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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014 - ANO XXVIII - Nº 603 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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CORREIOS
FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Foto: Antoninho Perri
O peso do ensino no bolso 3
Tese de Maria Alice Pestana de Aguiar Remy, defendida no Instituto de Economia (IE), demonstra que os brasileiros passaram a gastar cada vez mais com ensino médio e fundamental e menos com o superior. A pesquisa foi orientada pelo professor Waldir Quadros.
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Livro lança luz sobre o novo mundo rural Turismo mantém vivas tradições italianas
Bateria no samba: entre a tradição e a modernidade
A ‘ordem unida’ do enxame de mil robôs
Cientista vê ‘afronta’ em campanha pró-maconha
Quando a mãe pode virar bode expiatório
TELESCÓPIO
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
TELESCÓPIO
CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br
Várias criações da natureza têm a capacidade de se organizar em grandes grupos, a partir de interações locais, manifestando uma espécie de inteligência coletiva descentralizada – exemplos vão de enxames de insetos às células que compõem o corpo de uma planta ou animal. Na revista Science, em meados de agosto, pesquisadores da Universidade Harvard anunciam a criação de um enxame de mil robôs, cada um do tamanho aproximado de uma moeda, capaz de produzir formas geométricas sobre o tampo de uma mesa, numa espécie de marcha em ”ordem unida”. Escrevem os autores: “Os robôs não têm informação direta sobre sua posição global, apenas a distância até os vizinhos imediatos. No entanto, podem usar essa informação de distância para construir um sistema coletivo de coordenadas. Inicialmente, os robôs-semente estacionários incorporam a origem do sistema de coordenadas. À medida que novos robôs chegam à semente, eles podem (...) determinar suas próprias posições no sistema; assim que isso ocorre, podem se converter em pontos de referência para mais robôs”. Esses pequenos dispositivos, batizados de “kilobots”, têm três pernas, um par de minúsculos motores, uma bateria e um circuito de controle. Eles se comunicam disparando luz infravermelha sobre o tampo da mesa, onde o sinal é refletido e chega aos vizinhos.
Causa humana da perda de geleiras Simulações da retração das geleiras localizadas fora da Antártida entre 1851 e 2010 mostram que a ação humana se tornou o principal fator na perda das massas de gelo nos últimos 20 anos, diz artigo publicado na revista Science. Os autores, de universidades da Áustria e do Canadá, reconstituíram a redução das geleiras usando dois modelos, um levando em conta apenas efeitos naturais e outro, completo, agregando os fenômenos de origem humana, como poluição e emissões de CO2. A comparação mostrou que o modelo natural previa uma estabilização das geleiras ao longo do século 20, à medida que a cobertura glacial passava a se restringir às grandes altitudes. A partir de 1965 o modelo antropogênico passa a contradizer o natural, prevendo não a estabilização, mas a continuidade do encolhimento das geleiras. O modelo natural erra na previsão do comportamento das geleiras, especialmente, no período de 1991 a 2010. “Isso significa que o sinal antropogênico é detectável no balanço de massa (...) com alta confiança”, escrevem os autores. De acordo com o artigo, a componente humana na perda de gelo em todo o período observado, de 1851 a 2010, é de 25%, mas chega a 69% quando se isolam as décadas entre 1991 a 2010.
Foto: Michael Rubenstein/Harvard University
Enxame de robôs
Visão, em close-up, de um enxame de kilobots
Lin lembra que as regras em vigor nos Estados Unidos sobre privacidade das telecomunicações datam de 1979, uma época anterior à disseminação dos telefones celulares e da internet. Ele cita que, quando a Suprema Corte americana decidiu que a chamada “metadata” – números discados e duração das ligações – merecia menos proteção legal que o conteúdo dos telefonemas, o uso do telefone, ainda fixo, era menos pessoal do que hoje, na era da telefonia móvel. “Números de telefones celulares são muito mais intimamente associados a indivíduos específicos do que números fixos”, escreve. “Também, a infraestrutura de telefonia celular permite gerar informação de rastreamento geográfico do telefone”. O autor cita, ainda, que quando a Constituição dos EUA codificou as regras para “busca e apreensão”, “busca” era um procedimento realizado, fisicamente, por um policial. “Hoje, os computadores podem buscar informação com maior eficiência (...) Será que ‘busca’ se refere ao momento em que os dados são coletados? O momento que o computador vasculha os dados? O momento em que um ser humano examina os resultados da varredura?” E, mais adiante: “É uma ‘apreensão’ quando o governo copia um fluxo de dados ou um arquivo, sem que ninguém os leia?” Lin diz que é “tentador” imaginar que questões assim poderão ser resolvidas por meio tecnológico, mas adverte que a implementação de qualquer solução técnica depende, antes de mais nada, de uma decisão política.
Maconha exagerada Ciência da vigilância A edição de 14 de agosto da Science trouxe um artigo de opinião assinado por Herbet Lin, cientista-chefe da área de Ciência da Computação e Telecomunicações do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, tratando dos desafios legais e tecnológicos provocados pelas revelações de Edward Snowden sobre as ações de espionagem e vigilância praticadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
O oncologista David Gorski, um dos responsáveis pelo respeitado, influente – e polêmico – blog médico Science Based Medicine (http://www.sciencebasedmedicine.org/) publicou recentemente um par de postagens em que critica o que considera um excesso de entusiasmo em torno das supostas propriedades medicinais da maconha. Gorski defende a posição de que a maconha deve ser “pelo menos descriminalizada ou, preferencialmente, legalizada, taxada e regulamentada, como tabaco ou o álcool”, mas escreve que a campanha pela liberalização vem afrontando a ciência, ao reivindicar para a erva propriedades medicinais quase milagrosas.
Ele acusa a campanha pela descriminalização de “atribuir poderes quase místicos à fumaça ou a extratos de maconha, em vez de isolar e identificar constituintes da planta que possam ter valor medicinal (...) De fato, a promoção de leis legalizando a maconha medicinal é um truque tão óbvio para abrir a porta para a legalização plena que alguns proponentes nem se dão mais ao trabalho de disfarçar essa intenção”. “Dado que tendo a apoiar a legalização, como médico esse tipo de fraude me irrita. E também tem consequências, particularmente quando alegações exageradas são feitas sobre do que a cannabis é capaz”, acusa.
Parem de culpar as mães Em comentário publicado na revista Nature, um grupo de sete pesquisadores americanos, entre historiadores, filósofos e médicos, pede que os cientistas que realizam pesquisas sobre como fatores ambientais e bioquímicos podem afetar o desenvolvimento do feto tomem cuidado especial ao divulgar suas descobertas, a fim de evitar a estigmatização das gestantes. “As manchetes da imprensa revelam como essas descobertas frequentemente são simplificadas de modo a focalizar no impacto materno”, escrevem os autores, citando, entre outros, dois exemplos da mídia britânica: “Dieta da mãe durante a gravidez altera DNA do bebê” e “Sobreviventes grávidas do 11/9 transmitem trauma para os filhos”. O estudo dos efeitos do desenvolvimento intrauterino sobre a saúde da criança deveria informar políticas públicas de apoio aos pais, diz o artigo, mas “exageros e simplificações grosseiras estão transformando as mães em bodes expiatórios, e podem levar a vigilância e regulamentação crescentes das mulheres grávidas”.
Forças nos asteroides Alguns asteroides do tipo “pilhas de escombros”, formados por amontoados de pe-
dras e areia que viajam juntos pelo espaço, giram depressa demais para que a mera atração gravitacional entre suas partes explique o fato de se manterem coesos, diz artigo publicado na revista Nature. De acordo com os autores, esses asteroides requerem, para preservar a integridade, também a ação das chamadas forças de van der Waals, interações elétricas de pequena intensidade que surgem entre moléculas ou, no caso desses astros, entre pequenos grãos de areia e fragmentos de rocha. “O asteroide (29075) 1950DA é uma pilha de escombros que gira mais rapidamente do que seria permitido por gravidade e fricção”, escrevem os autores, da Universidade do Tennessee. “Determinamos que forças coesivas são necessárias para evitar que a massa superficial se desprenda e que a estrutura se desmanche”. O asteroide estudado tem 1 km de diâmetro. Os autores escrevem que sua descoberta demonstra que nem todos os pequenos asteroides que giram mais depressa que o limite de velocidade esperado são rochas monolíticas, um dado que tem importância, afirmam, na defesa da Terra contra impactos vindos do espaço. O trabalho “apoia a ideia de que alguns asteroides que explodem em grandes altitudes, como 2008 TC3, são pequenas pilhas de escombros mantidas por forças coesivas”. Esse asteroide fez manchetes ao explodir sobre o Sudão em 7 de outubro de 2008, tendo sido detectado na véspera. Foi o primeiro asteroide a ter sua colisão com a atmosfera terrestre prevista por cientistas.
Medindo a Wikipedia Uma dupla de pesquisadores chineses, Jingyu Han e Kejia Chen, da Universidade de Telecomunicações e Correios de Nanjing, criou um modelo estatístico que, implementado sob a forma de um programa de computador, permite classificar a qualidade dos artigos da Wikipedia. O programa leva em conta o número de revisões que o artigo sofreu e o status dos revisores, entre outros dados. De acordo com nota do International Journal of Information Quality, onde o trabalho dos chineses foi publicado, o programa, testado sobre centenas de verbetes, superou um avaliador humano na hora de designar corretamente o nível de qualidade dos artigos.
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
Brasileiros gastam cada vez mais com ensino fundamental Conclusão de tese do IE contraria interpretação mais simples dos dados demográficos Fotos: Antoninho Perri
CARLOS ORSI carlos.orsi@reitoria.unicamp.br
despeito do envelhecimento da população e da queda na taxa de fecundidade, os brasileiros passaram, na década iniciada em 2000, a gastar cada vez mais dinheiro nos primeiros estágios da educação – ensino fundamental e médio – e cada vez menos no ensino superior, revela análise apresentada na tese de doutorado “Estruturas familiares e padrão de gastos em educação no Brasil – primeira década dos anos 2000”, de Maria Alice Pestana de Aguiar Remy, defendida no Instituto de Economia (IE) da Unicamp. A pesquisa foi orientada pelo professor Waldir Quadros. A descoberta de Maria Alice, feita com base na aplicação de modelos estatísticos sobre as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), contraria a interpretação mais superficial dos dados sobre gastos das famílias brasileiras com educação, no período: se a análise dos números for feita a partir da mera comparação entre a média de desembolsos com educação no início e no fim da década, o que se vê é uma redução tanto no valor médio despendido pelos domicílios quanto na proporção do gasto familiar global aplicado nesse serviço, que cai de 3,4%, na POF de 2002-2003 para 2,5% em 2008-2009, uma queda de 7,3% dos montantes absolutos. “Mas aí as pessoas calculam o gasto médio das famílias com a educação, ou seja, o total gasto, dividido pelo numero de famílias, além de considerar famílias sem estudantes”, explicou a pesquisadora. “Só que você tem um outro fenômeno demográfico ocorrendo paralelamente, que é a proliferação do número de famílias, ou arranjos familiares”, disse. “Incluindo famílias formadas por uma só pessoa, ou casais sem filhos”. Na comparação entre as POFs realizadas no início e no fim da década, o aumento do número de famílias foi de 19%, ante um crescimento populacional de 8%.
MAIS RENDA
E MENOS FILHOS “Conseguimos capturar, pelos dados, que há uma associação entre renda e despesas em educação: quanto mais rica a família, maior proporção de seu respectivo consumo é destinada a despesas com educação. As informações advindas da base de dados das POFs ainda mostram que, durante os anos 2000, a renda das famílias elevou-se, mas o crescimento de renda foi tanto mais intenso quanto mais pobres os domicílios”, disse Maria Alice. A renda captada pela POF advém sobretudo do trabalho, formal ou informal, e de transferências (aposentadorias, bolsa família, entre outras), representando 92,4% da renda total obtida pelas famílias. “Por outro lado, as famílias mais ricas estão muito menores que as famílias mais pobres. O processo de transição demográfica é mais rápido entre os mais ricos do que nas famílias mais pobres. Também é mais rápido nas regiões mais ricas do Brasil que nas regiões mais pobres”. “Transição demográfica”, explica Maria Alice, segundo os demógrafos, é o nome dado ao fenômeno, observado inicialmente na Europa, mas que vem se espalhando pelos demais continentes, de queda na taxa de natalidade e aumento da longevidade. E é um processo pelo qual o Brasil vem passando, embora ainda conte com um “crescimento populacional inercial”, nas palavras da pesquisadora. “Então você verifica, assim, um aumento enorme de gastos nessas famílias mais pobres, bem como nas regiões mais pobres”, prossegue ela. “O que acontece? As famílias mais ricas gastam um porcentual maior, gastam porcentualmente muito mais em educação, então o que elas deixam de gastar não compensa o que as famílias ou regiões mais pobres passaram a gastar a mais”.
da Alemanha, onde os casais quase não têm filhos”, afirmou. “A pirâmide etária deles é diferente da nossa”.
QUALIDADE
AÇÕES AFIRMATIVAS Ao isolar os fatores demográficos, Maria Alice encontrou, para famílias com características sociodemográficas idênticas, um aumento no gasto por aluno, com ênfase no ensino fundamental e médio, e queda nas despesas com educação superior. “O que a gente observa, comparando o início e o fim dos anos 2000? Que houve aumento no gasto para um aluno de ensino privado no nível fundamental e médio, e houve redução para o valor gasto com aluno em ensino privado superior”, disse ela. Segundo a análise apresentada na tese, no Brasil os gastos médios das famílias com ensino superior caíram 22% entre 2002-2003 e 2008-2009, enquanto que os gastos com educação básica tiveram alta de 3,5%. As Unidades da federação onde as famílias passaram a gastar mais com educação básica foram Amapá (156%), Santa Catarina (148%) e Paraíba (70%). Já os que tiveram maior queda foram Amazonas (-38%), Roraima e Distrito Federal (em ambos os casos, -31%). Já as despesas com ensino superior caíram mais em Mato Grosso (-59%), Espírito Santo (-49%) e Distrito Federal (-46%). Essa queda nos desembolsos com ensino superior ocorreu mesmo diante do grande aumento do número de alunos para essa etapa da educação, principalmente no setor privado, com o total de matrículas em cursos presenciais de graduação saltando de pouco mais de 3 milhões em 2001 para 5,4 milhões em 2010, segundo dados do MEC. “Houve uma proliferação das instituições privadas de ensino de nível superior”, reconhece Maria Alice, “mas houve também dois elementos fundamentais: a proliferação de universidades públicas, com a criação de novas instituições de ensino superior federais, e as ações afirmativas” que contemplam bolsas de estudo e mecanismos de crédito estudantil. “Você tem um financiamento, no qual desaparece o gasto da família – quando aparece o financiamento do Estado, e o Estado passa a pagar para essa universidade. E depois a dívida do financiamento não aparece como gasto em educação, aparece como passivo da família”.
