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ENTREVISTA
from Ed 145
by Aspa Editora
André Nede tem histórico de atuação há mais de 20 anos na Vipal. Já passou por cargos comerciais e técnicos, sendo que, há dois anos, atua diretamente em iniciativas voltadas para o mercado transportador. André Nedeff recebeu Borracha Atual no estande da empresa na Fenatran, onde falou sobre mercado, as novidades da empresa, perspectivas para 2020 e de sua atual função dentro da Vipal.
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André Nedeff Gestor Nacional de Frotas da Vipal
BORRACHA ATUAL: Qual o objetivo de um gerente nacional de frotas? ANDRÉ NEDEFF: Ser gerente de frotas para quem não tem nenhum caminhão pode parecer uma contradição. É uma estrutura nova que a Vipal lançou na Fenatran, uma reestruturação dentro da própria empresa. Ela tem na parte comercial a estrutura normal que é a área comercial e a área técnica. Antes a área de vendas fazia a venda efe� va do produto para o reformador e o relacionamento com o transportador, sem vender nada para ele. Há dois anos começamos a ter uma aproximação muito maior com o transportador, mesmo não tendo uma relação comercial direta. Afi nal, quem fatura o serviço da reforma para o transportador é o próprio reformador do pneu, aquele que compra o insumo e o material. Aproximamos-nos do transportador para colocar a fábrica mais perto do consumidor fi nal do produto. E agora em 2020 estamos criando, dentro da linha da diretoria comercial, uma gerência de frotas. O que faz uma gerência de frotas? Faz o relacional, o comercial de contas nacionais e a aproximação com o consumidor fi nal. Nós da fábrica fi camos próximos do consumidor fi nal. Vamos gerenciar um grupo de 20 pessoas que atuará na ponta fi nal junto ao transportador...
Pelo país todo...
Sim. Por conseqüência, já que estamos falando da relação com o usuário fi nal. Atuamos também com o reformador no desenvolvimento da área comercial e da prestação de serviço do reformador Vipal para o transportador. É uma área nova dentro da empresa. Ter um gerente de frotas que se relaciona com o fro� sta.
O que motivou a Vipal a criar essa nova divisão?
Como temos em nosso processo natural essa passagem da transformação de nosso produto pelo reformador na solução do pneu reformado, o reformador acabava fi cando no meio do processo e às vezes não conseguíamos fazer a leitura tão clara da necessidade do usuário. Fizemos ao longo de dois anos essa experiência e percebemos como desenvolver os produtos para o usuário, porque estávamos conhecendo a operação dele. Se o transportador será quem vai u� lizar o produto, é preciso entender onde ele vai u� lizá-lo e em que condições. Tivemos a certeza quando conseguimos nesses dois anos a medir os ganhos dessa ação para todos na escala. Eu, como indústria, fazendo um produto mais asser� vo, mais efi ciente, o reformador, atendendo o seu cliente com o produto correto e o transportador tendo economia, obtendo resultado, desempenho por estar u� lizando um produto adequado. É um ciclo perfeito. A Vipal tem que estar ali na ponta, tem que estar lendo o mercado, interagindo nele com uma precisão maior. Hoje temos no Brasil um expressivo crescimento de grandes frotas com atuação a nível nacional. Então, mesmo que o modelo anterior entenda que o cliente vai reformar pneu e fazer todos os serviços com o meu parceiro da rede, o reformador não vai reformar o pneu desse transportador lá no Nordeste...
Pela distância...
Aquele reformador também é da rede, tem os mesmos produtos, os mesmos serviços, mas sabemos que cada gestão tem um modus operandi diferente. A Vipal, quando entra na negociação com uma conta nacional, ou que atue em diversos estados, ou que vá ser atendida por mais de uma reformadora, garante ao transportador a sinergia com a fábrica, com os reformadores, a uniformidade do processo, a uniformidade do produto, do atendimento de um eventual problema, de uma eventual reclamação. O transportador centraliza toda essa comunicação na empresa e a Vipal vai nos reformadores e faz a atuação necessária.
Ela dá mais recursos para o transportador...
