Foto: Antoninho Perri
3 Dos primórdios da globalização
ao advento da nova (geo)política Romain Descendre (foto) investiga as origens do pensamento político moderno.
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014 - ANO XXVIII - Nº 602 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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CORREIOS
FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Foto: Jorge Araújo/Folhapress
No olho do furacão 6 e7
Livro coordenado pelo professor Roberto Luiz do Carmo, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e tese de livre-docência da professora Lucí Hidalgo Nunes, do Instituto de Geociências, analisam as causas e as consequências dos desastres naturais e ambientais que atingem o Brasil e outros países da América do Sul.
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Cafeína causa alterações ósseas, conclui pesquisa
Os moradores que não têm direito à cidadania As conexões linguísticas entre Brasil e Cabo Verde A fabulação do real na filmografia de Pedro Costa
Vista de Petrópolis, em 2011: temporais deixaram cerca de mil mortos em cidades da região serrana do Rio de Janeiro
Os primeiros passos do ‘robô de origami’
O ‘cientista maluco’ está com os dias contados?
Aumenta a concentração de mercúrio nos oceanos
TELESCÓPIO
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
TELESCÓPIO
CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br
O fim do ‘cientista maluco’
Mercúrio em alta nos oceanos
A figura do “cientista maluco” está desaparecendo do cinema e da literatura, mesmo depois de ter sido, durante o século 20, a forma dominante de representação do pesquisador no imaginário popular, diz artigo publicado, em junho, no periódico Public Understanding of Science. A autora, Roslynn D. Haynes, faz um histórico da estigmatização, no folclore e na cultura popular, do buscador de conhecimento – dos mitos bíblicos e gregos, passando pelo alquimista medieval e chegando ao cientista – e associa o fenômeno a “um medo profundo do poder que não pode ser conquistado ou destruído pelas armas, decretos religiosos ou outros meios tradicionais”. Esse medo, argumenta ela, leva à reação típica da cultura contra os poderosos: subversão por meio da caricatura ou da vilificação. “Os dois estereótipos mais prevalentes do cientista, o do inventor amalucado e o do tipo alquimista, obsessivo e perigoso, exemplificam esses dois modos de subversão”, escreve a autora. Mas esses estereótipos vêm sendo cada vez menos usados. Ela cita, como exemplos da nova forma de representar o cientista na cultura, obras do escritor britânico Ian McEwan e um novo gênero literário, o “lab-lit” (“literatura de laboratório”), no qual cientistas aparecem como personagens envolvidos em questões não apenas científicas, mas também profissionais, pessoais, políticas e familiares. Roslynn menciona ainda, como fatores do resgate da figura do cientista na cultura, uma mudança na visão da relação entre ciência e meio ambiente – na qual o pesquisador deixa de ser encarado como cúmplice da degradação e passa a ser tratado como parte da resistência – e o surgimento de novos “vilões”, como o fanático religioso.
Um inventário do estoque de mercúrio nos oceanos sugere que a atividade humana elevou de modo significativo a concentração do metal nesse ambiente. O aumento registrado pode chegar a 200%, dependendo da profundidade e da região estudada, com um excesso expressivo no Atlântico Norte, em comparação com o Atlântico Sul e o Pacífico. O trabalho, de autoria de pesquisadores dos EUA, França e Holanda, está publicado na edição da semana passada da revista Nature. O mercúrio é um metal tóxico, e na forma orgânica metil-mercúrio se acumula na cadeia alimentar. Os autores do novo estudo esperam que seus resultados ajudem a compreender a dinâmica da conversão do mercúrio em metil-mercúrio nos mares e sua circulação na vida marinha.
Expectativa controla felicidade A sensação instantânea de felicidade que se manifesta, por exemplo, quando se ganha uma aposta tem menos ligação com o tamanho do prêmio em si do que com as expectativas geradas por interações anteriores com o mesmo tipo de jogo. “Mostramos que o bem-estar subjetivo momentâneo é explicado não pelos ganhos na tarefa, mas pela influência acumulada das expectativas de recompensa e pelos erros de predição resultantes dessas expectativas”, escrevem os autores de estudo publicado no periódico PNAS. Os pesquisadores, vinculados ao University College London, usaram ressonância magnética funcional (fMRI) em 26 voluntários, e testaram as conclusões num grande experimento online com mais de 18 mil participantes, que realizaram suas apostas e responderam sobre seu estado de ânimo em aplicativos instalados em smartphones. “Como previsto”, diz o artigo na PNAS, “o ganho médio cresceu ao longo do tempo, mas a felicidade, não”. O principal fator envolvido no aumento da felicidade momentânea foi a diferença entre o ganho real e o ganho esperado. “O efeito geral das expectativas é negativo”, concluem os autores. “Expectativas positivas efetivamente reduzem o impacto emocional de resultados positivos”.
máquinas podem ser produzidas sem dobra manual, reduzindo o tempo e a perícia necessários”.
Gestação do Sistema Solar A parte mais densa do material que viria a dar origem ao nosso Sistema Solar segregou-se do restante da Via-Láctea cerca de 30 milhões de anos antes do nascimento do Sol, diz artigo publicado na edição da última semana da revista Science. Os autores do trabalho, vinculados a instituições australianas, europeias, do Japão e dos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão a partir da datação radioativa de um isótopo do elemento químico háfnio, o Hf-182, que tem meia-vida de 8,9 milhões de anos e era abundante nos primórdios do Sistema Solar. Em comentário que acompanha o artigo da equipe internacional, o pesquisador Martin Bizarro, do Centro de Formação de Estrelas e Planetas do Museu de História Natural da Dinamarca, escreve que “a capacidade de sondar a história pré-natal do Sistema Solar (...) pode ser obtida pela comparação das abundâncias relativas de radioisótopos de meia-vida curta que, infere-se, estavam presentes no nascimento do Sistema Solar, com as esperadas pela evolução química da galáxia”. A descoberta sugere que a gestação do Sistema Solar foi mais complexa do que se supunha, e ajuda a estabelecer novos modelos para explicar a formação de planetas em outros sistemas.
Do Google Tradutor ao genoma humano A empresa Human Longevity, Inc. (HLI), criada por J. Craig Venter, o líder do programa privado para sequenciar o genoma humano – e que competiu com o programa público, até que ambos fizessem um anúncio conjunto de seus resultados em 2001 – anunciou a contratação de Franz Och, um especialista em aprendizado de máquina e tradução por máquina, que vinha chefiando o Google Tradutor. Em nota, Venter disse que um dos principais desafios da HLI, e da medicina em geral, é “como interpretar as enormes quantidades de informação biológica que estamos gerando a partir do sequenciamento de genomas individuais. Para tornar esses dados interpretáveis e clinicamente úteis, precisaremos de novas ferramentas de computação”. O trabalho de Och será criar essas ferramentas. Alguns analistas mostraram ceticismo quanto à aplicabilidade da experiência de Och, com tradução automática de idiomas, na interpretação informatizada de dados genéticos.
tigo, acrescentando que “em animais que evoluíram um rosto com formato diferente, é importante levar em conta pistas que humanos não têm”, o que inclui o movimento das orelhas.
Jipe magrinho para Marte A sonda Mars 2020, que a Nasa pretende enviar ao planeta vermelho no fim da década, também será um jipe e terá a mesma estrutura do robô Curiosity, que atualmente investiga Marte, mas conterá um pacote mais leve de instrumentos científicos: de acordo com análise publicada no site Science Insider, da revista Science, a carga científica do Mars 2020 somará 40 kg, ante 75 kg do Curiosity. A massa menor permitirá que o Mars 2020 guarde rochas marcianas em seu interior, preservando-as para uma possível missão futura de recuperação, que traria as amostras para serem analisadas aqui na Terra. A Mars 2020 também terá a capacidade de gerar filmes 3D da superfície marciana, algo que já havia sido planejado, mas não implementado, para o Curiosity. A principal ausência, em relação à carga do Curiosity, é o laboratório de análise de amostras, um conjunto de instrumentos conhecido pela sigla SAM, que contém fornos para volatilizar amostras e um espectrômetro.
Cavalos falam pelas orelhas Cavalos são sensíveis à expressão facial e aos sinais de atenção dados por outros cavalos, incluindo os movimentos de olhos e orelhas, diz estudo publicado semana passada no periódico Current Biology. “Cavalos usam a orientação da cabeça de um outro cavalo para achar comida”, escrevem os autores, da Universidade de Sussex, no Reino Unido. Mas essa comunicação é muito menos efetiva quando o animal “informante” está com as orelhas cobertas. “Nossos resultados demonstram que animais com orelhas grandes e móveis podem usá-las como uma pista visual de atenção”, escrevem. “O papel potencial das orelhas na transmissão de sinais tem sido negligenciado em experimentos”, diz o ar-
Sonolência quatro meses após o parto Mães de crianças recém-nascidas ainda dormem muito mal e têm risco de sonolência durante o dia, mesmo 18 semanas – cerca de quatro meses – após o parto, de acordo com estudo realizado na Austrália e publicado no periódico PLoS ONE. O levantamento acompanhou 33 mulheres saudáveis, que registraram seus padrões de sono a seis, 12 e 18 semanas após o parto. Nota divulgada pela Universidade de Queensland sugere que as mulheres que retornam ao trabalho após licenças-maternidade de apenas quatro meses devem tomar especial cuidado para evitar acidentes.
Foto: Jesse Silverberg/ Arthur Evans/ Lauren McLeod/ Ryan Hayward/ Thomas Hull/ Christian Santangelo/ Itai Cohen
Robô de origami Pesquisadores de Harvard e do MIT apresentam, na revista Science, um robô que é capaz de “montar-se a si mesmo”, começando como uma folha plana que se dobra, num processo semelhante ao da arte do origami, até produzir pernas com as quais é capaz de andar, “sem intervenção humana”, como escrevem os autores, num processo de quatro minutos. As folhas que se dobram para dar origem às pernas do protótipo são compostas de cinco camadas, feitas de plástico, papel e uma camada central contendo um circuito elétrico. “O robô autodobrante demonstra um processo prático para criar máquinas que se montam sozinhas, com estruturas e dinâmicas complexas, por meio de dobras e materiais planares”, escrevem os autores. “Ao automatizar o processo de dobra (...)
O robô autodobrável foi inspirado por esse padrão zigue-zague de origami
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
Da primeira globalização à nova linguagem da política Livro de intelectual francês revisita a fundação do pensamento político moderno Fotos: Antoninho Perri
MARTA AVANCINI marta.avancini@gmail.com
Imagens: Reprodução
transição da Idade Média para os chamados Tempos Modernos marca o surgimento de um novo modo de se conceber o mundo e a política. Época dos grandes descobrimentos, a passagem dos séculos 15 e 16 também é marcada pelo surgimento de uma visão das relações entre os povos no campo da política que persiste até a contemporaneidade. Este é o cenário escolhido por Romain Descendre, professor da École Normale Supérieure de Lyon, na França, para desenvolver diversos estudos que resultaram nos 12 artigos reunidos na coletânea “Politização do Mundo”. O livro, que deverá ser lançado no começo de 2015 pela Editora da Unicamp, enfoca uma problemática central para a compreensão do mundo em que vivemos: a fundação do pensamento político moderno. A tradução está a cargo de José Horta, linguista e docente da Unicamp. Descendre dedica-se a pesquisas na área de filologia política, enfocando o pensamento político italiano dos séculos 16 e 17 e suas relações com práticas de poder e com outros domínios do saber (literatura, filosofia, história, geografia, direito, dentre outras). Os artigos do livro foram produzidos a partir da análise de diversos tipos de textos de autores italianos no início da Era Moderna. Na visão do autor, há dois processos mais ou menos contemporâneos em curso naquela época. “De um lado, há o que chamamos de primeira globalização, a época das Grandes Descobertas, das navegações, das conquistas, da colonização da América e de uma parte da Ásia. De outro, temos o desenvolvimento de uma nova linguagem da política, particularmente com [Nicolau] Maquiavel”, explica Descendre, que concedeu entrevista ao Jornal da Unicamp, no final de junho, durante sua passagem pela Universidade como professor visitante do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Nessa medida, o fio condutor que percorre os artigos são as interfaces entre esses dois fenômenos. “Pensar o mundo como uma unidade feita de partes diversas já era algo conhecido pela geografia, pela cartografia”, assinala o linguista. A novidade é que, naquela época, o mundo todo passou a ser pensado politicamente. “A partir deste ponto de vista, temos uma primeira globalização política, que abrange a consciência dos homens”. Esse processo de globalização política, destaca Descendre, aporta uma perspectiva que permanece atual até os dias de hoje: a análise política em termos de relação de força – perspectiva intrinsecamente relacionada com as disputas pela conquista de territórios e as guerras travadas ao longo da gênese da Era Moderna. “Podemos falar objetivamente de politização do mundo porque a época foi marcada por conflitos em escala local, regional e mundial”, reitera. “São os conflitos políticos e religiosos entre comunidades em nível local, entre Estados no contexto da Europa e que se projetam como conflitos que envolvem o mundo todo”. Um exemplo é a luta
Na sequência, Maquiavel, Botero e Sarpi: diplomacia e política como relação de força
Romain Descendre, professor da École Normale Supérieure de Lyon: investigando as relações entre o pensamento político italiano dos séculos 16 e 17 com outros domínios do saber
entre portugueses e franceses no Brasil, depois entre os portugueses e holandeses, também no país, e posteriormente contra os corsários ingleses. “Era uma época efervescente, as guerras não paravam”.
UMA ARTE DA LINGUAGEM A visão da política como relação de força nasceu na Europa, mais especificamente na Itália, no começo do século 16, durante as Guerras Italianas (1494-1559) - uma série de conflitos que ocorreram na Península Itálica, envolvendo Espanha e França em disputas pelo domínio dos Estados herdados das antigas cidades-estados medievais. Nesse contexto, diplomatas e funcionários de governo dos Estados italianos atuavam como observadores, produzindo documentos em que relatavam e reportavam os acontecimentos e, também, transmitiam orientações. Um deles era Maquiavel [14691527], que atuava como diplomata em Florença. “Maquiavel desenvolveu muitas análises em tempo real, durante a guerra, sobre os erros e os sucessos dos diversos monarcas europeus que disputavam e se enfrentavam no território italiano”. Os documentos produzidos na época colaboraram para dar origem à diplomacia moderna, na medida em que neles foram forjados conceitos – como o de Estado – e perspectivas de análise – como a da política como relação de força. “Os Estados italianos não tinham a força das armas. Os exércitos da França, da Espanha eram muito mais fortes, pois faziam guerra há centenas de anos. A inteligência era o único meio de os italianos se contraporem a tudo isso”, comenta Descendre. “Os italianos não faziam guerra, mas, em contrapartida, foram obrigados, durante muito tempo, a falar, a negociar a fim de manter sua independência”, complementa. Nesse contexto, surge uma “tecnologia da diplomacia”, nos termos de Descendre: “É, essencialmente, uma arte da linguagem, uma arte de falar e uma arte da análise das
relações de força”. E os italianos colocaram esta arte a serviço de seus Estados, num momento em que eles estavam desaparecendo sob a potência dos exércitos e das artilharias espanhola e francesa.
