquisadores presentes fizeram uma série de sugestões à próreitora de Pesquisa, entre elas a necessidade de se oferecer maior suporte aos INCTs nas áreas administrativa e de divulgação. “As considerações foram pertinentes e vamos considerá-las no nosso esforço de oferecer melhores condições de trabalho aos nossos pesquisadores”, afirmou Gláucia Pastore. Na cerimônia de lançamento do edital dos INCTs, ocorrido no último dia 6 de junho, o

ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, considerou a medida importante para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no país. “Estamos muito felizes com a iniciativa, que é uma forma de dar um salto no conhecimento científico brasileiro e, ao mesmo tempo, criar as condições para que esse conhecimento seja transferido para sua aplicação prática”, disse. Segundo ele, os INCTs da primeira versão deram resultados concretos para soluções de grandes problemas brasileiros. “A implementação desta nova fase é a comprovação de que o programa tem alcançado resultados efetivos. É uma forma de mobilizar o grupo mais qualificado academicamente, de permitir que eles se associem em redes através de instituições e outros pesquisadores”, acrescentou o ministro. Detalhes da chamada do CNPq podem ser conferidos no endereço www.inct.cnpq.br

Copei aprova R$ 21,6 mi para manutenção e reforma predial Foto: Antoninho Perri

Projetos devem ser encaminhados à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário até o dia 15 de agosto LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br

Comissão de Planejamento Estratégico Institucional (Copei) da Unicamp aprovou recursos da ordem de R$ 21,6 milhões para serviços de manutenção e reforma predial em Faculdades, Institutos, Colégios Técnicos, Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa, Órgãos da Administração Central (desde que vinculados a atividades de ensino) e Órgãos da Área de Saúde. O edital da chamada interna do Planes II – 2014 permite desde já a apresentação de projetos que podem ser encaminhados à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU) até o dia 15 de agosto. O professor Alvaro Crósta, coordenador-geral da Universidade, afirma que a Unicamp tem muito da sua infraestrutura física construída há três ou quatro décadas, sem que tenha havido disponibilidade de recursos para a sua manutenção nos últimos anos. “Existe uma demanda reprimida grande de investimentos para esta finalidade e a Copei se debruçou sobre a oportunidade anunciada pelo reitor José Tadeu Jorge quando adquirimos a gleba da vizinha Fazenda Argentina, em março. Houve uma diferença significativa entre o valor reservado (acrescidos dos rendimentos das apli-

Teresa Atvars, pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, e Alvaro Crósta, coordenador-geral da Unicamp: expectativa é de que 24 projetos sejam contemplados

cações financeiras) e o valor efetivamente pago pela área. É esta diferença que será investida no Programa de Manutenção ou Reforma Predial.” Segundo a professora Teresa Atvars, pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, o valor máximo de cada projeto é de R$ 900 mil para Faculdades, Institutos, Colégios, Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa e órgãos da Saúde, e de R$ 500 mil para órgãos da Administração Central. “Foram listados serviços que vão desde a manutenção elétrica e hidráulica até reparos no forro, divisórias e telhados, e também de pintura, com ênfase na aces-

sibilidade. A única restrição é quanto à ampliação de espaços, visto que não se trata de um programa para construções.” Teresa Atvars acrescenta que, como os valores são altos, vão exigir licitações – um problema do qual a legislação não permite fugir. “Entretanto, procuraremos agrupar obras de mesma natureza para uma só licitação, além de verificar com a VREA [Vice-Reitoria Executiva de Administração] a possibilidade de otimizar o tempo de execução dos serviços. Este é o segundo montante de recursos que a Universidade destina ao Planes este ano; há poucos meses tivemos um edital de 10 mi-

lhões de reais para novas obras. Creio que nunca houve um aporte anual com este volume para o Planes.” A expectativa é de que 24 projetos sejam contemplados com o Programa de Manutenção ou Reforma Predial. As propostas encaminhadas à PRDU serão primeiramente avaliadas pelo Grupo Gestor de Obras (GGO) – quanto à viabilidade da obra em termos técnicos e orçamentários – e depois passarão por uma comissão “ad hoc” da Copei, que se guiará por critérios acadêmicos para priorização. Após estas análises, as propostas serão submetidas à Copei.


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

Doce por mais tempo SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br

ma técnica que libera gradualmente adoçantes de baixos valores energéticos, também conhecidos como edulcorantes, permitiu a obtenção de gomas de mascar capazes de proporcionar uma sensação de doçura mais duradoura na boca. As gomas foram formuladas por meio da microencapsulação, uma espécie de empacotamento dos adoçantes. Os produtos obtidos prolongaram a sensação de gosto doce na boca duas vezes mais em relação às amostras feitas convencionalmente, com edulcorantes na forma livre. Testes feitos com 120 pessoas comprovaram a aceitação das gomas de mascar elaboradas pelo método formulado na Unicamp. Os consumidores aprovaram a textura, aroma, aparência, sabor do produto e impressão global. A comparação entre as gomas com adoçantes encapsulados e não encapsulados utilizou a mesma quantidade de edulcorantes, no caso dois: a sucralose e o esteviosídeo. O tempo médio do gosto doce na boca ultrapassou os quatro minutos e meio. A pesquisa integra doutorado concluído recentemente por Glaucia Aguiar Rocha Selmi junto ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. A tese foi orientada pela docente Helena Maria Andre Bolini, que atua no Departamento de Alimentos e Nutrição da FEA. Os resultados foram disseminados em publicações consideradas de impacto na área de alimentos, como a Food Chemistry e o Journal of Food Engineering. “Trata-se de uma técnica que vem sendo bastante utilizada na área de alimentos nos últimos anos em todo o mundo. A finalidade é resolver muitos problemas da indústria de cosméticos, farmacêutica e alimentícia. A encapsulação pode prolongar a doçura, mas também mascarar sabores desagradáveis, facilitar a incorporação nos produtos ou mesmo reduzir a volatilidade e a reatividade. É um assunto que desperta muito interesse da indústria”, situa a pesquisadora da Unicamp. Ela contou com a colaboração da professora Carmen Silvia Favaro Trindade, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), como coorientadora dos estudos. Uma parte

FEA formula gomas de mascar com sensação de doçura mais duradoura pesquisa foi desenvolvida no campus da instituição, localizado em Pirassununga (SP). Houve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “O objetivo da nossa pesquisa foi promover uma liberação gradual do edulcorante. Portanto, conforme o consumidor vai mascando a goma, as cápsulas vão se rompendo aos poucos e liberando o adoçante ao longo do tempo. É isso que gera a sensação de doçura por mais tempo na boca. Nosso resultados indicam, portanto, a potencialidade do uso desse tipo de microcápsulas em gomas de mascar na indústria alimentícia”, conclui Glaucia Rocha.