Todo mundo ganha nessa escala. Agilidade e precisão que são necessários. Então, é uma formatação diferenciada do mercado, poucos trabalham dessa forma e eu diria que essa é uma das grandes novidades da Vipal, a forma de atuação. Seus produtos sempre estão em evidência, a tecnologia está em evidência, mas a forma de atuar para o consumidor fi nal é uma das grandes novidades que levamos para a Fenatran.
Vemos que vários fabricantes, seja de veículos, seja de pneus, se preocupam com as frotas, eles querem cuidar dos pneus nas frotas. Como é essa concorrência da Vipal com os fabricantes de pneus e até com as montadoras?
É uma concorrência grande porque, na verdade, essa estrutura que montamos vem também para dar respostas posi� vas para isso. Percebemos que o serviço se tornará mais importante que o bem. Vender o caminhão talvez já não vá ser o principal negócio da montadora lá na frente. Disponibilizar o caminhão sim. Para isso preciso de tecnologia para ter certeza que o meu caminhão que você está usando esteja sendo usado da melhor maneira. O pneu tem uma difi culdade que fi ca latente. Por mais que ele seja segundo, terceiro, quarto custo em uma frota, tem um valor signifi ca� vo, embora muito longe da aquisição de um caminhão, do combus� vel, da mão de obra... Assim ele fi ca relegado a um segundo plano na gestão. Neste momento entra o fabricante de pneu novo que quer ter certeza de que o pneu dele vai ser usado da melhor maneira possível pelo transportador. Entendo nesse momento que a reforma consegue ser mais múl� pla no atendimento.
Por quê?
A reforma não tem marca de pneu novo, ela reforma todo o pneu. A reforma não se limita ao modelo do pneu novo que tem uma aplicação muito específi ca e quando sai um pouco daquela especifi cidade para a qual foi construído, não desempenha tão bem. Quando reformamos, conseguimos personalizar de novo o pneu do cliente. Percebemos que não existe, pelo menos até então, uma fi delização de uma marca de caminhão da transportadora a uma marca de fornecedor de pneu. Todo mundo trabalha com todos. O
cliente compra um caminhão novo e muitas vezes não sabe a marca do pneu que vem. Então o pneu, na nossa visão, é fundamental. Ter uma boa carcaça é fundamental. Escolher a melhor carcaça de um fabricante A, B ou C é muito importante. Mas quem vai padronizar as diferentes carcaças para garan� r o uso adequado é a reforma. E estando lá na ponta, entendendo a operação do cliente - a operação é mais do que “ele puxa”, é o que ele transporta, onde ele transporta, de que forma ele transporta, se tem veículos de uma caracterís� - ca ou de outra, o que tem de agregado “puxando” o carro. Vamos poder sugerir o melhor serviço.
O nosso negócio depende do pneu do cliente. Dependemos de um bom pneu. Por isso, vejo o fabricante do pneu novo não como um concorrente, mas sim um concorrente aliado; eu quero que ele faça um bom pneu e eu sou o maior crí� co do pneu dele, de certa forma, porque consigo saber se o pneu está apropriado, se eu vou reformar duas, três ou quatro vezes. Afi nal, se eu reformar uma só vez signifi ca que talvez o pneu não esteja adequado.
Percebemos o transportador querendo focar na função principal que é � rar alguma coisa ou alguma pessoa do ponto A para o ponto B. Esse é o meu obje� vo. Eu tenho o caminhão no meio para fazer isso e eu tenho o pneu. Como é que eu uso essas ferramentas da melhor forma possível para fazer isso de uma maneira mais efi ciente? A concorrência é grande e a Vipal estruturou isso para entender como essa mudança vai acontecer no segmento das transportadoras e como par� cipará disso.
Notamos que a mensuração da produtividade está crescendo com a tecnologia de informática. A preocupação é a durabilidade do caminhão. Os bons veículos não quebram mais...
... e se quebrarem, os motoristas, que an� gamente eram meio mecânicos, hoje não vão saber nem por onde começar... Hoje pra� camente ninguém sai mais com caixa de ferramenta dentro do caminhão...
Quanto mais o caminhão fi car parado, mais prejuízo para o transportador. E o pneu fi ca parado. Como a Vipal analisa isso?