PARA ALÉM DE MAQUIAVEL Certamente, Maquiavel foi uma figura central para o desenvolvimento desta “tecnologia da diplomacia” e o contexto em que ele viveu permite compreender a novidade de seu pensamento. “Ele foi secretário em Florença. Era ele quem dava as instruções a partir do centro para a periferia, do governo para os funcionários civis e militares que estavam em diferentes posições do Estado ou que estavam no exterior. No entanto, embora Maquiavel tenha sido, na visão de Descendre, o intelectual mais genial de seu tempo, havia outros que não escreveram livros, obras, mas que redigiram muitos relatórios e cartas. Para o intelectual, o que mais chama a atenção, ao estudar os discursos produzidos pelos diplomatas italianos, é o fato de que as análises sobre a situação na Península Itálica foram reportadas e reutilizadas para explicar processos e situações que estavam ocorrendo em outros territórios (muitas vezes distantes da Europa), bem como para descrever o que ocorria em escala mundial. “É algo que se prolongou desde os séculos 16 e 17 até os dias atuais, nutrindo as análises no campo de geopolítica”. Análises como essas são decorrência da linha de trabalho adotada por Descendre. “A especificidade de meu trabalho é mostrar como a visão de Maquiavel não se tornou letra morta, mas se perpetuou em outros autores contemporâneos e em gerações posteriores”, comenta. Para tanto, o autor busca compreender o ferramental linguístico e analítico adotado por Maquiavel nos relatórios, cartas e outros tipos de documentos. “Enfoco como esses conflitos eram analisados, pensados pelos intelectuais da época. E eles analisavam tudo o que estava acontecendo com ferramentas herdadas de Maquiavel, particularmente das análises feitas na época das guerras italianas”.
RELAÇÕES E CONEXÕES Ele cita como exemplo uma passagem de um dos artigos incluídos no livro, em que o teólogo, poeta e diplomata Giovanni Botero [1544-1617] dizia ser contrário à proposta de abertura de um canal na América Central para possibilitar o trânsito naval entre a Europa e a Ásia, defendida pela Espanha. O objetivo era facilitar as operações comerciais com o continente asiático, utilizando as Filipinas (possessão espanhola à época) como base. Segundo o pesquisador, Botero explica que não se deveria abrir o canal porque, se existisse uma via direta através da América Central, as monarquias católicas corriam o risco de perder o controle do Atlântico Sul, já que não haveria mais necessidade de os navios passarem por lá. Desse modo, uma parte enorme do mundo ficaria à mercê dos barcos dos corsários de origem das monarquias protestantes. “É este tipo de visão que eu chamo de politização do mundo”, comenta. “É uma análise geopolítica, que não poderia existir antes: seja porque havia um controle do pensamento nos espaços do mundo, seja porque não havia consciência, mas também porque este tipo de análise é típico do que encontramos em Maquiavel”. Outro exemplo de politização do mundo analisado por Descendre é a articulação entre global e local – o jogo de escala, em que o nível local influencia o global e vice-versa. Neste contexto, ele cita o caso de Paolo Sarpi [1552-1623], um teólogo veneziano contrário ao poder papal e apegado à soberania e à independência política e intelectual de Veneza. “Ele achava que a soberania veneziana implicava, também, no controle da Inquisição, algo fundamental naquele momento”. Na época da Contra-Reforma, a Inquisição foi muito forte na Itália. Havia censura sobre livros e o pensamento. Em contraponto, havia um movimento pela manutenção da tradição de liberdade de consciência em Veneza. “Sarpi fez uma verdadeira guerra ideológica e intelectual contra Roma e também contra a ameaça espanhola”. Ao mesmo tempo, algumas das cartas de Sarpi estudadas por Descendre evidenciam um interesse pelas novidades que chegavam de todo o mundo, repercutindo em suas análises. “Ele expressava a ideia que a independência de Veneza em relação ao papa e à Espanha não poderia acontecer a não ser que os jesuítas fracassem na Ásia e na América”. Descendre enfatiza que esse tipo de perspectiva é novo, pautado por uma visão de que os conflitos locais não poderiam se resolver de maneira dissociada dos conflitos em escala mundial. “Esses exemplos evidenciam um tipo de pensamento que efetivamente conecta espaços muito distantes entre si, bem como conecta espaços de larga escala com outros espaços pequenos e locais”.
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Consumo de café e refrigerante de cola causa alterações ósseas MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br
consumo frequente de café e de refrigerante à base de cola (Coca-Cola) promove alterações ósseas e pode aumentar o risco de fraturas, principalmente no sexo feminino. A conclusão é da tese de doutorado do cirurgião-dentista Amaro Ilídio Vespasiano Silva, defendida recentemente, no programa de Pós-Graduação em Radiologia Odontológica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), sob a orientação do professor Lourenço Correr Sobrinho. Embora a pesquisa tenha sido feita em modelo animal (ratos), sustenta o autor, seus resultados podem ser extrapolados para os seres humanos. “Estudos encontrados em literatura específica acompanharam populações (homens e mulheres) que consumiram refrigerante à base de cola e chegaram a resultados semelhantes aos encontrados na minha tese”, afirma o pesquisador. Em seu trabalho, que teve a coorientação do professor Francisco Haiter Neto, Amaro Silva também analisou os efeitos do consumo de refrigerante à base de guaraná (Antárctica) sobre os tecidos ósseos. De acordo com ele, a bebida causa igualmente alterações na estrutura óssea, mas os resultados não foram determinantes a ponto de reduzir a resistência do osso, assim como ocorreu com o café e o refrigerante à base de cola. A grande responsável por esse efeito deletério, informa o pesquisador, é a cafeína, presente nas três bebidas consideradas, em proporções diferentes. A substância, conforme o cirurgiãodentista, age sobre o metabolismo ósseo. “Ela induz a diferenciação de células precursoras de tecido ósseo em osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea. Quando a cafeína está presente em grande quantidade, ocorre um aumento na diferenciação de osteoclastos, e com isso um aumento significativo na reabsorção óssea. Como consequência, temos uma redução da massa óssea e o aumento do risco de fraturas”, detalha. A ideia de desenvolver o trabalho, conforme o autor, veio da necessidade de saber se a cafeína interferiria na qualidade do osso – estrutura e resistência. “Alguns estudos apresentam controvérsias a respeito. O fato de as bebidas serem amplamente consumidas no Brasil, inclusive por crianças e adolescentes, foi determinante para a escolha do tema”, diz. Amaro Silva esclarece que as alterações mais pronunciadas nos ossos das fêmeas apuradas na pesquisa se dão provavelmente por causa de fatores hormonais. Apesar de o estudo não ter avaliado os teores hormonais, afirma, a grande diferença entre machos e fêmeas está na variação hormonal. “No caso dos seres humanos, a mulher possui um ciclo hormonal que influencia diretamente sobre o metabolismo do osso. Ocorre que a cafeína interfere sobre esse ciclo, o que faz com que haja maior desmineralização do tecido ósseo”, reforça. Questionado sobre a possibilidade de se fazer um consumo seguro das três bebidas investigadas, Amaro Silva informa que até o momento a ciência não determinou um valor máximo nesse sentido. “Os estudos apontam que a menor concentração de cafeína, consumida no menor intervalo de tempo, já é capaz de produzir efeitos adversos sobre o metabolismo ósseo”, aponta.
Constatação de pesquisa desenvolvida na Faculdade de Odontologia de Piracicaba corrobora dados da literatura Foto: Antonio Scarpinetti
Segundo Amaro Ilídio Vespasiano Silva, autor da tese, a grande responsável pelas alterações ósseas é a cafeína
METODOLOGIA Como dito anteriormente, a pesquisa para a tese de doutoramento de Amaro Silva foi desenvolvida em modelo animal. Ele selecionou 80 ratos adultos do Biotério Central da Unicamp, sendo 40 machos e 40 fêmeas, com idade de 90 dias. Durante o transcorrer do estudo, os animais foram mantidos em gaiolas de policarbonato, em local com temperatura e umidade controladas, com ciclos alternados de 12 horas em ambientes claro e escuro. A alimentação constou do fornecimento de ração balanceada padrão e água à vontade para todos os grupos de animais, além de dieta à base de café e refrigerantes de cola e guaraná para os grupos experimentais. As gaiolas possuíam dois bebedouros, um com água e o outro com a dieta selecionada, dispostos em posições opostas e reabastecidos diariamente com 500 ml de cada substância. O volume diário consumido era anotado e posteriormente tabulado, com a finalidade de estabelecer a média de consumo diário de água, café e refrigerantes à base de cola e de guaraná em cada grupo experimental. Todos os animais foram pesados semanalmente, para verificar se havia ocorrido ganho e/ou perda de peso, em função das dietas utilizadas. Decorridos quarenta e oito dias de administração das dietas à base de café e refrigerantes, todos os animais foram novamente pesados, com o objetivo de registrar a média de peso corporal final em cada grupo experimental, o que permitiu analisar se havia ocorrido ganho ou perda
de massa corporal em cada rato. Após o procedimento de pesagem, todos os animais foram sacrificados, seguindo o protocolo estabelecido pela Comissão de Ética no uso de Animais. Em seguida, os fêmures direitos dos animais foram dissecados e armazenados em recipientes de vidro individualizados para cada amostra, contendo formol. Após esses procedimentos, dois métodos avaliaram as consequências da dieta sobre os tecidos ósseos. Para análise da microarquitetura óssea trabecular dos fêmures foi utilizado um equipamento denominado microtomógrafo computadorizado. Para a análise da resistência óssea, foi empregado o teste de resistência à flexão de três pontos, por meio de uma máquina de ensaios mecânicos. Segundo o autor, a tese não avaliou os efeitos do consumo das bebidas sobre os dentes dos ratos. “Isso será feito em um próximo estudo, dentro do pós-doutorado”, adianta Amaro Silva. O pesquisador destaca que os resultados obtidos por sua pesquisa corroboram com dados já presentes na literatura sobre o efeito adverso do consumo de café e refrigerante à base de cola cobre o tecido ósseo. “Em relação ao consumo do refrigerante à base de guaraná, não existia até então a avaliação de seus componentes sobre a microarquitetura e resistência óssea, sendo este o pioneiro na área”, garante Amaro Silva, que contou com bolsa de estudo concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Publicação Tese: “Avaliação da microarquitetura e resistência óssea em ratos submetidos à dieta diária de café e refrigerantes à base de cola e guaraná” Autor: Amaro Ilídio Vespasiano Silva Orientador: Lourenço Correr Sobrinho Coorientador: Francisco Haiter Neto Unidade: Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) Financiamento: Capes
O cirurgião-dentista observa, ainda, que a sua tese faz parte de um projeto amplo, no qual outra aluna do doutorado está realizando a análise da densidade mineral óssea e a avaliação dos níveis séricos de cálcio, fósforo e magnésio. O objetivo é encontrar valores característicos de redução da densidade mineral óssea e de perda de minerais. Os estudos provenientes desse projeto já foram premiados na 30ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, tendo recebido o primeiro lugar. Também receberam o prêmio no IX Congresso Nacional de Radiologia Odontológica (Conabro). A equipe de trabalho é composta ainda pelos alunos de doutorado Yuri Nejaim, Gina Roque Torres e Maria Beatriz Carrazoni Cal Alonso.
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
A vida em uma
‘máquina de morar’
Estudo aponta que moradores dos DICs não têm “direito à cidade”, pois não contam com equipamentos e serviços urbanos adequados Foto: Antonio Scarpinetti
MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br
s moradores dos conjuntos habitacionais e dos bairros localizados na região do Distrito Industrial de Campinas (DIC) não têm “direito à cidade”, pois não contam com equipamentos e serviços urbanos em número suficiente para assegurar o seu bem-estar e qualidade de vida, como transporte, escolas, postos de saúde e áreas de lazer. A conclusão é da dissertação de mestrado do geógrafo Ivan Oliveira Lima, defendida no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, sob a orientação da professora Regina Célia Bega dos Santos. “A população desses bairros vive numa máquina de morar. Ou seja, as pessoas moram ali, mas não mantêm relações efetivas com o local”, afirma o autor do trabalho. De acordo com Lima, a situação atual dos DICs está diretamente relacionada à sua origem, marcada pela improvisação. Nos anos 1970, a administração do então prefeito Orestes Quércia lançou o Plano Preliminar de Desenvolvimento Integrado, documento que previa uma série de ações para orientar o crescimento de Campinas. Entre as medidas estava a criação de um distrito industrial, cujo propósito era atrair novas indústrias para o município. Naquele instante, muitas empresas localizadas na Região Metropolitana de São Paulo estavam migrando para outras cidades. O objetivo delas era fugir dos altos impostos e, ao mesmo tempo, encontrar condições mais favoráveis ao escoamento de suas mercadorias. Campinas, nesse caso, seria uma boa alternativa, por contar com rodovias, ferrovia e um aeroporto internacional. A Prefeitura promoveu, então, um grande número de desapropriações de terrenos nas proximidades das rodovias Santos Dumont e Bandeirantes e imediações do Aeroporto de Viracopos para viabilizar o projeto. A medida ampliou significativamente a dívida do município. “Ocorre que o objetivo não foi atingindo. A Prefeitura não conseguiu atrair para a cidade o número de indústrias projetado. A saída encontrada pela Administração foi transferir as áreas ociosas para a Cohab-Campinas [Companhia de Habitação Popular de Campinas], para que a empresa construísse núcleos habitacionais. A ideia era que as casas e apartamentos fossem ocupados pelas pessoas que trabalhariam nas indústrias próximas”, resgata o geógrafo. Na oportunidade, lembra Lima, a construção de moradias populares era um dos artifícios usados pela ditatura militar para dar sustentação ao regime, frente à grande demanda por habitação. Embora o déficit habitacional de Campinas fosse significativo naquele instante, a iniciativa da Prefeitura trouxe uma série de problemas para o município, como observa o autor da dissertação. “O primeiro problema é que a área não havia sido escolhida para abrigar moradias, e sim indústrias. Justamente por isso, estava localizada muito distante, a aproximadamente 18 quilômetros do Centro. Com isso, a Prefeitura passou a ter que levar infraestrutura até lá, sendo que áreas mais próximas que poderiam servir a projetos habitacionais foram descartadas”, explica. Dito de outro modo, uma população marcadamente pobre foi segregada numa área distante, de difícil acesso e sem infraestrutura adequada. “Há relatos dos primeiros moradores de que as pessoas eram obrigadas a caminhar uma hora até o ponto para conseguir pegar o ônibus. Ainda hoje, o transporte na região é bastante deficitário. Uma pessoa que more em um dos DICs e que trabalhe no distrito de Barão Geraldo, por exemplo, passa quase quatro horas do seu dia dentro de um ônibus. Esse tempo que ela perde todos os dias se deslocando de casa para o trabalho é como se fosse uma prisão”, sentencia Lima. O transporte, no entanto, não é a única dificuldade enfrentada no dia a dia pelos moradores dos DICs. Conforme o autor da dissertação, a população local sofre com muitas outras deficiências. Uma delas é a falta de escolas, inclusive de educação superior. “Eu
Vista da região dos DICs: bairros foram construídos em área distante do Centro, reservada inicialmente para a instalação de indústrias
trabalhei como professor na região e pude constatar que as escolas de ensino médio e fundamental são em número insuficiente para atender à demanda. Uma das consequências disso é que as salas de aula ficam frequentemente superlotadas. Como a região também não conta com uma faculdade, os jovens precisam se deslocar até outras regiões para poder estudar”. Ademais, prossegue o pesquisador, os moradores também amargam a precariedade do atendimento médico – são poucos postos de saúde – e o reduzido número de áreas de lazer. Oficialmente, os núcleos habitacionais contam com apenas duas áreas de lazer, conhecidas como Bosque do DIC I e Bosque dos Cambarás, localizado no DIC IV, além de um ‘complexo esportivo’, situado no DIC VI. “O problema é que um fica muito distante do outro. Não existe um uso conjugado. Esses equipamentos foram instalados de forma
arbitrária. Eles estão tão distantes das casas quanto da realidade dos moradores. Não por outra razão, ocorre um baixíssimo nível de aproveitamento desses espaços”, diz Lima. Questionado sobre que lições podem ser tiradas da experiência de implantação dos DICs, o autor da dissertação considera que a principal delas é a necessidade constante de se avaliar o uso que a sociedade quer dar para a cidade. Segundo ele, o município dispõe de ferramentas que permitem prever o crescimento populacional e a expansão urbana, duas variáveis importantíssimas para orientar o planejamento urbano. “Quando falamos de planejamento urbano, porém, temos que ter claro que ele não é a solução para todos os problemas. O documento normalmente reflete a visão de uma pessoa ou equipe, que pode ser boa ou ruim. O importante no momento de se planejar a cidade é estabelecer uma articulação entre o poder público e a soFoto: Divulgação
O geógrafo Ivan Lima, autor da dissertação: “O importante no momento de se planejar a cidade é estabelecer uma articulação entre o poder público e a sociedade civil”
ciedade civil. A sociedade precisar ser ouvida, pois é ela que vive na cidade e sabe das suas necessidades”, defende. Como exemplo da importância da participação da sociedade nas decisões sobre os destinos da cidade, Lima cita a ideia da construção de uma creche. “A princípio, a intenção pode parecer muito boa. Entretanto, é preciso ouvir a população local para saber se de fato essa é uma prioridade. Pode ser que num dado bairro ou região o mais importante seja a implantação de uma área de lazer. Para tomar boas decisões, o gestor não pode prescindir de discutir ideias e projetos com quem será diretamente afetado por eles”, reforça. Lima diz ver com bons olhos o movimento em favor da transformação do Ouro Verde, onde os DICs estão inseridos, em um novo distrito de Campinas. A decisão deverá ser submetida a um plebiscito, que ocorrerá conjuntamente com a eleição de 5 de outubro próximo. “A expectativa é de que, com essa mudança, seja de fato estabelecida uma articulação entre a região e o poder público. Obviamente, isso não representará a solução de todos os problemas, mas poderá ser um ponto positivo na busca por uma melhor assistência aos cidadãos que vivem naquela faixa da cidade”, entende. O primeiro núcleo habitacional a ser erguido na região do Distrito Industrial de Campinas foi o DIC I, em 1981. Posteriormente, foram construídos o DIC II, DIC III, DIC IV, DIC V e DIC VI, sendo que este último foi entregue já na década de 1990. Conforme Lima, não há dados muito precisos sobre o número de moradores dos seis bairros especificamente, mas o último censo demográfico indica que a região – considerando outros bairros próximos – abriga cerca de 40 mil habitantes, população equivalente à de uma cidade de pequeno porte. Ainda hoje, conforme o geógrafo, os seis bairros contam com uma população constituída basicamente por trabalhadores da indústria e do setor de serviços.