“Dentre as principais contribuições do estudo, destaca-se a comprovação de uma migração de alunos da rede pública em direção à rede privada em todos os níveis de rendimento (das famílias) na educação básica, sobretudo na fundamental, ao longo do tempo”, diz a tese, em suas conclusões. O trabalho prossegue: “Constatou-se também que a qualidade de ensino vem mostrando níveis bastante sofríveis, ainda mais para um país que está entre os dez que mais produzem no mundo, e esta percepção, de má qualidade, pode ter levado as famílias das camadas mais pobres a buscarem escolas privadas para seus filhos no momento em que se constatou a elevação de seus rendimentos. Entretanto, escola privada nem sempre é sinônimo de qualidade”. “A gente supõe que haja uma percepção das famílias de que o ensino fundamental privado está associado à qualidade”, disse a autora. “Se a gente for pensar em ensino médio e fundamental, vemos que as famílias dizem que é a chance: as famílias põem os filhos na escola privada para, depois, conseguir uma vaga na universidade pública”. Maria Alice cita os dados levantados na tese, principalmente o aumento dos gastos privados em ensino fundamental, para contestar a ideia de que o Brasil já investe o suficiente em educação, em termos de fração do PIB. Números da OCDE indicam, por exemplo, que Brasil e Alemanha aplicam proporções similares do Produto Interno Bruto no setor. “Há pessoas que dizem que o Brasil já tem muito gasto, já dá um porcentual do PIB muito grande para a educação. Só que o perfil demográfico do Brasil não é igual ao
A perspectiva de redução no número de crianças e jovens na população brasileira a médio prazo, disse ela, não deve servir de pretexto para a diminuição do investimento em educação, mas sim para uma mudança de ênfase, passando da construção de escolas para a conquista da qualidade. “Primeiro, eu acredito que a educação fundamental tem de ser pública para todos os segmentos sociais”, disse. “Depois, a gente está muito aquém, em termos de qualidade. O fundamental se diz universalizado, mas nem isso é lá muito verdade em todos os recantos do país”. Ela lembra o papel da educação como geradora de oportunidades e estimuladora de talentos. “Meu mestrado foi sobre estrutura social. Na verdade, é a educação que distingue socialmente as pessoas”, disse. “A oportunidade é fundamental para desabrochar as capacidades pessoais. Imagine se o Pelé nunca tivesse podido jogar futebol. É mais ou menos isso: imagine os valores que estamos perdendo”, disse ela, defendendo o investimento em qualidade na educação. “Você não precisa investir só na coisa material da escola, tem que investir na qualificação do professor e do aluno. O sistema precisaria de uma reformulação grande, com incentivos para as pessoas se aprimorarem”. No texto da tese, a pesquisadora lembra que “na recente aceleração do crescimento econômico (2010), a percepção de grande parte dos empresários veiculada nos meios de comunicação era de falta de qualificação de mão de obra em todos os níveis. Será que isso não estaria associado à proliferação de cursos de má qualidade?” A autora também relativiza a necessidade do uso exagerado da tecnologia em sala de aula: “qualquer que seja a escola, por melhor que seja, de âmbito público ou privado, jamais estará utilizando a tecnologia mais recente. Não é possível acompanhar a velocidade das alterações. Nesse sentido, uma boa formação na educação básica deve conferir ao estudante a capacidade de aprender a apreender, ou seja, de saber lidar com as constantes mudanças até no âmbito de trabalho. Esse é um pressuposto”.
Publicação Tese: “Estruturas familiares e padrão de gastos em educação no Brasil – primeira década dos anos 2000” Autora: Maria Alice Pestana de Aguiar Remy Orientador: Waldir Quadros Unidade: Instituto de Economia (IE)
ENSINO PRIVADO Na comparação entre os dados de duas PNADs – de 2001 e de 2012 – a pesquisadora encontrou um movimento de fuga para o ensino fundamental privado em todas as faixas de renda, mas mais acentuado entre as parcelas mais pobres da população, com a proporção de matrículas na rede privada, entre os 10% mais pobres, passando de 0,9% para 2,4%. Nos 10% seguintes, o salto foi de 1,6% para 3,9% e assim sucessivamente.
Maria Alice Pestana de Aguiar Remy, autora da tese: “Quanto mais rica a família, maior proporção de seu respectivo consumo é destinada a despesas com educação”
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Novas visões sobre o mundo rural
Fotos: Antonio Scarpinetti
Livro editado por professores do IE propõe reflexões atualizadas e “menos românticas” sobre o setor MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br
lural, denso e provocador. Embora as reduções não combinem com o conteúdo e a dimensão física do livro O mundo rural no Brasil do século 21 – A formação de um novo padrão agrário e agrícola, que tem os professores Antônio Márcio Buainain e José Maria da Silveira, ambos do Instituto de Economia (IA) da Unicamp, entre os seus editores, os três termos oferecem uma boa pista da proposta da obra. Composto por 1.200 páginas, 37 capítulos e 51 autores, o volume traz um conjunto de artigos que pretende contribuir para uma reflexão atualizada e “menos romântica” sobre o universo rural brasileiro, que sofreu profundas transformações nas últimas décadas. Entre as teses defendidas, e que devem gerar polêmica, está a de que o momento de se fazer uma ampla reforma agrária no país já passou. “Vivemos uma nova realidade, que não pode ser analisada com a mesma lupa dos anos 50 ou de 30 anos atrás”, afirma Buainain. Também são editores do livro os pesquisadores Eliseu Alves, fundador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e até hoje reverenciado como o principal responsável pelo sucesso da empresa, e Zander Navarro, igualmente da Embrapa. O livro, editado pela Embrapa e pela Unicamp, com patrocínio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), é o resultado do esforço de um grupo de cientistas ligados a cerca de 20 instituições brasileiras e estrangeiras. Nenhum dos autores, como faz questão de registrar Buainain, recebeu qualquer honorário para escrever os artigos. “A obra nasceu do compromisso acadêmico desses pesquisadores”, diz. A gênese do trabalho está ligada a um artigo que os quatro editores produziram em conjunto e que foi publicado em 2013 pela Revista de Economia Agrícola. O texto recebeu o título de Sete teses sobre o mundo rural brasileiro, numa homenagem ao sociólogo mexicano Rodolfo Stavenhagen e ao economista brasileiro Antonio Carlos Barros Castro, que na década de 60 e 70 publicaram, respectivamente, “Siete tesis equivocadas sobre América Latina” e “Sete ensaios sobre a economia brasileira”. “Esses trabalhos confrontaram os pensamentos dominantes da época, por meio de propostas analíticas muito criativas que buscavam atualizar as interpretações sobre a realidade de então”, explica Buainain. Por causa da grande repercussão do artigo, os autores tiveram a ideia de produzir um livro e convidar outros autores para discutirem as 7 teses sobre variados aspectos do mundo rural no Brasil neste século. Segundo Buainain, a única exigência imposta aos autores foi que eles discutissem sobre uma das teses ou acerca de algum ponto a elas relacionado. “Deixamos os colegas à vontade no que se refere ao conteúdo das abordagens. Essa liberdade de expressão certamente vai ser identificada pelos leitores. O livro é bastante plural. Ao mesmo tempo em que temos um artigo assinado pelo professor Bastiaan Philip Reydon [IE-Unicamp] defendendo a tese de que, a despeito da nossa conturbada herança agrária, o momento de se fazer uma ampla reforma agrária no país já passou, o professor Pedro Ramos (IE-Unicamp) oferece uma reflexão diferente, afirmando que ainda há espaço e é fundamental que a reforma agrária ainda seja executada. Em outras palavras, o livro não é permeado por um pensamento único”, reforça o editor. O professor Bastiaan Reydon explica que procurou demonstrar em seu artigo que existe, sim, uma clara relação entre desenvolvimento e distribuição de terra. Segundo ele, o Brasil tem a pior distribuição de terra do mundo. “Entretanto, eu também tento demonstrar que o momento histórico para promover uma reforma agrária, nos moldes daquela defendida ao longo de algumas décadas, já passou. Não concordo com a tese de que nunca houve uma reforma agrária no
O professor Antônio Márcio Buainain: “Vivemos uma nova realidade, que não pode ser analisada com a mesma lupa dos anos 50 ou de 30 anos atrás”
O professor José Maria da Silveira: “Esta nova fase envolve profundas mudanças no modo como as coisas são feitas, na utilização da tecnologia, na relação entre o mundo rural e o urbano”
O professor Bastiaan Philip Reydon: “Hoje, o ponto central é que a agricultura moderna não tem limites de terra. Isso não gera eficiência. A grande parte dos ganhos dos grandes proprietários rurais vem da especulação da terra. Isso é que tem que ser mudado”
O professor Alexandre Gori Maia: “Em muitos lugares, há uma expressiva falta de força de trabalho, inclusive na agricultura familiar. Ou seja, a ideia de mão de obra abundante transformou-se num mito”
Brasil, como postulam os autores das 7 teses. Atualmente, 13% dos estabelecimentos rurais brasileiros são oriundos de reforma agrária, que certamente não alcançou a dimensão que o país precisava. Entretanto, a questão atual é de outra ordem. Hoje, o ponto central é que a agricultura moderna não tem limites de terra. Você anda por Campo Novo de Parecis, no Mato Grosso, e encontra propriedades com 20 mil, 30 mil hectares. Isso não gera eficiência. A grande parte dos ganhos desses proprietários rurais vem da especulação da terra. Isso é que tem que ser mudado. O desmatamento na Amazônia, por exemplo, não é para a implantação de pastos, mas para especulação. O Estado brasileiro precisa assumir a missão de exercer governança sobre a propriedade da terra”, defende Reydon. A tese central em torno da qual se organizam as demais, aponta o professor José Maria da Silveira, é de que o Brasil vive uma nova fase de desenvolvimento agrário e agrícola. “Esta nova fase envolve profundas mudanças no modo como as coisas são feitas, na utilização da tecnologia, na relação entre o mundo rural e o urbano. Trata-se, portanto, de uma fase muito distinta das anteriores. A agricultura que tinha uma produção extensiva, baseada na ocupação de terra e no uso de mão de obra barata e abundante, passou a ser uma agricultura intensiva, baseada principalmente na inovação tecnológica. O crescimento da fronteira agrícola se mantém, mas num padrão completamente diferente. Antes, a ocupação era feita por pequenos produtores. Hoje, é protagonizada pelos grandes empreendimentos”, explica. Desconsiderar transformações tão radicais, adverte o editor do livro, pode levar o pesquisador a interpretações que falseiem a realidade. Outro exemplo das mudanças ocorridas no mundo rural, e que ainda não são bem compreendidas por determinadas
correntes de pensamento, diz respeito à disponibilidade de mão de obra no campo, tema apenas mencionado logo acima. No artigo assinado pelo professor Alexandre Gori Maia [IE-Unicamp] e Camila Sakamoto, estudante do IE que acabou de receber o prêmio de Melhor Dissertação em Economia Agrícola, concedido pela Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober), o assunto é esmiuçado. Nele, os autores chamam a atenção para o equívoco de um expressivo número de pesquisadores, que continuam tratando a agricultura como um segmento no qual a mão de obra é abundante. “Em muitos lugares, há uma expressiva falta de força de trabalho, inclusive na agricultura familiar”, sustenta Gori. O economista destaca que muitos jovens não querem mais ficar no campo, por diferentes razões. Muitas vezes eles preferem aceitar um emprego precário na cidade que trabalhar na propriedade da família. “É difícil falar em tendência, pois o território brasileiro é grande e marcado por diferenças. Entretanto, quando comparamos o retrato do país em 2010 com o de dez anos antes, verificamos que nas áreas rurais o número médio de integrantes das famílias caiu de quatro para três pessoas. Além disso, aquele filho que ficava no campo, e que tinha baixo nível de escolaridade, passou a ter maior acesso à escola e começou a sair em busca de oportunidades nas áreas urbanas. Ou seja, a ideia de mão de obra abundante transformou-se num mito”. Em termos simplificados, o que O mundo rural no Brasil do século 21 – A formação de um novo padrão agrário e agrícola pretende mostrar é que a agricultura brasileira tem uma história de sucesso, mas que este êxito é permeado por contradições e problemas. “O que está dito no livro é que as condições que determinaram o sucesso da agricultura brasileira não garantem a manutenção desse status.
Quando olhamos os elementos que explicam o boom e a importância dessa atividade, como a disponibilidade de terra, mão de obra e tecnologia que permitiu a ocupação dos cerrados, vemos que eles não estão mais presentes e já não são suficientes para sustentar o crescimento,” diz Buainain. “Ademais, nosso modelo enfrenta atualmente uma acirrada concorrência externa. Não dá para continuar falando que o Brasil é o celeiro do mundo e que ninguém tem condições de produzir alimentos como o país. Hoje, a China está investindo em agricultura tropical na África e a Croácia está produzindo frangos com a nossa tecnologia e nossos técnicos, mas com mão de obra local”, assinala o professor José Maria da Silveira. O mundo rural no Brasil do século 21 – A formação de um novo padrão agrário e agrícola deveria ter sido lançado oficialmente no último dia 7 de agosto, em evento marcado para a USP. Na oportunidade, o ex-ministro Delfim Neto ministraria uma palestra aos cerca de 250 inscritos. “Infelizmente, tivemos que cancelar o evento porque um grupo de grevistas bloqueou todos os acessos à universidade. É mais um exemplo de predação da Universidade, em nome de uma pretensa defesa da instituição, e da falta de respeito aos direitos dos que querem trabalhar, mesmo sem ter tido os salários reajustados. Vamos tentar remarcar essa atividade para o começo de setembro, também em São Paulo. Em Campinas, o lançamento está marcado para o dia 25 de setembro, durante um seminário que realizaremos no Instituto de Economia. Na oportunidade, vamos trazer alguns dos autores do livro para debater com outros convidados. Esse evento é financiado pelo Fundo de Apoio ao Ensino, à Pesquisa e Extensão [Faepex] da Unicamp”, adianta Buainain, que admitiu ter a expectativa de que a obra tenha boa repercussão junto aos gestores públicos.