EDULCORANTES Foram empregados dois tipos de edulcorantes encapsulados nas gomas: a sucralose e o esteviosídeo. A sucralose, derivada da molécula de sacarose e uma das substâncias mais usadas para substituir o açúcar, apresentou melhores resultados do que o esteviosídeo, um adoçante natural extraído das plantas de estévia. O aspartame, outro adoçante largamente utilizado em alimentos, também foi testado no processo de microencapsulação, mas, como os resultados não foram satisfatórios, a substância não foi incorporada às gomas de mascar. “As amostras tiveram ótimos resultados de aceitação, inclusive com edulcorantes encapsulados. Elas desempenharam até um papel melhor com relação à textura. Os provadores preferiram a textura das gomas com edulcorantes encapsulados do que com edulcorantes não encapsulados. Nos outros aspectos avaliados, como aparência, aroma e sabor, não houve diferença”, confirma a estudiosa da Unicamp. A engenheira de alimentos explica que os edulcorantes - naturais como o esteviosídeo e artificiais como a sucralose e o aspartame

- são frequentemente utilizados no desenvolvimento de alimentos e bebidas diet e light. O emprego destas substâncias mantém a doçura desejável, sem comprometer o sabor e, ao mesmo tempo, aumentar as calorias, que são inerentes à sacarose. “As gomas de mascar são populares e apreciadas em praticamente todos os países e recentemente têm sido relacionadas à higiene oral e também como alternativa ao hábito de fumar. Muitos destes produtos são elaborados sem sacarose, justamente com a intenção de reduzir seu valor energético. Nos Estados Unidos, cerca de 60% são diet em sacarose. Isso é também acompanhado no Brasil”, contextualiza.

MICROENCAPSULAÇÃO Glaucia Rocha fez uma adaptação do método de microencapsulação por coacervação complexa. Esta técnica faz com que os agentes encapsulantes utilizados, no caso a gelatina e a goma arábica, se complexem, mantendo o edulcorante na parte interna da cápsula. “Para isso foi preciso que o edulcorante fosse emulsificado primeiro em óleo e só depois aplicado aos agentes encapsulantes. O edulcorante teve que ficar oleoso para haver uma melhor encapsulação. Esta foi a adaptação ao método”, ressalta. A escolha do método de coacervção complexa se deve ao fato de que esta técnica gera cápsulas hidrofóbicas, que não são solúveis em água, acrescenta. “O objetivo é que as cápsulas se rompessem apenas com a força mecânica da mastigação. No caso, se utilizássemos uma cápsula solúvel em água, assim que elas entrassem em contato com a saliva, já haveria uma liberação do edulcorante. E queríamos, ao contrário, que essa liberação fosse gradual.” Os testes sensoriais foram realizados graças ao software TIAFT (Time-Intensity Analysis of Food and Tastes), desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Ciências Sensoriais da FEA. O programa, implementado e patenteado em 2012, possibilita o registro da percepção da intensidade de gostos e sabores durante os testes de consumo dos alimentos.

PERSPECTIVAS A pesquisadora da FEA sinaliza que estudos posteriores podem prolongar ainda

mais o tempo de sensação doce das gomas de mascar. “Este foi um primeiro estudo, até porque praticamente não encontramos investigações científicas com este foco. Portanto, é possível tentar em pesquisas posteriores prolongar este tempo. Estudamos cada edulcorante separado e, possivelmente, uma mistura de edulcorantes poderia trazer resultados ainda melhores porque há um sinergismo entre eles. Neste primeiro estudo queríamos analisar o comportamento individual deles. A expectativa é que numa próxima etapa, fazendo uma mistura, consigamos um resultado ainda melhor”, reconhece.

Publicações Artigos ROCHA-SELMI, G.A.; BOZZA, F. T.; THOMAZINI, M; BOLINI, H. M. A.; FÁVARO-TRINDADE, C. S. Microencapsulation of aspartame by double emulsion followed by complex coacervation aiming to provide protection and prolong the sweetness. Food Chemistry, 139, 72-78 (2013). ROCHA-SELMI, G.A.; THEODORO, A.C.; THOMAZINI, M.; BOLINI, H. M. A.; FAVARO-TRINDADE, C. S. Double emulsion stage prior to complex coacervation process for microencapsulation of sweetener sucralose. Journal of Food Engineering, 119, 28-32 (2013).

Tese: “Desenvolvimento de microcápsulas de edulcorantes produzidas por dupla emulsão seguida de coacervação complexa e estudo de sua funcionalidade em gomas de mascar” Autora: Glaucia Aguiar Rocha Selmi Orientadora: Helena Maria Andre Bolini Coorientadora: Carmen Silvia Favaro Trindade Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) Financiamento: CNPq e Fapesp

Foto: Antoninho Perri

A pesquisadora Glaucia Aguiar Rocha Selmi (à dir.) e a goma desenvolvida em laboratório da FEA: tempo médio de sensação de doçura ultrapassou quatro minutos e meio graças à técnica de microencapsulação de adoçantes


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

 Computação - “Métodos de aprendizado semi-supervisionado com grafos usando processamento de sinais” (mestrado). Candidato: Diego Alonso Chávez Escalante. Orientadora: professora Siome Klein Goldenstein. Dia 27 de junho de 2014, às 9h30, no auditório do IC.

“Estudos em geração termelétrica avançada a partir de bagaço de cana utilizando gaseificadores de leito fluidizado borbulhante” (mestrado). Candidato: Andrés Felipe Bernal Bernal. Orientador: professor Marcio Luiz de Souza Santos. Dia 31 de julho de 2014, às 10 horas, na sala JD02 da FEM.

“Comparação entre algoritmos de reconhecimento de face no contexto de acessibilidade” (de mestrado). Candidato: Douglas Eduardo Parra. Orientador: professor Siome Klein Goldenstein. Dia 27 de junho de 2014, às 14 horas, na sala 322 do prédio IC 3 do IC.

 Engenharia Química - “Domesticação genética da levedura oleaginosa Lipomyces starkeyi e estudo da expressão de genes ligados ao metabolismo de xilose e lipídeos durante fermentação em frascos agitados” (mestrado). Candidato: Alessandro Luis Venega Coradini. Orientadora: professora Ana Carolina Deckmann. Dia 25 de junho de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do Bloco D da FEQ.