Publicação Tese: “Conjuntos habitacionais e segregação socioespacial: o Distrito Industrial de Campinas (DIC)” Autor: Ivan Oliveira Lima Orientadora: Regina Célia Bega dos Santos Unidade: Instituto de Geociências (IG)
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Campinas, 11 a 24
Na raiz dos desastres
Livro e tese de livre-docência analisam causas e consequências de
Os reféns da ‘geografia do preço’ SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br
o decorrer das tragédias ambientais de 2011 na região serrana do Rio de Janeiro, o poder público adotou uma “solução” para prevenir os moradores em situação de risco e evitar novas mortes: sirenes que apitam, avisando à população o momento de deixar suas casas, na iminência de um deslizamento de terra. O sociólogo e demógrafo Roberto Luiz do Carmo, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de População (Nepo), cita o exemplo para explicitar a deficiência na abordagem das politicas públicas direcionadas aos desastres ambientais do país. “Atualmente, as propostas de enfretamento dos riscos ambientais são reducionistas. Os gestores públicos falam: ‘bom, é importante fazer um mapeamento e identificar quais são os problemas geológicos e físicos de determinada região para colocarmos um sistema que toca uma sirene’. Poxa, toca a sirene e as pessoas vão fazer o quê? Elas não têm pra onde ir... E não escolheram estar ali. O problema é mais complexo. É preciso construir uma política de modo que a cidade seja capaz de abrigar as pessoas, até porque existem áreas aptas a serem ocupadas. Mas são ocupadas apenas por quem tem condição de pagar. E essa geografia do preço determina onde as pessoas vão morar”, critica. O docente da Unicamp defende uma nova abordagem para a problemática das tragédias ambientais, que vêm aumentando nos últimos anos, agravadas pelas mudanças climáticas. Só na região serrana do Rio de Janeiro houve quase mil mortes nos municípios de Petrópolis, Nova Friburgo, Teresópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal. O número de desalojados nestes municípios passou das 35 mil pessoas. Conforme Roberto do Carmo, os desastres são, acima de tudo, construídos socialmente e, devem, portanto, ser enfrentados a partir de uma perspectiva social. Esta é a concepção que perpassa a obra Segurança humana no contexto dos desastres (Editora Rima, 210 páginas), que acaba ser editada pelo Nepo em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (Neped), da Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O lançamento ocorre no dia 21 de agosto, a partir das 9h00, no auditório do Núcleo de População da Unicamp, com a presença dos autores e organizadores. “O desastre tem essa característica de ser uma construção social no sentido de que as pessoas mais diretamente expostas são aquelas que, por determinadas situações históricas e econômicas, ocuparam áreas impróprias. Portanto, essa ocupação não é natural: as pessoas não estão lá porque querem estar. Elas vivem lá porque são aquelas áreas específicas da cidade onde conseguiram se instalar. São as áreas que, de certa forma, são destinadas socialmente a elas. Isso é fundamental para pensar e propor políticas capazes de reverter essa situação”, defende Roberto do Carmo, organizador do livro juntamente com a professora da UFScar, Norma Felicidade Lopes da Silva Valencio, coordenadora do Neped/UFScar. A obra, que conta com a parceria do Fórum de Mudanças Climáticas, apresenta uma coletânea de textos com reflexões sobre a segurança humana em contexto de riscos e de desastres no Brasil. São onze artigos, escritos por pesquisadores e gestores públicos de diferentes áreas e campos de atuação. Embora sintetizem experiências de grupos específicos, os artigos do livro apontam, em sua totalidade, elementos relevantes para identificar e propor ações para o enfretamento dessas catástrofes. “Não foi tarefa fácil viabilizar esta coletânea. Tivemos que articular 32 pessoas oriundas de diferentes áreas geográfi-
O professor Roberto Luiz do Carmo, um dos organizadores do livro: “As propostas de enfretamento dos riscos ambientais são reducionistas”
cas e institucionais para produzirem os capítulos. E, apesar disso, o grupo não perdeu a oportunidade de produzir uma obra dialógica, com representantes de diferentes segmentos da sociedade: pesquisadores e cientistas, lideranças comunitárias e de movimentos sociais, ongs e representantes de instituições municipais, estaduais e federais”, relata o professor da Unicamp. Os temas abordam a urbanização, o planejamento, os aspectos sociopolíticos dos desastres e os desafios para a segurança humana neste contexto; a intervenção estatal e o papel da política de assistência social; as tecnologias de prevenção de riscos; a atuação dos agentes de defesa civil; e os riscos da saúde e as oportunidades de articulação, organização comunitária e fortalecimento de fóruns. No prefácio, a demógrafa Estela María García de Pinto da Cunha assinala que os artigos abordam numerosas perspectivas disciplinares, teóricas, metodológicas e empíricas, num espectro rico e amplo de temas. Assim, conforme a especialista e coordenadora do Nepo, “questionam-se quais seriam as relações sociais e políticas que induzem discursos de inevitabilidade dos desastres ‘naturais’, que levariam à sociedade a tão somente impedir suas consequências em vez de compreendê-los em toda a sua complexidade, focalizando tanto as dinâmicas econômicas quanto as sócio-políticasculturais, institucionais e multicausais.” Discute-se também, escreve Estela da Cunha, “a relevância do conceito polissêmico, multidimensional e multivariado de vulnerabilidade (diferente de exposição ao risco) que permitiria compreender a dinâmica de exposição, enfrentamento, resposta e risco, considerando as condições materiais e simbólicas do ambiente físico, da estrutura social e da experiência do perigo em cada caso particular. (...) Os autores apresentam a vulnerabilidade como um conceito promissor, que por ser heurístico amplia as concepções de segurança e de proteção da sociedade (...).”
Imagem: Reprodução
Serviço Título: Segurança humana no contexto dos desastres Organizadores: Roberto do Carmo e Norma Valencio Editora: Rima Apoio: Fórum de Mudanças Climáticas Páginas: 210 Lançamento: 21 de agosto, às 9h, no auditório do Nepo
PROGRAMA DE ESTUDOS O sociólogo Roberto do Carmo lembra que a ideia para a coletânea de textos partiu do IV Programa de Estudos População, Ambiente e Desenvolvimento, organizado em 2012 pelo Nepo, com apoio da Rede Clima e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas. O programa reuniu gestores e organizações da sociedade civil de diferentes campos de atuação e regiões brasileiras para refletir sobre a segurança humana no contexto dos desastres a partir de uma dimensão social. “Esse programa de estudos teve claramente uma abordagem nova, trazendo pessoas que numa situação de desastre nem sempre falam a mesma linguagem, como os profissionais da defesa civil e da assistência social. Nestes casos, eles nem sempre estão numa condição de igualdade. Portanto, foi importante esta oportunidade de colocar em debate estes diversos atores. Além da defesa civil e da assistência social, estavam também representantes dos moradores vitimados pelos desastres. O diálogo de todos se mostrou muito profícuo, e está um pouco refletido neste conjunto de artigos”, relaciona. Os tradicionais programas de estudos e capacitações do Nepo são desenvolvidos desde a década de 1990. Eles incorporam diversas áreas como saúde reprodutiva e sexualidade, metodologia de pesquisa em gênero, demografia, meio ambiente e, mais recentemente, campos relacionados às mudanças climáticas. As três edições anteriores dos programas de estudos abordaram, por exemplo, os eventos extremos e as dimensões humanas.
TRANSIÇÃO A segurança humana no contexto dos desastres ambientais deve revestir-se de importância cada vez maior, sobretudo, pelo crescente processo de urbanização no país nos últimos 50 anos. Roberto do Carmo aponta que o Brasil passou de um país rural na década de 1950 para um país urbano nos dias atuais. De acordo com ele, dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que 36% da população brasileira residia nas cidades naquele período. Atualmente, este número chega aos 84%, de acordo com o Censo Demográfico de 2010. “A ocupação de áreas impróprias para moradia gera uma parte da nossa preocupação com a segurança humana, principalmente porque nesse período também ganha força a questão das mudanças climáticas. Os eventos extremos associados ao clima têm impacto alto historicamente, tanto em termos de mortalidade, como de aumento de doenças de veiculação hídrica. Por outro lado, o que estamos vivenciando este ano no Sudeste é um desastre diferente, relacionado à falta de água. Toda essa discussão torna-se fundamental no sentido de que a tendência é que estes eventos, infelizmente, aumentem. E o impacto sobre a população tende a ser cada vez maior se não nos preocuparmos e nos preparáramos”, alerta.
Escombros em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro: tragédia de 2011 causou a morte d
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naturais e ambientais
catástrofes que atingem o Brasil e outros países da América do Sul
A reboque do inchaço das cidades Fotos: Antoninho Perri
CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br
urbanização desregrada e as mudanças no uso da terra trazidas pelas pressões econômicas da globalização vêm fazendo com que a América do Sul registre um número crescente de desastres naturais nas últimas décadas, desastres que atingem cada vez mais pessoas, embora causem menos mortes do que no passado. Essa é a constatação da tese de livre-docência de Lucí Hidalgo Nunes, geógrafa e professora do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, “Urbanização, globalização e suas relações com os desastres naturais na América do Sul”. A tese avaliou os dados da ONU referentes aos desastres naturais ocorridos no subcontinente entre 1960 e 2009, classificados em três categorias: hidrometeorológicos e climáticos, geofísicos e biológicos. Em entrevista ao Jornal da Unicamp, a pesquisadora disse que, embora o número de eventos deflagradores de desastres – como chuvas intensas, por exemplo – também tenha crescido no período, o impacto desses eventos, em termos do número de pessoas afetadas e prejuízos causados, cresceu muito mais, e de forma desproporcional. De acordo com os dados levantados para a tese, mais da metade dos desastres naturais a atingir o subcontinente no período analisado ocorreu apenas nas duas últimas décadas contempladas pelo estudo, os anos 1990 e 2000. Já o maior número de mortos em desastres concentrou-se
de cerca de mil pessoas e deixou mais de 35 mil desalojados
Foto: Pablo Jacob / Agencia O Globo
tor, conseguimos supri-la de uma maneira muito efetiva e rápida”. Mas essas demandas também alteram os espaços produtivos de modo expressivo. “A nossa inserção na globalização é para responder a demandas externas, mas elas muitas vezes se fazem de uma maneira muito destrutiva para o nosso ambiente, às vezes até inviabilizando aquele ambiente, passado algum tempo”, complementa. “Essa é a nossa inserção, e aí eu junto os nossos países vizinhos, nessa economia globalizada. É uma inserção que se faz às custas de uma enorme transformação do meio físico. Muitas vezes, uma transformação melhor entendida como destruição”.
URBANIZAÇÃO
Lucí Hidalgo Nunes, geógrafa e professora do Instituto de Geociências: “O pior de tudo é a falta de medidas preventivas”
nos anos 70, com forte contribuição de um único evento, um terremoto no Peru, o maior desastre da América do Sul do período investigado. Por sua vez, o número de afetados cresce a partir da década de 80. “Não é porque está chovendo mais”, disse a pesquisadora. “Pode até haver mais precipitação, mas não de forma que justifique o número de desastres, que é muito maior. A chuva, no caso das inundações, não é o contribuinte mais importante. Não na proporção do número de eventos, que sempre é maior do que qualquer eventual alteração do clima que possa ter acontecido, o que mostra que os eventos deflagradores são apenas isso, deflagradores”. Lucí, que é climatologista, incluiu um capítulo em sua tese sobre mudança climática, mas pondera que ainda que esse fenômeno possa ampliar ainda mais a chance de desastres hidrometeorológicos e climáticos, esse fato não é o principal responsável pelo aumento no número de desastres dessa natureza. “Se as mudanças climáticas se configurarem da forma como a comunidade científica prevê, um problema que já é bastante grave vai agravar-se, mas ele não foi, absolutamente, o elemento mais importante no aumento de casos constatado no período em estudo”, afirmou ela. A docente acrescentou, ainda, que a coleta das ocorrências vem melhorando, o que contribui parcialmente com a tendência de aumento de registros, incluindo do número de vítimas e de prejuízos, mas reafirma que a transformação das áreas e a ocupação desenfreada de setores de risco são os elementos-chave para o quadro de desestruturação encontrado.