Este é um ponto interessante. Afi rmei que o pneu fi ca relegado a segundo plano. Na Fenatran vimos lançamentos de caminhões com tecnologia absurda. Dá vontade de morar neles, é impressionante. A vida na estrada não mudou, con� nua dura. Mas as condições para trabalhar melhoraram muito. Só tem uma coisa: a tecnologia não sai do lugar sem pneu. Não movimenta. Pode ser 600, 1000 cv, pode ser elétrico, a gás, ou qualquer combus� vel. O pneu está lá para fazer o negócio andar. Isso passa por uma estratégia que a Vipal montou há mais de 20 anos, quando ela decidiu passar de ser um simples fornecedor de produtos de reformas para ter a sua rede de reformadores. An� gamente você encontrava produtos Vipal em diversos reformadores. Hoje você só encontra na rede autorizada, em mais de 200 pontos no Brasil, muito bem distribuídos, uma ó� ma capilaridade que garante que a empresa esteja próximo do transportador quando o problema acontecer. E como eu tenho interesse que ele use bem o pneu, tenho interesse que ele passe o produto Vipal, faça a reforma, se for necessária, e faça o reparo da maneira mais rápida. Às vezes, isso nos deixa um pouco preocupados, a falta de atenção com o pneu.
O transportador compra um caminhão altamente tecnológico por uma fortuna, “puxa um bi-trem”, gasta um milhão de reais, onde tem de 15 mil a 20 mil reais de pneus rodando e faz todo esse negócio parar, não produzir. Vai pagar esse alto inves� mento rodando. Às vezes uma pecinha...
Por isso, trouxemos essa ideia do pneu ser o centro da manutenção. Se não dermos a devida atenção ao pneu estaremos perdendo dinheiro. Mas, se além da atenção, observarmos que ele é um grande “dedo-duro” do que está errado na manutenção, economizaremos muito dinheiro e não paramos a frota. A borracha responde por si só. Ela só se desgasta irregularmente se es� ver rodando em uma condição inadequada, com a calibragem inadequada, a montagem feita incorretamente, emparelhamento dos pneus errado, suspensão com algum defeito. Muitas vezes é uma pequena buchinha, peça de 5 ou 10 reais... – o pneu mostra isso.
O transportador para na ofi cina mecânica para trocar um fi ltro, uma troca de óleo e muitas vezes o pneu tem aquele desgaste que mostra que tem alguma coisa errada, algo que não foi feito na manutenção ou quem está atrás do volante não está cuidando do pneu, está pegando uma guia, cabeceira de ponte, não está desviando de buraco, está freando demais, acelerando demais...
O pneu denuncia...
O pneu é um “dedo-duro” absurdo. E naturalmente vai reconhecer o que está sendo bem-feito porque vai alisar corretamente, vai “performar” bem e terá três ou quatro reformas. Por exemplo, na Fenatran recebemos um parceiro que reforma oito vezes o pneu. É uma aplicação específica, porque o pneu desgasta muito rápido e volta muito rápido, mas no segmento dele no Brasil inteiro, que é o segmento florestal, a média é quatro reformas.
Qual o segredo desse parceiro reformar oito vezes?
Estamos há dois anos dentro da operação dele. E posso dizer que ele aplica tudo o que se fala sobre o que se deve fazer com o pneu. Há um setor específi co dentro de sua empresa com metas, com orçamento específi co, então realmente ele monitora. Imagine o ganho que ele tem se uma carcaça que está em uma operação extremamente severa aguenta oito reformas, tudo em torno dela, freio, “embuchamento”, suspensão, estão sendo, por tabela, bem cuidados. Colocando tudo isso na planilha de custos, a economia gerada será no mínimo o dobro...
Há várias fabricantes de carretas desenvolvendo tração elétrica. Isso muda alguma coisa na reforma de pneus?