“Um problema integrado de localização e roteamento com transporte entre concentradores e relação de muitos-para-muitos” (mestrado). Candidato: Mauro Cardoso Lopes. Orientador: professor Flávio Keidi Miyazawa. Dia 27 de junho de 2014, às 14 horas, no auditório do IC. “Algoritmos de aproximação para problemas de alocação de instalações e outros problemas de cadeia de fornecimento” (doutorado). Candidato: Lehilton Lelis Chaves Pedrosa. Orientador: professor Flávio Keidi Miyazawa. Dia 4 de julho de 2014, às 14 horas, no auditório do IC. “Técnicas para emulação de saltos indiretos em máquinas virtuais” (mestrado). Candidato: Gabriel Ferreira Teles Gomes. Orientador: professor Edson Borin. Dia 7 de julho de 2014, às 14 horas, no auditório do IC.  Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - “Personalização de habitação de interesse social no Brasil” (doutorado). Candidata: Letícia Teixeira Mendes. Orientadora: professora Maria Gabriela Caffarena Celani. Dia 26 de junho de 2014, às 9 horas, na sala de defesa da teses da CPG da FEC. “Filtração de microesferas de poliestireno em areia recoberta com nanopartículas de prata” (mestrado). Candidata: Gabriela dos Reis. Orientador: professor Ricardo de Lima Isaac. Dia 27 de junho de 2014, às 9 horas, na sala CA22 da CPG da FEC. “A influência dos sistemas de reforço sonoro na qualidade acústica de igrejas católicas” (mestrado). Candidata: Iara Batista da Cunha. Orientadora: professora Stelamaris Rolla Bertoli. Dia 2 de julho de 2014, às 9h30, na sala CA22 da CPG da FEC.

PAINEL DA SEMANA

“Comportamento de fuga de minhocas na presença do antimicrobiano sulfadiazina em solo” (mestrado). Candidato: Fernando Pena Candello. Orientador: professor José Roberto Guimarães. Dia 3 de julho de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da CPG da FEC. “Avaliação do impacto das exigências do contratante nos sistemas de gestão integrados de empresas de montagem industrial na indústria de petróleo” (doutorado). Candidata: Claudia Regina Hezel. Orientador: professor Flávio Augusto Picchi. Dia 11 de julho de 2014, às 13 horas, na sala de defesa de teses da FEC.

 Palestra com Denis Poncelet - A Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp organiza no dia 25 de junho, às 10 horas, a palestra “Microencapsulation Applications and Methods”. Será ministrada pelo professor Denis Poncelet, da ONIRIS GEPEA (Génie de Procédés-Environnement-Agroalimentaire), Nantes, France e acontece na sala 07 do Bloco E da FEQ. Tem a organização das professoras Katia Tannous (katia@feq.unicamp.br) e Sandra Cristina dos Santos Rocha (rocha@feq.unicamp.br).

“Habitação emergencial e temporária, estudo de determinantes para o projeto de abrigos” (mestrado). Candidata: Giovana Savietto Feres. Orientador: professor Leandro Silva Medrano. Dia 15 de julho de 2014, às 9 horas, na sala CA22 da FEC.

 Cinthia Alireti na Alemanha - A regente titular da Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU), Cinthia Alireti, está na Alemanha para reger a Orquestra Sinfônica Collegium Musicum Potsdam, no dia 28 de junho. No repertório, a popular composição “Os Planetas” – suíte composta pelo inglês Gustav Holst (1874-1934), constituída por sete movimentos, dos quais cada um corresponde a um planeta do sistema solar. Cinthia Alireti participa do concerto a convite do maestro Knut Andreas, da Collegium Musicum, que em outubro virá ao Brasil para reger a Sinfônica da Unicamp. Mais detalhes: 19-9-9743-2142.

 Engenharia Elétrica e de Computação - “Análise da filosofia de eliminação de defeitos em sistemas de distribuição considerando aspectos de confiabilidade e de qualidade de energia” (doutorado). Candidato: Paulo César Magalhães Meira. Orientador: professor Walmir de Freitas Filho. Dia 26 de junho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de tese PE-12 do prédio da CPG da FEEC.

 Obras censuradas em exposição - A Área de Coleções Especiais e Obras Raras da Biblioteca Central “Cesar Lattes” (BCCL) expõe dez obras que foram censuradas pelo órgão de Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Visitas podem ser feitas até o final de junho, de segunda a sexta-feira das 9 às 17 horas, no 3º piso da BCCL. Mais informações: 19-3521-6465.  Projeto PERCH recebe inscrições - Estão abertas inscrições para atores, atores-produtores, produtores e auxiliares de figurino para intensivo de criação para o projeto PERCH, do Lume Teatro, que acontecerá entre os dias 7 e 21 de julho de 2014 em Campinas - SP. Todos os selecionados que confirmarem presença deverão se responsabilizar pela dedicação integral ao evento durante este período. As inscrições devem ser feitas no site www.perchcarnival.com/brasil. As vagas serão preenchidas por ordem de inscrição.  Comunicação e política para Bioeconomia - O Instituto de Economia (IE) em parceria com a Universidade de Tecnologia de Delft e o Be-Basic oferecem, de 21 a 25 de julho, das 9 às 18 horas, nas dependências do IE, o curso Comunicação e política para bioeconomia. O objetivo é criar uma compreensão sobre o papel e a natureza das percepções públicas e suas políticas de inovação e transferência de tecnologia com a bioeconomia. Nele, os estudantes poderão adquirir conhecimentos para que se engajem na comunicação, em comitês regulatórios e na formulação de novas políticas. Ética, Ciência da Comunicação, Políticas de Inovação e Questões Regulatórias, Percepção Pública, Mídia e Estratégias de Comunicação e Avaliação e percepção de riscos são os tópicos a serem abordados. A organização é dos professores José Maria da Silveira e Patricia Osseweijer. Mais detalhes pelo e-mail brazil@be-basic.org ou telefone 19 3521-1267.  Cole - Com o tema Leituras sem margens, o décimo nono Congresso de Leitura do Brasil (Cole) acontece de 22 a 25 de julho de 2014, no Centro de Convenções da Unicamp. A organização é da Associação de Leitura do Brasil (ALB). Mais informações: 19 3521-7960 ou e-mail acamorim@alb.com.br  Revista Brasileira de Inovação recebe trabalhos - A editoria da Revista Brasileira de Inovação recebe, até 31 de julho, artigos para a confecção de um número especial sobre política industrial e inovação, a ser lançado em 2015. Os artigos devem ser resultados de pesquisas originais e inéditos, de natureza teórica ou aplicada e se alinharem aos temas definidos nesta chamada. Serão aceitos trabalhos em português, inglês ou na língua espanhola. Wilson Suzigan, do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e Renato Garcia, do Instituto de Economia (IE) são os editores da publicação. Saiba quais são os temas em que os trabalhos devem se enquadrar acessando o link http:// www.unicamp.br/unicamp/eventos/2014/04/02/revista-brasileira-de-inovacao-recebeartigos-ate-31-de-julho

