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NOTÍCIAS DA ANVFEB Boletim Informativo – Ano I – Ed. Especial – 08 Dez 2009 A AS SS SO OC CIIA AÇ ÇÃ ÃO ON NA AC CIIO ON NA ALL D DO OS SV VE ETTE ER RA AN NO OS SD DA A FFO OR RÇ ÇA A E EX XP PE ED DIIC CIIO ON NÁ ÁR RIIA AB BR RA AS SIILLE EIIR RA A “CASA DA FEB” Fundada em 16 de julho de 1963

† Maj Enf ELZA Cansanção Medeiros

Veterana da FEB 08 Dez 2009

Deixou-nos um ícone, quase um mito, uma vida inteira de dedicação, entusiasmo, ideais elevados a pautar uma carreira consagrada a memória da Força Expedicionária Brasileira, ao Exército, ao Brasil, que perde o brilho da sua inteligência, o calor da sua dedicação, o encanto da sua presença. A cada 07 de Setembro, a multidão diante do Pantheon de Caxias se surpreendia ao ver passar o Grupamento dos Ex-Combatentes. Uma figura marcante de mulher, fardada, logo despertava a atenção do público, desfilando embarcada numa das primeiras viaturas. O tempo passava mas não afetava seu brilho, nem fazia com que deixasse de manter, altaneira, a postura ereta com que saudava as Autoridades no palanque, sempre uma das mais aplaudidas. Num dia de 1944, partiu para o desconhecido em defesa da democracia e da liberdade, retornando com a FEB coberta de glórias. As lembranças da guerra nos remetem àquela época difícil, quando a então Tenente Enfermeira ELZA CANSANÇÃO MEDEIROS, com suas colegas do Corpo de Saúde da FEB, em meio às vicissitudes dos combates, não media esforços nem sacrifícios para que a dor dos soldados que sofriam pudesse ser minorada. Herdara dos pais a coragem e o desprendimento dos bravos das Alagoas, terra de gente forte e decidida, que deu ao Brasil nossos dois primeiros presidentes: Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto. Portanto, não foi surpresa ter sido aquela jovem Enfermeira a primeira voluntária brasileira a se apresentar, alistando-se para a Segunda Guerra Mundial. Era o dia 18 de abril de 1943, quando o Corpo de Enfermeiras da Reserva do Exército recebeu a primeira das suas sessenta e sete integrantes, a que se somaram mais seis da Aeronáutica. Logo veio o treinamento na Fortaleza de São João, no Hospital Central do Exército e na Policlínica, e o embarque por via aérea para o TO da Itália, onde as Enfermeiras da FEB se destacaram pelo carinho e profissionalismo com que souberam se desempenhar de suas funções, granjeando o respeito e admiração da tropa. Foram dignas de uma Ana Néri, que partiu em 1865 para a guerra do Paraguai com autorização especial do Imperador. Setenta e cinco anos depois estas outras mulheres guerreiras reviveram em todo o esplendor e beleza aquela figura sublime, inspiradas ainda em Joana Angélica, Maria Quitéria, Rosa da Fonseca, Anita Garibaldi, Bárbara Heliodora, Sóror Angélica, e tantas outras heroínas brasileiras. Seu trabalho multidisciplinar foi riquíssimo, distribuindo-se por inúmeras diversas vertentes, da iconografia a escultura, da museologia a produção literária, incansável atuação reconhecida pelas inúmeras condecorações que lhe foram outorgadas, alem de filiação a importantes institutos, tendo criado o mais


completo acervo iconográfico da FEB, preservando a memória histórica através de cinco mil fotografias. Nos últimos meses não deixou de trabalhar, lançando uma edição especial da Revista do Exercito Brasileiro sobre a Força Expedicionária Brasileira, um livro sobre o papel da Mulher Brasileira, e sendo agraciada com a Medalha Pedro Ernesto no Palácio Tiradentes. Possuía mais de 40 medalhas nacionais e estrangeiras, tendo sido a primeira mulher a ingressar no IGHMB, na categoria de socia-titular, no ano do cinqüentenário daquela instituição. Ocupava desde o ano de 2007 a Cadeira Especial Historiadora Militar Terrestre Brasileira, como primeira mulher a ocupar cadeira na AHIMTB – Academia de Historia Militar Terrestre do Brasil. Em Maceió criou o Museu Militar da Segunda Guerra Mundial, com peças históricas de elevado valor, como aquelas recuperadas do Itapagé, torpedeado na costa de Maceió. Os verdes mares alagoanos foram o túmulo daqueles brasileiros, bravos tripulantes e passageiros inocentes, vitimas da sanha nazista. Outra faceta não menos destacada era seu trabalho como escultora de bustos de militares famosos. Do Marechal Mascarenhas de Moraes, o Grande Comandante da FEB foram 40 esculturas. A estatueta representando uma enfermeira em continência, é o prêmio oferecido às primeiras colocadas da Escola de Administração do Exército em Salvador, que vem a ser o seu auto-retrato. Custa a crer que tenha nos deixado, mas o fez com a sensação de missão cumprida, como atestam as muitas medalhas merecidamente conquistadas que repousam sobre o seu peito. A mulher de fibra se foi, mas o exemplo frutificará, do trabalho ingente, da dedicação aos ideais, da preservação e divulgação da memória da FEB. A melhor homenagem que lhe poderemos prestar será manter desfraldada a bandeira a qual dedicou toda a sua rica existência. Que a sua alma se incorpore a corrente da vida eterna.

Major ELZA integrando o Grupamento dos Ex-Combatentes ao abrir o Desfile Militar em 07 de setembro de 2007 - Av. Pres. Vargas – Rio de Janeiro / RJ.

“Conspira contra a sua própria grandeza o povo que não

cultiva os seus feitos heróicos.” Presidente da ANVFEB: Vet MANOEL ADÃO FLORIANO Editor: ISRAEL BLAJBERG – Ten R/2 - Diagramação / Digitação: PAULO MARCELO DOS SANTOS – Cb Rua das Marrecas, nº 35 – Lapa – Rio de Janeiro / RJ - BRASIL – 20031-040 - Tel / Fax: (21) 2532-1933 http://www.veteranos.org.br ----- e-mail: anvfeb@uol.com.br


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