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
Pesquisa utiliza peptonas de soja para produção de ácido hialurônico MANUEL ALVES FILHO manuel@reitoria.unicamp.br
esquisa desenvolvida para a dissertação de mestrado do engenheiro químico Rhelvis de Campos Oliveira, defendida na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, investigou o uso de peptonas de soja como fontes de nitrogênio para a produção, via processo fermentativo, de ácido hialurônico (AH). O AH é um polímero natural presente nos tecidos humano e animal. Entre suas funções estão lubrificar as articulações e hidratar intensamente a pele. Por causa dessas propriedades, é utilizado pela indústria farmacêutica e de cosméticos. “Os resultados que obtivemos em laboratório foram muito promissores”, afirma o autor do trabalho, que foi orientado pela professora Maria Helena Andrade Santana. De acordo com o pesquisador, o AH é um polissacarídeo muito utilizado na área médica. A massa molar e o grau de pureza desse ácido são parâmetros importantes para definir o seu valor agregado e também o tipo de aplicação. Oliveira destaca que as principais fontes de AH são a crista do galo e o cordão umbilical humano. Mais recentemente, o AH também tem sido produzido comercialmente por fermentação. “Ocorre que as fontes animais contêm proteínas e outros compostos indesejáveis que são extraídos junto com o ácido e que podem causar reações imunogênicas. Por isso, o AH de fonte animal necessita de uma purificação muito mais rigorosa”, explica Oliveira. Já o AH de origem microbiana, prossegue o pesquisador, é mais puro, porém as indústrias farmacêutica e de cosméticos estão requerendo a substituição dos compostos de origem animal no meio de cultura por compostos de origem vegetal, de modo a utilizarem o ácido como matéria-prima de seus produtos. “Daí a importância de investigarmos fontes vegetais de nitrogênio para serem usadas no processo de produção”, diz o autor da dissertação. É nesse ponto que entram as peptonas de sojas. No caso do estudo desenvolvido por Oliveira, foram utilizados dois tipos comerciais. A principal diferença entre as peptonas foi a concentração de aspartato, glutamina e glutamato. “Por causa dessa diferença, nós resolvemos classificar as peptonas de ‘rica em AGG’ e ‘pobre em AGG’. A primeira
Objetivo é chegar a um produto mais puro, para atender às indústrias farmacêutica e de cosméticos também é rica em aminoácidos livres, enquanto na segunda os aminoácidos estão na forma peptídica”. Uma das conclusões a que o pesquisador chegou a partir dos ensaios feitos em laboratório foi de que o AH produzido a partir da proteína rica em AGG tem massa molar 100 vezes maior que o produzido a partir da proteína pobre em AGG. Quanto ao rendimento, foi constatado que o AH obtido da peptona pobre em AGG, que tem massa molar reduzida, apresentou um rendimento muito superior à outra. “Ou seja, embora dê origem a um produto de baixa massa molar, essa última compensou tal desvantagem com uma maior produtividade. Portanto, a produção e a massa molar do AH podem ser controlados pelo tipo de peptona de soja usada no processo”, esclarece. Oliveira. Ademais, as peptonas de soja apresentaram uma concentração reduzida de proteína e peptídeos em relação às fermentações realizadas com outras fontes de nitrogênio, como extrato de levedura, proteína do leite e peptona de batata. “Ou seja, obtivemos um produto mais puro, o que facilita o processo de purificação”, acrescenta Oliveira. Em relação outras propriedades dessas peptonas, o estudo concluiu que a rica em AGG tem a capacidade de estimular a produção de biomassa, enquanto a pobre em AGG proporciona a produção de AH. Nesse ponto, o autor da dissertação abre parênteses para explicar que embora o AH seja útil em toda a faixa de massa molar, as aplicações são diferentes. O AH de alta massa molar normalmente é aplicado em cirurgias oftalmológicas, para repor o humor vítreo, gel aquoso situado entre o cristalino e a retina, ou em procedimentos cirúrgicos ortopédicos, com o propósito de normalizar as concentrações do ácido no fluido sinovial,
cuja função é proteger as articulações. Já o segundo atua como regenerador celular e auxilia no processo de cicatrização, favorecendo o tratamento de feridas. Além disso, contribui para evitar a morte celular, pois tem propriedade antiapoptótica. Oliveira adianta que pretende dar continuidade à pesquisa com o AH no seu doutorado. Ele ainda não definiu, porém, que abordagem dará ao estudo. “Uma possibilidade é concentrar a pesquisa nos efeitos da transferência de oxigênio ao meio de cultura, já que o micro-organismo usado é altamente aeróbio. Por outro lado, o excesso de oxigênio pode produzir estresse ao microorganismo e aumentar a produção de ácido hialurônico como um mecanismo de proteção”, exemplifica o engenheiro químico, que contou com bolsa de estudo concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
LINHA DE PESQUISA Devido à sua importância, o ácido hialurônico é tema de uma linha de pesquisa coordenada pela professora Maria Helena Andrade Santana, da FEQ, sob diferentes perspectivas nos campos da produção e das aplicações. Em relação à produção, o grupo tem investigado os efeitos de várias condições de estresse ao micro-organismo, tais como estresse ácido e de glicose, para ficar em dois exemplos. Já os estudos voltados às aplicações estão concentrados no desenvolvimento de processos de produção de nanopartículas e filmes, de encapsulação de compostos bioativos e de fabricação de scaffolds (suporte tridimensional) para uso em medicina regenerativa. Uma das abordagens está sendo realizada atualmente pela estudante de pós-doutorado Patrícia Severino. Ela está desenvolvendo um filme adesivo para ser usado em pacientes que desenvolvem mucosite oral, em decorrência do tratamento de câncer de cabeça por radio e quimioterapia. Patrícia explica que o filme é uma espécie de gel composto por AH e quisotosana, fibra extraída do exoesqueleto de alguns crustáceos e que tem propriedades antimicrobianas. O material contém nanocapsulas que abrigam dois tipos de fármacos: um anestésico e um antibiótico. Depois de colocado na boca da pessoa, o filme libera os medicamentos, em perío-
dos distintos, para combater os sintomas da mucosite oral. “O objetivo é que o anestésico seja liberado rapidamente, para combater as dores, e que o antibiótico seja liberado de forma mais lenta, para combater micro-organismos que agem no local”, detalha a pesquisadora. De acordo com ela, o filme contendo as nanopartículas está praticamente pronto. “Faltam alguns pequenos ajustes. Uma das questões a serem solucionadas é a adequação do pH do material”, diz. A pós-doutoranda acrescenta que parte do trabalho está sendo feita em colaboração com pesquisadores da Universidade de Sorocaba (Uniso) e do Hospital da Pontifícia Universidade Católica também de Sorocaba. Conforme Patrícia, esses cientistas já estão fazendo testes clínicos (em humanos) com o filme contendo um tipo de formulação. “A formulação com a qual eu estou trabalhando deve começar a ser testada clinicamente somente no próximo ano”, adianta. Outra orientanda da professora Maria Helena, a doutoranda Andrea Shimojo, está pesquisando a fabricação de scaffolds de AH autorreticulados (sem a utilização de qualquer outro produto químico) ou em associação com a quitosana. Em ambos os casos, os scaffolds são produzidos na forma de esponjas, cujas aplicações previstas são na cicatrização de feridas crônicas e em cirurgias ortopédicas. Esses scaffolds, tanto na forma de esponja quanto na de nanopartículas, também estão sendo estudados para a proliferação de células mesenquimais (tipo de célula-tronco), para aplicação em medicina regenerativa. Esse trabalho está sendo desenvolvido em colaboração com a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Dentro da interdisciplinaridade que essas aplicações demandam, a grande contribuição da engenharia química está, conforme a professora Maria Helena, no desenvolvimento de processos de produção escalonáveis voltados à aplicação no setor industrial, gerando assim novos produtos. O ácido hialurônico foi identificado em 1934. Ele está presente em diversas partes do corpo humano e também dos animais. Em 1949, descobriu-se que a crista do galo contém essa substância em grandes concentrações. O AH tem sido usado tanto pela indústria farmacêutica quanto pela de cosméticos. Ele é utilizado na composição de vários medicamentos, como colírios, pomadas cicatrizantes e produtos para o tratamento da artrose. Foto: Antonio Scarpinetti
Segundo Rhelvis de Campos Oliveira, autor da pesquisa, o ácido hialurônico tem sido usado na composição de vários medicamentos, como colírios, pomadas cicatrizantes e produtos para o tratamento da artrose
Publicação Tese: “Estudo da produção de ácido hialurônico utilizando peptona de soja” Autor: Rhelvis de Campos Oliveira Orientadora: Maria Helena Andrade Santana Unidade: Faculdade de Engenharia Química (FEQ) Financiamento: CNPq
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Campinas, 25 a 31
Circuitos turísticos heranças culturais it LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br
nvolvido na questão da cultura ítalo-descendente desde a graduação, Marcelo Panis, no projeto de doutorado, decidiu abordar o uso desta cultura pela prática turística. “Circuitos turísticos ítalo-descendentes: o uso contemporâneo das heranças culturais no Sul e Sudeste do Brasil” é o título da tese orientada pela professora Maria Tereza Duarte Paes e defendida no Instituto de Geociências (IG). “Quis investigar como se dá o processo de conversão dos elementos do patrimônio material e imaterial em produtos turísticos, e se este processo ocorre de forma a artificializar a cultura ítalo-descendente, ou se realmente contribui para mantê-la”, explica o autor da pesquisa. Marcelo Panis realizou pesquisas de campo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, Estados onde encontrou o que chama de circuitos turísticos ítalo-descendentes. Circuito é a terminologia que ele empregou para abarcar as diversas classificações e se referir a lugares que ganham nomes diversos – Rota do Vinho, Caminho de Pedra, Estrada do Imigrante, por exemplo, – aonde os visitantes vão para terem contato com as representações dessa cultura. “Visitei onze circuitos e entrevistei empreendedores, autoridades de turismo e agências, além de disponibilizar questionários aos turistas. Fiz ainda um levantamento fotográfico bastante rico, com mais de duas mil imagens.” Observando que os circuitos turísticos ítalo-descendentes, em geral, são iniciativas familiares e não de grupos econômicos como no turismo mais profissionalizado, o autor da tese adianta algumas das principais conclusões do estudo. “O turismo contribui para a manutenção da cultura, mas não é pelo turismo que a cultura se mantém; é pelo convívio familiar e comunitário, cotidianamente e que fortalecem os vínculos de pertencimento à cultura: o dialeto, as cancionetas, as receitas de pratos tradicionais e produtos de toda sorte, como queijos, embutidos, compotas e, obviamente, o vinho, que costuma ser o carro-chefe do negócio. Tudo isso reunido nos saberes e conhecimentos herdados, junto com os bens materiais remanescentes.”
Desenvolvida em Estados do Sul e do Sudeste, pesquisa mostra que convívio familiar e comunitário perpetua legado entre ítalo-descendentes Segundo Panis, o turismo traz uma contribuição importante para o rendimento familiar, embora a principal atividade, na maioria dos casos, seja ligada à agricultura – até porque é da terra que se tira parte dos produtos ofertados aos visitantes. “Não entrei em detalhes sobre os rendimentos, questionando apenas se eram suficientes. A maioria das famílias não pode sobreviver apenas do turismo, o que por vezes acarreta na não profissionalização. Aonde é grande a presença de turistas, como nos circuitos da Serra Gaúcha, há dedicação maior de tempo de trabalho à prática turística, que nesse caso representa parcela significativa dos ganhos. Dois aspectos bastante positivos da atividade são a ausência de intermediários e a inserção dos jovens, que têm assim um motivo para permanecer na área rural.”
DIFERENÇAS HISTÓRICAS No primeiro capítulo da tese, o autor descreve o contexto europeu na segunda metade do século 19, especialmente na Itália, quando as transformações na economia da península provocaram um dos maiores movimentos migratórios da história contemporânea, por sua dimensão cultural e humana – evento que influenciaria também a formação socioespacial brasileira, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste. “No final do século 19 e início do século 20, o Sudeste estava em processo de substituição da mão de obra escrava pela assalariada nas fazendas de café, então a maior economia do país. E, no Sul, a necessidade de povoamento levou à criação das colônias de imigração, que estão na origem de muitos municípios.” Marcelo Panis explica que as características do turismo ítalo-descendente diferem de acordo com a formação socioespacial de cada Estado. “A política de ocupação territorial se estendeu por todo o Sul. O Rio Grande do Sul foi o Estado que mais recebeu imigrantes italianos depois de São Paulo,
em torno de 300 mil. Santa Catarina, onde se instalaram prioritariamente os alemães, ficou com a menor fatia do contingente de italianos que chegou ao país, mas que teve papel destacado na ocupação do solo e na constituição de cidades. As colônias do Paraná surgiram para abastecer o mercado consumidor de Curitiba e, ao contrário das demais, não ficaram isoladas do grande centro urbano. Já no Espírito Santo havia o objetivo de arregimentar trabalhadores para a economia cafeeira, principal atividade econômica do estado naquele período.” Neste resgate histórico, Panis inclui uma nota sobre São Paulo, justificando a omissão na pesquisa do Estado que mais recebeu imigrantes da Itália do que todos os outros juntos. “São Paulo constituiu um modelo de imigração completo: fixou italianos na capital paulista, onde foram estratégicos para o desenvolvimento urbano-industrial; nas fazendas de café, atendendo à necessidade de substituição de mão de obra escrava pela assalariada; e, nos núcleos coloniais, que se transformaram em uma ‘espécie de territorialidade étnica italiana’. Por esta complexidade, e por não possuir nenhum roteiro turístico ítalo-descendente formatado, é que São Paulo ficou fora desta pesquisa.”