TESES DA SEMANA

 Artes - “Linguagem e interpretação do samba: aspectos rítmicos, fraseológicos e interpretativos do samba carioca aplicados em estudos e peças de caixa clara” (mestrado). Candidato: Hélio Alexandrino Pacheco Cunha. Orientador: professor Fernando Hashimoto. Dia 4 de julho de 2014, às 14 horas, na sala Paes Nunes do IA. “O trabalho do ator com as emoções: uma referência concreta” (mestrado). Candidato: Esteban Javier Álvarez Campos. Orientadora: professora Verônica Fabrini Machado de Almeida. Dia 25 de julho de às 10 horas, no barracão das Artes Cênicas.  Ciências Médicas - “Imagem por tensor de difusão da substância branca aparentemente normal no comprometimento cognitivo leve e na fase inicial da doença de Alzheimer” (doutorado). Candidata: Sergilaine Pereira Martins. Orientadora: professora Elizabeth A.M.B. Guagliato. Dia 24 de junho de 2014, às 8h30, no anfiteatro da comissão de Pós-graduação da FCM.

“Proposta de material de condição de carga padrão para implementação de método de potência sonora em serra-mármore” (doutorado). Candidato: Adriano Aurélio Ribeiro Barbosa . Orientadora: professora Stelamaris Rola Bertoli. Dia 15 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FEC.

“Proposta de protocolo de roteamento geográfico utilizando algoritmo de localização baseado em medidas de intensidade de sinal” (mestrado). Candidato: Luiz Carlos Branquinho Caixeta Ferreira. Orientador: professor Paulo Cardieri. Dia 26 de junho de 2014, às 14 horas, na sala LE-48 da FEEC. “Núcleo de simulação computacional baseado na sincronização por barreiras com aplicação em rede de sensores sem fio” (doutorado). Candidato: Rogério Esteves Salustiano. Orientador: professor Carlos Alberto dos Reis Filho. Dia 27 de junho de 2014, às 9 horas, na sala LE-48 da FEEC. “Sincronização de portadora em modo rajada para receptores ópticos coerentes” (mestrado). Candidato: Carlos Enrique Carrión Betancourth. Orientador: professor Dalton Soares Arantes. Dia 27 de junho de 2014, às 14 horas, na sala LE48 da FEEC. “Projeto e implementação de um filtro ativo de potência multinível para sistemas de aeronaves mais eletricamente variáveis” (mestrado). Candidato: Joel Filipe Guerreiro. Orientador: professor José Antenor Pomílio. Dia 30 de junho de 2014, às 9 horas, no prédio da CPG da FEEC. “Procedimentos avançados em codificação wavelet adaptada à geometria para tratamento e compressão de imagens” (de doutorado). Candidato: Ricardo Barroso Leite. Orientador: professor Yuzo Iano. Dia 3 de julho de 2014, às 14 horas, na sala PE-12 do prédio da CPG da FEEC. “Normalização de interferência, modulação codificada e identificação de distorções em sistemas de comunicações” (doutorado). Candidato: Marco Aurelio Cazarotto Gomes. Orientador: professor Renato da Rocha Lopes. Dia 3 de julho de 2014, às 9 horas, na sala PE12 do prédio da CPG da FEEC. “Estimação ótima de velocidade em radar ArcSAR com alvo distribuído” (mestrado). Candidato: Tarcísio Andrade Pires Soares. Orientador: professor Gustavo Fraidenraich. Dia 4 de julho de 2014, às 9 horas, na sala PE11, prédio da CPG da FEEC. “Influência do laser de baixa intensidade na regeneração de gastrocnêmios submetidos a mionecrose por injeção do veneno de Bothrops jararacussu” (mestrado). Candidato: Willians Fernando Vieira. Orientador: professor Vitor Baranauskas. Dia 7 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de seminários do térreo da FEEC. “Contribuições para melhoria da confiabilidade de redes de frequência única em sistemas de transmissão de TV digital” (doutorado). Candidato: Silvio Renato Messias de Carvalho. Orientador: professor Yuzo Iano. Dia 10 de julho de 2014, às 10 horas, na sala PE12 da FEEC. “Estudo e caracterização experimental de modulador óptico em quadratura utilizando sinais em contra-fase” (mestrado). Candidato: Tiago Sutili. Orientador: professor Evandro Conforti. Dia 18 de julho de 2014, às 10 horas, na sala PE12 do prédio da CPG da FEEC. “Modelo de atenção visual para adaptação de imagens em telas de celular” (mestrado). Candidato: Fredy Elmer Arias Chipana. Orientador: professor Yuzo Iano. Dia 25 de julho de 2014, às 9 horas, na sala PE12 da FEEC. “Avaliação experimental da transmissão óptica em altas taxas de supercanais com diferentes técnicas de multiplexação de subportadoras” (mestrado). Candidato: Luis Henrique Hecker de Carvalho. Orientador: professor Aldário Chrestani Bordonalli. Dia 25 de julho de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses da FEEC. “Redução de dimensionalidade usando Isomap aplicada ao áudio espacial” (mestrado). Candidato: Felipe Leonel Grijalva Arevalo. Orientador: professor Luiz César Martini. Dia 29 de julho de 2014, às 10 horas, na FEEC. “Software para detecção de vivacidade de impressões digitais” (mestrado). Candidato: Rodrigo Frassetto Nogueira. Orientador: professor Roberto de Alencar Lotufo. Dia 31 de julho de 2014, às 10 horas, na sala de seminários II, LE49 da FEEC.  Engenharia de Alimentos - “Sistemas auto-organizáveis formados por TCM, etanol e surfactantes de grau alimentício: efeito da temeratura e concentrações de surfactante, co-surfactante e água” (doutorado). Candidata: Rejane de Castro Santana. Orientadora: professora Rosiane Lopes da Cunha. Dia 1 de julho de 2014, às 9 horas, na FEA. “Processo simplificado de fabricação de margarinas com reduzidos teores de ácidos graxos saturados utilizando a tecnologia de estruturação de óleos” (mestrado). Candidata: Kamila Ferreira Chaves. Orientador: professor Daniel Barrera Arellano. Dia 7 de julho de 2014, às 10 horas, no anfiteatro do DTA da FEA.