Um transportador fez a mesma pergunta na Fenatran. É um eixo, uma função de tração, um eixo que é considerado livre. Está marcado na carreta. O transportador perguntou se colocava um pneu de tração ou um pneu livre, de carreta. Depende da potência. ouvimos falar que a potência nesse eixo está ao redor de 100 cavalos, na média. Isso é uma novidade. Não tenho formação em engenharia, sou mais técnico na reforma e uso de pneu, mas me parece que se tivermos mais uma força de tração atrás ajudando a empurrar, puxaremos menos. Puxando menos, arrastamos menos e há uma tendência a ter ganho. Temos duas forças movimentando o conjunto. O modelo tradicional tem uma força que arrasta os outros. Parece-me que a primeira visão é positiva. Qual o desafio que temos? Entender qual é o pneu certo, qual é a banda certa para esse eixo. Confesso que recebemos essa novidade com bons olhos. Precisamos avaliar a economia de custos que isso vai implicar para o transportador...
Este equipamento vai funcionar bem em certos tipos de relevo. Em estradas planas não compensa, tem que ser em subidas...
Exatamente. Temos um produto que tem uma relação bem direta com isso, que é a banda ECO. A Vipal foi pioneira em lançar produtos verdes. Qual é o conceito básico de um produto verde da uma banda ECO? É de diminuir a resistência ao rolamento. E, de fato, o eixo trativo é a força motora que vai movimentar tudo. Ali atrás, arrasta. E quanto menos tiver atrito, menos arrasta, mais o pneu roda e, consequentemente, gasta menos energia para movimentar. Assim não seria lógico colocar esse eixo, essa tração ali, porque estaria exercendo a função de frear o conjunto todo, ao invés de acelerar. Agora, o Brasil tem lugares de relevo, de topografia absurda. Acredito que isso aí vai se encaixar muito bem. Imagine que toda a tração que você precisa está concentrada lá na frente, no cavalo mecânico em dois eixos, às vezes com desenhos muito borrachudos... E a potência dos caminhões nos últimos anos aumentou tanto que quando vier para o motor elétrico, a lógica é que a resposta de pisar no acelerador seja tão rápida
que tenho medo que sejam arrancados pedaços de borracha do pneu antes dele conseguir fazer a tração. A lógica é que o eixo trativo ajude a movimentar esse bruto todo.
Parece uma boa idéia...
Na minha leitura, no meu conhecimento de como o pneu deve responder a ele, parece interessante.
Como o mercado tradicional está vendo essas novas tecnologias sendo implantadas? Com boa vontade ou com resistência? Afi nal, isso custa mais e não sabe se vai funcionar.
Vou exemplificar com uma tecnologia que ainda não comentei sobre o pneu. Como é que eu coloco tecnologia e inteligência em um pneu? Sabemos que há muito tempo o pessoal já fala em ter sensor de TPMS dentro do pneu. Por que não usamos se é muito bom? Recebemos online a temperatura e a pressão. Sabemos que a temperatura do pneu, da borracha, é conseqüência de atrito, de pressão baixa. Não é conveniente quando está aquecendo demais, alguma coisa está errada. Há algo errado na operação. E porque não usa? Porque normalmente o pessoal do mercado tradicional, quando tem que fazer o desembolso isolado da tecnologia e importar, agregar a tecnologia, tem resistência... Se vier embarcado, dilui, parece que fica mais claro. “Estou comprando o negócio embarcado aqui, é só cinco mil a mais. O que é cinco mil em um caminhão de quinhentos mil?”. Agora, lá na frente, no momento da manutenção, cinco mil passa a ser um valor considerável e provoca reações. Como consumidor penso assim.
A resistência do mercado tradicional está em agregar esse custo. E quando � ver que agregar esse custo por pneu, pior ainda.
E
PERSPECTIVAS PARA O PRÓXIMO ANO BRASIL crescerá mais que os EUA em 2020 Por: Pedro Damian
m tempos em que a informação correta se transforma em ar� go de luxo, e as previsões são dadas ao gosto do viés polí� co de quem as profere, fazer qualquer afi rmação sobre a real situação econômica do país é arriscado. E falar sobre as perspec� vas para o próximo ano, ainda mais. Para dar credibilidade a um texto sobre o assunto, o melhor é usar o método do jornalismo an� go: checar as fontes ofi ciais e consultar analistas acima de qualquer suspeita. Fazendo isso, a conclusão a que se chega é que não estamos mal – embora pudéssemos estar melhor.