MUDANÇA CLIMÁTICA “O que a gente vê é que sem dúvida alguma está havendo um aumento dos desastres naturais – e muitos deles são induzidos por fenômenos atmosféricos, como chuvas, por exemplo. E uma das coisas que a comunidade científica coloca em relação às mudanças climáticas é que vai haver mais extremos: ou seja, mais episódios de chuva concentrados, ou mais secas”. A pesquisadora acrescenta que, se isso se configurar, haverá mais desastres naturais. Mas faz a ressalva: “É fato que, mesmo que a gente não considere as mudanças climáticas, de qualquer maneira os eventos deflagrados por condicionantes atmosféricos têm aumentado. Por mais que possa estar chovendo um pouco mais, nada justifica o enorme número de eventos, nas décadas mais recentes, em relação às décadas primeiras que analisei”. A tese segue a definição da ONU para desastre natural. “Para as Nações Unidas, desastre natural é aquele evento que ou promove dez mortes, e/ou pelo menos 100 afetados, ou que causa perdas e impactos que superam a capacidade de reação da comunidade afetada, requerendo ajuda externa”. A pesquisadora reconhece que existem outras definições viáveis. “Há controvérsias. Há leituras diferentes do que seria um desastre natural”, disse ela. A adoção do critério das Nações Unidas e, por tabela, das bases de dados da ONU sobre desastres, permitiu uma comparação mais sólida entre intervalos de tempo e países.
GLOBALIZAÇÃO “O meu mote foi como urbanização e globalização têm sido indutores dos desastres naturais”, explicou Lucí. No caso da globalização isso acontece, de acordo com a pesquisadora, porque os países da América do Sul – ela destaca especificamente Brasil, Chile e Argentina – buscam uma inserção da encomia globalizada que desconsidera a dinâmica do meio ambiente. “Nós temos uma capacidade muito rápida de responder às demandas externas da globalização. Por exemplo, quando há uma crise internacional no abastecimento de algum produto agrícola de que o Brasil também é produ-
Já o processo de urbanização, que se vem acelerando em todo o mundo e também na América do Sul, “é uma transferência muito grande de população para as áreas urbanas”, disse a pesquisadora. “Num primeiro momento, a ocupação se faz em determinadas áreas do município e depois vai se expandindo, não raro, para as áreas sujeitas a deslizamentos, a inundações. A ocupação urbana mais recente, dos últimos 20, 25 anos, tem se dado, em maior ou menor grau em todas as cidades da América do Sul, em áreas que são passíveis de serem afetadas por algum problema, principalmente os de ordem hidrometeorológica, como enchentes ou deslizamentos de terra”. Lucí volta a ressaltar que as chuvas, mesmo intensificadas, não têm sido o fator mais importante nesse tipo de desastre. “Pode até estar havendo chuvas mais concentradas, mais intensas, isso é um elemento importante para gerar inundações, escorregamento de encosta, isso é fato. Só que não na proporção do número de eventos, que sempre é maior do que qualquer alteração das chuvas”. O aumento no número de desastres naturais e de vítimas afetadas surge da ocupação desordenada dos espaços urbanos, e da grande suscetibilidade que isso gera. “Uma boa parte dessa ocupação se dá em áreas costeiras, isso é uma realidade mundial. Se dá em áreas que já têm um certo grau de suscetibilidade, é uma ocupação muito dramática, muito agressiva”, afirma a pesquisadora. “Áreas tropicais úmidas costeiras são vulneráveis por definição. São locais onde processos como movimentos de massa acontecem mesmo sem gente. Meus colegas geomorfólogos, geólogos, conseguem reconstituir deslizamentos que ocorreram a 200, 250 anos atrás; isso faz parte da evolução física desses locais”.
VIDAS HUMANAS As transformações que o ser humano opera no ambiente não vêm sempre no sentido de aumentar a vulnerabilidade das populações aos desastres naturais – também há medidas preventivas e mitigadoras que podem ser tomadas – “mas são dois processos que andam em velocidades diferentes”, disse Lucí. “A velocidade da transformação, em Campinas, Quito, Valparaíso ou Buenos Aires é tal que em três, quatro, cinco anos os bairros já têm muito mais pessoas. Assim, a transformação, a urbanização, é muito grande e, nos anos mais recentes, ocorre cada vez mais em áreas de risco. Ela se faz numa velocidade que dificulta a restabilização dos locais, que às vezes é possível, mas nem sempre”. O mundo inteiro, afirma a pesquisadora, investe menos que o necessário para tratar dos desastres naturais. Mesmo no Japão, país considerado modelo nessa área, as medidas preventivas são insuficientes, de acordo com ela. No caso do terremoto, seguido de tsunami, que atingiu a usina nuclear de Fukushima, em 2011, morreram cerca de 15 mil pessoas, fato que a pesquisadora aponta como preocupante. Porém, na ocasião essa cifra foi tida como positiva por ter sido comparada à situação do Haiti, onde um terremoto de intensidade menor matou mais de 200 mil pessoas. Mas ela considera que mesmo o número verificado no Japão é inaceitável, ainda mais para um país desenvolvido. Lucí lembra que o Brasil só criou seu Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) em 2011, após a tragédia dos deslizamentos de terra que atingiram as cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, no que foi considerado o maior desastre natural do Brasil em número de mortos, com cerca de mil vidas perdidas. Nisso, diz ela, o Brasil não é muito diferente do resto do mundo, destacando que somente após o advento de uma grande calamidade, em especial quando se atingem pessoas de renda mais alta, é que medidas mais efetivas são iniciadas. O número de mortos vem caindo, mesmo com o crescimento no total de desastres, “por causa de algumas ações”, disse a pesquisadora, “que têm alguma efetividade”, principalmente na resposta imediata à situação de emergência. Mas o crescimento no total de afetados mostra que essas ações não bastam. “O desastre natural é um processo”, ela faz questão de frisar. “Aquele momento em que a coisa detona é o ápice de um processo que já vem de algum tempo. As pessoas já moravam lá, as casas já eram frágeis, de repente acontece um terremoto ou uma chuva muito intensa e acontece a calamidade. Mas ela é decorrência de fatos anteriores. Acho que o pior de tudo é a falta de medidas preventivas”.
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
A invenção do artista moderno ALEXANDRE RAGAZZI alexandreragazzi@yahoo.com.br
perspectiva é uma das principais invenções do Renascimento italiano. Suas bases teóricas, que pressupõem a projeção de linhas convergentes para um ponto no infinito, destacavam-se no início do Quatrocentos por preceder a recolocação do Sol no centro do universo e porque logo encontrariam equivalentes na intuição da existência do pensamento e do universo infinitos. Tais elementos, assim simplificados, podem bem dar a dimensão da época que então se inaugurava. Como não poderia deixar de ser, essa história precisava ser escrita e precisava de um herói. Filippo Brunelleschi é hoje recordado não apenas como o engenhoso arquiteto que conseguiu assentar a imensa cúpula da catedral florentina – quem se lembra das contribuições de Lorenzo Ghiberti ou Battista d’Antonio? –, mas sobretudo como o inventor da perspectiva linear. Esse retrato de Brunelleschi foi elaborado, em grande parte, a partir da biografia que dele escreveu Giorgio Vasari. Contudo, a imagem de Brunelleschi transmitida por Vasari não seria a mesma sem a contribuição de outro biógrafo, notadamente Antonio Manetti. Entre 1480 e 1482, Manetti escreveu a Novela do Grasso entalhador, a qual é seguida pela Vida de Filippo Brunelleschi, e desde esse momento ficaram delineados os contornos principais do retrato do artista.
São esses os textos agora publicados pela Editora da Unicamp, na coleção Palavra da Arte. Com tradução, notas e comentários de Patrícia D. Meneses, o livro foi prefaciado por Luiz Marques, do Departamento de História do IFCH. Já no prefácio, Luiz Marques aponta para questões relativas à noção de identidade presentes no texto, para a crise da ideia de unidade do Eu que é desencadeada com a narração da anedota do Grasso entalhador, o qual, enganado pela argúcia de Brunelleschi, acredita ter-se tornado um outro. Quem é o Grasso e quem é Brunelleschi? Qual deles é de fato um artista? O retrato de Brunelleschi proposto por Manetti insere-se no lento processo de aceitação do artista como personagem digno de ser lembrado. Os primeiros registros modernos dessa tradição são a inclusão de artistas entre os homens ilustres de Florença por parte de Filippo Villani e a autobiografia escrita por Ghiberti, mas é inegável a importância dos textos de Manetti para a consolidação da biografia de artista como gênero autônomo. Se o autorretrato pode ser entendido como local da consciência artística, a biografia de Brunelleschi eleva-se por criar a ideia do artista genial que supera todas as adversidades. Fascinante foi a escolha de Manetti em preceder a biografia por uma anedota. Como bem nota Patrícia Meneses, pode-se ver aí a equiparação entre o engenho de Brunelleschi e a própria teoria da perspectiva, posto que, tanto no caso da burla imposta ao Grasso quanto no da perspectiva, estamos
no terreno da ilusão, do ponto de vista que oferece uma nova percepção da realidade para cada indivíduo. Não menos interessante é a subjacente questão da comparação entre Brunelleschi e Leon Battista Alberti. Patrícia Meneses chama-nos a atenção para o fato de que estamos diante de mentalidades completamente contrastantes; a de Alberti, estritamente teórica e que entende o legado clássico como lei universal, e a de Brunelleschi, que reconhece no repertório da Antiguidade tão somente um instrumento real para a solução de problemas práticos. Trata-se, assim, da valorização da autonomia criativa e do incentivo à superação do antigo através do estudo e do talento, tema central para os artistas que se formavam no momento de composição daqueles textos. Essas são apenas algumas das questões suscitadas por esse livro. Leitura fundamental para os interessados em arte, arquitetura, literatura ou história renascentistas, também agradará ao leitor amador, que poderá se deleitar com o humor italiano típico do Renascimento e com os momentos em que, transportado pela imaginação à Florença do Quatrocentos, verá a si próprio contemplando a grande cúpula da cidade, perplexo diante da ousadia e do talento daqueles homens. Alexandre Ragazzi é professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais
Tese revela incidência da asma infantil em Teresina SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br
ais de 20% das crianças com idades entre 6 e 7 anos de Teresina (PI) sofrem de asma, doença pulmonar crônica e inflamatória. Destes, 6,3% são acometidos pela asma grave, que provoca tosse e falta de ar, levando a morte em muitas situações. Ao mesmo tempo, os casos não diagnosticados ultrapassam os 13%. O retrato da doença na capital do Piauí e município mais populoso do Estado faz parte de um estudo inédito produzido pela enfermeira Rosana dos Santos Costa, pesquisadora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e docente da Universidade Federal do Piauí (UFPI). “A maior parte das capitais brasileiras já tem estudos que identificaram a prevalência da asma. Teresina e Piauí, de uma forma geral, não têm nenhum estudo sobre isso. Esta foi uma das motivações da pesquisa, ou seja, saber se o município tinha índices semelhantes à média nacional. E realmente foi identificado que a prevalência de asma em Teresina, como em todo o Brasil, é alta. Trata-se de uma doença com subdiagnóstico considerável e elevado índice de crianças apresentando sintomas graves”, situa Rosana Costa, cuja pesquisa integrou tese de doutorado defendida em junho último junto ao Programa de Pós-Graduação da FCM. O trabalho desenvolvido pela enfermeira contou com a orientação da professora Maria de Lourdes Zanolli, que atua no departamento de pediatria da FCM. Rosana dos Santos Costa obteve coorientação da docente Lidya Tolstenko Nogueira, vinculada ao Departamento de Enfermagem da UFPI. A prevalência de asma foi identificada junto a uma amostragem de 683 crianças. Os dados foram coletados nos domicílios dos participantes entre 2011 e 2013 por meio de entrevistas individuais. Para validar os resultados obtidos, a estudiosa da Unicamp utilizou o International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), instrumento de pesquisa reconhecido internacionalmente. “É um retrato muito preocupante porque o número de casos não diagnosticados
é alto. Sem diagnóstico não há tratamento, obviamente; e a asma pode matar, sobretudo na infância. Outra preocupação é que Teresina não tem nenhum grupo que trabalha especificamente com esta doença, como existem em outras capitais, que possuem ambulatórios específicos, tanto em doenças respiratórias crônicas, como em doenças alérgicas. São crianças que ficam, de certa forma, desassistidas”, expõe. Os resultados da pesquisa também apontam a fragilidade da Estratégia Saúde da Família (ESF), serviço de atenção básica oferecido à população pelo município, afirma a enfermeira Rosana Costa. As crianças que integraram a amostragem do estudo residem em áreas cobertas pelo ESF. “Este serviço não está dando conta do recado neste sentido. As crianças não estão sendo devidamente acompanhadas e tratadas. A única opção que resta aos pais é recorrer aos serviços médicos de urgência. Cerca de 20% das crianças têm atendimento nas urgências pediátricas por asma. É, muitas vezes, um tratamento que poderia ser feito em casa se houvesse uma orientação adequada”, critica. Ela acrescenta que falta aos profissionais da Estratégia de Saúde da Família uma visão mais holística sobre a doença. “O êxito no Foto: Divulgação
A orientadora da pesquisa, professora Maria de Lurdes Zanolli (à esq.), e a autora, Rosana dos Santos Costa
Autor: Antonio di Tuccio Manetti Introdução, tradução e notas: Patrícia D. Meneses Páginas: 280 Área de interesse: História da Arte Editora da Unicamp | Preço: R$ 42,00
Subdiagnosticada, doença atinge mais de 20% das crianças com idades entre 6 e 7 anos
tratamento da asma infantil, que é a melhoria da qualidade de vida do doente, requer, também, uma assistência abrangente voltada à criança, para compreendê-la dentro de sua realidade cultural, de forma que as intervenções planejadas tenham uma maior efetividade. Neste sentido, é muito importante que os profissionais de saúde conscientizem o paciente e seus familiares acerca da asma, sobretudo em hábitos que contribuam para o controle das crises. Essas orientações são essenciais para o controle da doença.”
SUPERPROTEÇÃO PREJUDICIAL
O estudo traz também aspectos relevantes sobre a percepção dos familiares em relação à asma. Rosana Costa identificou que os pais remodelam o estilo de vida, alterando suas atividades rotineiras para dedicar mais cuidados aos filhos, superprotegendo-os na maioria das vezes. Este cuidado em excesso pode prejudicar, segundo a pesquisadora, o desenvolvimento da criança, trazendo, inclusive, problemas emocionais. “A asma é uma doença muito debilitante. Com medo da crise, os pais começam a restringir as atividades dos seus filhos. ‘Não pode andar de bicicleta, não pode jogar futebol...’ Portanto, começa esse ‘não pode’ e a criança perde autonomia e acaba desenvolvendo problemas emocionais, que afetam a própria asma. A criança vê a outra fazendo e é cerceada. Ela tem, na maior parte das vezes, esse direito limitado, causando um dano ao seu crescimento e ao desenvolvimento. É algo preocupante pois a brincadeira é fundamental nesta fase.”