“Avaliação da atividade neural renal no controle da pressão arterial da prole de ratas submetidas à restrição proteica gestacional” (mestrado). Candidato: Augusto Henrique Custódio. Orientador: professor José Antônio Rocha Gontijo. Dia 24 de junho de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da comissão de Pós-graduação da FCM.

 Engenharia Mecânica - “Otimização de perfil de camos aplicada à dinâmica do trem de válvulas” (mestrado). Candidato: Rubens Gonçalves Salsa Junior. Orientador: professor Robson Pederiva. Dia 27 de junho de 2014, às 9 horas, na sala JE-02 da FEM.

“Terapia ocupacional nas APAES: caminhos e perspectivas” (mestrado). Candidata: Andréa Rebollo Granado. Orientadora: professora Adriana Lia Friszman de Laplane. Dia 27 de junho de 2014, às 14 horas, na sala amarela da Comissão de Pós-graduação da FCM.

“Sintonia automática dos parâmetros de um controlador para um quadrirrotor de modelo desconhecido em voo pairado” (mestrado). Candidato: Conrado Silva Miranda. Orientador: professor Janito Vaqueiro Ferreira. Dia 30 de junho de 2014, às 9 horas, na sala JD02 da FEM.

“Avaliação da prevalência de atrofia hipocampal e fatores associados ao lúpus eritematoso sistêmico juvenil” (mestrado). Candidata: Renata Barbosa. Orientadora: professora Simone Appenzeller. Dia 11 de julho de 2014, às 9 horas, na sala de videoconferência FCM01 da FCM.

“Efeito da taxa de aquecimento no desmantelamento e na globularização da microestrutura para propiciar a tixoconformação” (doutorado). Candidata: Cecilia Tereza Weishaupt Proni. Orientador: professor Eugênio José Zoqui. Dia 3 de julho de 2014, às 14 horas, na sala JD-02 da FEM.

“Avaliação de catalisadores mistos de titânia - zircônia na reação de isomerização da glicose à frutose e ajuste de parâmetros da cinética de reação” (mestrado). Candidato: Carlos Alberto Sepúlveda Lanziano. Orientador: professor Reginaldo Guirardello. Dia 25 de junho de 2014, às 9 horas, na sala de aula PG04 do Bloco D da FEQ. “Estudo da produção de ácido hialurônico utilizando peptona de soja” (mestrado). Candidato: Rhelvis de Campos Oliveira. Orientadora: professora Maria Helena Andrade Santana. Dia 30 de junho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Influência do tamanho da partícula nas etapas de pré-tratamento e hidrólise enzimática do bagaço de cana-de-açúcar” (mestrado). Candidato: André Luis Lovizotto Cesário. Orientadora: professora Aline Carvalho da Costa. Dia 8 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Remoção de prata iônica monovalente por adsorção em argila bentonítica” (mestrado). Candidata: Manuella Lech Cantuária. Orientadora: professora Melissa Gurgel Adeodato Vieira. Dia 14 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Equilíbrio líquido-líquido em sistemas-modelos formados por óleo de semente de girassol refinado + aldeído + etanol anidro a 25 ºC” (mestrado). Candidato: Perci Odilon Bonetti Homrich. Orientadora: professora Roberta Ceriani. Dia 16 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Desenvolvimento do pré-tratamento por explosão com vapor da palha de canade-açúcar para produção de etanol de segunda geração via hidrólise enzimática” (mestrado). Candidato: José Augusto Travassos Rios Tomé. Orientador: professor Rubens Maciel Filho. Dia 28 de julho de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Desenvolvimento de poliuretanos em unidade experimental de polimerização a partir de fontes renováveis” (doutorado). Candidato: Evandro Stoffels Mallmann. Orientador: professor Rubens Maciel Filho. Dia 29 de julho de 2014, às 14h30, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ.  Linguagem - “O clítico se aspectual e causa” (mestrado). Candidato: Rafael Martín Camacho Ramírez. Orientadora: professora Maria Filomena Spatti Sândalo. Dia 24 de junho de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Currículo estadual paulista para a língua portuguesa no ensino médio (2008-2012): descrição e análise do documento oficial e dos “Cadernos do Professor”” (doutorado). Candidata: Fernanda Felix Litron. Orientadora: professora Roxane Helena Rodrigues Rojo. Dia 25 de junho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FE. “A reinvenção do humano. Uma tese sobre a reemergência dos sujeitos na contemporaneidade midiática” (doutorado). Candidato: André Luiz Covre. Orientadora: professora Anna Christina Bentes da Silva. Dia 26 de junho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Estudo enunciativo sobre o funcionamento de “super” como forma livre e sua relação com o dizer feminino” (mestrado). Candidata: Danusa Lopes Bertagnoli. Orientadora: professora Mónica Graciela Zoppi Fontana. Dia 3 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Análise fonético-acústica da expressividade de emoções em depoimentos reais” (mestrado). Candidato: Wellington da Silva. Orientador: professor Plínio Almeida Barbosa. Dia 4 de julho de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Aspectos de um inglês brasileiro: traços de uma certa brasilidade evidenciados em falas de professoras e de adolescentes bilíngues em inglês” (mestrado). Candidata: Helena Regina Esteves de Camargo. Orientadora: professora Terezinha de Jesus Machado Maher. Dia 4 de julho de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL.  Economia - “Obstáculos à inovação na indústria brasileira de software e serviços de TI” (de mestrado). Candidata: Rebeca Bulhões Bertoni Lourenço. Orientador: professor Plínio Soares de Arruda Sampaio Júnior. Dia 3 de julho de 2014, às 15 horas, na sala 23 do pavilhão de Pós-graduação do IE.  Física - “Matriz densidade a baixas temperaturas para sistemas com interação de pares” (mestrado). Candidato: Bruno Ricardi de Abreu. Orientador: professor Silvio Antonio Sachetto Vitiello. Dia 30 de junho de 2014, às 14 horas, na sala de seminários do DFMC do IFGW. “Caracterização das medidas de fundo e blindagem em detectores subterrâneos de xenônio líquido” (doutorado). Candidato: Bruno Silva Rodriguez Miguez. Orientador: professor Pedro Cunha de Holanda. Dia 30 de junho de 2014, às 14 horas, no auditório de Pós-graduação do prédio D do IFGW. “Aspectos não-perturbativos e fenomenológicos do espalhamento elástico de hádrons em altas e ultra-altas energias” (doutorado). Candidato: Daniel Almeida Fagundes. Orientador: professor Marcio José Menon. Dia 3 de julho de 2014, às 14 horas, no auditório Méson Pi do DRCC.  Matemática, Estatística e Computação Científica - “Um estudo sobre métodos algébricos de resolução de equações algébricas com proposta de atividades para o ensino básico” (mestrado profissional). Candidato: Valmir Roberto Moretti. Orientadora: professora Maria Sueli Marconi Roversi. Dia 24 de junho de 2014, às 10 horas, na sala 253 do Imecc. “Geometria do táxi: pelas ruas de uma cidade aprende-se uma geometria diferente” (mestrado profissional). Candidata: Vivianne Tasso Perugini de Oliveira. Orientadora: professora Claudina Izepe Rodrigues. Dia 25 de junho de 2014, às 10 horas, na sala 253 do Imecc. “A medida harmônica do cubo” (mestrado). Candidato: Marcelo Rocha Costa. Orientador: professor Serguei Popov. Dia 26 de junho de 2014, às 10h30, na sala 253 do Imecc. “Teoremas de decomposição, degenerescência e anulamento em característica positiva” (mestrado). Candidato: Nuno Filipe de Andrade Cardoso. Orientador: professor Marcos Benevenuto Jardim. Dia 24 de julho de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc.  Odontologia - “Análise da percepção dos auditores sobre a auditoria interna na gestão do sistema único de saúde de Mato Grosso” (mestrado profissional). Candidata: Célia Regina Schmidt. Orientador: professor Marcelo de Castro Meneghim. Dia 25 de junho de 2014, às 9 horas, na sala seminário I da Odonto Social da FOP. “Validação de modelo de ciclagens de ph para avaliar o efeito de dentifrícios fluoretados na desmineralização do esmalte de dente decíduo” (mestrado). Candidata: Marilia Mattar de Amoêdo Campos Velo. Orientadora: professora Cinthia Pereira Machado Tabchoury. Dia 25 de junho de 2014, às 9 horas, no anfietatro 3 da FOP.  Química - “Desenvolvimento de nanopartículas poliméricas contendo amitraz, fluazuron e/ou violaceína para o uso na pecuária” (doutorado). Candidato: Elias Antonio Berni Neto. Orientador: professor Nelson Eduardo Durán Caballero. Dia 26 de junho de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Análise de especiação de metais e metaloides ligados a anidrase carbônica empregando TWIMS-MS e ICP-MS” (doutorado). Candidato: Gustavo de Souza Pessôa. Orientador: professor Marco Aurélio Zezzi Arruda. Dia 7 de julho de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Modificação superficial de veículos moleculares à base de nanopartículas de sílica mesoporosa” (mestrado). Candidato: Leandro Carneiro Fonseca. Orientador: professor Oswaldo Luiz Alves. Dia 16 de julho de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Estudo da síntese de carbon dots via carbonização hidrotérmica e avaliação frente à biossistemas” (mestrado). Candidato: Mateus Batista Simões. Orientador: professor Oswaldo Luiz Alves. Dia 17 de julho de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Interações estereoeletrônicas e seus efeitos na preferência conformacional de 3-halo-2-hidroxitetraidropirano (halo =F, Cl, Br, I)” (mestrado). Candidata: Thaís Mendonça Barbosa. Orientador: professor Roberto Rittner Neto. Dia 18 de julho de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Espectrometria de massas em estudos de metabolismo de fármacos e proteômica estrutural” (doutorado). Candidato: Alexandre Ferreira Gomes. Orientador: professor Fábio Cesar Gozzo. Dia 18 de julho de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ.