A projeção do Banco Central para o crescimento da economia em 2019 e 2020, divulgada no Bole� m Focus, em 16 de dezembro, traduz a metáfora para a realidade: 1,12% de crescimento do PIB em 2019 e 2,25% em 2020 (o dobro de um ano para outro, apesar da base ser baixa). Não está tão distante dos números projetados pelo Banco Mundial para o crescimento da economia norte-americana: 1,7% em 2019 e 1,5% em 2020 – se as projeções se confi rmarem, aliás, o Brasil crescerá mais que os EUA em 2020. Em relação à economia global, as projeções do Banco Mundial para 2019 prevêm crescimento de 2,6%. Já para o ano seguinte, a previsão é de crescimento pouca coisa superior: 2,7%.
De acordo com estudo divulgado pelo Banco Mundial, o crescimento global de 2,6% em 2019 refl ete o comércio e o inves� mento mais fracos do que o esperado no início do ano. O crescimento deverá aumentar gradualmente para 2,8% até 2021, baseado na con� nuação de boas condições de fi nanciamento global e numa recuperação modesta nas economias emergentes e em desenvolvimento (EMDEs). No entanto, o crescimento das EMDEs con� nua limitado por inves� mentos moderados. Os riscos seguem fi rmes no lado nega� vo, refl e� ndo em parte a possibilidade de uma nova escalada das tensões comerciais.
Segundo a respeitada consultora econômica da FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, Tereza Fernandes, além do crescimento do PIB, outra boa no� - cia para o Brasil no momento e para o futuro imediato é a infl ação totalmente sob controle, que não deve superar os quatro pontos percentuais em 2019. E, no rastro da baixa infl ação, vem a queda dos juros – no começo de dezembro a taxa Selic caiu para 4,5% a.a., a menor da série histórica e uma das menores taxas de juros no mundo. “Devem retomar o crescimento em 2020 o setor de mineração, a indústria de transformação e também a construção civil, em especial no setor imobiliário, com a diminuição dos estoques”, afi rma Tereza Fernandes. Também é um dado alentador, de acordo com a consultora, o aumento da renda média do brasileiro.
O Bole� m Focus de 16 de dezembro revelou um leve aumento da expecta� va de infl ação para 2019, mas dentro do teto es� mado pelo governo: de 3,84% para 3,86%. Para 2020, a es� ma� - va de é 3,60%. As previsões para os anos seguintes são, respec� vamente, 3,75% em 2021, e 3,50% em 2022. As projeções para 2019 e 2020 estão abaixo do centro da meta de infl ação que deve ser perseguida pelo BC. A meta de infl ação, defi nida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
De acordo com as instituições financeiras, a expectativa é que a taxa básica de juros também esteja em 4,5% ao ano no final de 2020. Para 2021, as instituições estimam que a Selic encerre o período em 6,13% ao ano. Para o final de 2022, a previsão segue em 6,5% o ano.
Quanto ao dólar, sua projeção para a cotação é de R$ 4,15 no fi m de 2019, e em R$ 4,10 no encerramento de 2020. Setor agrícola continua expansão
As melhores no� cias para a economia brasileira con� nuam e con� nuarão vindo do agronegócio. Com exportações de US$ 64,57 bilhões entre janeiro e agosto, o setor agrícola acumulou superávit de US$ 55,34 bilhões em oito meses, garan� ndo ao País o excedente comercial de US$ 31,76 bilhões nesse período. O comércio de mercadorias con� nuou superavitário em setembro, graças principalmente à efi ciência da agropecuária. A previsão do Grupo de Conjuntura da Dimac do Ipea – Ins� tuto de Pesquisa Econômica Aplicada – para o PIB do setor agropecuário é de crescimento de 0,5% em 2019 e de uma aceleração para 2% em 2020. Por componente, a previsão para 2019 é de alta de 0,2% no valor adicionado da lavoura e de 2,3% no valor adicionado da pecuária. Os segmentos que mais devem contribuir para o resultado posi� vo no valor adicionado da lavoura são os de produção de milho e algodão, com aumento previsto de 21,4% e 32,5%, respec� vamente, no volume produzido no ano. As culturas de soja e café, por outro lado, devem registrar desempenho nega� vo em 2019, com quedas previstas de 4,0% e 13,1%, respec� vamente. Em relação à pecuária, todos os segmentos devem fechar o ano com crescimento. Para o ano de 2020, as primeiras informações indicam que o setor deve apresentar resultados superiores ao esperado para 2019. Es� ma� vas preliminares da Conab sugerem que as safras de soja e arroz devem crescer 6,0%, 6,1%, respec� vamente. A safra de milho, destaque no ano de 2019, deve se manter estável segundo as mesmas es� ma� vas. Por outro lado, o algodão deve apresentar queda de 6,0% no volume produzido.