CENÁRIO NACIONAL
Serviço
Em seu estudo, a pesquisadora da Unicamp explica que as doenças respiratórias crônicas, frequentes na infância, têm aumentado sua prevalência nas últimas décadas. Entre as principais causas estão a irritação brônquica de origem infecciosa causada por vírus, e a não infecciosa, determinada por alérgenos, como fumaça de cigarro e poluentes atmosféricos. Ainda de acordo com ela, a asma destacase, entre estas doenças, como a enfermidade que mais acomete crianças, tendo como consequência um elevado número de procura aos serviços de emergência, consultas
ambulatoriais e internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados coletados no estudo indicam que as prevalências de asma e do subdiagnóstico de Teresina foram semelhantes à média nacional. Enquanto a doença atingiu 23,3% da população infantil em Teresina, nacionalmente o índice foi de 24,3%. Do total destas ocorrências, os casos de asma não diagnosticadas no município ultrapassaram os 13%, enquanto a média nacional foi de 10%. “Em 2011, a asma foi responsável por mais de dois mil óbitos e, no ano de 2012, por quase 150 mil internações no Brasil, correspondendo à segunda causa de internamento. Entre as doenças do aparelho respiratório, ela é superada apenas pela pneumonia. Trata-se, portanto, de um problema de saúde pública do país. E como é uma doença que não tem cura, os tratamentos atuais objetivam o controle da doença”, dimensiona.
PROJETO DE EXTENSÃO
Os resultados da pesquisa servirão como base para o desenvolvimento de um projeto de extensão para atacar o problema no município. Segundo Rosana Costa, será uma parceria entre a Universidade Federal do Piauí, cujo campus está localizado em Teresina, e a Secretaria Municipal de Saúde. “O projeto de extensão que estamos propondo fará um acompanhamento das crianças na comunidade. O doutorado fez o mapeamento das principais áreas acometidas e dos números de cada bairro e este projeto pioneiro em Teresina irá intervir nas principais lacunas. Além do atendimento de saúde às crianças, haverá uma central para tirar dúvidas e orientar as famílias”, revela.
Publicação Tese: “Asma na infância: prevalência, conhecimento e percepção dos pais sobre a doença” Autora: Rosana dos Santos Costa Orientadora: Maria de Lurdes Zanolli Coorientadora: Lidya Tolstenko Nogueira Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
Cirurgia reconstrutora é opção confiável em caso de perda óssea Técnica do retalho vascularizado faz paciente retomar suas funções mais rapidamente ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br
cirurgia ortopédica para reconstruir perdas ósseas por traumas graves, pseudoartroses, osteomielites crônicas e tumores pode ser feita por meio de várias técnicas. São utilizados fixadores externos, fixadores internos, endopróteses e enxerto ósseo não vascularizado. O retalho microvascularizado, outra técnica, aplicase aos casos graves que se enquadram nas situações nas quais os procedimentos convencionais falharam ou não foram possíveis. A alternativa, no caso, seria a amputação. Não é o que ocorre. Um estudo de mestrado desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) demonstrou que, para perdas ósseas de 5 cm a 10 cm, a técnica do retalho vascularizado da crista ilíaca (ossos localizados na parte superior do quadril) mostrou ser uma ótima opção para o tratamento dessas lesões. “As vantagens são reconstruir as partes moles, manter o osso vivo e possibilitar o retorno do paciente mais precocemente às suas funções, visto que o osso se consolida mais rapidamente, sem apresentar morbidades tardias ao local doador”, salienta. Casos de perda óssea são relativamente raros e, na maioria das vezes, são de difícil tratamento. Contudo, segundo a pesquisadora Cristiane Tonoli Velozo de Andrade, autora do estudo, que teve orientação do professor Bruno Livani, em todos os casos submetidos à cirurgia reconstrutora conseguiu-se consolidação óssea. “Verificamos que este é um recurso possível, confiável, seguro e com bons resultados funcionais”, garante. A autora chegou a essa conclusão após avaliar 11 pacientes com traumas atendidos no Ambulatório de Ortopedia do HC. Seis vieram com lesões no punho, dois lesões no fêmur (na coxa), um no pé e dois no úmero (o maior osso do membro superior, que se relaciona com a escápula, o rádio e
com a ulna através das articulações do ombro e do cotovelo). A pesquisa aconteceu entre 2011 e 2014.
TÉCNICA O retalho vascularizado da crista ilíaca é utilizado para o tratamento de lesões do aparelho locomotor (sistema esquelético). Elas normalmente decorrem de traumatismos graves, nos quais ocorrem perdas ósseas de partes moles, podendo englobar lesões nas estruturas da pele, músculos, tendões, ligamentos ou invólucros de tecidos que cobrem articulações. Através dessa técnica, a crista ilíaca é extraída e levada com vascularização (com vasos) ao local da perda óssea. Deste modo, é possível reconstruir as partes moles e suprir o defeito de vascularização que pode estar inclusive associado a essa perda. Cristiane tinha dúvida se a reconstrução de traumas e defeitos de partes moles do aparelho locomotor se consolidaria. A resposta foi afirmativa em todos os casos avaliados. A ortopedista conta, entretanto, que a reabilitação é um pouco mais demorada quando o órgão submetido à cirurgia é o fêmur, por causa da ligação que ele possui com o joelho. “Assim fica mais complicado o paciente conseguir a sua movimentação”, diz. Quanto à vascularização, esse processo implica que a crista ilíaca seja levada junto com a artéria e com a veia para o local da perda. A falta de vascularização, quando existe uma lesão por esmagamento ou lesão por perda de partes moles, também leva à perda de artérias no local. “Então somos capazes de fazer reconstrução com essa técnica”, relata. Fato é que as técnicas tradicionais, que conduziriam o osso sem vascularização, sem artéria, não permitiriam reconstruir as partes moles, as partes vivas. Essa é a grande diferença da técnica microvascularizada. Ela é capaz de manter o osso vivo. O paciente, na verdade, já chega apresentando alguma lesão, perda óssea ou de
partes moles. No primeiro momento, a técnica do retalho microvascularizado da crista ilíaca não é realizada porque, quando acontece o traumatismo, a pessoa em geral dá entrada pelo plantão do hospital. O máximo que se faz é uma limpeza ou um debridamento (remoção do tecido desvitalizado na ferida), sendo colocado um suporte inicial, provavelmente um fixador externo. No segundo momento, é agendada a cirurgia para o retalho microvascularizado. Essa intervenção é na maioria das vezes bastante demorada. Pode levar pelo menos três horas de duração, já que envolve a retirada do retalho microvascularizado da crista ilíaca. A seguir, é realizado o enxerto do local. Essa técnica é mais difundida entre os ortopedistas especialistas da mão e cirurgiões plásticos. O procedimento é realizado com uso de microscópio. Trata-se de uma cirurgia bastante especializada, que requer do cirurgião treinamento em microcirurgia. Cristiane, por exemplo, está fazendo uma especialização na Universidade de São Paulo. Entre as técnicas disponíveis hoje, essa é a mais exitosa para o tratamento de perdas ósseas moderadas. Existe ainda a possibilidade de empregar o retalho vascularizado da fíbula (perônio). O problema é que às vezes ele não pode ser usado porque também notam-se outros traumas no membro. É mais praticado para reconstruções ósseas de extremidades e de mandíbula. Outras técnicas igualmente possíveis são a do fixador externo com alongamento ósseo, que é muito dolorida e que parece uma gaiola. O osso vai se alongando com o tempo. Mas demora anos para atingir o tamanho esperado. Tem ainda a técnica do enxerto de banco de ossos. Dificilmente se consegue uma boa adaptação. “Não é um osso vivo que trazemos para outra pessoa junto com a artéria e com a veia.” No HC da Unicamp, uma das técnicas de eleição é a do enxerto ósseo não vascularizado.
ACOMPANHAMENTO Cristiane efetuou acompanhamento ambulatorial por 17 a 36 meses dos 11 pacientes avaliados. Notou que todos eles, apesar de sofrerem traumatismos graves, conseguiram retornar às atividades de lazer e de trabalho. “Mas isso não foi utilizado como um critério de avaliação, por ser muito subjetivo”, esclarece. “Empregamos como critérios clínicos ausência de dor e o retorno às atividades básicas da vida diária”, expõe. A principal complicação encontrada no estudo, segundo relato da pesquisadora, foi a dor pós-operatória no local do osso doador. Essa dor se estendeu por cinco a 30 dias depois da cirurgia. E, para que houvesse seu alívio, a pesquisadora lembra que foram prescritos analgésicos até que a dor fosse debelada. Depois de um mês, a ortopedista revela que todos os pacientes não referiam mais dor. Também foi percebida ausência de mobilidade no osso (o que significa que ele consolidou), tanto na avaliação clínica quanto na avaliação radiográfica. Para se recuperarem completamente, esses pacientes passaram por sessões de fisioterapia, com duração de três a seis meses. Para os casos de fêmur, por ser um órgão muito próximo do joelho, tiveram que fazer até um ano de sessões de fisioterapia. O estudo envolveu uma criança, que na época tinha nove anos. A sua resposta ao tratamento foi melhor que a dos adultos. A consolidação ocorreu mais rapidamente, em torno de um mês, ao passo que o tempo médio de consolidação nos adultos foi de três meses. No estudo, além da consolidação ter sido mais rápida, a remodelação foi perfeita, na opinião de Cristiane. A maior contribuição deste estudo, conforme a mestranda, foi que não havia na América Latina publicação acerca do uso do retalho vascularizado da crista ilíaca para perdas do aparelho locomotor. Esse foi o primeiro trabalho que foi posto à prova. “Agora a ideia é divulgar essa técnica em hospitais em que haja tratamento de traumas. Que os cirurgiões se interessem por ela e passem a executá-la de rotina”, espera Cristiane. Foto: Antonio Scarpinetti
Publicações Artigo Tonoli, C.; Bechara, A.H.S.; Rossanez, R.; Belangero, W.; Livani, B. Use of the vascularized iliac-crest flap in musculoskeletal lesions. BioMed Res. Intern., 2013:1-6, 2013. Dissertação: “Emprego do retalho vascularizado da crista ilíaca para tratamento de lesões do aparelho locomotor” Autora: Cristiane Tonoli Velozo de Andrade Orientador: Bruno Livani Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
A pesquisadora Cristiane Tonoli Velozo de Andrade, autora do estudo: “O osso se consolida mais rapidamente, sem apresentar morbidades tardias ao local doador”
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014 de Benefícios Sociais (GGBS). Mais detalhes pelo site http://www.preac. unicamp.br/corredorcultural/ Fórum - No dia 21 de agosto acontece no auditório da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp o Fórum Permanente de Arte, Cultura e Lazer, “Literatura, Cinema e Conhecimento: possibilidades interdisciplinares”. O evento congrega docentes de diferentes formações e linhas de pesquisa e busca fomentar os diálogos entre as áreas de conhecimento. O evento ocorrerá das 9 às 17h30. A FCA fica à rua Pedro Zaccaria, 1300, Limeira. Mais detalhes e programação completa pelo site http://www.foruns.unicamp.br/foruns/projetocotuca/forum/htmls_descricoes_eventos/arte61.html SeEMTeC - O Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) organiza nos dias 26 e 27 de agosto a Semana do Ensino Médio e Técnico (SeEMTeC). O objetivo é discutir temas da área de ensino, educação técnica e gestão de carreira através de palestras, minicursos e mesas-redondas. O evento é destinado a alunos, professores e profissionais de escolas e colégios técnicos, universidades, centros de pesquisa e empresas. O local do SeEMTeC 2014 é o Centro de Convenções da Unicamp, que fica na Av. Érico Veríssimo, 800, no campus de Campinas. Dúvidas pelo e-mail seemtec@cotuca.unicamp.br ou telefone (19) 99878-1730. Programação e mais detalhes no site http://seemtec.cotuca.unicamp.br/
TESES DA SEMANA PAINEL DA SEMANA Vestibular 2015 - A Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) recebe, de 11 de agosto a 11 de setembro, as inscrições e o pagamento da taxa para o Vestibular 2015. As provas de habilidades específicas de música ocorrem de 25 a 29 de setembro. Já a primeira fase do Vestibular está marcada para 23 de novembro. A segunda fase será realizada de 11 a 13 de janeiro de 2015 e as provas de habilidades específicas, de 19 a 22 do mesmo mês. No dia 2 de fevereiro a Comvest divulga a lista de chamada para matrícula virtual. Elas devem ser feitas nos dias 3 e 4 de fevereiro. A lista para a realização da primeira matrícula presencial sai no dia 6 de fevereiro e os convocados devem se matricular no dia 11 do mesmo mês. O início das aulas para o ano letivo de 2015 está previsto para 25 de fevereiro. Educação infantil - No dia 11 de agosto ocorrem na Unicamp o V Fórum Internacional de Educação Infantil e o III Fórum de Educação Infantil como Política Pública de Educação. Os fóruns são organizados por pesquisadoras do programa de estudos em educação infantil do Núcleo e Estudos de Políticas Públicas (NEPP), ligado à Coordenadoria dos Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen) da Unicamp. Os fóruns ocorrerão das 8h30 às 17 horas no auditório do Centro de Convenções da Unicamp, à rua Elis Regina, 131, no campus de Campinas. Inscrições e mais detalhes pelo http://www.cocen.unicamp.br/forumeducacaoinfantil/ ou pelo telefone 19-3521-5176. Artes da Cena - O Seminário do Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena acontece no dia 11 de agosto, às 18 horas, no Barracão do PaviArtes. Objetiva fortalecer a interlocução entre os diversos grupos de pesquisa do Programa de Pós-graduação em Artes da Cena da Unicamp e fornecer um panorama das pesquisas em andamento e já concluídas, apresentando, desse modo, o Programa aos alunos ingressantes e também aos alunos dos cursos de graduação em Artes Cênicas e em Dança. Estabelecer novos encontros e diálogos entre o corpo docente e o discente, promovendo uma maior integração entre pesquisadores de diversos níveis (professores-pesquisadores, doutorandos, mestrandos e graduandos de iniciação científica) é a meta principal do encontro. A organização é do Programa de Pós-graduação Artes da Cena do Instituto de Artes (IA). Mais informações no site http://seminarioppgadc.wix.com/ encontrosedialogos ou e-mail adrianastbarcellos@gmail.com Conexão cultural - Um show de violino popular brasileiro com o Ricardo Herz Trio é a próxima atração do Projeto Conexão Cultural. O grupo faz apresentação no dia 13 de agosto, às 18 horas, na Praça do Ciclo Básico (próximo ao Instituto de Biologia). Trata-se de uma excelente oportunidade para o público conferir as mais belas melodias do choro tradicional e moderno. O Conexão Cultural é uma realização da Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC) dentro do Programa Campus Tranquilo. Entrada livre. Mais detalhes pelo telefone 19-35211732 ou e-mail cultural@unicamp.br Física na Indústria - Estão abertas até 14 de agosto as inscrições para o Fórum de Física na Indústria (Industrial Physics Forum). O evento ocorrerá de 28 de setembro a 3 de outubro na Unicamp e é organizado pelo Instituto Americano de Física (AIP) e pelo Centro Internacional de Física Teórica (ICTP) em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e com o braço Sul Americano do ICTP para Pesquisas Fundamentais (ICTP-SAIFR). O tema desta edição é “Capacitação em física industrial em economias emergentes”. O objetivo é promover a aproximação entre cientistas e indústria para atender às necessidades da sociedade relacionadas ao avanço tecnológico sustentável. O fórum é aberto a cientistas e estudantes de todos os países que são membros das Nações Unidas, da Unesco ou da AIEA. O idioma oficial será o inglês. Não há taxa de inscrição e uma ajuda financeira estará disponível para um número selecionado de candidatos. Alunos de doutorado e jovens doutores, tanto do Brasil como de outros países, receberão apoio financeiro da Fapesp para a viagem e hospedagem. A conferência ocorrerá na Faculdade de Ciências Médicas, à rua Tessália Vieira de Camargo, 126, no campus de Campinas. Inscrições e outras informações pelo site http://www.aip.org/industry/ipf/2014/capacity-building-industrial-physics-developing-emerging-economies Planes II - A Comissão de Planejamento Estratégico Institucional (Copei) da Unicamp aprovou recursos da ordem de R$ 21,6 milhões para serviços de manutenção e reforma predial em Faculdades, Institutos, Colégios Técnicos, Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa, Órgãos da Administração Central (desde que vinculados a atividades de ensino) e Órgãos da Área de Saúde. O edital da chamada interna do Planes II – 2014 permite desde já a apresentação de projetos que podem ser encaminhados à Pró-Reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU) até o dia 15 de agosto. Leia mais: http://www.unicamp.br/ unicamp/noticias/2014/06/10/copei-aprova-r-216-mi-para-manutencaoe-reforma-predial Difusão de Educação e Ciência - O Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) organiza no dia 15 de agosto, das 13 às 16h30, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (Legolândia), a “Oficina de Difusão de Educação e Ciência” com a participação das Escolas Municipais de Educação Fundamental “Elza Maria Pelegrini Aguiar” e “Padre José Narciso Vieira Ehremberg”. O evento está sob a responsabilidade dos professores Lício Augusto Velloso, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), e Ronaldo Pilli, do Instituto de Química (IQ), coordenador de Educação e Difusão. O objetivo é orientar quanto a qualidade de vida e boa alimentação. Oficinas com alunos de escolas públicas de ensino fundamental e médio de Campinas são realizadas mensalmente pelo Centro. Apoio: Fapesp. Mais informações: 19-35212695 ou e-mail cristina.vidrich@reitoria.unicamp.br Segurança humana no contexto dos desastres - No dia 21 de agosto, a Área de População e Meio Ambiente do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó”, em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (Neped- Universidade Federal de São Carlos), realizará o seminário “Segurança Humana no Contexto dos Desastres: dos desafios das práticas técnicas e comunitárias ao debate científico contemporâneo”. O objetivo é suscitar o debate e a busca de possíveis soluções para a questão dos desastres ‘naturais’, que afetam a população, principalmente grupos sociais menos favorecidos que habitam em áreas de risco, vulneráveis a deslizamentos de terra, enchentes, alagamentos e enxurradas. As inscrições podem ser feitas até 15 de agosto pelo e-mail desastres@terra.com.br. O seminário ocorrerá no auditório do Nepo, das 9 às 17 horas, à Avenida Albert Einstein, 1300, Cidade Universitária, em Campinas. Corredor Cultural - De 19 a 21 de agosto, a Unicamp será sede do Seminário Corredor Cultural, evento aberto à comunidade acadêmica e que terá mesas de debate e fóruns de discussão na temática da cultura e suas interfaces com a extensão universitária. O seminário faz parte do Projeto Corredor Cultural, que busca estimular a circulação de projetos artístico-culturais produzidos nas universidades públicas e institutos federais da Região Sudeste. Trabalhos pré-selecionados na área de extensão universitária e cultura serão apresentados em formato de pôsteres. O seminário ocorrerá no Centro de Convenções da Unicamp, no campus de Campinas, e é organizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) e em parceria com o Fórum de Pró-Reitores de Extensão (Forproex) da Região Sudeste, com apoio do Grupo Gestor