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Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

Investigando a maturação somática Educadora física realizou estudo com 6.531 crianças e adolescentes em Campinas ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br

o Brasil, várias pesquisas têm estudado de forma descritiva e comparativa como se comportam as variáveis de crescimento físico e de maturação biológica de crianças e adolescentes. No entanto, são poucas as investigações que se dedicam à validação de técnicas de maturação biológica e propostas metodológicas que não sejam invasivas, para subsidiar a classificação e a estratificação de crianças em fase escolar. Em um estudo de doutorado da Faculdade de Educação Física (FEF) realizado com 6.531 crianças e adolescentes (3.315 meninos e 3.216 meninas), provenientes da rede pública de Campinas, a profissional de educação física Rossana Anelice Gómez Campos mostrou que os valores absolutos de peso, estatura e índice de massa corporal (IMC) das crianças deste município ficaram abaixo da CDC-2012, normas internacionais que são referenciais para a detecção, vigilância e supervisão das crianças e adolescentes. A pesquisa aconteceu entre 2011 e 2012. Rossana Gómez contou que a equação do pico de velocidade de crescimento (PVC) mostrou-se válida para determinar a maturação somática dos escolares. A maturação é um processo de alterações fisiológicas que se inicia com uma sucessão de mudanças – biológicas, psicológicas e cognitivas, manifestando-se mais intensamente na adolescência. Na casuística, foram avaliadas as variáveis de idade decimal, peso corporal, estatura e estatura tronco-cefálica de crianças e adolescentes com idade entre seis e 18 anos. Foram incluídas aleatoriamente 15 escolas da zona urbana, totalizando no estudo 26.725 escolares.

Foto: Antoninho Perri

Os avaliados eram clinicamente saudáveis à época da pesquisa e consentiram em se submeter a medições antropométricas. Além da autorização dos pais, também foi requerida autorização dos diretores das escolas para fazer essas medições dos alunos. A coleta de dados durou oito meses e foi feita a partir de um programa supervisionado pelos professores Jefferson Eduardo Hespanhol e Miguel de Arruda, orientador da tese. Os resultados da pesquisa sugeriram que devem ser estimulados padrões regionais para avaliar os ritmos ou tempo do desenvolvimento na puberdade, ao passo que, quanto à maturação somática, pode-se utilizar tanto a equação de Mirwald e colaboradores (2002), que prediz a distância (em anos) em que um indivíduo está de sua idade de PVC, quanto as equações propostas no estudo de Rossana Gómez.