DOCUMENTOS NA PAISAGEM O pesquisador enxerga na paisagem dos circuitos turísticos ítalo-descendentes documentos que registram, historicamente, o percurso dos grupos de imigrantes no território, numa mescla das formas recentes com as antigas, preenchidas de conteúdos culturais. “No Sul e Sudeste vemos um misto de bens materiais imóveis – casas de madeira e de pedra, cantinas, moinhos, galpões, igrejas, capelas – que revelam conhecimentos e técnicas construtivas dos primeiros imigrantes e descendentes, e que guardam evidências históricas da sua chegada e permanência nas regiões coloniais. Esses bens materiais hoje são refuncionalizados, ou seja, passam
a agregar novas formas de uso que garantem sua continuidade no tempo e espaço.” Para o autor da pesquisa, também os objetos móveis, a exemplo dos instrumentos de trabalho, de lazer e de uso cotidiano, constituem parte deste arcabouço cultural. “São objetos que representam formas e materialidades antigas e que ainda possuem alguma função, ainda que convertidos em atrativos turísticos. Esses bens móveis, por vezes esquecidos em velhos galpões, passam a compor acervos de museus ou memorais destinados a homenagear a cultura e tradição ítalo-descendente de um município ou região, como os existentes em Pelotas (RS), Chapecó (SC), Bituruna e Colombo (PR).” Marcelo Panis acrescenta que, apesar de a cultura ítalo-descendente ter se modificado no decorrer do tempo (“o que é próprio da dinâmica da cultura”), em muitos lugares são perpetuados ritos e festejos. “É o caso da Festa da Polenta, em Venda Nova do Imigrante [ES], que atrai pessoas de outras regiões e celebra uma italianidade capixaba – ou a ‘Itália que não existe na Itália’. Outro exemplo são as ‘jantas italianas’ típicas no Rio Grande do Sul, uma festa comunitária, não turística, com famílias que vivem em determinada linha ou faxinal (área rural equivalente a um bairro) e se reúnem para comer, beber, jogar, cantar, dançar e ‘parlar talian’ ”.
Foto: Antonio Scarpinetti
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Marcelo Panis, autor da tese de doutorado: pesquisa em quatro Estados e acervo fotográfico de mais de duas mil imagens
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ajudam a preservar talianas, conclui tese Fotos: Divulgação
RESGATE DA ITALIANIDADE
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1 – Casa e Museu da Família – Bituruna (PR) – Rota do Vinho 2 – Casa Bonnet – Caxias do Sul (RS) – Estrada do Imigrante 3 – Moinho – Bento Gonçalves (RS) – Caminhos de Pedra 4 – Cantina e produtos coloniais – Garibaldi (RS) 5 – Igreja centenária – Urussanga (SC) – Vales da Uva Goethe 6 – Tombo da Polenta – Venda Nova do Imigrante (ES) – Circuito Agroturístico
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No que diz respeito ao resgate da italianidade, o autor da tese cita a retomada da produção de vinho pelos descendentes em algumas regiões coloniais, influenciados pelo turismo. “É possível verificar que houve um processo de resgate de técnicas produtivas e de multiplicação de cantinas e adegas, associado ao planejamento e organização de um circuito turístico na região. Em alguns casos, foram as práticas turísticas que contribuíram para o ressurgimento de práticas culturais, como em Bento Gonçalves [RS]: ali, um circuito de visitação de casas de pedra proporcionou iniciativas de preservação do patrimônio cultural e de resgate e manutenção de tradições, como a prática do talian, dialeto usado pela maioria dos descendentes de imigrantes.” Panis reitera que os ítalo-descendentes seguiram caminhos diferentes, reforçando as peculiaridades de cada Estado, tendo se deparado, por exemplo, com um circuito em que o vinho não é o principal produto. “Em Venda Nova do Imigrante, o produto que faz sucesso é o socol – embutido semelhante à copa que está recebendo um selo de Indicação Geográfica (IG). Eles ofertam exatamente o que fazem e consomem, não criam artificialidades. No interior gaúcho temos muitos restaurantes que servem não a comida italiana que conhecemos hoje, mas aquela do tempo dos imigrantes: polenta, frango com molho, massas e carnes, pratos bem fortes que eram destinados a alimentar o trabalhador braçal que lidava com o terreno rústico.” Questionados pelo pesquisador sobre as práticas herdadas dos antepassados, 72% dos entrevistados citaram a culinária, com destaque especial para a polenta consumida ao menos uma vez por semana pela grande maioria das famílias. “A segunda herança mais lembrada foi das práticas de lazer, entre as quais, os jogos como o quatrilho, bocha, dubelão, mora, três-sete e briscola; e as cantorias típicas em grupos de canto ou coral. O consumo do vinho e o cultivo e trato da uva, assim como a religiosidade, foram lembrados por 25% dos entrevistados, na terceira posição, seguidos do dialeto (13%), do trabalho (9%) e do artesanato (7%). A grande maioria (75%) aponta o convívio familiar como principal modo de transmitir saberes, fazeres e outros conhecimentos.”
A OPÇÃO PELO TURISMO Panis também procurou saber das famílias como se deu a opção pela atividade turística para complementar os rendimentos, sendo informado de que boa parte delas já recebia visitantes em suas propriedades. “Eram pessoas interessadas em determinado produto típico, sinalizando que ele podia ser comercializado. A cultura, portanto, antecede o turismo, que não foi uma consequência, mas uma ação pensada a partir daqueles visitantes individuais, que também antecedem o circuito turístico. Em quase todos os circuitos encontrei conselhos municipais de turismo – alguns mais efetivos e outros menos – formados pelo poder público, empreendedores e instituições parceiras que procuram elaborar atividades e estratégias de promoção. Os circuitos turísticos ítalo-descendentes constituem uma tendência irreversível: vão continuar existindo, seja como forma de complementar o rendimento familiar ou, mesmo, como iniciativas de fortalecimento da cultura.”
Publicação Tese: “Circuitos turísticos ítalodescendentes: o uso contemporâneo das heranças culturais no Sul e Sudeste do Brasil” Autor: Marcelo Panis Orientador: Maria Tereza Duarte Paes Unidade: Instituto de Geociências (IG)
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
Nova técnica potencializa rendimento da cumarina
Foto: Antoninho Perri
Presente no guaco, substância é responsável pela atividade expectorante e broncodilatadora da planta SILVIO ANUNCIAÇÃO silviojp@reitoria.unicamp.br
ma pesquisa conduzida na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp formulou um novo processo de secagem capaz de aumentar em 2,4 vezes o rendimento de uma das principais substâncias presente no guaco, planta com comprovada ação no tratamento de doenças que atacam o sistema respiratório, como tosse, dor de garganta, gripe e bronquite. A cumarina, presente na composição química da planta, é um dos princípios ativo do guaco, responsável pela sua atividade expectorante e broncodilatadora. O segredo dos resultados está no emprego do etanol na superfície das folhas para acelerar o processo de secagem, relatam os pesquisadores envolvidos. Além de aumentar o rendimento da substância, o novo processo de secagem permitiu a diminuição no tempo de secagem em 35% em relação aos procedimentos convencionais. A redução do tempo explica o aumento do rendimento do princípio ativo, já que o menor intervalo de secagem evitou perdas. O engenheiro químico Mateus Guimarães da Silva, autor do estudo, esclarece que o efeito da temperatura é muito danoso para a cumarina. “Quanto mais tempo o guaco fica exposto ao ar de secagem, maior pode ser a perda da cumarina. O tempo de exposição foi reduzido graças ao emprego do etanol, o que nos permitiu obter resultados surpreendentes. Não existem relatos na literatura científica de trabalhos sobre secagem de plantas medicinais utilizando o etanol, até porque se imaginava que o álcool pudesse acelerar a dissipação da substância que se queria obter”, reconhece. A pesquisa foi desenvolvida como parte da sua dissertação de mestrado, defendida no final de março deste ano junto ao Programa de Pós-Graduação da FEQ. O estudo, financiado pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), contou com a parceria de pesquisadores do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Brasília (UNB). Mateus da Silva foi orientado pela docente Maria Aparecida Silva, que atua no Departamento de Engenharia de Processos da FEQ e coordena o Laboratório de Processos Sólido-Fluido (LPS). A professora da Unicamp e engenheira de alimentos atua no campo da engenharia química, especialmente na área de operação de separações e misturas. “Trata-se de um trabalho relevante que trouxe resultados que abrem perspectivas para a utilização desta técnica de secagem em outras plantas medicinais. O Mateus teve que superar muitas dificuldades na parte experimental, sobretudo pelo fato de se trabalhar com folhas. Tivemos uma vantagem porque o CPQBA tem um campo experimental de guaco. Isso é extremamente importante uma vez que, se a plantação não estivesse próxima dos laboratórios de pesquisa, o longo tempo de transporte da planta poderia causar efeitos externos que dificultariam os experimentos”, avalia a orientadora.
Mateus Guimarães da Silva, autor do estudo, e a professora Maria Aparecida Silva, orientadora: diminuição no tempo de secagem
A secagem do guaco foi realizada em um túnel que promove a circulação forçada de ar. O equipamento, desenvolvido no laboratório da FEQ, é monitorado por um software comercial que controla a temperatura do ar de secagem e registra, continuamente, a variação de massa das folhas. Nos oito experimentos realizados, a melhor condição de secagem foi na temperatura de 50 ºC e velocidade do ar de 0,42 metros por segundo. O pesquisador realizou também experimentos com equipamentos mais simples, como estufas, para permitir que produtores rurais consigam, no futuro, reproduzir este processo. “Avaliamos o processo em condições semelhantes às realizadas pelos produtores rurais. Os resultados, utilizando um equipamento mais simples, também foram promissores, reduzindo o tempo de secagem e aumentando o rendimento da cumarina. Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNB, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vão utilizar os nossos resultados para aprofundar estudos sobre a viabilidade econômica deste processo. O objetivo é que os produtores rurais também possam se beneficiar”, afirma Mateus da Silva. O engenheiro químico formado pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no campus de Bagé, Rio Grande do Sul, informa que o etanol é um solvente orgânico acessível, atóxico e de baixo custo, já consagrado na indústria de fitoterápicos nos processos de extração de compostos bioativos. Por isso, de acordo com o pesquisador, ele poderá ser facilmente incorporado na cadeia produtiva. A secagem de plantas medicinais, como o guaco, é um processo amplamente empregado para a preservação e conservação dos princípios ativos presentes na planta. O estudioso da Unicamp acrescenta que a técnica de secagem é realizada para atender as necessidades da indústria farmacêutica de fitoterápicos, que não tem meios para usar plantas frescas nas quantidades exigidas para a produção industrial.
Publicações Artigos M. G. SILVA, R. M. S. CELEGHINI, M. A. SILVA. Influência das condições de secagem de folhas de guaco (Mikania laevigata Schultz Bip. Ex Baker) no teor de cumarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS PARTICULADOS (ENEMP 2013), 2013, Maceió. Anais do XXXI Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, Maceió, 20-23, Outubro, 2013. M. G. SILVA, R. M. S. CELEGHINI, M. A. SILVA. Ethanol as drying accelerator of guaco leaves (Mikania laevigata Schultz Bip. Ex Baker). In: INTERNATIONAL DRYING SYMPOSIUM (IDS’ 2014), 2014, Lyon. Proceedings of the 19th International Drying Symposium, Lyon, 2427, August, 2014.
Dissertação: “Secagem de folhas de guaco (mikania laevigata schultz bip. ex baker) com adição de etanol: efeito sobre o teor de cumarina” Autor: Mateus Guimarães da Silva Orientadora: Maria Aparecida Silva Unidade: Faculdade de Engenharia Química Financiamento: Capes e Fapesp
“A secagem consiste na remoção de grande parte da água contida na planta, após a sua maturidade fisiológica, a um nível no qual a planta possa ser armazenada por longos períodos, sem que ocorram perdas significativas. Estes processos podem, no entanto, no caso do guaco, causar a perda da cumarina, seja pela ação enzimática ou microbiana, ocasionada pelo longo tempo de secagem, causando prejuízos para os
seus fins fitoterápicos. Daí, a relevância do estudo objetivando minimizar a perda da cumarina”, justifica. O engenheiro químico revela que a utilização do etanol na superfície de produtos vegetais durante a secagem, sobretudo em frutas, já vinha sendo estudada há alguns anos por pesquisadores do Laboratório de Processos Sólido-Fluido da Unicamp. “Foram obtidos ótimos resultados na qualidade do material seco e na redução significativa do tempo de secagem devido à evaporação intensa da água. Estes resultados promissores com as frutas abriram caminho para que novos estudos, como o meu, pudessem ser desenvolvidos, dessa vez, com folhas de uma planta medicinal”, contextualiza.
GUACO Planta tipicamente brasileira, nativa da região sul do país, o guaco difundiu-se para várias partes do Brasil devido à popularidade do seu uso medicinal. Mateus da Silva explica que as propriedades do guaco vão além do seu uso como matéria-prima para chás e xaropes expectorantes no tratamento contra a asma, febre, infecção na garganta, tosse, entre outras doenças. Estudos comprovam que o guaco era utilizado, antigamente, pelos índios da América do Sul como antídoto de veneno de cobras e escorpiões. “A cumarina é uma das principais substâncias responsáveis pelas propriedades medicinais do guaco, sendo utilizada no controle de qualidade dos produtos derivados da planta e definida como o seu marcador químico pela Anvisa [Agência Brasileira de Vigilância Sanitária]. O guaco está inserido na farmacopeia brasileira, o compêndio que define as especificações para o controle de qualidade de medicamentos e insumos para saúde. Ele é, inclusive, disponibilizado em algumas secretarias de saúde do país, fruto do Programa Nacional de Plantas Medicinais de interesse ao Sistema Único de Saúde.”