Artes - “História das origens da criação do método bailarino-pesquisador-intérprete (BPI) e do seu desenvolvimento no primeiro percurso da sua criadora (1970-1987)” (doutorado). Candidata: Paula Caruso Teixeira. Orientadora: professora Graziela Estela Fonseca Rodrigues. Dia 6 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala 3 da Pós-graduação do IA. “Começar de Novo: a trajetória musical de Ivan Lins de 1970 a 1985” (doutorado). Candidata: Thais Lima Nicodemo. Orientador: professor Antonio Rafael Carvalho dos Santos. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, na Pós-graduação do IA. “O parque de esculturas museu Felícia Leirner” (mestrado). Candidato: Giuliano Amadeu Baroni. Orientadora: professora Maria de Fátima Morethy Couto. Dia 13 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 2 da CPG do IA. “Litografia artística brasileira: Darel Valença Lins e Lotus Lobo” (doutorado). Candidato: Vitor Hugo Gorino. Orientadora: professora Maria de Fátima Morethy Couto. Dia 15 de agosto de 2014, às 15 horas, no prédio da Pós-graduação do IA. “Representando o desconhecido: O timbre orquestral na trilha musical de Jerry Goldsmith” (mestrado). Candidato: Douglas Regis Berti da Silva. Orientador: professor José Eduardo Ribeiro de Paiva. Dia 21 de agosto de 2014, às 14 horas, na CPG do IA. Biologia - “Preparo e caracterização de diferentes sistemas de liberação modificada para o anestésico local articaína” (doutorado). Candidata: Nathalie Ferreira Silva de Melo. Orientador: professor Leonardo Fernandes Fraceto. Dia 8 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses da CPG do IB. “Mapeamento de vias de sinalização envolvidas na resistência a quimioterápicos em células leucêmicas: uma abordagem computacional” (doutorado). Candidato: Renato Milani. Orientador: professor Eduardo Galembeck. Dia 11 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do prédio da CPG do IB. “Caracterização estrutural do complexo protéico calsarcina 1 – calcineurina A” (doutorado). Candidato: Carlos Roberto Koscky Paier. Orientador: professor Kleber Gomes Franchini. Dia 15 de agosto de às 8 horas, na sala da congregação, bloco L do IB. “A Nek7 é uma quinase multifuncional que atua sobre diferentes processos biológicos e em concerto com a sinalização da divisão celular” (doutorado). Candidata: Edmarcia Elisa de Souza. Orientador: professor Jorg Kobarg. Dia 20 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa do 1o. andar do prédio da CPG do IB. Ciências Médicas - “Monitoramento sorológico anti-IgG de infecção por Pseudomonas aeruginosa em pacientes com fibrose cística atendidos no HC Unicamp” (mestrado). Candidato: Renan Marrichi Mauch. Orientador: professor Carlos Emilio Levy. Dia 6 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório José Martins Filho do Ciped. “Hipertensão arterial iniciada na gravidez se associa com pior controle pressórico e remodelamento ventricular esquerdo desfavorável em longo prazo” (mestrado). Candidato: Roberto Frediani Duarte Mesquita. Orientador: professor Wilson Nadruz Junior. Dia 7 de agosto de 2014, às 13 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Avaliação da função do toll like receptor 2 (TLR2) no desenvolvimento de câncer em animais obesos” (mestrado). Candidata: Juliana Alves de Camargo. Orientador: professor José Barreto Campello Carvalheira. Dia 12 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro da Comissão de Pósgraduação da FCM. “Tomografia computadorizada de múltiplos detectores no estadiamento Pré-operatório do adenocarcinoma gástrico” (mestrado). Candidato: Ricardo Hoelz de Oliveira Barros. Orientador: professor Nelson Marcio Gomes Caserta. Dia 12 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Síndrome metabólica e função sexual em mulheres climatéricas” (mestrado). Candidato: Carlos Alberto Politano. Orientadora: professora Lucia Helena Simões da Costa Paiva. Dia 15 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro Kazue Paneta do Caism. “Avaliação do nível de atividade física e qualidade de vida em adolescentes com epilepsia” (mestrado). Candidato: Fernando Luiz Bustamante Bueno Oliveira. Orientadora: professora Elisabete Abib Pedroso de Souza. Dia 18 de agosto de 2014, às 9h30, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Estudo da mortalidade em trabalhadores da mineração do amianto no Brasil no período de 1940 a 2010” (mestrado). Candidato: Fernando Simões Friestino. Orientador: professor Ericson Bagatin. Dia 18 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de aula verde da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Quantificação do clonazepam em plasma humano por cromatografia líquida de alta pressão acoplada ao espectrômetro de massas em um estudo de bioequivalência” (mestrado). Candidato: Luiz Eduardo Cavedal. Orientador: professor Gilberto De Nucci. Dia 20 de agosto de 2014, às 8 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Vivências emocionais de mulheres obesas com variação adequada de peso durante a gestação: um estudo clínico qualitativo” (mestrado). Candidata: Débora Bicudo de Faria. Orientador: professor Egberto Ribeiro Turato. Dia 20 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório Sigmund Freud do Departamento de Psiquiatria da FCM. “Frequência e características fenotípicas das células CD4+CD28null em pacientes com psoríase e indivíduos controle - associação com fatores de risco para doenças cardiovasculares” (doutorado). Candidata: Xinaida Taligare Vasconcelos Lima. Orientadora: professora Maria Heloisa de Souza Lima Blotta. Dia 20 de agosto de 2014, às 13h30, no anfiteatro do Departamento de Farmacologia da FCM. “Fatores associados à variabilidade clínica de pacientes com doenças falciformes provenientes do estado do Rio Grande do Norte” (doutorado). Candidato: Thales Allyrio Araújo de Medeiros Fernandes. Orientadora: professora Maria de Fátima Sonati. Dia 20 de agosto de 2014, às 13h30, na sala de aula azul da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Efeito do polifenol resveratrol na inflamação pulmonar alérgica em camundongos obesos” (mestrado). Candidata: Diana Majolli André. Orientador: professor Edson Antunes. Dia 21 de agosto de 2014, às 10 horas, no anfiteatro do Departamento de Farmacologia da FCM. “Avaliação da qualidade de vida e transtornos mentais comuns de residentes em áreas rurais” (doutorado). Candidato: Paulo Junior Paz de Lima. Orientadora: professora Helenice Bosco de Oliveira. Dia 21 de agosto de 2014, às 13h30, na sala 3 do Ciped. “Sintomatologias depressivas e os benefícios do uso de prótese auditiva” (mestrado). Candidata: Virginia Chaves Paiva de Queiroz. Orientador: professor Eros Antonio de Almeida. Dia 21 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “O citomegalovírus humano no transplante de células-tronco hematopoiéticas: o uso da PCR em tempo real no monitoramento da reativação e doença causada pelo HCMV” (doutorado). Candidata: Renata Maria Borges Peres. Orientadora: professora Sandra Cecília Botelho Costa. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro do Departamento de Clínica Médica da FCM. Economia - “Salário mínimo na Indonésia” (Dissertação de mestrado). Candidato: Enung Yani Suryani Rukman. Orientador: professor Paulo Eduardo de Andrade Baltar. Dia 11 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 23 do pavilhão da Pós-graduação do IE.
Engenharia Agrícola - “Modelos baseados em técnicas de mineração de dados para suporte à certificação racial de ovinos” (mestrado). Candidato: Fábio Danilo Vieira. Orientador: professor Stanley Robson de M. Oliveira. Dia 19 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Feagri. Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - “Avaliação de conforto térmico em ambientes naturalmente ventilados: um exemplo em restaurante universitário” (mestrado). Candidata: Brenda Rodrigues Coutinho. Orientadora: professora Lucila Chebel Labaki. Dia 8 de agosto de 2014, às 9h30, na sala CA22 da CPG da FEC. “Estabilização de um solo laterítico argiloso para utilização como camada de pavimento” (mestrado). Candidata: Ivonei Teixeira. Orientador: professor Cássio Eduardo Lima de Paiva. Dia 11 de agosto de 2014, às 9h30, na sala CA22 da FEC. “Determinação de metais no Rio Capivari - SP através das técnicas de difusão em filmes finos por gradiente de concentração e da fluorescência de raios x” (mestrado). Candidata: Júlia Carolina Fatuch. Orientadora: professora Silvana Moreira. Dia 12 de agosto de 2014, às 9h30, na sala CA22 da FEC. “Avaliação ambiental estratégica e auxílio multicritério à decisão: Um estudo sobre as possíveis contribuições ao planejamento aeroportuário” (mestrado). Candidato: Bruno Bernardes Teixeira. Orientadora: professora Maria Lucia Galves. Dia 15 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala CA22 da FEC. “Estudo teórico e numérico do comportamento de ligações tipo flange circular para estruturas tubulares de aço” (mestrado). Candidato: Augusto Madrigali Fidalgo. Orientador: professor João Alberto Venegas Requena. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da FEC. “Influência de muros vivos sobre o desempenho térmico de edifícios” (mestrado). Candidato: Fernando Durso Neves Caetano. Orientadora: professora Lucila Chebel Labaki. Dia 21 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da FEC. “Avaliação de desempenho do sistema brt da cidade de Lima utilizando o auxílio multicritério à decisão” (mestrado). Candidata: Nidia Marisol Enriquez Bilbao. Orientadora: professora Maria Lucia Galves. Dia 22 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala CA22 da FEC. “A questão do planejamento integrado de transportes - a integração rodoanel - ferroanel (trecho norte)” (mestrado). Candidata: Daliana Damaceno Gil de Oliveira. Orientador: professor Carlos Alberto Bandeira Guimarães. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da FEC. Engenharia de Alimentos - “Estudo dos mecanismos de adaptação ao estresse oxidativo da bactéria termófila Thermus filiformis” (doutorado). Candidata: Fernanda Mandelli. Orientadora: professora Adriana Zerlotti Mercadante. Dia 7 de agosto de 2014, às 14 horas, no salão nobre da FEA. “Intenção de consumo de salada crua em restaurante tipo fast food por estudantes: uma aplicação da teoria do comportamento planejado” (doutorado). Candidata: Caroline Opolski Medeiros. Orientadora: professora Elisabete Salay. Dia 19 de agosto de 2014, às 14 horas, no salão nobre da FEA. Engenharia Elétrica e de Computação - “Síntese de filmes finos de AlN para aplicações em sensores e dispositivos de alta frequência” (doutorado). Candidata: Milena de Albuquerque Moreira. Orientador: professor Ioshiaki Doi. Dia 24 de setembro de 2014, às 9h30, na sala de conferência da FEEC. “Avaliação de desempenho da técnica de multiplex espacial na presença de interferência de co-canal” (mestrado). Candidato: Juan Carlos Minango Negrete. Orientador: professor Celso de Almeida. Dia 4 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala PE12 do prédio da CPG da FEEC. “Técnica de medição distribuída de PMD em enlaces ópticos baseada em POTDR” (mestrado). Candidata: Carolina Franciscangelis. Orientador: professor Fabiano Fruett. Dia 7 de agosto de 2014, às 9 horas, na FEEC. “Validação de heterogeneidade estrutural em datasets Cryo-EM por Cluster Ensenbles” (mestrado). Candidato: Ricardo Diogo Righetto. Orientador: professor Fernando J. Von Zuben. Dia 8 de agosto de 2014, às 9 horas, na FEEC. “Proposta de uma arquitetura para monitoramento e gerenciamento de redes sensoras em redes metropolitanas de acesso aberto” (mestrado). Candidato: Rodrigo Aparecido Morbach. Orientador: professor Leonardo de Souza Mendes. Dia 8 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala PE12 da FEEC. “MiniMatecaVox: aplicativo de ensino matemático para crianças deficientes visuais em fase de alfabetização” (mestrado). Candidato: Henderson Tavares de Souza. Orientador: professor Luiz César Martini. Dia 8 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala PE11 do prédio da CPG da FEEC. “Compressão de dados de demanda elétrica em smart grid” (mestrado). Candidata: Andrea Carolina Flores Rodríguez. Orientador: professor Gustavo Fraidenraich. Dia 8 de agosto de 2014, às 15 horas, na sala PE12 da CPG da FEEC. “Antecipação em decisões com múltiplos critérios sujeita a incerteza” (doutorado). Candidato: Carlos Renato Belo Azevedo. Orientador: professor Fernando José Von Zubem. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, no prédio da Pós-graduação da FEEC. “Sistema aberto de aquisição de dados meteorológicos para caracterização de recursos eólicos” (mestrado). Candidato: Douglas Rocha ferraz. Orientador: professor Yaro Burian Jr.. Dia 20 de agosto de 2014, às 16 horas, na sala PE11 do prédio da CPG da FEEC. “Uma extensão para o problema de roteamento e estoque” (mestrado). Candidato: Marcos Medeiros Raimundo. Orientador: professor Fernando José Von Zuben. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala da Congregação da FEEC. “Algoritmos bit-flipping para decodificação conjunta de fontes correlacionadas em canais ruidosos” (doutorado). Candidato: Fernando Pujaico Rivera. Orientador: professor Jaime Portugheis. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala PE11 da FEEC. Engenharia Mecânica - “Detecção de falhas em motores elétricos utilizando a transformada wavelet packet e métodos de redução de dimensionalidade” (doutorado). Candidato: Marcus Vinicius Monteiro Varanis. Orientador: professor Robson Pederiva. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala JD02 da FEM. “Identificação do desgaste em mancais hidrodinâmicos através do efeito de anisotropia” (doutorado). Candidato: Tiago Henrique Machado. Orientadora: professora Katia Lucchesi Cavalca Dedini. Dia 22 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala JE02 da FEM. Engenharia Química - “Desenvolvimento de processo biotecnológico na síntese do ácido propanóico por fermentação da glicerina” (doutorado). Candidata: Dayana de Gusmão Coêlho. Orientadora: professora Maria Regina Wolf Maciel. Dia 5 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Estudos termodinâmicos em sistemas de duas fases aquosas para a purificação de bromelina de resíduos agroindustriais” (mestrado). Candidato: André Rodrigues Gurgel da Silva. Orientador: professor Elias Basile Tambourgi. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Estudo termodinâmico da separação do ibuprofeno racêmico por cromatografia líquida quiral utilizando a fase estacionária tris (3,5-dimetilfenilcarbamato) de celulose” (mestrado). Candidato: Wilson Murilo Correa da Silva Ferrari. Orientador: professor Marco Aurélio Cremasco. Dia 13 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Hidrogenólise do sorbitol com catalisadores de rutênio: influência das condições de reação e da preparação dos sólidos sobre a formação de glicóis” (mestrado). Candidata: Carla Moreira Santos Queiroz. Orientador: professor Antônio José Gomez Cobo. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de tese do bloco D da FEQ. “Estudos termodinâmicos em sistemas de duas fases aquosas para a purificação de bromelina de resíduos agroindustriais” (mestrado). Candidato: André Rodrigues Gurgel da Silva. Orientador: professor Elias Basile Tambourgi. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala PG05 do bloco D da FEQ. “Degradação de compostos orgânicos voláteis em fase gasosa através da fotocatálise com luz UV, TiO2 e TiO2/Pt” (mestrado). Candidata: Milena Ponczek. Orientador: professor Edson Tomaz. Dia 18 de agosto de 2014, às 9h30, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. Física - “Descrição variacional de sistemas formados por átomos de 4He” (mestrado). Candidato: Vinícius Zamprônio Pedroso. Orientador: professor Silvio Antonio Sachetto Vitiello. Dia 7 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW. “Estudo de vórtice magnético em nanopartículas para aplicações em hipertermia magnética” (doutorado). Candidato: Carlos Sato Baraldi Dias. Orientador: professor Flávio Garcia. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório de Pós-graduação, prédio D do IFGW. “Determinação estrutural de grafenos sobre irídio (111) por difração de fotoelétrons” (mestrado). Candidato: Caio César Silva. Orientador: professor Abner de Siervo. Dia 11 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de seminários do Departamento de Física Aplicada do IFGW.