REFERÊNCIAS O crescimento humano é um processo dinâmico e complexo que começa com a fertilização do óvulo e que se completa com a fusão da epífise e das metáfases dos ossos longos, que caracteriza basicamente o final da adolescência. A pesquisadora enfatiza que a maturação somática relaciona a idade biológica de um indivíduo à sua idade cronológica. “Crianças da mesma idade e sexo podem ter diferenças no ritmo de desenvolvimento e apresentar maturação precoce, normal ou tardia. O tempo de ocorrência depende do sexo e do estágio maturacional”, descreve. Historicamente, a avaliação através de curvas de referências tem permitido diagnosticar alterações no crescimento físico e no estado nutricional; e, por possuir forte influência dos fatores genéticos, esse crescimento tende a seguir canais específicos presentes em tabelas. Por outro lado, posto que na adolescência ocorrem muitas mudanças biológicas – como a maturação sexual, o aumento da estatura e do peso corporal, assim como a finalização do crescimento esquelético –, torna-se imprescindível uma avaliação sobre a maturação, o ritmo e o tempo de progressão em direção à maturidade. Como a idade cronológica tem utilidade limitada para essa avaliação, alguns indicadores biológicos baseados em caracteres sexuais secundários, idade esquelética, PVC e maturação dentária permitem a sua valoraFoto: Divulgação

Rossana Anelice Gómez Campos, autora da pesquisa: coleta de dados durou oito meses

Criança é examinada: pesquisas descrevem como se comportam as variáveis de crescimento físico e de maturação biológica

ção. “Apesar das metodologias disponíveis, elas apresentam alto custo e muitas vezes invadem a privacidade”, situa. A avaliação da maturação somática pela técnica de Mirwald pode ser uma opção de fácil aplicação, não invasiva e que utiliza como variáveis a estatura, o peso, o comprimento do membro inferior e a estatura tronco-cefálica. A novidade do estudo, ressalta a pesquisadora, está na proposição de curvas para a região de Campinas, que poderão ser utilizadas inclusive pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação, para o controle do crescimento e do estado nutricional de crianças e adolescentes. Durante a fase de crescimento, pontua ela, é importante o controle e o acompanhamento dos parâmetros ligados à saúde pelos pais. “Nesse sentido, o crescimento físico e a maturação biológica são variáveis relevantes que devem ser consideradas no dia a dia, pois possibilitam informação fundamental para a clínica e também para a escola, para os programas de iniciação esportiva e de atividade física e saúde.” Tanto nas pesquisas realizadas com crianças e adolescentes quanto no contexto esportivo, torna-se necessária a classificação maturacional, por ela ser essencial em diversas áreas, principalmente da saúde. Em particular em Pediatria, possibilita uma interpretação clínica das doenças endócrinas e do estado de crescimento na qualidade de vida e na performance motora, ao permitir comparações entre sujeitos de maturação adiantada ou atrasada. Ao surgir a necessidade de estabelecer valores para a maturação e existindo uma proposta como a da técnica de Mirwald, já utilizada em vários estudos internacionais em jovens esportistas e em jovens brasileiros, deve ser encorajada a validação das equações do pico de velocidade de crescimento para amostras de escolares de Campinas. Rossana Gómez menciona que isso propiciará a avaliação da maturação somática para grandes populações. “As curvas que desenvolvemos ajudarão no diagnóstico, na monitorização e no controle do crescimento e do estado nutricional de crianças e adolescentes de Campinas.” As mudanças, observadas no tamanho corporal, sugerem o uso de padrões regionais para avaliar a trajetória do crescimento físico através de estudos clínicos ou epidemiológicos. As equações aqui desenvolvidas também

são uma alternativa para valorar a maturação somática de forma transversal e contribuir para o controle da maturação biológica em estudos com crianças e adolescentes. As informações obtidas neste estudo são relevantes para elaborar curvas referenciais de crescimento físico em relação à idade cronológica e à validação de equações para predizer a maturação somática de escolares da cidade. Isso porque Campinas é considerada um grande centro urbano que possui um polo industrial diversificado e próspero, que atingiu um lugar especial no cenário econômico do Brasil.

Publicações Artigos R. Gómez-Campos, M. de Arruda, E. Hobold, C. P. Abella, C. Camargo, C., M. A. Cossio-Bolaños. Valoración de la maduración biológica: usos y aplicaciones en el ámbito escolar (Assessment of biological maturation: Uses and applications in schools). Rev. Andaluza de Medicina del Deporte 6 (4):41.888-7546, 2013. Gomez Campos, R.; Hespanhol, J. E.; Portella, D.; Vargas Vitoria, R.; De Arruda, M.; Cossio-Bolaños, M. A. Predicting somatic maturation from anthropometric variables: validation and proposed equations to school in Brazil. Nutr. clín. diet. hosp., 32(3):717, 2012. Gómez Campos, R.; Arruda, Miguel; Hespanhol, Jefferson Eduardo; Camargo, Cristiane; Briton, Richard Micheal; Cossio-Bolanõs, Marco Antonio. Referencial values for the physical growth of school children and adolescents in Campinas, Brazil. [Em prensa]. Rev. Ann. of Human Biology.

Tese: “Avaliação do crescimento físico e a maturação somática de escolares da rede de ensino fundamental de Campinas, SP” Autora: Rossana Anelice Gómez Campos Orientador: Miguel Arruda Unidade: Faculdade de Educação Física (FEF)