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
Um centro voltado aos estudos sobre nutrição Foto: Antoninho Perri
Projeto da Fapesp envolve também a construção de museu na FCA ISABEL GARDENAL bel@unicamp.br
esquisadores da Unicamp envolvidos no recém-criado Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão – Obesity and Comorbidities Research Center (Cepid OCRC), encabeçado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), caminham com os olhos fitos no desenvolvimento do primeiro centro de alimentação e nutrição do Estado de São Paulo. Um dos resultados desse projeto, já em andamento, se vislumbra com a construção de um museu de nutrição, que possivelmente ficará alocado em uma área da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), em Limeira. Está sendo idealizado um museu interativo, com laboratório para demonstrações à população em geral. As tratativas estão acontecendo. Mas, até o fim desse primeiro período de cinco anos do projeto (de outros dez anos de duração), estima-se que ele esteja em pleno funcionamento. “O novo museu terá como modelo o Museu Exploratório de Ciências. Pretendemos ter um espaço do mesmo nível. É algo novo para o campus novo de Limeira. Para isso, já temos boa parte da verba, e à Unicamp caberá a cessão de uma área para abrigá-lo”, menciona o coordenador-geral do projeto Lício Velloso, docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A notícia vem em boa hora, de acordo com o coordenador, pois, recentemente, um dos três principais jornais médicos do mundo – o britânico Lancet –, publicou um estudo em que pesquisadores fizeram uma revisão na literatura sobre a obesidade nos últimos 30 anos. A conclusão à que chegaram foi que nada que o ser humano inventou até hoje funcionou para tentar conter ou diminuir o seu avanço. Os estudiosos chamaram a atenção para a gravidade da situação atual. Segundo eles, o quadro não só pode como deve piorar e infelizmente ainda não foi encontrada nenhuma solução para esse grave problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, 40% da população já é considerada obesa e, no Brasil, o percentual ultrapassa os 20%. Estima-se que até 2025 suplante os 25%, ou seja, a obesidade atingirá o contingente dos 50 milhões de pessoas. Não obstante o panorama ser para lá de pessimista, ela deve aumentar ainda mais, garante Lício Velloso.
ESCOLAS Além de desenvolver pesquisa e inovação na área de obesidade e doenças relacionadas, outra finalidade do projeto, como um todo, é acolher na Universidade estudantes do ensino médio por meio de atividades educativas mensais, com vistas a atingir uma maior qualidade de vida com uma boa alimentação. O professor do Instituto de Química (IQ) Ronaldo Aloise Pilli, responsável pela difusão científica do Cepid OCRC, conta que a equipe de pesquisadores traçou um plano de trabalho para os primeiros anos, atuando em diferentes frentes. Uma delas residirá em buscar uma maior inserção dos laboratórios da Unicamp dentro dos programas já existentes na instituição para estudantes do ensino médio, em particular o Ciência & Arte nas Férias (CAF) e o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic EM), financiado pelo CNPq e Fapesp.
Os professores Ronaldo Aloise Pilli (à esq.) e Lício Velloso: pesquisas acerca de um problema de saúde pública
De acordo com Ronaldo Pilli, nesse momento, o olhar é sobre os estudantes de escolas públicas de Campinas e região, uma vez que um dos braços do projeto tem em vista os aspectos preventivos da obesidade. Foram inclusive planejadas para este ano oficinas que devem receber, nas dependências da FCM, dez escolas do ensino fundamental de Campinas, além de outras escolas públicas do ensino médio. Durante o período do dia que participam da oficina de nutrição e alimentação, entre 60 e 90 alunos são apresentados a todos os aspectos relacionados ao que é saudável em termos de alimentação e aos impactos em suas vidas decorrentes de um tipo de vida mais sedentário. Eles montam o seu próprio lanche com ingredientes à sua escolha, guiados por monitores, para que façam uma alimentação mais adequada. Na oficina antropométrica, medem o índice de massa corporal (IMC), para calcular se estão com o peso ideal. Na oficina de sangue, esses jovens são estimulados a pensar na possibilidade de serem futuros doadores. Depois, com a ajuda do jogo de cartas Super Trunfo, checam se conseguiram captar os conceitos aprendidos em atividade realizada na FCM. As oficinas já tiveram início em abril deste ano e devem continuar no segundo semestre. O Cepid OCRC também estabeleceu uma parceria com duas escolas do ensino público, que têm tanto ensino fundamental quanto ensino médio. São elas a Escola Estadual “Barão Geraldo de Rezende”, no distrito de Barão Geraldo, e a Escola Estadual Miguel Vicente Cury, na Vila Padre Anchieta. As duas escolas, que somadas reúnem mais de dois mil estudantes, foram indicadas pelos dirigentes de ensino de Campinas, da diretoria Leste e da Oeste. “Pretendemos trabalhar com eles e, além de incorporá-los a essas oficinas, também estamos programando levá-los a visitas em instituições de pesquisa e em museus. Já pensamos no Museu Exploratório da Unicamp e no Instituto Butantan”, relata. Outras atividades que estão em andamento e deverão ser implementadas no segundo semestre são a organização de feira
de ciências nessas escolas, aulas demonstrativas sobre ciência e tecnologia, palestras de orientação vocacional e palestras públicas abordando obesidade e outros temas dentro da competência profissional da equipe envolvida no projeto e que podem ser agendadas por diretores e coordenadores de ensino. Isso sem falar na estratégia de envolver professores dessas escolas num programa para trabalhar de forma coordenada ao projeto. A intenção é cobrir um público, neste primeiro ano, da ordem de mais duas mil crianças, que é o contingente das duas escolas. “Estamos ainda trabalhando com as escolas do ensino fundamental nas oficinas de nutrição e alimentação”, explica Ronaldo Pilli.
EQUIPE Os professores que integram este grupo trabalham com obesidade, diabetes, hipertensão, cardiologia, doenças renais, câncer, fisiologia, infecções, bioenergética, na área química [novos medicamentos vão surgir dessa associação] e nas áreas de educação física e de sono, conta Lício Velloso. São 14 nomes selecionados da comunidade científica brasileira. Na Unicamp, além de Lício Velloso, são eles os professores Ronaldo Aloise Pilli, Aníbal Vercesi, Antonio Carlos Boschero, Everardo Magalhaes Carneiro, Heitor Moreno Junior, Helena Coutinho Oliveira, José Antonio Gontijo, José Barreto Carvalheira, Mario Saad e Wilson Nadruz Junior; e na USP São Carlos Eduardo Negrão, Silvana Bordin e Heraldo Possolo de Souza. O Cepid OCRC terá como desafio buscar soluções para a obesidade, que resulta de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, geralmente associado a múltiplas doenças que, juntas, constituem a síndrome metabólica. Apesar do avanço na caracterização dos mecanismos de controle da fome, a complexidade dos circuitos neurais e as dificuldades anatômicas para os estudos do hipotálamo humano dificultam o tratamento da obesidade. Então, além de compreender os seus mecanismos, o Centro buscará novas abordagens farmacológicas, nutricionais e físi-
cas para o problema. Investirá em programas preventivos e em métodos de triagem para a detecção de doenças associadas, em estreita relação com a indústria. Lício Velloso comenta que tudo começou com uma chamada da Fapesp para constituir grupos de pesquisa em determinadas áreas do Estado de São Paulo, onde se esperava que cientistas de áreas afins se unissem para conduzir projetos não totalmente convergentes, mas que tivessem o mesmo foco. A escolha do tema, conforme ele, tem uma razão epidemiológica muito significativa, que é o número de pessoas do planeta que estão progredindo para a obesidade e outras doenças. “Isso aumenta os gastos com saúde pública e aumenta o sofrimento das pessoas”, afirma. “Logo, é importante ter um investimento maior em pesquisa nessas áreas para buscar outras soluções.” A Fapesp destinou a princípio ao projeto cerca de R$ 17 milhões para os primeiros cinco anos. “Os recursos contemplam a compra de equipamentos, reagentes e bolsa de pós-graduandos e pós-doutorandos. Devemos ainda ter uma contrapartida da Unicamp quanto à verba de infraestrutura. Nesse momento, o Cepid OCRC já conta com bolsas e começou a receber algumas importações”, revela. Nesse primeiro ano do projeto, o seu coordenador o qualifica como exitoso. “Já conseguimos mais ou menos 120 publicações, algumas delas excepcionalmente boas. Implantamos boa parte do processo de difusão com os alunos de ensino fundamental e há várias atividades em andamento”, diz. A Unicamp sedia dois outros dos 17 Cepids existentes, ligados a outras instituições: o Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia, comandado pelo neurologista Fernando Cendes, e o Centro de Pesquisa em Ciência e Engenharia Computacional, comandado pelo professor do Instituto de Química Munir Salomão Skaf. Trata-se de projetos de longo prazo em que, junto com pesquisa e inovação, têm também como missão fazer divulgação científica. A Fapesp visa financiar a implantação e as atividades de centros de pesquisa multidisciplinares que, simultaneamente, desenvolvam mecanismos de transferência dos resultados desses estudos para a sociedade.
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
PAINEL DA SEMANA SeEMTeC - O Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) organiza nos dias 26 e 27 de agosto a Semana do Ensino Médio e Técnico (SeEMTeC). O objetivo é discutir temas da área de ensino, educação técnica e gestão de carreira através de palestras, minicursos e mesas-redondas. O evento é destinado a alunos, professores e profissionais de escolas e colégios técnicos, universidades, centros de pesquisa e empresas. O local do SeEMTeC 2014 é o Centro de Convenções da Unicamp, que fica na Av. Érico Veríssimo, 800, no campus de Campinas. Dúvidas pelo e-mail seemtec@cotuca.unicamp.br ou telefone (19) 99878-1730. Programação e mais detalhes no link http://seemtec.cotuca.unicamp.br/ Aprendizagem ativa - sala de aula invertida - Palestra será proferida por José Armando Valente, dia 26 de agosto, às 14 horas, no auditório do Centro de Computação (CCUEC) da Unicamp. O objetivo é apresentar o conceito de aprendizagem ativa, especialmente a ideia da “sala de aula invertida” e discutir com os participantes, estratégias e soluções de como a aprendizagem ativa pode ser incorporada em algumas disciplinas ministradas nos cursos de graduação ou de pós-graduação. A palestra é aberta a interessados. Inscrições e outras informações no site www.ggte. unicamp.br ou telefone 19-3521-2183. Palestra da Vreri - A Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais (VRERI) organiza palestra com a empresa biofarmacêutica AstraZeneca/MedImmune, na qual serão fornecidas orientações, informações e esclarecimento de dúvidas acerca das oportunidades de intercâmbio para pesquisa no âmbito do Programa Ciência Sem Fronteiras (CSF). A palestra acontece no auditório ID02 da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), dia 27 de agosto, às 10 horas. As áreas contempladas são: oncologia, respiratória, inflamatória, autoimune, cardiovascular, doenças metabólicas, doenças infecciosas e vacinas, ciência translacional, concepção de anticorpos e construção de proteínas, desenvolvimento biofarmacêutico e biossupressores. Mais detalhes: 19-3521-7145 ou e-mail amanda.fernandes@ reitoria.unicamp.br Cooperação científica - A Agência de Inovação Inova Unicamp, em parceria com o Techno Park Campinas e o Consulado Geral da França em São Paulo promovem evento no contexto do marco da cooperação cientifica, técnica e econômica entre o Brasil e a França. O workshop se propõe a apresentar iniciativas da França para desenvolver a cultura da inovação, da universidade à empresa, e debater as oportunidades de intercâmbios e parcerias entre instituições francesas com a Unicamp e o parque Technopark. O evento ocorre no dia 29 de agosto, às 9 horas, no Auditório I da AFPU. A organização é da Inova Unicamp. Site do evento: http://www.inova.unicamp.br/node/3188. Mais informações: 19-3521-2622. Mostra Unicamp de fotografia - Inscrições devem ser feitas pessoalmente, diretamente na área de Ação Cultural da Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC), à Rua Elis Regina, 131, na Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Campinas–SP, até 29 de agosto. A Convocatória visa selecionar ensaios e projetos expográficos, para apresentação no mês de outubro de 2014, nas seguintes categorias: ensaios individuais e/ ou coletivos e projetos expográficos de unidades/órgãos da Unicamp. As propostas podem estar relacionadas às atividades de ensino, pesquisa, extensão ou a projetos pessoais de integrantes da comunidade universitária da Unicamp e podem ser inscritas de forma espontânea pelos proponentes ou por seus responsáveis em suas unidades/órgãos. Mais informações no link http://www.ggbs.gr.unicamp.br/noticias.php?area=mostra_unicamp_ fotografias
TESES DA SEMANA Artes - “O jazz latino de Eddie Palmieri: identidade e diálogo” (mestrado). Candidato: Sergio Lyra. Orientador: professor Marcelo Gimenes. Dia 25 de agosto de 2014, às 10h30, na sala 2 da pós-graduação do IA. “Documentário e cinema da asserção pressuposta segundo Noël Carroll” (doutorado). Candidato: André Bonotto. Orientador: professor Francisco Elinaldo Teixeira. Dia 26 de julho de 2014, às 9h30, na sala 3 da CPG do IA. “Aspectos gerais e técnicos do violino e viola sob as perspectivas de Carl Flesch e Ivan Galamian - suas influências na era digital” (mestrado). Candidato: Valter Eiji Kakizaki. Orientador: professor Emerson Luiz De Biaggi. Dia 26 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala 1da CPG do IA.