O agronegócio tem recebido bons impulsos do governo federal. Um deles é a MP do Agro, Medida Provisória assinada no dia 1.º de outubro, que deve possibilitar, na primeira etapa, a adição de R$ 5 bilhões ao crédito rural. Os produtores terão melhores condições de garan� a, com a criação do Fundo de Aval Fraterno (FAF) e do patrimônio de afetação da propriedade rural. O FAF dependerá da formação de associações para sustentação do aval. Poderão par- � cipar produtores agropecuários, integrantes da cadeia produ� va, fornecedores de insumos e benefi ciadores. No mesmo dia foi lançado o AgroNordeste, programa de apoio a pequenos e médios produtores nordes� nos.
©FOTO: GREG LARCOMBE POR PIXABAY
Setor automotivo comemora resultados
Outro setor que alavanca a economia nacional, o automo� vo, também apresenta resultados animadores. Segundo dados apresentados no começo de janeiro pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o licenciamento de autoveículos em 2019 registrou aumento de 8,6% em relação a 2018. Com isso, o mercado interno foi o grande responsável pelo crescimento de 2,3% na produção acumulada do ano, apesar da baixa de 31,9% nas exportações provocada pela aguda crise argen� na. “Devemos comemorar esses números, que mostram uma consistente recuperação do setor pelo terceiro ano consecu� vo”, afi rmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. O segmento de caminhões foi o principal destaque posi� vo, com alta de 33,2% nos emplacamentos e de 7,5% na produção. A Anfavea também apresentou suas es� ma� vas para o setor neste ano. A en� dade prevê aumento de 9,4% no licenciamento de autoveículos, índice maior que o de 2019, e mais relevante ainda dada a maior base de comparação do ano anterior. “Todos os indicadores da economia brasileira apontam para um ano de recuperação mais robusta: alta de 2,5% no PIB em 2020, infl ação controlada, emprego em leve recuperação, juros mais baixos e maior confi ança do consumidor”, jus� fi ca Luiz Carlos Moraes.
Com esse aquecimento do mercado interno, a indústria automobilís� ca espera produzir 7,3% mais veículos que em 2019, mesmo com uma retração nas exportações es� mada em 11%.
Máquinas e Equipamentos Agrícolas têm crescimento tímido
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos espera encerrar 2019 com crescimento � mido em relação ao ano anterior. A projeção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) aponta para uma alta de 1% a 2%. O impulso virá principalmente do desempenho do primeiro semestre.
10 Segundo Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ, o ano de 2018 resultou em R$ 15,7 bilhões de faturamento e a perspec� va de crescimento para 2019 é baseado neste valor.
“O primeiro semestre foi muito bom, independente de ter faltado dinheiro em maio e junho”, afi rma Bastos. Prova disso é que o acumulado de janeiro a agosto apresentou 8% de crescimento. O bom desempenho de janeiro a junho, entretanto, não deve se repe� r.
“A gente falava [no começo do ano] que os juros iam subir e foi o que aconteceu, de 7,5 passou a 8,5% (...) Precisamos lembrar também que, à medida que o plano safra subiu o juro, começou a baixar a SELIC, afi rma.
Ainda de acordo com Bastos, as linhas de crédito ofi ciais como Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) ajudaram a impulsionar as vendas devido aos juros mais baixos, algo que não aconteceu com aqueles pra� cados pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) e pelos bancos.