“Estudo de propriedades magnéticas e de transporte em novos materiais” (doutorado). Candidato: Thales Macedo Garitezi. Orientador: professor Pascoal José Giglio Pagliuso. Dia 14 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW. “Diagnóstico e modelagem de plasmas micro-ondas e aplicações” (doutorado). Candidato: Marco Antonio Ridenti. Orientador: professor Jayr de Amorim Filho. Dia 20 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório da Pós-Graduação do IFGW. Geociências - “A expansão da soja na fronteira agrícola moderna e as transformações do espaço agrário tocantinense” (mestrado). Candidata: Débora Assumpção e Lima. Orientador: professor Vicente Eudes Lemos Alves. Dia 6 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do IG. “Em busca pelo campo: ciências, coleções, gênero e outras histórias sobre mulheres viajantes no Brasil em meados do século XX” (doutorado). Candidato: Mariana Moraes de Oliveira Sombrio. Orientadora: professora Maria Margaret Lopes. Dia 6 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do IG. “Geoquimica, proveniência e evolução paleoambiental do Grupo Bauru no oeste de Minas Gerais” (mestrado). Candidata: Nathalia Helena Secol Mattos. Orientador: professor Alessandro Batezelli. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do IG. “Os cafés especiais no cerrado mineiro: o circuito espacial produtivo e os círculos de cooperação no município de Patrocínio/MG” (mestrado). Candidato: Rodrigo Cavalcanti do Nascimento. Orientador: professor Samuel Frederico. Dia 11 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do IG. “Elas dizem não! Mulheres camponesas e resistências aos cultivos transgênicos no Brasil e Argentina” (doutorado). Candidata: Marcia Maria Tait Lima. Orientador: professor Renato Peixoto Dagnino. Dia 12 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do IG. “Mapeamento das áreas suscetíveis à fragilidade ambiental na alta bacia do rio São Francisco, Parque Nacional da Serra da Canastra - MG” (mestrado). Candidato: Cassiano Gustavo Messias. Orientador: professor Marcos César Ferreira. Dia 12 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do IG. “Análise da influência de parâmetros ambientais e antrópicos sobre a dinâmica de aquíferos estuarinos: estudo de caso em área industrial, Cubatão/SP” (mestrado). Candidato: Felipe Balieiro Gasparini. Orientadora: professora Sueli Yoshinaga Pereira. Dia 14 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do IG. “Análise da dinâmica de valorização diferencial da terra urbana na cidade de Paulínia (SP)” (mestrado). Candidata: Fernanda Otero de Farias. Orientador: professor Lindon Fonseca Matias. Dia 18 de agosto de 2014, às 10 horas, no auditório do IG. “Avaliação de métodos para correlação entre morfoestruturas superficiais e anomalias magnéticas em profundidades com base em sensoriamento remoto e aerogeofísica” (mestrado). Candidato: Paulo Eduardo Locatelli. Orientador: professor Carlos Roberto de Souza Filho. Dia 20 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala A do DGRN do IG. “O surgimento das startups da bioindústria nos estados unidos: o papel do financiamento e dos laboratórios públicos” (mestrado). Candidata: Mariane Santos Françoco. Orientador: professor Sérgio Robles Reis de Queiroz. Dia 21 de agosto de 2014, às 14h30, no auditório do IG. Linguagem: “O épico em Invenção do Mar, de Gerardo Mello Mourão, e Galáxias, de Haroldo de Campos” (doutorado). Candidato: Gustavo Scudeller. Orientador: professor Antonio Alcir Bernárdez Pécora. Dia 7 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Utopia e modernismo na Carta Del Carnaro - reflexões sobre o desenho de um novo ordenamento para o Estado Livre de Fiume” (doutorado). Candidata: Daniela Spinelli. Orientador: professor Carlos Eduardo Ornelas Berriel. Dia 14 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Vocalidade em Guimarães Rosa” (doutorado). Candidato: Erich Soares Nogueira. Orientadora: professora Adélia Toledo Bezerra de Meneses. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “O Mundo Resplandecente, de Margaret Cavendish: estudo e tradução” (mestrado). Candidata: Milene Cristina da Silva Baldo. Orientador: professor Carlos Eduardo Ornelas Berriel. Dia 15 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro do IEL. “O papel de propriedades lexicais e contextos referenciais no processamento de ambiguidades sintáticas por crianças e adultos” (mestrado). Candidata: Maísa Sancassani. Orientador: professor Ruth Elisabeth Vasconcellos Lopes. Dia 18 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Perspectivas no grupo: ações cognitivo-discursivas e experiência social no Centro de Convivência de Afásicos” (mestrado). Candidato: Rafahel Jean Parintins Lima. Orientadora: professora Anna Christina Bentes da Silva. Dia 22 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Luz e sombra no écran: realidade, cinema e rua nas crônicas cariocas de 1894 a 1922” (doutorado). Candidata: Danielle Crepaldi Carvalho. Orientadora: professora Miriam Viviana Gárate. Dia 22 de agosto de às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “O diálogo com o invisível na poética do entrelugar de Dora Ferreira da Silva” (mestrado). Candidata: Maura Voltarelli Roque. Orientador: professor Marcos Aparecido Lopes. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de colegiados do IEL. “O blogging como prática dialógica: processo de produção do gênero Review de Tecnologias” (doutorado). Candidata: Marcela Lima. Orientadora: professora Raquel Salek Fiad. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro do IEL. Matemática, Estatística e Computação Científica - “Sobre curvas maximais não recobertas pela curva Hermitiana” (doutorado). Candidato: Arnoldo Rafael Teheran Herrera. Orientador: professor Fernando Eduardo Torres Orihuela. Dia 6 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. “A desigualdade de Golod-Šafarevič para apresentações de grupos pro-p e grupos abstratos” (mestrado). Candidato: Yuri Santos Rêgo. Orientadora: professora Dessislava Hristova Kochloukova. Dia 8 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. “Modelo de regressão linear mistura de escala normal com ponto de mudança: estimação e diagnóstico” (mestrado). Candidato: Carlos Alberto Huaira Contreras. Orientador: professor Filidor Edilfonso Vilca Labra. Dia 14 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. “Produtos entrelaçados finitamente apresentáveis” (mestrado). Candidata: Paula Macêdo Lins de Araujo. Orientadora: professora Dessislava Hristova Kochloukova. Dia 15 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala 253 do Imecc. “Dimensão de Gelfand-Kirillov em álgebras relativamente livres” (doutorado). Candidato: Gustavo Grings Machado. Orientador: professor Plamen Emilov Kochloukov. Dia 20 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala 253 do Imecc. Odontologia - “Influência de fotoiniciadores alternativos na durabilidade da união, adaptação marginal e propriedades físico-químicas de resinas adesivas experimentais fotoativadas por leds” (doutorado). Candidato: Eduardo José Carvalho de Souza Junior. Orientador: professor Mario Alexandre Coelho Sinhoreti. Dia 14 de agosto de 2014, às 13h30, na Congregação da FOP. Química - “Preparação de fase estacionária fluorada para cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa” (mestrado). Candidato: Claudio de Castro Ferreira. Orientadora: professora Isabel Cristina Sales Fontes Jardim. Dia 4 de agosto de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Proteômica e metalômica comparativas em folhas de arabidopsis thaliana transgênica e não-transgênica” (mestrado). Candidata: Bruna Caroline Miranda Maciel. Orientador: professor Marco Aurélio Zezzi Arruda. Dia 6 de agosto de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Sorção e degradação de fármacos veterinários em solos característicos do Estado de São Paulo” (doutorado). Candidato: Leandro Alves Pereira. Orientadora: professora Susanne Rath. Dia 7 de agosto de 2014, às 8 horas, no miniauditório do IQ. “Avaliação do potencial do pólen apícola como bioindicador de contaminação ambiental por agrotóxicos” (doutorado). Candidata: Renata Cabrera de Oliveira. Orientadora: professora Susanne Rath. Dia 8 de agosto de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Estudo dos mecanismos de transmissão dos acoplamentos escalares via ligações e/ou via nuvem eletrônica próxima no espaço e estudos de difusão (DOSY) de 19F” (doutorado). Candidata: Denize Cristina Favaro. Orientador: professor Cláudio Francisco Tormena. Dia 15 de agosto de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Estudos quimiométricos dos efeitos do solvente e da sazonalidade nos metabólitos secundários da Mikania iaevigata” (doutorado). Candidata: Livia Maria Zambrozi Garcia Passari. Orientador: professor Roy Edward Bruns. Dia 21 de agosto de 2014, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Estudo teórico e experimental da teoria de Kramers utilizando pinças óticas e dinâmica de Langevin” (mestrado). Candidato: Bruno Fedosse Zornio. Orientador: professor René Alfonso Nome Silva. Dia 22 de agosto de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ.
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014
Link Brasil-Cabo Verde MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br
esquisadores da Unicamp e da Universidade Jean Piaget, de Cabo Verde, estão desenvolvendo um projeto colaborativo de pesquisa voltado ao tema do multilinguismo no mundo digital. A iniciativa, apoiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), tem por objetivo principal a geração de dois produtos: um guia de fontes e um dicionário digital da língua original do país africano, conhecida genericamente como crioulo, mas que os especialistas preferem denominar de idioma cabo-verdiano. O projeto, que na Unicamp é coordenado pelo professor Wilmar da Rocha D’Angelis, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), está completando um ano e ainda terá outro ano pela frente. De acordo com Cláudia Wanderley, pesquisadora do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) e uma das integrantes do projeto, a colaboração entre a Unicamp e universidades de Cabo Verde já ocorria anteriormente, mas de uma maneira voluntariosa. “Com a aprovação do projeto pela Capes e pela AULP, porém, essa parceria ganhou contornos institucionais e ficou ainda mais forte. Estamos muito satisfeitos com essa oportunidade”, afirma. Uma das consequências da parceria foi a realização, em março deste ano, na Unicamp, de um encontro acadêmico que contou com a participação dos professores Saidu Bangura e Evandro Neves Fonseca, ambos da Universidade Jean Piaget. Na ocasião, foram discutidas questões como multilinguismo, multiculturalismo e cultura digital. Um mês depois, ocorreu um segundo evento, este um fórum denominado Cabo Verde e Brasil: (Primeiras) Aproximações. Os participantes fizeram reflexões acerca dos limites e possibilidades da pesquisa entre os países, também sob a perspectiva do multilinguismo, multiculturalismo e mundo digital. Um dos principais pontos do projeto em andamento, conforme Cláudia Wanderley, é a promoção de intercâmbios de estudantes e docentes entre as instituições parceiras. Recentemente, o estudante de graduação do IEL Lucas Dall’Ava esteve por um mês em Cabo Verde. Lá, ele visitou diversas instituições e manteve contato com professores, intelectuais e autoridades educacionais. Além disso, coletou informações e fez um levantamento bibliográfico com vistas à elaboração do guia de fontes. “Foi uma visita muito enriquecedora, tanto do ponto de vista acadêmico como pessoal”, conta. Segundo Lucas, a ideia é que o guia de fontes se constitua em ferramenta de consulta principalmente por parte de pesquisadores interessados em estudar o idioma original e a cultura de Cabo Verde. O trabalho iniciado pelo estudante está sendo complementado por uma colega dele, Stephânia Freitas Silva, que também viajou ao país africano. Assim como Lucas, ela está coletando elementos que comporão o futu-
Pesquisa colaborativa entre a Unicamp e Universidade Jean Piaget investiga o multilinguismo no mundo digital Fotos: Divulgação/ Antoninho Perri
Cidade no litoral de Cabo Verde: pela preservação das línguas originais
Por causa do projeto, Cláudia Wanderley também esteve em Cabo Verde, por um período de 15 dias. Tanto ela quanto Lucas dizem ter ficado surpresos com o grau de semelhança do país com o Brasil, em diferentes aspectos. “Fui levada para alguns shows de músicas típicas e logo pensei: estou no Brasil. Assim que ouvi os ritmos eu logo os associei com o nosso forró ou a nossa lambada”, narra. “Isso sem falar nas comidas e na maneira informal com que os cabo-verdianos conversam com os turistas. Tudo é muito parecido com o Brasil”, complementa Lucas. A pesquisadora Cláudia Wanderley: “Nós trabalhamos com a perspectiva de que as pessoas têm direito à educação, à informação e à língua materna”
ro guia de fontes. Cláudia Wanderley explica que esse tipo de trabalho é importante porque Cabo Verde, assim como outros países, inclusive o Brasil, sofre um processo de apagamento de sua língua original e, consequentemente, de parte de sua cultura. “Obviamente, esse é um problema muito sério. Nós trabalhamos com a perspectiva de que as pessoas têm direito à educação, à informação e à língua materna. Imaginemos uma criança que tem toda a sua vida social e familiar permeada pelo idioma cabo-verdiano, mas que, na escola, tem que utilizar o português, que é a língua oficial do país. Isso é muito complicado”, analisa.