“Cinema militante, videoativismo e vídeo popular: a luta no campo do visível e as imagens dialéticas da história” (doutorado). Candidato: Gabriel de Barcelos Sotomaior. Orientador: professor Március César Soares Freire. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 3 da CPG do IA. “O espaço sagrado - linguagem, simbolização e construção de uma categoria” (doutorado). Candidato: João Carlos Baptista Campos. Orientador: professor Ernesto Giovanni Boccara. Dia 28 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do LIS do IA. “Uma equipe de um, a experiência de filmar em solitário” (mestrado). Candidata: Viviana Echávez Molina. Orientador: professor Nuno Cesar Pereira de Abreu. Dia 28 de agosto de 2014, às 9h30, na sala AP04 do IA. “Corpo antípoda - a representação do corpo humano no desenho de moda: uma abordagem semiótica” (doutorado). Candidata: Nancy de Palma Moretti. Orientador: professor Ernesto Giovanni Boccara. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, no LIS no IA. “Inventário da obra audiovisual de Cao Guimarães” (mestrado). Candidata: Cássia Takahashi Hosni. Orientador: professor Fernão Vitor Pessoa de Almeida Ramos. Dia 29 de agosto de 2014, às 9h30, na sala 3 da CPG do IA. “Oswaldo Massaini - um produtor na história do cinema brasileiro” (doutorado). Candidato: Luciano Vaz Ferreira Ramos. Orientador: professor Fernão Pessoa Ramos. Dia 29 de agosto de 2014, às 10 horas, no IA. Biologia - “Estudo da literacia visual contextualizada no conteúdo de metabolismo e análise da aprendizagem de bioquímica” (doutorado). Candidata: Vanessa Jaqueline da Silva Vieira dos Santos. Orientador: professor Eduardo Galembeck. Dia 25 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do 1o. andar do prédio da CPG do IB. “Melatonina reduz alterações deletérias cardíacas e pulmonares em ratos portadores de hipertensão arterial pulmonar induzida por monocrotalina” (doutorado). Candidato: Luiz Alberto Ferreira Ramos. Orientador: professor Miguel Arcanjo Areas. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da CPG do IB. Ciências Médicas - “Polimorfismos em genes de reparo de DNA por excisão de nucleotídeos na farmacogenética da cisplatina associada à radioterapia em portadores de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço” (mestrado). Candidata: Leisa Lopes Aguiar. Orientadora: professora Carmen Silvia Passos Lima. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Estudo biomecânico comparativo entre dispositivos de fixação de mini slings em modelo Murino Ex-Vivo” (mestrado). Candidato: Ricardo Santos Souza. Orientador: professor Paulo Cesar Rodrigues Palma. Dia 26 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro da comissão de Pós-graduação da FCM. “Polimorfismos em genes relacionados ao reparo de DNA por emparelhamento errôneo, na farmacogenética da cisplatina associada à radioterapia em portadores de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço” (mestrado). Candidato: Guilherme Augusto da Silva Nogueira. Orientadora: professora Carmen Silvia Passos Lima. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Tireoidite de Hashimoto e insuficiência de vitamina D: estudo de prevalência e relação com autoimunidade tireoideana” (mestrado). Candidata: Ilka Mara Borges Botelho. Orientadora: professora Denise Engelbrecht Zantut Wittmann. Dia 27 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Qualidade de vida dos pacientes antes e após realização de transplante penetrante de córnea” (mestrado). Candidato: Andre Okanobo. Orientador: professor Jose Paulo Cabral Vasconcellos. Dia 27 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro da Oftalmologia do HC. “Caracterização do estroma reativo no câncer de próstata: envolvimento dos fatores de crescimento, metaloproteinase de matriz, receptores de hormônios sexuais e células-tronco prostáticas” (mestrado). Candidato: Mauricio Moreira da Silva Junior. Orientador: professor Ubirajara Ferreira. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pósgraduação da FCM. “Efeitos agudos da sinvastatina sobre células-tronco neoplásicas em modelo de carcinoma mamário induzido por 7,12-dimetil-benz(A)antraceno (DMBA)” (mestrado). Candidata: Monalisa Nogueira Costa. Orientador: professor André Almeida Schencka. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de aula azul da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Prevalência e fatores de risco relacionados à asma em escolares e adolescentes nascidos prematuros, com muito baixo peso, com e sem displasia broncopulmonar” (mestrado). Candidata: Emília da Silva Gonçalves. Orientador: professor José Dirceu Ribeiro. Dia 29 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala 5 do 2° andar do CIPED. “Estudos lipidômicos aplicados à esquistossomose” (doutorado). Candidata: Mônica Siqueira Ferreira. Orientador: professor Rodrigo Ramos Catharino. Dia 29 de agosto de 2014, às 9h30, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM. “Surdez de origem genética: Desenvolvimento de painel diagnóstico para rastreamento em recém-nascidos” (mestrado). Candidata: Nathalia Zocal Pereira dos Santos. Orientadora: professora Edi Lúcia Sartorato. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório Adilson Leite do CBMEG. Engenharia Agrícola - “Geotecnologias e técnicas de inteligência artificial para o monitoramento sistemático do cultivo da cana-deaçúcar” (doutorado). Candidato: João Francisco Gonçalves Antunes. Orientador: professor Rubens Augusto Camargo Lamparelli e Luiz Henrique Antunes Rodrigues. Dia 25 de agosto de 2014, às 9 horas, no anfiteatro da FEAGRI. Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - “Heurísticas aplicadas a um estudo de caso de distribuição de pequenas encomendas utilizando a bicicleta” (mestrado). Candidato: Eduardo Pereira Lima de Paiva. Orientador: professor Orlando Fontes Lima Junior. Dia 25 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala CA22 da FEC. “Avaliação da capacidade operacional rodoviária de uma passagem em nível” (mestrado). Candidata: Joyce Felisbina Carpanez Benzi. Orientador: professor Cássio Eduardo Lima de Paiva. Dia 25 de agosto de 2014, às 13 horas, na sala CA22 da FEC. “Usabilidade universal na arquitetura: método de avaliação baseado em heurísticas” (mestrado). Candidata: Lucy Ana VIlela Staut. Orientadora: professora Núbia Bernardi. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FEC. “Disposição de lodo de estação de tratamento de água em reator UASB” (mestrado). Candidato: Guilherme Gimenes. Orientador: professor Edson Aparecido Abdul Nour. Dia 26 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala CA22 da FEC.
DESTAQUE
“Uso de polímeros naturais no desaguamento de lodo de esgoto em leito de secagem alternativo” (mestrado). Candidata: Denise Vazquez Manfio. Orientador: professor Adriano Luiz Tonetti. Dia 27 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FEC. “Utilização de ácido tricloroisocianúrico (ATCI) na desinfecção de efluente sanitário de lagoa facultativa: avaliação da formação de trialometanos (TAMs)” (mestrado). Candidato: Paulo Vítor Albano. Orientador: professor Bruno Coraucci Filho. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da FEC. “Proposta de integração do target value design na gestão do processo de projeto em empreendimentos da construção civil” (mestrado). Candidata: Carolina Asensio Oliva. Orientador: professor Ariovaldo Denis Granja. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FEC. “Estudo em protótipo de reator biológico percolador com uso de meio suporte fixo de não tecido sintético” (mestrado). Candidata: Natália Cedran Bergamini. Orientador: professor Carlos Gomes da Nave Mendes. Dia 29 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala CA22 da FEC. “Distritos de medição e controle como ferramenta de gestão de perdas em redes de distribuição de água” (mestrado). Candidato: José do Carmo de Souza Júnior. Orientador: professor Paulo Vatavuk. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala CA22 da FEC. “Densidade e diversidade: as dimensões de compacidade e a forma urbana” (mestrado). Candidato: Rodrigo Argenton Freire. Orientador: professor Evandro Ziggiatti Monteiro. Dia 29 de agosto de 2014, às 14h30. na sala de defesa de teses da FEC. Engenharia de Alimentos - “Produção de tanase e obtenção de compostos fenólicos através da biotransformação por Paecilomyces variotii a partir de resíduos de citrus” (doutorado). Candidato: José Valdo Madeira Junior. Orientadora: professora Gabriela Alves Macedo. Dia 29 de agosto de 2014, às 13 horas, no anfiteatro do Departamento de Ciência de Alimentos da FEA. Engenharia Elétrica e de Computação - “Redes neurais evolutivas com aprendizado extremo recursivo” (mestrado). Candidato: Raul Arthur Fernandes Rosa. Orientador: professor Fernando Antônio Campos Gomide. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na FEEC. “Uma aplicação de otimização fracionária generalizada em sistemas de comunicação” (mestrado). Candidata: Ieda Maria Antunes dos Santos. Orientador: professor Paulo Augusto Valente Ferreira. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala PE12 do prédio da CPG da FEEC. “Técnicas de regularização para máquinas de aprendizado extremo” (mestrado). Candidata: Andrea Carolina Peres Kulaif. Orientador: professor Fernando José Von Zuben. Dia 26 de agosto de 2014, às 9h30, na sala PE12 da CPG da FEEC. “Indexação de espaços métricos para busca de vizinho mais próximo em contexto multimídia” (mestrado). Candidato: Eliezer de Souza da Silva. Orientador: professor Eduardo Valle. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de videoconferência da FEEC. “Desenvolvimento de metodologias de análise sistêmica de sistemas de distribuição de energia elétrica com geração ultra-dispersa” (mestrado). Candidato: Ricardo Torquato Borges. Orientador: professor Walmir de Freitas Filho. Dia 27 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala PE11 da CPG da FEEC. “Ontologia de metadados para a preservação de prontuário eletrônico do paciente (PEP)” (mestrado). Candidata: Andressa Cristiani Piconi. Orientador: professor Ivan Luiz Marques Ricarte. Dia 27 de agosto de 2014, às 14 horas, na FEEC. “Avaliação do custo computacional de emparelhamentos bilineares sobre curvas elípticas Barreto-Naehrig” (mestrado). Candidato: Leandro Aparecido Sangalli. Orientador: professor Marco Aurélio Amaral Henriques. Dia 28 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala PE12, prédio da CPG da FEEC. “Estudo de um filtro coaxial ressonante compacto de ceramica para microondas” (mestrado). Candidato: Oscar Enrique Llerena Castro. Orientador: professor Hugo Enrique Figueroa Hernandez. Dia 29 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala PE12 da CPG da FEEC. “Redução do nível de curto circuito em redes de subtransmissão utilizando reatores com núcleo de ar” (mestrado). Candidato: Fredner Leandro Cardoso. Orientador: professor Luiz Carlos Pereira da Silva. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na FEEC. “Extrator de conhecimento coletivo: uma ferramenta para democracia participativa” (mestrado). Candidato: Tiago Novaes Angelo. Orientador: professor Ricardo Ribeiro Gudwin. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na FEEC. “Distribuçãoo bivariada kappa-mu” (mestrado). Candidato: Mirko Alberto Gomez Villavicencio. Orientador: professor Michel Yacoub. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na FEEC. Engenharia Mecânica - “Desenvolvimento de um sistema de localização híbrido para navegação autônoma de veículos terrestres em ambiente simulado” (mestrado). Candidata: Maria Fernanda Rodriguez Ruiz. Orientador: professor Janito Vaqueiro Ferreira. Dia 26 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala JE02 da FEM. Engenharia Química - “Metodologia para projeto de sistemas de água de resfriamento” (mestrado). Candidato: Igor Maciel de Oliveira e Silva. Orientador: professor Roger Josef Zemp. Dia 25 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. “Otimização de ciclos de refrigeração para a produção de gás natural liquefeito” (mestrado). Candidato: Thalles Allan Andrade. Orientador: professor José Vicente Hallak d´Angelo. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do bloco D da FEQ. Física - “Acoplamento em estruturas híbridas: poços e pontos quânticos” (mestrado). Candidata: Graciely Elias dos Santos. Orientadora: professora Maria José Santos Pompeu Brasil. Dia 29 de agosto de 2014, às 10 horas, no auditório da Pós-graduação do IFGW. Geociências - “A geografia e a paisagem tropical nas pinturas de Johann Rugendas” (mestrado). Candidato: Vonei Ricardo Cene. Orientador: professor Antonio Carlos Vitte. Dia 25 de agosto de 2014, às 8:30, no auditório do DGRN do IG. “Parcerias estratégicas tecnológicas em projetos de etanol celulósico: oportunidades e desafios das firmas nacionais” (mestrado). Candidata: Camila Bastos Correa. Orientador: professor Andre Tosi Furtado. Dia 25 de agosto de 2014, às 9h30, na sala A do DGRN do IG. “Relações entre a pintura de paisagem e o desenvolvimento da geomorfologia nos USA” (mestrado). Candidata: Maíra Kahl Ferraz. Orientador: professor Antonio Carlos Vitte. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do DGRN do IG.