12 om o Taj Mahal ao fundo, centenas de pessoas se transformam em fantasmas, ocupando os jardins que cercam o monumento indiano. A obra da artista suíça Corine Vionnet é emblemática. Faz parte da série Photo Opportunities, iniciada em 2005, que sobrepõe fotografias tiradas por turistas. Fala de imagens feitas praticamente sob o mesmo ponto de vista. Repetem-se não somente os locais e objetos, mas os ângulos, as poses, as distâncias das tomadas. Um olhar construído ao longo da história da fotografia e do turismo e que é matéria-prima da tese “Picture ahead: a Kodak e a construção de um turista-fotógrafo”, de Lívia Afonso de Aquino. A pesquisa, orientada pela professora Iara Lis Schiavinatto, foi apresentada no Instituto de Artes (IA). A pesquisadora aponta, por meio do trabalho de diversos artistas, um processo de acumulação e repetição das fotografias que torna a viagem uma estratégia para sua realização. “Nota-se um processo de reconhecimento e registro de tensões entre turismo e fotografia, bem como um exercício crítico acerca das imagens, principalmente aquelas feitas por amadores, ao deslocá-las no tempo e no espaço, produzindo nova percepção e subjetivação da experiência da viagem”, afirma Lívia. Fotografia e turismo são compreendidos pela autora como um dispositivo por se estabelecerem como um jogo ou um programa a ser seguido. “Para o teórico Michel Foucault, a rede que se estabelece por meio dos discursos, rituais e organizações é o dispositivo. Nessa perspectiva, no contexto da tese, nota-se o processo de massificação da fotografia vinculado a uma indústria que, além de criar produtos fotográficos de fácil manuseio, torna-os acessíveis ao público leigo, tanto economicamente como pelo modo de usar”. Este processo tem o dedo da Kodak, primeira empresa a lançar câmeras pequenas e fáceis de usar, próprias para amadores. A Kodak ajudou, sobretudo, a constituir um sujeito que Lívia denominou de “turista-fotógrafo” e que surge a partir do entrelaçamento entre o turista e o fotógrafo amador, aquele que carrega uma câmera e está pronto para registrar a viagem em todos os detalhes, como forma de validá-la. Para a autora, o turista-fotógrafo surge paulatinamente no contexto das viagens que aconteciam antes do crescimento do turismo como atividade econômica e cultural. “O turista já tinha imagens que ele comprava: postais, vistas estereoscópicas ou imagens fotográficas que circulavam de diferentes modos, mas era sempre o olhar do outro. Com a Kodak, ele passou a fazer suas próprias fotos, aprendendo um modo de olhar comercializado em escala global pela empresa”, assinala. Tratava-se de uma ação em massa da Kodak, apoiada nas estratégias de atuação e de publicidade nos cinco continentes. Lívia recuperou e analisou uma série de propagandas, anúncios, manuais, revistas, material direcionado aos lojistas e outras ações da empresa na oportuna aliança com o turismo. As propagandas de TV lançadas a partir dos anos 1960 também foram estudadas. Durante os primeiros 40 anos da empresa, fundada em 1888, mais que criar um mercado, “a Kodak precisava, além de vender seus produtos, educar o público sobre a fotografia feita pelo próprio sujeito”. O resultado é que a empresa foi uma das maiores responsáveis na disseminação de uma cultura que ensinou as pessoas o quanto o registro em imagens de uma viagem realizado pelo próprio turista, seria importante, até crucial de acordo com a pesquisa.

Publicação Tese: “Picture Ahead: a Kodak e a construção de um turista-fotógrafo” Autora: Lívia Afonso de Aquino Orientadora: Iara Lis Schiavinatto Unidade: Instituto de Artes (IA) Financiamento: Fapesp

Revelando o

turista-fotógrafo Fotos: Acervo da George Eastman House em Rochester, NY: Kodak Advertisement Collection e George Eastman Legacy Collection

PATRÍCIA LAURETTI patricia.lauretti@reitoria.unicamp.br

Campinas, 23 de junho a 3 de agosto de 2014

Peças publicitárias da Kodak ao longo do tempo: posse do mundo por meio das imagens

“Logo que a fotografia foi inventada, viajantes e exploradores absorveram as técnicas como uma forma de mostrar o mundo. Mas para ir a campo, o fotógrafo tinha que carregar uma câmera muito grande e pesada, precisando levar, também, todo o laboratório para processar as imagens”, conta Lívia. Uma das primeiras câmeras da Kodak, voltada para os amadores, era uma pequena caixa preta que trazia um sistema inovador: um rolo de filme para fotografar até 100 poses. Quando terminava de fotografar, o cliente enviava a câmera para a empresa que revelava, fazia as cópias e devolvia não apenas as fotografias, mas também o equipamento recarregado. A Kodak ensinava a fotografar em manuais que abordavam como tratar a luz, dirigir as pessoas, sugerindo como enquadrar.

PREDADORES

DO MUNDO

Algumas das publicidades antigas da Kodak trazem um fotógrafo cuja imagem é colada à do caçador: junto com suas armas e embornais, ele carrega uma câmera a tiracolo, acoplada à cartucheira. Lívia destaca que ele exibe suas presas para que os amigos fotografem, registra o troféu conquistado e utiliza um vocabulário com palavras como capturar, caçar, prova ou tiro para se referir à ação de fotografar. A caça era atividade comum realizada por homens, nas viagens e momentos de lazer. “A escritora Susan Sontag fala da troca simbólica entre a arma e a câmera. Penso que essa mudan-

ça implica uma condição de saber e poder do dispositivo; o turista-fotógrafo pode ser considerado um tipo de predador – um sujeito devorador de paisagem ou um consumidor da natureza, segundo define o historiador francês Marc Boyer – que tem como objetivo consumir lugares, vivências e vistas, e a fotografia se torna sua parceira constante”. O fundador da empresa, George Eastman, foi também um caçador e autor de diversos anúncios que aproximam o fotógrafo do caçador.

HISTÓRIAS DE VIAGEM O turista-fotógrafo também necessita mostrar suas imagens e, com o tempo, as exibições vão se transformando em rituais. De acordo com a pesquisadora, “desde os primeiros anúncios, a Kodak reconhece o apelo à memória com a fotografia, principalmente a partir do potencial de histórias que podem ser criadas – o relato das férias, o feriado de verão, a viagem de inverno: tudo é motivo para ser lembrando”. Para a Kodak, a fotografia seria capaz de conter o tempo e, sobretudo, de preservar a memória, que é falha e sujeita ao esquecimento, um instantâneo que possibilita rever em imagem a própria experiência. A autora reitera que esse discurso mostra-se eficaz no contexto da cultura da memória, proposto pelo historiador alemão Andreas Huyssen, ou na lógica do mito da durabilidade, assinalado pelo sociólogo italiano Fausto Colombo. “Uma série de práti-

cas políticas e culturais a fazer da lembrança uma garantia de continuidade diante das fragilidades vividas, como salienta Colombo”, afirma a pesquisadora. Com a estratégia da facilidade e do acesso difundidos pela Kodak, o álbum de viagem torna-se, portanto, objeto feito pela própria família, dando início a um modo de “roteirização e de visualidade das histórias” junto com as projeções de slides. A tese analisa um período de cem anos, da fundação da Kodak até os anos 1980, quando ocorrem grandes mudanças na empresa, na fotografia e também no turismo. “Sentir-se turista em algum lugar é uma das práticas que a Kodak ajuda a engendrar. Viajar de carro, trem ou avião passa a ser símbolo de status, e a publicidade faz grandes investimentos em campanhas que geram demanda e desejo de consumo. O turista-fotógrafo é frequentemente representado nos anúncios de diversos produtos, sempre com a câmera pronta para fotografar o mundo que se descortina a sua frente. E a Kodak o mostra circulando nos mais diversos locais – praia, campo ou cidade; estações de trem, automóveis ou navios – e que, junto com sua bagagem, carrega uma câmera a tiracolo”. O discurso construído pela Kodak ao longo de sua história, contribuiu, segundo Lívia, para que esse sujeito vivenciasse a posse do mundo por meio das imagens. Também é peça fundamental para “a compreensão dos modos de subjetivação que produzem e enredam o turista-fotógrafo”.


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