Lucas Dall’Ava, estudante de graduação que participa do projeto: “Apesar de muito utilizada, a língua cabo-verdiana corre o risco de cair no esquecimento com o decorrer dos anos, caso não passe por um processo de valorização, o que inclui um trabalho de normatização”
Nesse sentido, Lucas relata um episódio que lhe foi contado por uma pesquisadora que também desenvolveu um trabalho em Cabo Verde. Segundo ela, é comum que os professores primários e secundários do país tenham dificuldade em fazer com que seus alunos entendam determinados aspectos de suas disciplinas. Quando isso ocorre, eles explicam uma, duas, três vezes. Ao perceberem que os estudantes não estão mesmo compreendendo o conteúdo, eles recorrem ao crioulo, que é mais informal. É nesse momento que as crianças e adolescentes finalmente captam a explicação. “Isso demonstra o quanto a língua cabo-verdiana é importante e está presente no cotidiano da população. Apesar disso, ela corre o risco de cair no esquecimento com o decorrer dos anos, caso não passe por um processo de valorização, o que inclui um trabalho de normatização”, observa Lucas. Conforme Cláudia Wanderley, o intuito dos pesquisadores da Unicamp é contribuir para o debate sobre a preservação das línguas originais, até porque o Brasil guarda muitas semelhanças com cabo Verde. A pesquisadora lembra que os dois países foram colonizados por portugueses e que aqui existem muitas línguas indígenas que sofreram ou estão sofrendo um processo de apagamento. “Ou seja, a discussão em torno das línguas maternas é importante tanto para eles quanto para nós”. Questionada sobre as eventuais dificuldades enfrentadas por esse tipo de pesquisa, Cláudia Wanderley considera que o maior entrave talvez esteja na ainda incipiente colaboração entre o Brasil e os países africanos. “Quando se fala em cooperação e intercâmbio, imediatamente as pessoas pensam em Europa e Estados Unidos como parceiros preferenciais. Esse é um limite da nossa tradição acadêmica que precisa ser superado”, entende.
DICIONÁRIO Além do guia de fontes, outro produto que deverá emergir do projeto entre Brasil e Cabo Verde é um dicionário eletrônico em cabo-verdiano. “A ideia é que essa ferramenta seja aberta, ou seja, sem copyright. Ela ficará hospedada na Universidade Jean Piaget e deverá funcionar como uma espécie de Wikipédia, que poderá ser atualizada de forma colaborativa continuamente. O propósito é que esse dicionário contribua para fortalecer os debates em torno da identidade da população do país”, destaca a pesquisadora do CLE. Por ser uma ferramenta eletrônica, afirma Cláudia Wanderley, o dicionário poderá ser acessado não somente pelos moradores de Cabo Verde, mas também por aqueles que deixaram o país em busca de novas oportunidades. Aliás, pontua a pesquisadora, a diáspora cabo-verdiana é imensa. Calcula-se que a população atual do país seja de aproximadamente 500 mil pessoas, metade do número de cabo-verdianos espalhados pelo mundo, o Brasil incluído. “Vale ressaltar que essa pesquisa somente está sendo possível graças à disposição e generosidade da Universidade Jean Piaget, que nos permitiu participar de um estudo que aborda um tema tão caro ao país”, afirma. Segundo ela, trata-se de um trabalho bastante delicado falar de uma língua nacional que não está reconhecida. “Penso que estamos fazendo algo importante para a estruturação desse idioma. Dessa forma, não podemos deixar de reconhecer também a importância do papel da Unicamp, que se abriu para receber nossos parceiros de África. Estamos pesquisando temas transversais e humanos que nem sempre a disciplinarização do conhecimento nos permite abordar”, finaliza.
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Campinas, 11 a 24 de agosto de 2014 Fotos: Reprodução
A transcriação da realidade no cinema de Pedro Costa LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br
nalisar a transcriação da realidade e a fabulação do real nos filmes de Pedro Costa, que no início deste século foi elevado a cânone do cinema português contemporâneo. É este o tema da dissertação de mestrado de Maíra Freitas de Souza, graduada em estudos artísticos pela Universidade de Coimbra e que propõe uma sistematização da obra do cineasta. A pesquisa intitulada “Cinema Português Contemporâneo: fabulação do real em Pedro Costa” foi orientada pelo professor Francisco Elinaldo Teixeira e apresentada no Instituto de Artes (IA) da Unicamp. “Trata-se de um cineasta pouco visto no âmbito comercial lusitano, mas que alcançou destaque internacional em festivais e ciclos de exibição”, explica a autora do estudo. A partir dos filmes produzidos entre 1994 e 2012, Maíra Freitas sistematizou a obra de Pedro Costa em dois momentos, o bloco das Cartas de Fontaínhas e o da Poética das Artes. O conceito de fabulação, do filósofo Gilles Deleuze, foi empregado no primeiro bloco para procurar pontos de relação entre a criação cinematográfica e o universo real que circunda as personagens documentais – imigrantes cabo-verdianos em Lisboa; e, no segundo bloco, focando artistas durante o processo de criação. “O conceito de fabulação ajuda-nos a compreender a hibridez dos domínios cinematográficos (documental, ficcional e experimental). A partir da análise dos filmes, propus uma sistematização de sua obra, já que a maioria das publicações sobre este cineasta centra-se em filmes pontuais.” Na dissertação são analisados seis dos sete longas-metragens de Pedro Costa e quatro curtas-metragens. No bloco das Cartas de Fontaínhas estão “Casa de lava” (1994) e a chamada “Trilogia das Fontaínhas”, composta por “Ossos” (1997), “No quarto da Vanda” (2000) e “Juventude em marcha” (2006), além dos curtas “Tarrafal” (2007), “A caça ao coelho com pau” (2007) e “Lamento da vida jovem” (2012). No bloco da Poética das Artes, alocam-se “Onde jaz o teu sorriso?” (2001), “Ne change rien” (2009) e o curta “6 Bagatelas” (2003). “O único filme que ficou fora da pesquisa é ‘O sangue’, de 1989, por ser uma ficção deslocada do restante de sua filmografia. O próprio cineasta aponta este longa como distante de suas intenções e contaminado por uma ideia industrial de cinema.” Maíra Freitas lembra que Pedro Costa pertence à segunda geração de cineastas formados pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, que incentivava seus alunos a cultivar uma poética particular, através da figura do cineasta, poeta e professor António Reis. “Se visionarmos a obra, respeitando a cronologia da produção, a questão dos domínios torna-se central na poética costiana. Não me interessava questionar fronteiras ou métodos tradicionais, mas estudar como o cineasta agencia esses domínios, isto é, como se dá a transcriação da realidade em sua obra.” Segundo a pesquisadora, a recusa do método de produção industrial – grandes equipes, roteiro detalhado e a figura do produtor – levou Costa a buscar uma outra forma de fazer cinema. Há também a recusa de um cinema autobiográfico, por julgá-lo demasiadamente egóico, e ainda de construir filmes que documentem a existência de personagens sob um olhar paternalista ou eurocêntrico. “Eu quis entender como este cineasta entra na vida das pessoas – sejam moradores de uma favela ou artistas em produção – e extrai dessa relação filmes que, ao mesmo passo, são frutos e fatores da transformação das personagens”. Pedro Costa, conforme a autora, diz ter configurado a sua poética em seu quarto longa-metragem (“No quarto da Vanda”). “Em 1994, ele foi a Cabo Verde rodar ‘Casa de lava’, que representa o ponto de encontro com aquela comunidade. Apesar de ficcional, é um filme mais aberto do ponto de vista narrativo, que valoriza as naturezas mortas, os espaços vazios, a rarefação dos diálogos; os personagens vão se construindo imageticamente. Voltou com cartas de pessoas que conheceu para entregá-las no bairro de Fontaínhas, uma favela de Lisboa.”
Cena de “Ossos”: entre a ficção e o documentário
Cena de “Casa de Lava”, filme produzido em 1994
Cena de “Lamento da vida jovem”, filme de 2012
“Ne change rien”: embate entre cantora e sua obra
Após esse contato, Costa rodou “Ossos”, o primeiro filme da “Trilogia das Fontaínhas”, que na opinião de Maíra Freitas incorpora a hibridez entre ficção e documentário. “Ele abandona as paisagens e exteriores amplos de ‘Casas de lava’ para enclausurar o filme em cômodos fechados, onde circulam corpos moldados pela ficção. É o que chama de ‘estética das portas fechadas’: que o cinema, para Costa, fica interessante a partir do momento em que uma porta se fecha para o espectador. Ele mostra um mundo duro, onde intercede-se com as personagens, mas sem permitir ao espectador uma empatia com elas.” Para o filme seguinte, “No quarto da Vanda”, Pedro Costa conviveu por dois anos com Vanda Duarte, uma dependente de heroína que havia atuado como atriz amadora em “Ossos”. “É a obra de alguém que extrai beleza de um contexto terrível e que à época chegou a ser criticado como criador de ‘pornomisérias’. A partir do cotidiano daquelas pessoas, ele começa a forjar reencenações: por exemplo, grava uma conversa de Vanda com outro morador do bairro e, depois de alguns meses, pede que os dois refaçam aquele encontro que tinha sido espontâneo. Por isso, utilizo o conceito deleuziano de fabulação: não é realidade nem imaginação, é a construção de uma outra realidade, é a vida se fazendo outra enquanto é vivida”. Em “Juventude em marcha”, que fecha a trilogia, Vanda surge renovada, deixou as drogas e vive no Casal da Boba, conjunto habitacional estatal para onde os moradores de Fontaínhas foram realocados. Maíra Freitas conta que o protagonista deste filme é Ventura, um cabo-verdiano que sofre o choque desta mudança, salientada por uma grande modulação estética. “Se na favela tudo é muito escuro e esverdeado, no conjunto habitacional tudo é muito branco e asséptico.” Neste filme, Ventura retoma uma correspondência que Costa havia incluído em “Casa de lava”. Trata-se da transcriação de uma carta que o poeta francês Robert Desnos, preso em um campo de concentração nazista, escreveu em 1944: uma carta de amor, despedida e morte. “O que o cineasta e Ventura fazem é reconstruir em crioulo esta carta, que o personagem tenta rememorar durante o filme – é um resgate da memória cultural e também individual.” “Juventude em marcha”, explica a autora, é uma frase entoada na revolta armada pela independência de Cabo Verde, na década de 1970. “Rancière escreveu um artigo, ‘Políticas de Pedro Costa’, tratando do radicalismo político de um cineasta que não explicita um discurso em seus filmes. São sempre fragmentos simbólicos e, conforme as personagens se constroem, a política se torna perceptível. Creio, inclusive, que está nisso grande parte do problema da recepção ao cineasta em Portugal, por aludir a um passado ainda recente.”
Maíra Freitas observa que dentre os três curtas-metragens incluídos no primeiro bloco, “Tarrafal” e “Caça ao coelho com pau” possuem praticamente o mesmo material compositório, que Costa rearranja para construir duas histórias distintas. “Tarrafal era uma colônia penal em Cabo Verde, para onde o governo salazarista enviava presos políticos; agora, os imigrantes é que vêm viver em Portugal uma ‘condição de prisão’. Em ‘A caça ao coelho com pau’ recorri a uma abordagem mais etnográfica, já que o título sugere costumes exóticos de determinada cultura, mas no fundo não há caça ou coelho algum: o filme trata de personagens deslocados no espaço social.” O curta “Lamento da vida jovem” integra o longa “Centro Histórico” e foi uma encomenda feita por Guimarães, quando a cidade sediou o evento Capital Europeia da Cultura. “Considero esse filme uma síntese das obras anteriores que têm Ventura como personagem. O curta é ambientado dentro do elevador de um hospital, onde Ventura, já muito doente, trava uma guerra verbal com um personagem alegoricamente construído como soldado da revolta armada e que tenta desconstruir seu passado; é uma narrativa de delírio, da luta por sua memória e contra seus fantasmas.”
PROCESSO DE CRIAÇÃO Do ponto de vista temático, a autora da dissertação constata uma fratura entre o bloco das Cartas de Fontaínhas e o bloco da Poética das Artes. “No primeiro, o cineasta intercede-se com personagens anônimos, que criam o seu próprio relevo a partir da singularidade de suas vidas; no segundo bloco, o cineasta intercede-se com artistas para construir filmes sobre o processo de criação.” A pesquisadora explica que “Onde jaz o teu sorriso?” é fruto de um convite feito a Costa para produzir um episódio da série francesa “Cinéma de notre temps”, sobre os cineastas Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. “Costa usou o mesmo dispositivo dos ambientes fechados para, ao invés de biografar os dois cineastas, interceder-se com o processo de remontagem do filme ‘Sicília!’”. O curta “6 Bagatelas” traz seis cenas não utilizadas em “Onde jaz?”. Concluindo, Maíra Freitas analisa o último longa-metragem de Pedro Costa, “Ne change rien” (Não mudará nada). “O filme trata do embate da cantora Jeanne Balibar com a sua obra, da dificuldade do ato de criação. Portanto, a música pelo olhar costiano é espaço para um ‘combate de morte’ em busca da perfeição”. Foto: Antoninho Perri
Maíra Freitas de Souza, autora da dissertação: “A questão dos domínios torna-se central na poética costiana”
Publicação
Cena de “Casa de lava”: poucos diálogos e valorização de espaços vazios
Dissertação: “Cinema Português Contemporâneo: fabulação do real em Pedro Costa” Autora: Maíra Freitas de Souza Orientador: Francisco Elinaldo Teixeira Unidade: Instituto de Artes (IA)