DO PORTAL
Fórum discute extensão Uma nova ótica para a prática de uma extensão universitária contemporânea” foi o tema do 44º Fórum de Próreitores de Extensão (Forproex) das Instituições Públicas de Educação Superior do Brasil da Região Sudeste, aberto no último dia 18 no Centro de Convenções. Organizado pela PróReitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) da Unicamp, o evento teve como objetivos o fomento, a gestão, a organização e a visibilidade das ações extensionistas das universidades públicas do Sudeste. Segundo os organizadores deste fórum, a extensão universitária é “indissociável do ensino e da pesquisa” e “um exercício constante de perseverança em busca da integração da racionalidade do conhecimento com a leveza da transformação do ser humano”. Regina Lúcia Monteiro Henrique, presidente da Forproex Nacional e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), observou que o Sudeste chega ao 44º Fórum, número de encontros até maior que de Fóruns Nacionais. “O Forproex foi fundado na década de 1980 pela necessidade dos próreitores de um espaço para discutir as políticas
de extensão e tomar uma posição mais forte no interior das instituições para que a extensão seja considerada uma atividade acadêmica com o mesmo peso da graduação, pós-graduação e pesquisa. Mais recentemente, o Sudeste tem realizado até dois eventos por ano, diante de questões específicas emergentes na região.” Em relação a uma nova ótica para a prática da extensão universitária, tema do evento na Unicamp, Regina Henrique ressalta a profunda mudança de concepção ocorrida ao longo dos anos. “Nos primórdios, veremos uma extensão que era muito mais assistencialista, como forma de a universidade se justificar como pública, desenvolvendo alguns trabalhos junto a comunidades. Hoje percebemos que a extensão tem um potencial transformador enorme, não apenas de atuação nos espaços sociais, mas no interior da própria universidade, revendo processos de formação e de inserção desses novos profissionais no mundo do trabalho, da produção e da inovação.” A presidente do Forproex Nacional acrescenta que a extensão universitária hoje se insere de maneira muito forte na sociedade, no
“Estudo do processo de urbanização das transformações do uso da terra urbana no município de Santos - SP com uso de tecnologias” (mestrado). Candidata: Maria Isabel Figueiredo Pereira de Oliveira Martins. Orientador: professor Lindon Fonseca Martins. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala A do DGRN do IG. “A construção de sistemas setoriais de inovação: estratégias, motivações e gestão da inovação tecnológica em mineração e energia no Brasil” (doutorado). Candidata: Mariana Savedra Pfitzer. Orientador: professor Sérgio Luiz Monteiro Salles de Queiroz. Dia 25 de agosto de 2014, às 14h30, no auditório do IG. “A política nacional de resíduos sólidos e a sua concretização em Paulínia (SP)” (mestrado). Candidata: Juliana Cristina Colombari. Orientador: professor Edvaldo César Moretti. Dia 26 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do IG. “O recente processo de urbanização da cidade de Campinas-SP (19902014): as ocupações urbanas - um estudo dos usos do território da região sul” (mestrado). Candidato: Helena Rizzatti Fonseca. Orientadora: professora Adriana Maria Bernardes da Silva. Dia: 26 de agosto de 2013, às 14 horas, na sala A dop DGRN do IG. “Integração de pesquisa, desenvolvimento e inovação (p&d&i) em processos de fusão e aquisição (f&a)” (doutorado). Candidata: Carolina Thais Rio. Orientador: professor Sergio Luiz Monteiro Salles Filho. Dia 27 de agosto de 2014, às 9 horas, no auditório do IG. “Análise da dinâmica geomorfológica da Ilha Comprida (SP): uma avaliação das alterações antrópicas” (doutorado). Candidata: Tissiana de Almeida de Souza. Orientadora: professora Regina Célia de Oliveira. Dia 28 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala A do DGRN do IG. “Inversão sísmica aplica à modelagem de impedância acústica em reservatório turbidítico do Campo de Namorado, Bacia de Campos, Brasil” (mestrado). Candidata: Paola Faccini. Orientador: professor Alexandre Campane Vidal. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, no auditório do DGRN do IG. Linguagem - “A poesia das ruas, nas ruas e estantes: eventos de letramentos e multiletramentos nos saraus literários da periferia de São Paulo” (mestrado). Candidata: Mariana Santos de Assis. Orientadora: professora Roxane Helena Rodrigues Rojo. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de colegiados do IEL. “Letramentos acadêmicos: (re)significações e (re)posicionamento de sujeitos discursivos” (doutorado). Candidata: Eliane Aparecida Pasquotte Vieira. Orientadora: professora Raquel Salek Fiad. Dia 25 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Transtorno específico de aprendizagem: uma análise neurolinguística” (mestrado). Candidata: Isabella de Cássia Netto Moutinho. Orientadora: professora Maria Irma Hadler Coudry. Dia 25 de agosto de 2014, às 15 horas, no anfiteatro do IEL. “O que motiva alunos adultos a aprender inglês como LE: Um estudo Q” (mestrado). Candidato: Jaime Alexander Castellanos Trujillo. Orientadora: professora Linda Gentry El Dash. Dia 26 de agosto de 2014, às 9 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Relações de sentido no processo de aquisição e uso da leitura e da escrita” (mestrado). Candidata: Betina Rezze Barthelson. Orientadora: professora Maria Irma Hadler Coudry. Dia 26 de agosto de 2014, às 15 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “O estatuto da partícula “le” na fala de um sujeito afásico – um estudo da reconstrução da linguagem em contextos interacionais” (mestrado). Candidata: Nathália do Nascimento Epifanio. Orientadora: professora Edwiges Maria Morato. Dia 27 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Políticas linguísticas e identidades sociais em trânsito: língua(gem) e construção da diferença em Timor-Leste” (doutorado). Candidato: Alan Silvio Ribeiro Carneiro. Orientadora: professora Terezinha de Jesus Machado Maher. Dia 28 de agosto de 2014, às 13h30, no anfiteatro do IEL. “Praecepta e decreta na epístola 94 de Sêneca” (mestrado). Candidata: Fabiana Lopes da Silveira. Orientadora: professora Isabella Tardin Cardoso. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. “Compreensão auditiva na percepção de alunos de inglês: um estudo Q” (mestrado). Candidato: Itaniel Claudio Hubner. Orientadora: professora Linda Gentry El Dash. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala coletiva I do IEL. “Tough-constructions e posição de sujeito no Português Brasileiro” (mestrado). Candidata: Bruna Sanchez Moreno. Orientador: professor Juanito Ornelas de Avelar. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de colegiados do IEL. “Entre sicários e pistoleiros: uma leitura comparada de “O invasor”, “Rosario Tijeras” e “Un asesino solitario”” (doutorado). Candidata: Fernanda Andrade do Nascimento Alves. Orientadora: professora Miriam Viviana Gárate. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL. Matemática, Estatística e Computação Científica - “Derivada fracionária e as funções de Mittag-Laffler” (mestrado). Candidata: Daniela dos Santos de Oliveira. Orientador: professor Edmundo Capelas de Oliveira. Dia 27 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. “Explorando a dualidade em geometria de distâncias” (doutorado). Candidato: Germano Abud de Rezende. Orientador: professor Carlile Campos Lavor. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. “Um algoritmo exato para obter o conjunto solução de problemas de portfólio que envolvem variáveis binárias” (doutorado). Candidato: Pedro Ferraz Villela. Orientador: professor Francisco de Assis Magalhães Gomes Neto. Dia 29 de agosto de 2014, às 10 horas, na sala 253 do Imecc. “Otimização de canteiros - quadriláteros de perímetro constante e área máxima” (mestrado profissional). Candidata: Marília Franceschinelli de Souza. Orientadora: professora Sandra Augusta Santos. Dia 29 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. Odontologia - “Análise da citotoxicidade de materiais obturadores de dentes decíduos” (mestrado). Candidata: Natália Martins Joaquim. Orientadora: professora Fernanda Miori Pascon. Dia 28 de agosto de 2014, às 14 horas, na sala da Congregação da FOP. Química - “Planejamento e otimização de experimentos analíticos multiresposta: tratamento quimiométrico” (doutorado). Candidata: Daniely Xavier Soares. Orientador: professor Roy Edward Bruns. Dia 26 de agosto de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ. “Desenvolvimento e caracterização de fases estacionárias monolíticas baseadas em metacrilatos para uso em cromatografia líquida capilar” (doutorado). Candidata: Mariana Roberto Gama Sato. Orientadora: professor Carla Beatriz Grespan Bottoli. Dia 27 de agosto de 2014, às 14 horas, no miniauditório do IQ.
que se refere a escutar e se sensibilizar com as problemáticas conjunturais, buscando respostas mais prementes. “A extensão está bem mais flexível e porosa, sofrendo mudanças muito mais velozmente, por exemplo, que um curso de graduação ou pós-graduação. Essa flexibilidade da extensão permite que a própria universidade se torne também mais porosa e sensível à problemática conjuntural.” O professor João Frederico Meyer, próreitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, lembrou os outros pró-reitores presentes sobre o privilégio de todos serem, além de professores e pesquisadores, também extensionistas. “Rubem Alves, falecido tão recentemente, gostava muito de usar metáforas, como a da jabuticabeira: quando plantamos a árvore, fazemos para que as outras pessoas tirem bom proveito dela, que começa a produzir frutos somente depois de doze ou catorze anos. É uma metáfora que cabe perfeitamente para a extensão, em que nosso maior desafio é catalisar a ação das universidades públicas de qualidade para a transformação da sociedade, da natureza e do exercício da cidadania para que seja pleno e efeito.”
O professor Alvaro Crósta, coordenadorgeral da Unicamp, deu boas vindas ao público em nome do reitor José Tadeu Jorge e afirmou que a atual administração dá especial ênfase às atividades de extensão, por acreditar que oferecem um potencial imenso de a universidade atuar na transformação da sociedade. “As atividades acadêmicas e as atividades de extensão se complementam e jamais podem ser contrapostas. Enquanto nas atividades de graduação e pós-graduação não temos grandes possibilidades de expansão, devido a restrições de várias ordens, é justamente na extensão onde temos imensas perspectivas não só de expansão, mas de exercer nosso poder de criatividade e inovação.” Coube ao professor Roberto Teixeira Mendes, pró-reitor de Extensão da Unicamp no período 98-2001 e atual diretor associado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), conceder a conferência de abertura, sobre “Extensão Universitária no século XXI”. Na cerimônia que abriu o 44º Forproex-Região Sudeste também ocorreu a entrega de cargo do coordenador regional, professor Felício Murad (Universidade de Taubaté, Unitau), para a vice-coordenadora Ana Catarina Perez Diaz (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, UFVJM). (Luiz Sugimoto)
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014
Em benefício da sociedade
Foto: Antoninho Perri
Tecnologias desenvolvidas e licenciadas pela Unicamp chegam ao cidadão CAROLINA OCTAVIANO Especial para o JU
lém de formar profissionais capacitados para atuar no mercado de trabalho, nas mais diversas áreas do conhecimento, a Unicamp também se destaca nos campos da inovação tecnológica e do empreendedorismo, o que pode ser atestado pelo número de patentes concedidas e depositadas e pelos casos de licenciamento de tecnologias que chegam à sociedade, beneficiando um grande número de pessoas. No ano passado, a Unicamp possuía 866 patentes vigentes, realizou o depósito de 71 pedidos de patentes junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e somava 54 contratos de licenciamento de tecnologia, de acordo com os dados divulgados no relatório de atividades da Agência de Inovação Inova Unicamp, órgão responsável por gerenciar a propriedade intelectual e os contratos de licenciamentos e parcerias entre a Universidade e empresas. Um dos casos mais expressivos de licenciamento e absorvido pelo mercado – ou seja, já disponível para um grande número de pessoas – foi o de um sistema informatizado para gestão de tecnologia em saúde, desenvolvido por pesquisadores do Centro de Engenharia Biomédica (CEB) da Unicamp, e licenciado para o Hospital Municipal Mário Gatti, em Campinas. O programa de computador, que foi registrado e licenciado para este hospital em 2013, foi desenvolvido pelo professor José Wilson Magalhães Bassani, pela aluna de doutorado e funcionária do CEB Ana Cristina Bottura Eboli e por Eder Trevisoli da Silva, analista de sistemas e também funcionário do Centro. O sistema, que pode interessar aos mais de 10 mil estabelecimentos de saúde na rede pública do país e recebeu o nome de GETS (Gerenciamento de Tecnologia para Saúde), permite armazenar informações sobre equipamentos odontomédico-hospitalares, levando em conta os fluxos de manutenção e ciclo de vida dos materiais, os processos de aquisição de novos equipamentos e peças, a contratação de serviços, a elaboração de contratos e demais fluxos, como histórico e acompanhamento em tempo real e indicadores clássicos e novos de engenharia clínica. Segundo Bassani, a tecnologia preenche uma lacuna existente no gerenciamento de hospitais da rede pública no Brasil, já que eles, de maneira geral, não apresentam condições de gerenciar adequadamente a tecnologia instalada. “Não é possível, nas condições atuais, responder exatamente e de forma rápida onde estão, quantos são e quais as condições de funcionamento dos equipamentos instalados nos hospitais da rede pública. Nossa solução, portanto, foi criar um sistema que inclua a padronização de nomenclatura e de ações executadas pelas equipes que cuidam da tecnologia”, afirma Bassani. Além da tecnologia de Gerenciamento de Tecnologia para Saúde, outra que merece destaque e que foi licenciada, no último ano, para a empresa Opusphere – startup localizada no Softex - é o 3D Class, um software educacional para dispositivos móveis e computadores, que representa um ambiente virtual de aprendizagem e pode ser aplicado no ensino à distância em qualquer nível acadêmico e em cursos formais e informais, trazendo benefícios para área educacional. A tecnologia foi desenvolvida pelo professor Eduardo Galembeck e pelo aluno Rodrigo Dias Takase, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. “A tecnologia oferece aos usuários um ambiente que agrega recursos aos componentes educacionais que contribuem para aumentar o envolvimento dos usuários com atividades curriculares e com o ambiente propriamente dito”, afirma Galembeck, lembrando que, quando concebida, a tecnologia havia sido desenvolvida para utilização interna, mas suas características e potenciais demonstraram que ela poderia
Docentes, pesquisadores e dirigentes da Unicamp na cerimônia de entrega do Prêmio Inventores: reconhecimento
ocupar um espaço importante no mercado. Conforme Galembeck, apesar de o licenciamento ter sido um processo complicado, a Inova teve papel decisivo para que a tecnologia, que está disponível atualmente para sistemas operacionais iOS, Android e MacOS, chegasse de fato ao mercado. “Ao sermos procurados pela empresa, o processo de licenciamento do 3D Class foi complexo. A empresa que fez o licenciamento da tecnologia também submeteu uma solicitação de financiamento na linha Pipe, da Fapesp, e os contratos tiveram que comtemplar o projeto da empresa com a agência de fomento. Nesse sentido, a Inova foi fundamental na elaboração desses contratos e no auxílio em todo processo”, comenta. Outro caso de licenciamento de tecnologia, que merece destaque, é o dos soros “policlonal PVX” e do “policlonal PVY”, cujos licenciamentos foram efetuados para a empresa Rheabiotech – especializadas em produtos de biotecnologia -, em 2013. Os materiais biológicos foram desenvolvidos pela professora Dagmar Ruth StachMachado e pelo aluno de mestrado Marcel Salmeron Lorenzi, do Laboratório de Imunologia Aplicada do Departamento de Biologia Celular Estrutural e Funcional do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Este caso pode ser considerado mais um exemplo que comprova a excelência da Unicamp em levar tecnologias capazes de reverter problemas cotidianos enfrentados nas várias áreas de conhecimento, sendo que, desta vez, possui aplicação direta na agricultura, mais especificamente em lavouras de batata. Estes anticorpos permitem a detecção dos Potato Vírus X e Potato Vírus Y, patógenos que costumam atingir as plantações brasileiras. “Consiste na obtenção de soro imune para partículas virais purificadas ou peptídeos antigênicos que infectam plantas como a batata”, explica Dagmar. “Os objetivos foram otimizar o controle fitossanitário com antissoros policlonais nacionais de alta qualidade para o PVX e PVY, reduzir custos e tornar o material mais competitivo frente ao importado já existente utilizado para os testes”, conta Marcel, frisando que um dos principais objetivos foi o estabelecimento de técnicas com maior poder de detecção e de maior segurança e confiabilidade.
INVENTORES SÃO
CONTEMPLADOS COM PRÊMIO
Além das equipes dos professores Bassani e Galembeck e Dagmar, outros 14 grupos da Unicamp receberam, no último dia 18 de agosto, o Prêmio Inventores, iniciativa criada pela Agência de Inovação Inova Unicamp como forma de homenagear professores e pesquisadores por seu empenho em atividades de proteção à propriedade intelectual e transferência de tecnologias. Na edição deste ano, o fato inédito foi a realização de uma menção honrosa aos ex-alunos que tiveram participação no desenvolvimento de tecnologia com patente concedida ou licenciada. No total, 41 profissionais foram premiados na cerimônia, sendo: 24 docentes e pesquisadores e 17 alunos e ex-alunos em três categorias: Patente Concedida, Tecnologia Licenciada, e Tecnologia Absorvida pelo Mercado. A Faculdade de Engenharia Química (FEQ) também foi premiada como Unidade Destaque na Proteção à Propriedade Intelectual, por seu desempenho com 11 patentes depositadas em 2013. O cálculo leva em consideração o número de patentes requisitadas no ano, dividido pelo número de docentes e pesquisadores vinculados à unidade. O professor Milton Mori, diretor-executivo da Inova, lembra a importância da premiação dentro da comunidade acadêmica e de pesquisa. “O Prêmio Inventores tornouse um evento tradicional da Unicamp. A palavra inovação para nós tem um significado
OS PREMIADOS CATEGORIA PATENTE CONCEDIDA Nome Dra. Amedea Barozzi Seabra Prof. Marcelo Ganzarolli de Oliveira Prof. Jarbas Rohwedder Dra. Silvia Mika Shishido Profa. Anita Jocelyne Marsaioli Prof. Yoshitaka Gushikem Prof. José Eduardo Gonçalves Profa. Regina Aparecida Gonçalves Prof. Francisco das Chagas Marques Prof. Rodrigo Gribel Lacerda Prof. Francisco Maugeri Filho Dra. Tihany Moritados Santos Prof. Lee Luan Ling, representado pela filha Jennifer Chuin Ling Prof. Alessandro Lameiras Koerich Profa. Lúcia Helena Brito Baptistella Profa. Giselle Cerchiaro Carlos Alberto Caressato Jr Profa. Maria Isabel Felisberti Dr. Renato Turchet Prof. Nelson Horácio Pezoa Garcia Profa. Priscilla Efraim Prof. Oswaldo Luiz Alves Dr. Ricardo Romano Prof. Rodnei Bertazzoli Dr. Marcos Spitzer Prof. Yoon Kil Chang Dr. Leonard Sebio
Unidade
Vínculo
IQ IQ IQ IQ IQ IQ IQ IQ IFGW IFGW FEA FEA FEEC
pesquisadora docente docente ex-aluna docente docente ex-aluno ex-aluna docente ex-aluno docente ex-aluna docente
FEEC IQ IQ IQ IQ IQ FEA FEA IQ IQ FEM FEM FEA FEA
ex-aluno docente ex-aluna ex-aluno docente ex-aluno docente docente docente ex-aluno docente ex-aluno docente ex-aluno
IB IB IB FOP FOP FOP FOP FOP FOP FCM FCM
docente docente aluno docente docente ex-aluno ex-aluno docente ex-aluno docente aluno
CEB CEB CEB
docente docente pesquisador
CATEGORIA TECNOLOGIA LICENCIADA Profa. Dagmar Ruth Stach-Machado Prof.Eduardo Galembeck Rodrigo Dias Takase Prof.Flávio Henrique Baggio Aguiar Prof. José Roberto Lovadino Prof. Diogo de Azevedo Miranda Dr. Carlos Eduardo Bertoldo Prof. Marcelo Giannini Prof. Paulo Moreira Vermelho Prof. Li Li Min Profa. Nayene Leocádia Manzutti Eid CATEGORIA TECNOLOGIA LICENCIADA E TECNOLOGIA ABSORVIDA PELO MERCADO Profa. Ana Cristina Bottura Eboli Prof.José Wilson Magalhães Bassani Eder Trevisoli da Silva que vai além do depósito da patente e do trabalho da Inova para licenciá-la. A inovação é atingida quando a patente se torna um negócio que gera riquezas e benefício social. Originalmente, eram premiados professores e pesquisadores. Agora, estamos premiando também os alunos, pela imensa importância que eles também têm no desenvolvimento das tecnologias”, aponta. Além do diretor-executivo da Inova, a mesa de autoridades foi composta pelo professor José Tadeu Jorge, reitor da Unicamp, e pela professora Gláucia Maria Pastore, pró-reitora de pesquisa da Unicamp. O reitor da Unicamp falou sobre a importância da Universidade dentro do ecossistema de inovação e empreendedorismo regional e nacional. Ele salientou o papel que iniciativas como o Prêmio Inventores apresentam. “Esse prêmio mostra o esforço para levar à sociedade as tecnologias e retribuir
os investimentos empregados numa universidade pública. A solenidade toca na raiz da existência de uma universidade pública, pois todo investimento volta para a sociedade de maneira bastante produtiva”, explica. Bassani, premiado nas categorias “Tecnologia absorvida pelo mercado” e “Tecnologia Licenciada”, também comentou a importância do trabalho em grupo, que faz parte do desenvolvimento de tecnologias. “Ter uma ideia não é privilégio de ninguém. Ela precisa ser colocada em prática rapidamente. Por isso, quero agradecer aos dois jovens que trabalharam comigo e me auxiliaram a colocar a ideia em prática. Aproveito também para agradecer à Inova por todo o auxílio prestado e a todos que nos ajudaram a levála ao mercado”, disse Bassani. Mais informações no site do Prêmio Inventores (www.inova.unicamp.br/premioinvetores).
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Campinas, 25 a 31 de agosto de 2014 Foto: Reprodução
O grupo liderado por Pixinguinha: bandas de jazz norte-americanas como modelo
Tem samba no prato PATRÍCIA LAURETTI patricia.lauretti@reitoria.unicamp.br
ode um instrumento como a bateria dizer tanto sobre o Brasil? Ainda mais tendo sido importada dos Estados Unidos? Sim, pode, diria Leandro Barsalini, autor da tese de doutorado “Modos de execução da bateria no samba”. As maneiras pelas quais a bateria foi inserida na história da música popular brasileira e como se consolidou uma forma de tocar samba que se tornou hegemônica entre os instrumentistas, traduzem, para o pesquisador, os conflitos entre tradição e modernidade que permeiam a cultura nacional. Basta olhar para a configuração da música popular urbana nos países latinoamericanos e compará-la com o Brasil para perceber as diferenças em relação ao uso da bateria. Para Argentina, Bolívia e Paraguai, afirma o pesquisador, a bateria praticamente inexistiu nesse processo. Prevaleceram os instrumentos típicos e a música mais característica de cada país ficou conhecida sob o guarda-chuva do folclórico ou exótico, na pior das hipóteses. A exceção é Cuba. “Notamos a presença da bateria, mas apenas a partir da década de 1950, quando a música cubana ganhou espaço em Nova York”. Leandro considera que, com o samba, foi outra história. A música brasileira abraçou a bateria e a incorporou ao samba transpondo, nas baquetas, pratos e tambores, as maneiras de tocar e a sonoridade das cuícas, reco-recos, surdos e pandeiros. A percussão dos instrumentos típicos, que se configurava na época em que a bateria apareceu por essas bandas, foi adequada e, de certa maneira, substituída nas gravações da primeira metade do século passado. Abriram-se portas para a música dos “brasileños”. Imagens emblemáticas, ressalta Leandro, são as fotos do grupo de Pixinguinha “Oito batutas” antes, e um ano depois de uma viagem que fizeram a Paris em 1922. “Se antes os músicos estão vestidos e organizados com seus instrumentos típicos de maneira bastante formal, um ano depois Pixinguinha não está mais com a flauta, mas com um saxofone e, da mesma forma, os outros músicos aparecem com a bateria em vez do pandeiro, o banjo no lugar do violão e assim por diante”. A postura dos instrumentistas nas imagens já estava muito mais conectada com as jazz bands. Um grupo moderno precisava ter uma bateria. A assimilação da bateria pelos sambistas se deu em um contexto social que exigia, do Brasil, desenvolvimento e modernização, perto dos anos 1920. “Havia, na cidade do Rio de Janeiro, vários projetos de reurbanização e nessa época também foram importados valores culturais”. O samba começava a se popularizar quando a bateria, instrumento desenvolvido em New Orleans e criado com e para o jazz, chegou ao nosso país,
no final dos anos 1920. O baterista Luciano Perrone, quando tocava na orquestra Pan American, dividia o palco com mais oito percussionistas, como contou em depoimento resgatado na tese. “Já no início dos anos 1930, na Rádio Nacional, Perrone passou a tocar samba sozinho na bateria”. Já existia o instrumental típico do samba, mas repertórios como o de Ary Barroso, por exemplo, foram, em grande parte, orquestrados e gravados no mesmo formato, utilizando a bateria para fazer o trabalho de toda a percussão. “Qual é o sentido dessa substituição?”, Leandro questiona. E supõe que os instrumentos trazidos do morro, feitos de forma artesanal, “exóticos”, trariam uma carga simbólica talvez oposta à aspiração de se construir algo voltado para a modernidade e para o futuro. “Adotar somente esses instrumentos colocando-os na linha de frente da música que vinha se configurando como típica é quase como dizer: ‘isso é rudimentar demais, essa foi uma das diferenças do Brasil’ ”. Mas, se a presença da bateria no samba também contribuiu para a fixação de uma estética musical que, no início dos anos 1960, teve forte impacto na indústria cultural internacional, a exemplo da bossa nova, paradoxalmente foi apenas quando os instrumentistas brasileiros voltaram ao instrumental típico que ganharam mais espaço e reconhecimento fora do país, anos mais tarde. “Miles Davis não chamou Airto Moreira para tocar bateria mas cuíca, caxixi, etc...”, exemplifica Leandro. Todo este panorama e as relações entre a bateria e a cultura brasileira são praticamente desconhecidos de boa parte dos estudantes de música do país.
O SAMBA CONDUZIDO Uma baqueta num prato de condução e a outra na caixa, apoiada em seu aro. O corpo já se coloca na posição padrão. Enquanto o aluno atende ao pedido do professor, Leandro, que também é docente do curso de graduação em música da Unicamp, pensa o quanto a bossa nova consolidou esta abordagem, a partir dos anos 1960. O baterista Edison Machado, estudado no mestrado de Leandro, foi um dos precursores deste modo de execução que é o do samba de prato. Este é o outro lado da pesquisa: uma abordagem metodológica prática, que traz exemplos da diversidade de propostas de execução de um samba utilizando a bateria. Como a tese foi desenvolvida no programa de práticas interpretativas, Leandro não só apresentou dois recitais como abriu a defesa exemplificando, por meio da performance no instrumento, os quatro modos, ou matrizes estilísticas, que ele descreve no trabalho. Na tese física, ele incorporou CDs com quase 50 exemplos com transcrições. A matriz do samba conduzido é a terceira descrita no trabalho. Neste modo ouvese bastante o prato, seja de condução ou os do chimbau, tocado com baqueta ininterruptamente. “Nessa matriz, os toques no prato assumem o papel da condução rítmica, a exemplo das platinelas de um pandeiro”. Na abordagem mais presente, ou hegemônica, o instrumentista Wilson das Neves é um grande representante. O pesquisador sempre faz a relação entre como o samba é executado na bateria e o instrumento típico ao qual está mais ligado. Como na matriz do samba batucado, a primeira delas: “predomina a sonoridade dos tambores e muito também do recurso Foto: Antoninho Perri
de construção do ritmo centrado na caixa, geralmente sem esteira, soando um tambor grave”. A relação aqui é com a maneira de tocar pandeiro ou tamborim. E dá-lhe Luciano Perrone. Na matriz do samba escovado, o pesquisador descreve como são utilizadas as escovinhas friccionadas na caixa. O desenho dos movimentos é semelhante ao modo como se toca um afoxé, reco-reco, ou ganzá. “Procurava-se imitar o vaivém dos instrumentos e isso gerou uma série de desenhos muito característicos para o samba que se diferenciam do jazz, por exemplo, que se baseia muito mais em movimentos circulares. Aqui são movimentos mais lineares”, ressalta. Hélcio Milito, do Tamba Trio, pode ser ouvido como um dos maiores. No samba fraseado, que constitui a quarta matriz, um nome hoje é Tutty Moreno. “Temos a utilização dos pratos, mas, nesta abordagem “mais moderna” que nasceu na década de 1950 e se desenvolveu nos anos 1960, as funções dos quatro membros do corpo não são pré-determinadas mas dialogam o tempo todo na construção do ritmo, a partir do prato de condução”. A imagem que o pesquisador tem deste modo de execução é de “uma abordagem tão líquida que quase evapora”. Ainda é samba, mas torna-se bem mais difícil fazer aquela relação direta com o instrumental típico ou com as funções constitutivas do ritmo. Não se trata de criar uma hierarquia ou juízo de valor. “Em todos os modos descobri sutilizas de execuções muito sofisticadas, portanto, não é o caso de dizer se uma matriz é melhor que outra. E também não existe uma linha evolutiva, elas coexistem, muito embora uma seja mais predominante que a outra dependendo da época”, ressalva Leandro. O valor simbólico da escuta atenta de uma Aquarela do Brasil, por exemplo, pode desvendar as relações entre as propostas de modernização do país e como foi se construindo a própria cultura brasileira, vai concluindo o autor da pesquisa. A música é também elemento detonador de outro processo, resultado da tensão entre local e estrangeiro, tradição e modernidade, manufatura e industrial. “Olhamos para a bateria, como ela transitou e o que representou nesse panorama”.
Publicação Tese: “Modos de execução da bateria no samba” Autor: Leandro Barsalini Orientador: Fernando Augusto de Almeida Hashimoto Coorientador: Jose Roberto Zan Unidade: Instituto de Artes (IA) Leandro Barsalini, autor da tese: detalhando a inserção da bateria na história da música popular brasileira